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Mensagem por Arthur Qua 09 Nov 2011, 4:31 pm

Nome da Fanfic: Relatos
Nome do Autor: Arthur
Gênero Principal: Drama
Em que foi foi baseada: Digimon; História
Recomendação Etária: 12+
Sinopse:Duas vítimas do Destino, as sinas entrelaçadas.
'''' Uma relata seu passado, a dura pena que lhe foi imposta em consequência de sua conduta e as muitas angústias decorrentes disso; a outra conta sobre sua vida na Dimensão Esquecida — onde agora está, sem memória, sem corpo, ou em posse de qualquer lembrança remota de quem é.
'''' Um oculto pelo manto da culpa, e o outro, perdido em sua própria mente vaga. Mas este se lembrará, sim, e esse será o fato crucial que determinará o terrível destino de ambos.

Essa é a fanfic de que venho falando por aí. É uma história curta, de 8 capítulos apenas, imaginada num dia qualquer sem importância suficiente para ser lembrado. O enredo não é de todo complexo — acho bem simples, até — mas talvez pela história em si possam achar isso no começo. Não importa, logo compreenderão.

Há algumas coisas que qualquer ficwritter diria ao apresentar essa história, mas não é minha intenção que saibam mais do que já está escrito acima, por ora.


Última edição por Arthur em Qua 09 Nov 2011, 4:35 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Digi Rei Qua 09 Nov 2011, 4:33 pm

Não posso falar nada!
Não disse muita coisa!
Aguardo o capítulo um!
Mas parece interessante! Hum... ^.^
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Mensagem por Arthur Qua 09 Nov 2011, 4:36 pm

É, a ideia era não falar muito mesmo. Deixar apenas ideias vagas XD

Acho que o primeiro cap. deve ser postado amanhã, ou então sexta, mas já está pronto e revisado.
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Mensagem por Christian L Qua 09 Nov 2011, 4:39 pm

1º Gostaria de ver o capítulo agora...
3° Parece legal e eu vou ler!!!
4º Como não disse muita coisa então tb não tem, 2°

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Mensagem por Arthur Qua 09 Nov 2011, 4:44 pm

Como eu disse, o cap. não sai hoje, mas se você vier aqui em JF, me tirar do PC e achar onde tá o texto, pode ler à vontade XD

Que bom que acharam interessante. A intenção é essa, afinal kkk
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Mensagem por Rikaru Muzai Qui 10 Nov 2011, 11:41 am

Parece ser uma história intrigante e mesmo você tendo dita que não será tão complexa, imagino que, pela Sinopse, será bem profunda e envolvente. Claro, todas as Fanfics que li aqui na dF são envolventes, porém de formas diferentes, de acordo com seu desenvolvimento e características. Espero profundidade psicológica e sentimental da sua Fanfic, não dá para saber muito pela Sinopse, mas é isso que imagino.

No aguardo pelo Capítulo 01 que imagino que irá me surpreender. Boa sorte com a Fanfic amigo, esse é o primeiro trabalho que irei ver e estou ansioso para lê-lo. ^^
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Mensagem por Arthur Qui 10 Nov 2011, 6:19 pm

Rik: Sim, Rik, está certo. Tentei mostrar um pouco disso no que disse no último parágrafo da sinopse. Não precisa mais aguardar, o capítulo 1 está aí!

__________

Bom, há algo que esqueci de dizer no post de introdução ali em cima. Quando essa nova DF começou, pouco mais de um mês atrás, nada da história estava escrito, mas quase tudo estava planejado. Poderia ter escrito o primeiro capítulo e o revisado na segunda semana de DF e postá-lo, mas para dar maior profundidade, além da pesquisa que fiz para adequar a fic à História, levei um tempo escolhendo cuidadosamente os nomes de cada personagem.

Tá, podem achar que é frescura, mas é algo que apesar de ter sido em parte difícil, acabou me ajudando muito nas descrições e me fez ver os personagens de outra forma.

O capítulo um está aí embaixo. Espero que aproveitem!

__________

— Capítulo I — A Maçã de Prata —


Aqui, longe, não tenho notícia alguma de minha terra natal – salvo as que os espíritos humanos que ocasionalmente encontro carregam. Portanto, não sei o quão deturpados foram os fatos como a vocês chegaram, mas os contarei como me recordo que aconteceram, apesar de saber que Eles manipularam minhas memórias quando foi decretada a pena.

Talvez estranhem alguns pontos se já tiverem ouvido a história da boca de outros, mas eu apenas digo a verdade.
Começarei, pois.

O ano era mil quatrocentos e cinquenta e três, mas o tempo parece-me remoto e as datas exatas fogem-me. Fazia parte do exército otomano, e era um mero soldado na guerra santa contra o Império Bizantino, que tinha então de Constantinopla, agora conhecida por vocês sob o nome Istambul, o último baluarte e a única parca esperança de restauração – mas este sustentáculo vacilou e estilhaçou-se com alta queda, e é exatamente deste fato que trato nesta primeira parte de meu relato.

As forças envolvidas na batalha eram desparelhas, e tanto nós como os bizantinos tínhamos plena noção disso. Ao que contávamos, calculo eu, com cem mil homens, sendo oitenta mil destes soldados profissionais, os exércitos de Constantinopla – somados aos soldados enviados pelo homem que chamam de Papa e por todos os outros reforços recebidos – mal perfaziam os sete mil.

E ainda tínhamos a Grã Bombarda. Naquela época, nosso grande canhão era uma maravilha da engenharia bélica, um prodígio, como se diz. Arrasava montanhas e seu rugido era como o de mil tigres, e em uma semana a muralha da cidade – até então imbatível – começava a ceder.

Mas aconteceu de os ratos arrastarem-se para fora durante a noite e repararem como podiam a muralha, e Constantinopla ainda resistiu por um breve período. Para sua infelicidade, não o suficiente.

Em seu desespero, o Imperador enviou ao Sultão mensageiros para negociar algum acordo de paz do qual não tive conhecimento dos termos. Mas Mahmed II estava decidido, e os emissários foram empalados e expostos com a guarda enviada. Os corpos nas estacas foram posicionados de modo que os bizantinos pudessem vê-los da Cidade Agonizante.

E o pavor os corroia. E o pavor os envolvia. Eles sabiam que a execução dos emissários era uma prévia do que os aguardava.

A cidade conseguira resistir por tempo demais, e Mahmed impacientava-se.

Na época não soube, mas o espírito de um bizantino contou-me certa vez a situação da cidade naqueles dias, entretanto, a maior parte pareceu-me insignificante, e pouco me recordo daquilo.

Ao que parece, o próprio Constantino XI comandava tropas e circulava pela cidade como se fosse apenas um general, e por instantes os soldados esqueciam que à sua frente estava o Imperador do Império Bizantino.

Os aparentes presságios também me impressionaram. Primeiro o eclipse, que os relembrou a antiga profecia de que a cidade apenas resistiria enquanto a lua no céu brilhasse. No dia seguinte, a imagem da mulher santa dos cristãos havia caído durante uma procissão, e depois a chuva veio farta, acompanhada de granizo, inundando as ruas.

“E em toda Cidade comentava-se que o fim não tardaria, que a Lua e a Estrela nos esmagaria a todos, e que o Império não se manteria por mais um mês”, disse-me. Ao mesmo tempo, Mahmed também enfrentava problemas. Tarefa difícil era manter um exército de cem mil homens, e após os bizantinos por duas vezes terem nos rechaçado desde o princípio do cerco, um burburinho sem origem que crescia a cada dia punha em cheque a competência do Sultão.

Mahmed II decidiu-se por um ataque decisivo e fatal contra a Maçã de Prata¹. O dia extremo chegara, e um silêncio sufocante veio nas asas da aurora. Não se ouvia o som de tropas avançando ou dos canhões, e aquilo era pior que tudo, pois o silêncio aguça desmesuradamente os anseios e expectativas.

Até que os sinos da cidade soaram, e seu som ecoou pelo Corno de Ouro² durante o dia todo. Continuávamos lá, com as muralhas à frente.

Fui acordado na madrugada do dia seguinte – o exército estava sendo concentrado para o golpe decisivo à Constantinopla. Os pelotões principiaram seu movimento ainda com o céu escuro, mas o meu só partiria bem mais tarde. Entretanto, mesmo hoje não posso julgar se isso foi bom ou ruim.

Talvez em meio à frente do ataque eu tivesse me sentido menos ansioso, apesar de que com absoluta certeza o medo que senti enquanto aguardava o comando não se separaria de mim sob nenhuma circunstância, pois aquele era o momento final, o último fôlego antes do mergulho, e nunca há como prever com exatidão se voltaremos à superfície ou jazeremos no fundo.



Por sorte eu tinha Chaviv ao meu lado.

Não falei dele antes, e não o mencionarei em outros trechos de meu relato, apenas agora. O conheci em minha infância, e juntos apresentamo-nos com muitos outros à disposição do exército regular otomano, com a triste ilusão dos feitos heróicos de guerra e da glória, mas como devem deduzir, não foi bem assim.

Pois com a guerra não reside a glória – ao menos não a individual que buscávamos –, e o heroísmo fenece em meio ao sangue e ao aço. No campo de batalha só há sofrimento, o luto voluntariamente reprimido pelos que quedam ao seu lado e uma selvageria subumana, animalesca.




Mas eu tinha Chaviv ao meu lado. Ele me distraía, e me fazia rir enquanto todos estavam aflitos, e aquela longa campanha tornou-se mais suportável com sua presença.

– Será hoje. – disse ele de supetão, sem abstrair-se da visão da cidade.

E eu pergunto: – O quê Chaviv? O quê? – mas ele se demora em seus pensamentos, e volto a afiar meu sabre.

Por fim responde, com uma voz tão fina e baixa que aquilo parecia ser algo pesado e doloroso demais para seu corpo.

– Hoje iremos ao encontro de Alá, – e pronuncia meu nome – e eu vos direi o que penso...

Uma gargalhada escapa de meus lábios, oriunda da estranha noção cômica que há no âmago da tragédia.

E desde aquele dia não tenho Chaviv, que tombou a meu lado vítima de uma seta covarde. E a ânsia de sua presença acompanha-me até hoje, aqui onde estou, longe do tempo e do espaço.



E mesmo com Chaviv fazendo-me companhia, meu pensamento frequentemente desviava-se de volta à minha terra natal, mas a única coisa que via era a imagem de Abida à minha frente, com seus olhos castanhos entre a burca. E eu recordava de nossos encontros secretos, e da culpa que ali residia, mas isso será tratado adiante.




O tempo passa, ordenaram que meu pelotão marchasse, e eu marchei. Cruzamos a planície com um destacamento de cavaleiros à frente. Fomos enviados ao vale do rio Lico, onde o combate concentrava-se, mas a cidade permanecia intocada enquanto seus homens lutavam.

O pelotão foi conduzido à frente oeste do combate, e guerreamos bravamente por horas. Meu amigo tombou a meu lado, mas seu corpo permaneceu no campo de batalha, e não sei qual fim teve. Provavelmente foi pisoteado até ao irreconhecível, e esquecido ficou por todos os outros, pois Chaviv não tinha família, e apenas eu senti sua perda.

Em meio à insanidade e ao som do aço, caminho foi aberto à Bombarda, e a muralha foi finalmente perfurada. O Imperador em pessoa comandou seu exército e usou-o como distração enquanto a muralha era concertada.

Ainda assim Constantinopla resistia, e ao mesmo tempo em que a batalha desenrolava-se no Vale do Lico os bizantinos repeliam os janízaros que tentavam escalar a muralha. Aqui devo explicar algo sobre os janízaros, ainda que saiba apenas meias verdades.



Os janízaros eram a elite de nosso exército. Destros, fortes, rápidos e habilidosos, treinados à exaustão por caminhos desconhecidos pela maioria na qual estou inserido. Descobri na morte que eram crianças cristãs capturadas em campanha e convertidas ao Islã. Entretanto, não eram adeptos do Islamismo Sunita adotado pelo Império, e sim de uma variante onde se permitia mulheres sem véu e bebida.

Em seus estandartes deitavam-se imagens cotidianas, distintas para cada divisão, pois na época seu número era enorme.



Escutei um chamado — uma corneta, penso — em meio ao clamor, e parte de meu pelotão foi conduzido com urgência ao lado noroeste da cidade.

Aquele foi o momento decisivo, irremediável. Os bizantinos cometeram uma desatenção, e esse pequeno ato selou o destino da cidade, marcou o fim da Idade-Média e determinou que o Império Otomano emergiria e que o Bizantino jazeria no fundo, ainda relembrado por muito tempo nas canções.

Vi, quando aproximamo-nos. O portão noroeste foi deixado entreaberto e com ínfima guarda. Passamos como a tempestade de areia que tudo modifica. Varremos a entrada e o entorno, e outras tropas foram enviadas à nossa retaguarda enquanto avançávamos; a lança que procura o coração.

Na encruzilhada de uma viela, porém, uma dor fina e aguda infiltrou-se e subiu por minha perna, o que me levou a, furtivamente, adentrar uma pequena casa de portas abertas, e ninguém me seguiu.

Sentei, apoiei minhas costas numa parede, e só então analisei meu estado deplorável. A armadura havia sofrido pequenas avarias, nada notável, mas eu sangrava por vários pequenos cortes e o plasma misturava-se com o suor quente que me escorria de todos os poros, mas a dor passou.

A sede arranhava minha garganta, e minhas pernas latejavam e contraíam como que queimadas por metal quente. Mas eu não podia fraquejar, fazia parte do exército otomano, ora, e aquilo teria que ser apenas um arquétipo tosco da fadiga.

Percebi do outro lado do cômodo um jarro com água e fartei-me, mas continuei recostado na parede por muito tempo, até que ouvi um som vindo lá de dentro — um pequeno ruído. Levantei-me, e em passos leves alcancei o último cômodo, onde havia uma porta.

Arrombei-a num só golpe, sem pensar, e lá estavam um casal e uma garotinha. O homem empunhava uma espada e um escudo triangular pintado em azul e branco, e interpondo-se entre mim e sua família, disse algo em latim, e me pareceu uma indagação. Nunca compreendi o que o homem disse. Sei que não era uma ameaça pelo tom que usou, e muito menos alguma barganha.

Pelo brilho de seus olhos e pelo movimento raso com a cabeça, hoje penso que ele pedia clemência para com sua filha e esposa, mas não para ele.

Nada para ele.

O que sucedesse seria lucro se a vida das duas fosse preservada. Acontece que naquela época eu era por demais impulsivo e a contemplação de qualquer espécie era uma realidade abstrata e distante... E me arrependo de todos os atos que decorreram daquele único, pois estou neste lugar quase exclusivamente por aqueles minutos.

Precipitei-me, apenas isso... Apenas...

Não. Não! Não irei narrar estes fatos, me recuso. Recuso-me!

Mas agora já contei a ele, já contei tudo, em detalhes precisos o suficiente para que ele narre todos os acontecimentos de maneira completa. Ainda assim me recuso a contar. Duas vezes são suficientes, já relatei tudo a ele e também a ela.



Ela, ela...

Eu não iria contar, mas ela já estava enredada em minha sina, vítima de minha desatenção e leviandade. Precisei contar a ela. Seria decente ao menos justificar meu ato covarde e tão necessário...

Sinto sua falta crescente, e tento esquecer, mas também sinto falta de meu amigo há muito morto, e como sua morte, a dela provavelmente permanecerá cravada tão fundo em minha mente que sua retirada traria meu fim.

O esquecimento é uma demanda inútil em alguns casos, e o meu é assim.

Vocês nunca saberão o que ocorreu! Nunca! A menos que ele abra a boca, ou faça o que agora faço, acrescentando à sua história a semi-vida nesse inferno escuro. Mas ele não me trairia dessa forma. Ele jurou...



Não devo me afogar em previsões errantes e pensamentos obscuros, desculpem-me. Continuarei.

Saí da casa pela janela, mas antes dei uma última olhadela involuntária para o leito. Um arrepio subiu-me a espinha, o futuro estava à minha frente.

Saltei à rua com uma insígnia sanguinolenta marcada em minha armadura, e como um cão que vai atrás de comida,
segui os sons da batalha, agora dentro das muralhas da Cidade. Cruzei por combatentes caídos, destroços de pequenas construções arruinadas, quando algo saltou das sombras de uma casa e golpeou meu rosto com um escudo, derrubando-me ao chão.

Recompus-me de pronto, e à minha frente estava um garoto franzino, ridiculamente trajado com uma armadura demasiado larga e um elmo que a todo momento escorregava para trás e revelava encaracoladas melenas cor de cobre.

Os olhos eram cor de mel, como nunca havia visto, e ainda, por mais fraco que atualmente seja, temo e desgosto daquela cor.

O garoto me fitou longamente, com a espada em à mão. Pela maneira que segurava a empunhadura, era claramente perceptível que não fora treinado como espadachim: seus dedos eram inseguros, e seu corpo fremia.

Ri, sim, ri alta e claramente para que aquele som fosse gravado em sua mente, mas não percebi que a Sorte estava a seu lado, e na sombra que cobria sua face o reflexo da Morte preparava a investida derradeira.

Um vento percorreu a ruazinha, o Vento da Fortuna, e meu nome ecoava distante nas correntes de ar. O garoto avançou com o escudo, mas saltei para trás e consegui escapar ao golpe. Contudo, minha panturrilha esquerda reclamou com uma dor que ignorei instantaneamente.

O bizantino tentou golpear meu rosto com uma estocada, e instintivamente tentei bloqueá-lo com o escudo que ainda não mencionei, e ergui meu braço, desprovido de armadura, á altura de minha face.

Mas o escudo não estava lá, e a arma atravessou pouco acima de meu pulso. Urrei de dor, pois mesmo cônscio de que aquela postura não era própria de um soldado otomano, o pensamento racional não me veio.

O rapaz puxou a espada assim que gritei, e o sangue jorrou farto de mim, empoçando no chão de pedra.



Talvez nesse momento me julguem tolo, mas mereço retratação. Há muito anos minha vida era o exército e as longas campanhas, e devido a isso o escudo era quase que uma parte de mim, pois com ele dormia, treinava, e também comia.

Acontece que o havia jogado de lado dentro da casa depois de... Não, ainda não contarei o que fiz, o remorso e a culpa obstruem-me a garganta. Contentem-se em saber que o larguei, e acostumado a tê-lo sempre em meu braço, o pensamento de pegá-lo de volta não me ocorreu em momento algum.



Após gritar, meu primeiro impulso foi desembainhar meu sabre, mas dei-me conta de que também o havia largado na casa. Entretanto, eu era prepotente, e aquele garoto pareceu-me inábil o suficiente para que eu o pudesse vencer com punhos nus.

Investi a toda velocidade com um soco preparado em meu braço ainda saudável. Infelizmente, o garoto era ágil — no último instante abaixou-se e jogou o corpo para o lado, de modo que soquei o nada.

O rapaz levantou-se e ainda evadiu de mais um golpe, mas como dizem, a terceira vez vale por todas.

O bizantino sussurrou uma provocação em latim, o que me aflorou um fogo sinistro. Ataquei novamente, e desta vez ele não recuou, mas com o escudo pintado acertou meu braço e o prensou contra a parede de uma casa.

Meu outro braço estava inútil, e, por cruel garantia, recebi outro corte a meia distância entre o meu pulso e meu cotovelo.



O aço é frio...



Alguma coisa sussurrada em latim escapou de seus lábios e chegou a meus ouvidos. O rapaz passou a lâmina em meu queixo com extrema serenidade, e mais de meu sangue molhou a folha.

Eu não iria implorar piedade, nunca, e mesmo com medo, lendo claramente o desfecho nos olhos cor de mel, não falei coisa alguma, mas cuspi em seu rosto de verme. O rapaz limpou o escarro nas luvas de couro que calçava.

— Qual seu nome? — para minha surpresa indagou-me num turco-otomano grosseiro.

Respondi verdadeiramente, movido por uma resignação e respeito nunca provados, mas hoje não sou capaz de recordar-me minha própria resposta — meu verdadeiro nome — pois este foi apagado de todo registro quando do Julgamento.

O rapaz não respondeu, mas puxou a espada atrás de sua orelha, e preparou-se, dizendo, em meu respeito, “amém”, uma das pouquíssimas palavras latinas que naquela época eram de meu conhecimento.



O aço é sedento...



E ele fez o que tinha de fazer, de uma só vez, uma decisão irrevogável, mas ainda que eu fosse um inimigo tomou o cuidado de realizar um golpe fatal que não me traria sofrimento além do que não se pode escapar.

Depois, as imagens afluem-me turvas e distorcidas, rajadas por um negrume sinistro. Que vaguei por um tempo — ou fui conduzido — tenho certeza. Entretanto não me recordo por onde, mas quando dei por mim, novamente pleno em meu corpo, estava acorrentado à Cadeira de Mármore e à minha frente, flutuando sobre o Abismo, sustentado por almas atormentadas e auras benfazejas, o Destino erguia-se.

Implacável. Inexorável. Onisciente.

No ar daquele local pairavam paradoxos sussurrados por entidades inexistentes — deidades esquecidas.

Mas o Destino fitou-me, e seus olhos eram com o Oceano Circundante. Quase me afoguei, mas no momento crucial fui libertado de seu encanto. Infelizmente. Meu caso fora julgado e em função de meu ato vergonhoso, minha sentença foi decretada...


_________________

¹Maçã de Prata era um nome usado para se referir à Constantinopla.
²O Corno de Ouro é um estuário que marca os lados europeu e asiático de Constantinopla/Istambul.
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Mensagem por Rikaru Muzai Sex 11 Nov 2011, 12:20 pm

Não acho o que decidiu fazer uma frescura. Se isso lhe ajudou à melhorar a história, então fico feliz que o tenha feito. Estou impressionado com a sua Fanfic, ela é tão formal e bem desenvolvida que faz com que meus olhos sejam arregalados de tanta surpresa. Não sei se há palavras para dizer o quanto a sua história me envolveu e de uma forma inimaginável, estou ainda tentando acordar dessa imersão na qual fiquei enquanto lia.

O único detalhe que tenho à reclamar é que não há qualquer ligação com Digimon e por isso a Fanfic deveria ser postada nas Crônicas de Ryo, à menos é claro, que você vá inserir o tema nos próximos capítulos. Bem, foi uma história incrível, me surpreendeu pois eu não esperava algo tão profundo, mesmo após ter lido a sua Sinopse. Me envolvi completamente com a história, com o relato do espírito desconhecido e isso só demonstra o quanto a história me agradou.

Você fez a história imergir no relato de tal forma que a profundidade da mesma envolve as mentes dos leitores intensamente. O que posso fazer é parabenizá-lo pelo excelente trabalho, nunca li uma história profunda desta maneira única que você fez, a complexidade é tanta que torna a história simples e palpável mentalmente. Aguardarei pelo próximo capítulo para imergir novamente neste mar de relatos profundos, para impressionar-me mais uma vez com uma bela e comovente história.
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Mensagem por Arthur Sex 11 Nov 2011, 4:36 pm

^^

Dizer obrigado por ter gostado é algo ridículo, mas obrigado! Me esforcei bastante nesta história, e é bom notar que ficou bom. Algum tempo se passou desde que comecei a escrever, uns dois anos mais ou menos, e consegui evoluir bastante desde aquele tempo, porque o que escrevia era uma BOSTA!!!

Tive ajuda nesse processo, o Leo, por exemplo, que foi meu BetaReader, e fico muito feliz por ver que melhorei. Em alguns momentos, principalmente quando há aquele "lapso" em que o narrador se recusa a contar o que houve, fiquei achando que escrevi demais, que tava em excesso, mas acho que isso acabou por fazer o leitor se envolver. Você pelo menos kkk

Então, a parte Digimon será introduzida mais à frente, mas no início não há nada que se relacione a isso. Nada mesmo, e ainda assim a parte q se relaciona com digi não é o foco da fic, mas como há essa parte, a história deve ser postada aqui mesmo.

Provavelmente, a profundidade da narração e do próprio narrador vai aumentar nos caps. que vem a seguir por causa dos próprios acontecimentos. Mas isso vai vir com uma confusão inicial, já aviso de uma vez hsauhsuahsuhsa

Mas não estranhe, foi tudo calculado XD
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Mensagem por Rikaru Muzai Sex 11 Nov 2011, 4:53 pm

Não é algo ridículo, mas não precisa agradecer, pois acredite, eu terminei a leitura e comentei com muito prazer. Fico feliz que tenha se esforçado para melhorar e para escrever a Fanfic, temos que nos esforçar em tudo que queremos fazer, nos esforçar para construir um bom Futuro com os momentos e detalhes do nosso Presente. Tenho que agradecer ao Leo então, pois ele lhe ajudou nesse desafio de melhorar suas habilidades de escritor, é bom poder contar com os amigos. ^^

Você não escreveu demais em nenhum momento, apenas deixou mais e mais profunda a história, de modo à envolver o leitor completamente, o que foi maravilhoso, ao menos para mim e espero que seja para os outros leitores também. Não se preocupe, você está certo, por conter essa parte de Digimon, ela deve ser postada aqui, apesar de não ser propriamente uma Fanfic de Digimon.

Isso é ótimo, a profundidade é um ponto chave na Fic e o aumento dela irá ajudar à melhorará-la mais e mais. Não tem problema haver confusão, eu adoro coisas complexas, mas principalmente bem feitas, o que pode ser feito até em algo simples. Se está tudo planejado é melhor, assim nada sai fora do seu controle. Boa sorte amigo, vai dar tudo certo. \o
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Mensagem por Marcy Sex 11 Nov 2011, 5:44 pm

Assim como o Rik, não achei o primeiro capítulo uma frescura. Eu sei como que é, tipo, você acha que escrever aquilo não vai ter nada a ver com a história, porém é necessário escrever ou caso contrário o leitor não entenderá o enredo.

Escrita simples?! WTF? O primeiro capítulo parece ser digno de um escritor que gosta de detalhar as coisas, kkk. Eu só ainda não estou compreendendo em qual é a relação entre um soldado otomano e Digimon. Estou imaginando aqui que o espírito dele chegou aos dias atuais e foi ao Mundo Digital, mas acho que já estou viajando demais aí xD

Continuarei a ler! o/
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Mensagem por Arthur Sex 11 Nov 2011, 6:18 pm

Rik: Isso de escrever demais é uma sensação que Às vezes tenho quando escrevo. Sou muito de mesmo com um narrador em terceira pessoa ir falando e falando e falando dos sentimentos dos personagens, e a sensação vem disso. É, o tema central não é digimon, mas postei aqui por haver esse elemento, e para mim deveria ser postada aqui mesmo.

A confusão nem é por causa complexidade, é mais pelo estilo mesmo, mas você verá isso em breve.

Marcy: Pessoa querida do meu coração Bom te ver aqui, Sra. Marcellen kkk É exatamente o que disse. Às vezes me parece que dei muita ênfase a certo pensamento ou sentimento, mas não dá pra tirar isso da história de jeito nenhum! É por aí shauhsuahs

Acho que você entendeu errado. Eu não disse que a escrita é simples, porque não é mesmo. Queria dizer que o enredo é simples. Não tem grandes mistérios, vocês vão ver.

O soldado... Bem, por causa da história do personagem eu iria botá-lo na Segunda Guerra, mas aí vi um documentário sobre a Queda de Constantinopla, me interessei e acabei mudando. Não houve problemas na mudança até por causa do enredo, e daria pra inserir uma outra ideia, então rpeferi assim.

Ah, a relação! Então, não é o que você pensou aí em cima, e acho que não vai dar pra descobrir até que seja contado, mas há uma relação sim. Mas isso você deve descobrir apenas lá pro cap. 6 XD
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Mensagem por Rikaru Muzai Sex 11 Nov 2011, 6:32 pm

Ahm, pelo que eu entendi a narrativa foi em primeira pessoa e não em terceira. rsrsrs Compreendo a situação, mas você precisa relaxar, a Fanfic está seguindo um rumo ótimo, posso dizer isso mesmo só havendo o Capítulo 01, então fique despreocupado e continue fazendo as coisas desta maneira. ;D

Estilo? Hummm, vou esperar para descobrir do que se trata então. Acho que você está falando da parte em que o personagem não quer contar o que fez naquela casa, - me corrija se eu estiver errado - mas não há porque tirar isso da história mesmo tendo bastante ênfase, o que ficou muito bom.

Que bom que não houve problemas na mudança do enredo, afinal, geralmente quando se tem uma idéia nova, é difícil inserí-la em uma história que já tenha sido quase completamente planejada sem causar um desgosto no próprio autor ou algo sair estranho ou errado, mas não é o caso aqui, ainda bem. rsrs

Só no Capítulo 06? E ainda pelo que você me disse, será algo bem pequeno e nem tão relevante para a história. Mas de qualquer forma, a história está incrível e você precisa se orgulhar dela Arthur, não se esqueça disso, se orgulhe das suas criações, as trate como elas merecem, como algo especial para você. ^^
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Mensagem por Arthur Sex 11 Nov 2011, 6:43 pm

Foi em primeira, mas o que eu quis dizer é que às vezes, mesmo narrando em terceira pessoa, acabo entrando muito nos sentimentos. Não tô tenso não, é impressão sua XD

Ah, e quando falei de estilo, não foi estlo pessoal, não, foi do estilo de narração que escolhi. No capítulo 2 você vai ver isso. O que ele fez na casa e o porque disso trazer tanta culpa a ele você vai descobri só no capítulo 6 também, e até lá deve ficar bem curioso com isso.

É algo pequeno mesmo, mas ao contrário do que você disse, é bastante relevante. Bastante mesmo, só não é o foco principal da fic.

Me orgulho do que crio sim, afinal, se eu não valorizar, ninguém vai.
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Mensagem por Rikaru Muzai Sex 11 Nov 2011, 6:52 pm

Ah sim, agora entendi. rsrsrs O seu estilo de narração é bem interessante, então irei gostar. ;D Esse Capítulo 06 parece que vai ser bombástico, daqui há pouco você fala que o personagem narrador irá morrer nele e a Fanfic continua com o outro. xD Bem, se é relevante, então estou curioso para saber o que é. o.o É isso aí, valorize para que os outros valorizem também. \o
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Mensagem por Mickey Sex 11 Nov 2011, 9:22 pm

Bela Arthur! Incorporei o personagem Rsrsrsrs

Bom, pelos seus comentarios vai levar um tempo para ver e entender a relação a Digimon.

Mas tirando isso achei a história muito boa. O fato do nome do protagonista... deve ser o protagonista... não ser mencionado foi legal! Mistérioso! Muito...

A Fic será contada nesta forma? Porque esta bem interessante!

Meus parabéns! Até o próximo!
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Mensagem por Leonardo Polli Sex 11 Nov 2011, 9:39 pm

Finalmente, uma fanfic sua, amigão! \o

Gostei da história. Pelo que aparenta ser, um antigo soldado, morto em uma guerra por um menino conta a sua história, o seu passado. Aparentemente, está num outro plano, outra dimensão; céu ou inferno? E como o Rikaru disse, não há semelhanças com Digimon, mas a trama está interessante pra caralho e acho que você deve estendê-la mais do que me falou que ia ter.

A escrita, puta merda, nem preciso comentar. É algo pessoal, de primeira pessoa, algo bastante sofisticado e não hesito em falar que é idêntica a escrita de alguns livros que já pude acompanhar. Você consegue detalhar de um modo simples e não fica encanado numa coisa só, envolve todo o cenário em palavras curtas e novas, mas que causam um efeito maravilhoso na leitura. Gostei também da letra utilizada no capítulo, continue a usando, deixou a leitura mais interessante, rs.

Quero saber mais sobre esse personagem misterioso, e como ele foi parar nessa outra dimensão... um excelente trabalho. Boa sorte e estarei acompanhando!
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Mensagem por Arthur Sáb 12 Nov 2011, 5:28 am

Rik: É, os três últimos capítulos (6, 7 e 8 ) vão ser fodas, mas espera pra ver.

Mickey:É, Mickey, vai demorar um pouquinho mesmo. Como eu disse, essa parte não é o foco da história, mas vou fazer algum mistério em cima dela até que seja descoberta no cap. 6.

Sim, o narrador é um dos protagonistas. São dois, na verdade, e logo o segundo será mostrado. Sobre o nome, ele ganhará um no cap. 3, mas como vai perceber, o próprio nome é uma dor para ele. O nome verdadeiro nem eu sei, ele não me contou shauhsuashua Foi apagado de todo lugar no Julgamento.

Obrigado, e até.

Leo:Né? Demorou mas postei XD

É, o início de metade da história é esse mesmo, mas você esqueceu da casa. O que ele fez lá é muito importante: é o que decretou a pena que logo irão conhecer e que o fez estar onde está, que não é céu nem inferno.

Digo início da metade, pq como disse na sinopse, a fic acompanha duas histórias que a princípio não tem nenhuma ligação entre si. Nem vou estender mais que isso não, Leo. Já planejei tudo, e vão ser 8 caps. mesmo, e tirando o 6, o 8, e provavelmente o 3, todos com um tamanho parecido com o 1.

Relatos foi criada como uma fic curta, foi uma ideia que tive para desenvolver num espaço curto, porque a DAP, nem sei se terminarei um dia. A DAP acabou crescendo muito na minha cabeça, ficando complexa, com muitos personagens, lugares, histórias anteriores, posteriores, e ainda não sei se tenho capacidade para lidar com algo assim. Mas tentarei.

Fico feliz com a comparação da escrita *u* Como disse para o Rik, dois anos atrás minha escrita era bem ruim, e você lembra disso. É bom ver que o esforço valeu a pena e consegui melhorar.

No próximo capítulo o foco irá mudar um pouco - a outra história também precisa ser contada - e só será dito mais sobre o *m**d** no capítulo 3.

Obrigado a todos por lerem, e fico muito feliz que tenham gostado.
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Mensagem por Arthur Sex 18 Nov 2011, 5:42 pm

Pessoinhas do meu coração *-* Pessoas. Iria postar ontem, mas ocorreram... hum... problemas de percurso, acho que dá para chamar assim, então só trago o capítulo hoje.

Como já lhes avisei, deve haver alguma confusão inicial, mas é só ler com atenção e se lembrarem da premissa que entenderão o que fiz. Nesse capítulo tem mais diálogos, que é o que acho que faço pior, pois sempre parece faltar naturalidade, mas avaliem por si mesmos.

Não tem mais o que falar sem revelar coisas que prefiro manter em segredo no momento.

__________________


— Capítulo II — A Dimensão Esquecida —


Tento lembrar-me...

Apesar de não ter certeza sobre a existência do Tempo nestas paragens, penso que muito dele já se passou desde minha chegada. Muito mais que o suficiente para fazer-me esquecer de tudo. De todos.

Apenas restou-me a ciência de como pensar e a de como ver, mas não há nada novo para se ver aqui após o instante em que se chega.

A paisagem é bucólica, morta; é negra e rubra e ocasionalmente de um cinzento plúmbeo, e essas cores são as que tingem todo o redor, um céu sem início ou fim. Há também imensas rochas que flutuam a esmo, imponentes, apenas seguindo suas monótonas vidas minerais sem se importar com o que as rodeia.

Mas não me preocupo com elas, afinal, há muito abandonei meu corpo frágil, pois este se deteriorou rapidamente, e, famigerado e moribundo, me libertei. E não me arrependo, pois agora sou apenas espírito, livre de um invólucro carnal e de suas limitações; livre das dores inúteis que me afligiam; privado de sentidos, sim, mas de modo algum inferior — e a superioridade me é uma sensação constante.

Pois dos sentimentos físicos me recordo bem... Mas já não deles necessito. Pouco há para se sentir aqui no Vazio, e nada que valha a pena. De qualquer forma, percebo as invisíveis correntes de energia em seu movimento caótico, e esta sensação é essencialmente distinta das que meu corpo proporcionava-me, e de certa forma, boa.



Tento lembrar-me...

Mas as memórias tornaram-se arredias, e não capto suas imagens ou sons com clareza. Há muito insisto nisso, pois preciso terminantemente lembrar-me, ou enlouquecerei.

Enlouquecerei? Se este for meu destino, que venha! Não terei parâmetro de comparação, e continuarei perdido no esquecimento de mim mesmo. Talvez seja melhor assim. Uma impressão constante é a de que meu passado deve ser esquecido, que está manchado e repleto de máculas.

Não! Não posso esquecer! Não do que fiz, não do motivo de estar aqui, disso não! Pois ainda sou um ser, não perdi isto, e a certeza de que houve um passado é o que me prende a essa ideia.

Devo parar de falar de mim mesmo agora, afinal, este é um relato dos acontecimentos, não de minha mente e meus problemas, apesar de que muito pode ser depreendido entre os acidentes de minha angústia. Vamos ao ponto, pois.

Como relatei, estou neste lugar, que o Tradutor chama de Dimensão Esquecida. Disse-me ainda ser praticamente impossível que eu tenha chegado sozinho, e que alguém me pôs aqui.

— Esse é meu caso. — completa, mas não me diz nada a respeito.



Certa vez eu errava, seguindo a corrente energética, quando me deparei com algo e me surpreendi. Sob um imenso bloco formado por uma face pontuda e outra plana, uma Vila fora erigida.

À medida que me aproximava, percebi que as construções eram idênticas em tamanho, cor e formato — meias-esferas de tamanho médio sem entrada aparente, cinzentas, mas levemente matizadas por alguma luminosidade púrpura —, e que se agrupavam na forma de anéis partindo do que se erguia no limite da rocha até um que se localizava ao redor do centro, onde um enorme obelisco fora edificado.

Como um arremedo dos pontos cardeais, quatro ruelas de ladrilho nasciam às bordas do bloco e uniam-se no centro, num círculo em cujo meio havia um pequeno altar de quatro níveis, e o obelisco sobre ele. Exatamente à beirada da Vila, a meio caminho de cada rua, quatro correntes colossais — cada elo muitas vezes maior que eu — abraçavam suportes aparentemente alicerçados na rocha, e era impossível alcançar o fim dos elos com a visão, pois estes desapareciam no fundo lúgubre e tornavam-se linhas indistintas.

Ao longe, não distingui nada além das características supracitadas, e permaneci aproximando-me, até flutuar alguns centímetros acima de uma das vielas. Pude constatar que as casas eram algo menores que eu, mas não tentei tocá-las, afinal, livre de meu corpo me tornei intangível, e seria desperdício de tempo tentar.

Fui volitando lentamente ao centro, atraído ao obelisco por uma força misteriosa que conduzia minha própria vontade ao monumento de negra rocha. Ao alcançar o limiar do círculo central, parei de súbito, com a fronte tingida de roxo por uma luz de origem invisível.

Algo cruzara a rua bem atrás de mim, rápido, mas não encontrei com a visão o que quer que fosse. Dei-me conta de que não estava sozinho, e tentei elevar meu corpo e partir, mas, percebendo minhas intenções, a tenaz força que no obelisco residia vergou-me os pensamentos e me fez continuar até o monumento.

Observei que o marco fora esculpido em quatro faces e que seu topo terminava em diminuta pirâmide. Havia inscrições, runas antiquíssimas gravadas na rocha, e ainda que não as pudesse compreender, sabia que aquela era uma mensagem de profanação, do assassínio brutal.

Tentei virar-me, fugir, mas continuei sendo atraído ao obelisco, até que estaquei, flutuando ereto a um palmo do marco. Estendi minha mão devagar, mas por vontade própria, um impulso natural que provinha unicamente de mim mesmo. Toquei, por fim, e aquela foi a sensação mais estranha de toda minha existência.

Existência, veja bem, não Vida, pois sei que a abandonei quando vim para cá, e antes, talvez.

Aquele toque — o contato de um único dedo contra a rocha fria — foi qual corrente elétrica que me percorria e transpassava. Era um pulso de negatividade direta, mas algo positivo afluía fracamente, como que filtrado. Era um fogo fraco, e também corrente generosa de água fria. Era benfazejo, mas ocorreu-me o instinto de que a longo prazo aquela energia infiltrar-se-ia por mim e dispersaria meu espírito, que era também meu único corpo.

Afastar-me parecia a única opção, entretanto, a despeito da superioridade que me permeava a mente no esquecimento, não fui forte o bastante. Não sei quanto tempo se passou enquanto eu flutuava em semi-consciência — se o Tempo existir, digo —, mas quando dei por mim, caía lentamente ao chão de ladrilhos.

Ao contato, desmaiei imediatamente, mas pude ver, no topo do obelisco, um aro púrpuro acender-se e tremeluzir como um olho cujo escrutínio impiedoso tinha-me como foco, pelo menos naquele instante. Sabia, porém, que todas as boas sensações que me ocorreram no obelisco eram oriundas unicamente daquele anel de luz, que chamo de Aro.



Quando abri meus olhos, percebi-me deitado numa esteira de algum material fibroso que não reconheci.

Aparentemente, estava dentro de uma das casas esféricas, e defronte a mim um pequenino ponto de luz vermelha flutuava e iluminava todo o ambiente com matizes de sangue. Um forte odor enchia o local, e parecia ser exalado por uma varinha negra que queimava ereta num canto.

Não havia mais nada ao meu redor, e não tive o impulso de levantar-me. No fim das contas, a esteira era macia e reconfortante.

Macia?! Pensei naquele instante. Como posso sentir isso? Como, se perdi meu tato quando me libertei? Me levantei então, pois parecia extremamente necessário descobrir se a parede era tátil. E era, assim como o chão no qual meus pés apoiavam-se.

Continuaria tocando tudo que havia na casinha, mas subitamente uma fraqueza de mim se apoderou, e fui obrigado a deitar-me novamente na esteira. Pela primeira vez quando na Dimensão Esquecida, dormi, apesar de ter tido um sono sem sonhos e irrequieto.



Acordei tomado pela preguiça e ânimo habituais após o sono, mas havia algo diferente desta vez. Não no cômodo, não. Sons vinham lá de fora, vozes estridentes e ao mesmo tempo rudes, ininteligíveis, e ficar encostado à parede só me fez descobrir que a voz provinha de algum lugar fora da casa, atrás da luz vermelha.

Algum tempo se passou, e para minha surpresa, um ser atravessou o teto maciço e pousou, seguido por outro exatamente igual. Tinham a metade de minha altura, mas suas cabeças eram enormes, e seguindo o padrão do restante de seu corpo, totalmente peladas. Não tinha olhos, apenas narinas largas e espaçadas que levantavam-se em ritmo frenético e uma boca demasiado larga que ocupava toda a porção inferior de sua estranha face. A pele era grossa e amarronzada.

Eram raquíticos, esqueléticos o bastante para que suas costelas pudessem ser contadas à mera visão. Não tinham braços, mas duas pequenas asas de morcego nasciam de suas costas, entre o que seriam seus ombros. As criaturas andavam com o corpo curvado, equilibradas em parte de suas caudas bifurcadas, enquanto as pontas permaneciam erguidas.

A dupla de criaturas parou por um tempo com as faces voltadas para mim, como que me enxergassem por algum sentido muito além da visão. Assim permaneceram por um longo momento, até que uma delas curvou-se a cheirar a esteira e a outra se aproximava.

Esta chegou a ficar a dois palmos de distância, e então emitiu uma série dos estridentes sons rudes que ouvi ao acordar, talvez na esperança de que eu compreendesse algo, o que não foi o caso. Mas o ser era persistente, e por mais duas vezes pôs-se a grunhir.

Frustrado, grunhiu brevemente para o outro, que se abstraiu de seu farejar e meneou a cauda em resposta. Outro grunhido da primeira, e num pulo atravessaram o teto, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Aquele breve momento surpreendeu-me imensamente — até então, tinha que eu fosse o único ser naquela imensidão lúgubre. Não era, percebi, mas o que isso representava? As criaturas não pareciam perigosas, e muito menos inclinadas a fazer-me mal.

Mas e se tentassem algo contra mim, o que faria? Provavelmente eu seria capaz de tocá-las assim como as paredes, mas pelo número de casas na Vila, obviamente havia mais daqueles seres por ali.

Imerso em ponderações desta natureza, deitei-me novamente, fitando o teto. O odor exalado pelo incenso tosco que queimava envolveu-me aos poucos, e gradualmente foi instalando o sono em mim e uma visão ante meus olhos: o Aro girava em seu eixo vertical inexoravelmente. Girava, girava... e dormi, pois.



Acordei sendo sacudido por três caudas de criaturas como as que vi anteriormente. Desta vez havia quatro delas. As três que me acordaram eram muito semelhantes entre si, e com uma olhada rápida não notei diferença, mas a quarta era diferente. A estatura era ligeiramente maior, não mais que um palmo, e o finíssimo pescoço era cingido por faixas de tecido colorido e pedrinhas redondas que o conferiam um ar rico, opulento, superior aos outros seres. Também vestia algo semelhante a um turbante baixo que parecia pesar-lhe a cabeça, pois seu corpo frágil curvava-se
perceptivelmente mais do que o dos outros.

Tive a impressão de que os três seres idênticos eram subordinados ao que se ornava em tecido, ou que este fosse uma espécie de líder. Apesar disso e do ar superior, trocou algumas palavras com os outros sem mostrar desdém ou prepotência.

Tentou também comunicar-se comigo, mas o resultado foi o mesmo dos que vieram anteriormente. Frustrado, pareceu dar ordens aos seres menores, que com um salto saíram da casinha em disparada. Ele recuou até encostar-se ao lado oposto, matizado pelo lume rubro que o pontinho emanava a seu lado.

Aquele foi o momento mais constrangedor de que me recordo, mas aqueles eram os primeiros seres que conheci na Dimensão Esquecida e não me lembrava do que vivi antes, então desconsidere o que disse.

As criaturas retornaram, e a novidade que sua vinda trouxe foi-me alívio. Dialogaram com o maior numa série interminável de grunhidos que não compreendi, e por fim o ser de turbante virou-se para mim e me fitou com a face sem olhos. Disse algo, mas o que compreendi vocês já sabem.

Novo momento constrangedor, dominado pelo silêncio, e uma nova criatura atravessou o teto. Para minha surpresa, era por demais diferente das outras. Tinha a minha altura, mas era magra como os seres da Vila, com suas costelas e bacia dando contorno ao corpo sob a pele grossa e clara, em contraponto com o marrom da tez dos outros. Sua cabeça era menor que as deles, e seu queixo projetava-se à frente, o que combinava com os enormes olhos negros sobre as narinas pequenas. Parcos e finos fios de cabelo negro nasciam-lhe do cocuruto e desciam à altura de seus ombros.

Sim, pois aquela nova criatura tinha dois braços, com articulações ossudas e no lugar de mãos uma única garra serrilhada brotava. Não tinha pernas e equilibrava-se em sua cauda, esta que ficava completamente em contato com o chão e serpeava ininterruptamente. Duas asas penosas e alvas surgiam de suas costas.

Este novo ser conversou brevemente com os menores, que aparentemente acatando algum pedido, saíram, e ficamos sozinhos. Ele tentou comunicar-se na língua das criaturas menores, e sem obter resultado, iniciou uma série frenética de sons estranhos até que compreendi um.

— Luz — disse, e continuou em outras línguas até que respondi um singelo “oi”. Indagou — Me compreende neste idioma?

Minha boca parecia pesada, repleta de algo pegajoso que me impossibilitava a fala, mas aquela sensação foi pela perda do costume da comunicação. Por fim respondi:

— Sim, compreendo. — o ser parou por um instante e mirou o teto cinzento, como que buscasse algo. — Me diga, quem é você, e onde estou?

— Quem sou? Não tenho nome, o perdi há muito... chame-me de Tradutor, se quiser, pois esse é o trabalho que me foi designado quando vim para esse inferno.
— e aquilo o pareceu divertir. — E você está na Dimensão Esquecida, de onde não há saída ou meio de escapar. E agora pergunto: como veio para cá?

Titubeei ante a questão, e vasculhei minha mente, mas foi inútil, não havia nada sobre o passado fora daqui.

— E-eu não sei. Não consigo me lembrar de nada, apenas que larguei meu corpo. Minhas lembranças se iniciam já nesse lugar, a Dimensão Esquecida, como diz. — o ser franziu o cenho e seus olhos negros pareciam procurar algo dentro de seu próprio dono. Curioso, interrompi seus pensamentos — Olha, você parece saber algo sobre este lugar. Não pode saber, ou deduzir, pelo menos, como cheguei aqui?

Sem pensar, disse: — Posso deduzir que você foi jogado aqui por algo ou alguém (é praticamente impossível que tenha chegado sozinho). Esse é meu caso. — completa, mas não diz nada a respeito e não me atrevo em perguntar: uma dor profunda pareceu percorrer sua estranha face quando se lembrou de seu passado.

“Você quis saber meu nome e eu disse o que podia sobre isso, mas e você? Tem nome?”

— Provavelmente sim, devo ter, mas desculpe-me, também não me lembro disso.
— o Tradutor levantou um dos braços e levou sua garra à cabeça, mas aquilo nada me pareceu significa -— Hum... Tradutor, você mora nessa Vila?

— Não. — respondeu prontamente — Não moro em local algum, sou um vagante, vou aonde solicitarem meus serviços, e por isso estou aqui, porque aquelas criaturas que viu queriam saber mais sobre você.

— E o que são elas? São seres nativos da Dimensão? — o Tradutor respondeu que não, e percebendo que ainda ansiava por mais informações, acrescentou que só sabia que aqueles seres foram mandados para a Dimensão por terem se tornado um povo decadente, desprezível, e que por esse motivo os chamava de “Bozmak”, que significa “ruína” em sua língua natal.

— Os Bozmak querem que você fique. — a informação me surpreendeu — Sentem que não é mau, e desejam lhe dar abrigo. Chamaram-me para averiguar, e lhe dizer isso, pois mesmo o Prefeito não conseguia se comunicar. — descobri então que o bozmak adornado era líder daquela Vila. Vendo minha falta de ação, continuou, como anteriormente — Mas pediram que eu ficasse um tempo com você, o suficiente para te ensinar a língua deles e alguns costumes básicos. Também disseram que você parecia perdido, e que deveria descobrir o máximo que pudesse sobre seu passado, mas como você não se lembra de nada, vou ter que te ajudar nisso também.

“O que diz?”
inquiriu com normalidade.

Levantei da esteira num pulo, com um sorriso.

— Sim, sim, eu quero ficar. Diga isso a eles, Tradutor! — ele assentiu, silencioso — E acredite que farei o máximo possível para me lembrar... — Mal sabia eu que aquela estranha disposição trar-me-ia de pronto uma lembrança.

Observando as asas do Tradutor, que após ter dito algo em confirmação atravessou o teto, a imagem de um ser alado assaltou-me, mas foi breve, e não pude recuperá-la por muito tempo. Apesar de perdida a visão, associei aquilo à cor laranja, mas não mencionei ao Tradutor, pois com o raciocínio patético que então me movia, julguei extrema descompostura informar-lhe que suas asas lembram-me alguém, que de algum modo que não soube naquele momento, condenou-me à Dimensão Esquecida.
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Mensagem por Rikaru Muzai Sáb 19 Nov 2011, 11:48 am

Sinceramente Arthur, estou maravilhado com a sua Fic. Enquanto leio fico totalmente conectado com ela, ansioso para descobrir o que vem a seguir e por isso continuo lendo sem parar. Esse é o seu primeiro trabalho de escritor que eu vejo e estou muito surpreso e animado com ele, estou gostando muito dele e só posso lhe parabenizar pelo excelente trabalho que está fazendo. Não sei se este é seu primeiro trabalho como escritor, mas posso lhe dizer que você possui um grande talento do qual pode se orgulhar.

Acho que por ter me envolvido tanto na história deste capítulo que estou meio perdido, sem saber o que comentar. Inicialmente não percebi que o protagonista começou a contar a história de como ele conheceu o Tradutor, talvez por não haver uma divisão entre a narração dele após o ocorrido e a narração do ocorrido. Só fui perceber quando o ser se apresentou como o Tradutor. Você criou uma nova espécie de seres, os Bozmak, que me parecem ser seres interessantes, apesar de bem diferentes dos comuns em nosso planeta.

Algo que me intriga é que ele pareceu ter criado um corpo físico durante o ocorrido na Vila, mas se não estou enganado, durante a narração após o ocorrido, ele me pareceu estar ainda na forma espiritual. Mas não tenho certeza, pois acho que isso não foi descrito, apenas houve a narração, não foi dito onde ele estava ao fazê-la e tal. Me corrija se eu estiver errado. Não sei o que é este obelisco, mas de alguma forma ele modificou a estrutura do protagonista de espiritual para corporal, estou curioso para saber o porque de tê-lo atraído para fazer isso e também intrigado, pois pensei que na Dimensão Esquecida só haviam seres com estrutura/forma espiritual.

Estou pensando que a Dimensão Esquecida não é o local para o qual se vai ao morrer e sim uma dimensão diferente na qual alguém está jogando seres. Quem ou o que está fazendo isso e o motivo para fazê-lo ainda são mantidos em mistério e talvez nem seja explicado na Fic, não sei, acho que é pelo número pequeno de capítulos que penso isso, mas também por achar que este não é o foco da Fanfic, esclarecer e salvar o protagonista desta situação. Posso estar enganado, mas por enquanto é isso que penso.

Finalmente a solidão e incerteza das coisas irá acabar, acredito que nos próximos capítulos o protagonista irá se desenvolver mais, se lembrar de seu passado e talvez descobrir quem ou o que lhe jogou na Dimensão Esquecida. Mas não há só ele, ainda espero para saber qual será o papel do outro protagonista, qual será a história dele, o foco da mesma e a ligação com este protagonista que já foi um pouco trabalhado. Estou adorando a sua Fic e ansioso para conhecer toda a história.

Continue se dedicando ao máximo a ela e nos surpreendendo com esta história incrível. Parabéns e boa sorte Arthur! ^^
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Mensagem por Arthur Sáb 19 Nov 2011, 12:29 pm

Muito obrigado mesmo, Rik! Que bom q consegui criar esse efeito de ligação leitor/personagem com a profundidade que dei pra história. Esse não é meu primeiro trabalho não. Tipo, já escrevi duas one-shots antes e uma fic longa que ainda não terminei, a DAP, que pretendo continuar depois da Relatos. Obrigado de novo!

O Tradutor... Ele é MUITO importante, não se esqueça disso. Realmente não tem nenhuma divisão, mas até o momento em que o Tradutor é citado pela primeira vez, o narrador está apenas contando a vida dele na Dimensão esquecida, e é apenas aquilo mesmo, ele não se lembra como chegou ali, não se lembra de nada anterior, e o aquele sabe sobre o passado dele nesse momento é o que tá escrito ali. Depois, ele começa a contar como encontrou a Vila etc.

E os Bozmak são tããããão lindinhos *-* hsuahsuahsuahsa Bem, tudo o que se saberá sobre eles já foi escrito. Apesar de estarem lá, serem os moradores da Vila, não tem tanta importância, mas já que parece que interessam o leitor, talvez eu coloque posteriormente uma explicação sobre o passado deles.

Ele não adquiriu um corpo físico, Rik. O único que teve ou terá foi o que ele lembra ter abandonado, mas o fato de que a Vila e também os Bozmak e o Tradutor serem táteis vai ser explicado daqui a pouco.

Sim, a Dimensão não é onde se é mandado ao morrer. Nada do que está nela está realmente morto. Haver seres sendo mandado pra lá não é nenhum problema na fic, mas algo que sempre aconteceu e sempre acontecerá.

Vários seres podem mandar coisas para lá, o os "Eles" citados logo no começo do capítulo 1 são alguns, mas você conhece um outro, e isso também é imensamente importante para a história, apesar desse ser não aparecer. Não se preocupe com isso, porque mais sobre a Dimensão será dito no cap.4 e também algo sobre seres serem mandados pra lá, mas o que eu disse que você conhece, só saberá no cap. 6.

Acertou quando falou sobre o foco. Esse narrador não será salvo, mas tudo sobre as duas histórias será esclarecido antes do fim.

Pra responder o que escreveu no último parágrafo, eu mudaria suas frases para:

"Finalmente a solidão e incerteza das coisas irá acabar, acredito que nos próximos capítulos os protagonistas irão se desenvolver mais, um vai se lembrar de seu passado e talvez descobrir quem ou o que lhe jogou na Dimensão Esquecida." Tá, isso não vai responder nada, mas pense: Se no segundo capítulo o narrador diz que não lembra de nada fora da Dimensão Esquecida, não poderia ter narrado os fatos em Constantinopla.

Essa resposta ficou uma bosta, confusa pra burro e só te deu mais dúvidas, mas espere mais algumas semanas para que a história acabe e possa compreendê-la totalmente XD

Pode deixar que continuarei me dedicando. Obrigado!
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Mensagem por Rikaru Muzai Sáb 19 Nov 2011, 12:58 pm

Wow Arthur, quanta confusão. xD Agora acho que entendi, este protagonista que conta a sua história neste capítulo já é outro, não é o mesmo que contou a história de Constantinopla. Ele não ganhou corpo físico, só se tornou tangível ou as coisas na Vila é que são tangíveis. Seria legal dar uma pequena atenção aos Bozmak, nem que seja uma simples menção ao passado deles e tal. Imagino que este ser que conheço seja um Digimon já que você disse que ele vai aparecer no Capítulo 06, mas não tenho certeza.

A resposta não ficou uma bosta, eu acho que entendi melhor as coisas depois de sua explicação. Mas o que posso fazer é aguardar o final da história como você disse, para então compreender totalmente a história. Estou ainda um pouco confuso com as coisas, mas estou certo de que serão explicadas até o fim da história. Boa sorte e até mais! \o
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Mensagem por Arthur Sáb 19 Nov 2011, 8:11 pm

É, eu disse que teria confusão no começo, e como tem muita coisa que não quero contar, isso só deixa a confusão maior.

Sim, sim, o protagonista já é outro. Cada um é uma das histórias de que falei na sinopse. Não vou dizer o que aconteceu para que a Vila possa ser tocada, isso você vai saber no cap. 4, acho.

Os Bozmak não serão esquecidos, estarão presentes constantemente, e o que quis dizer é que eles não tem lá muita importância, apesar da presença, mas vou adicionar alguma explicação sobre o passado deles ao texto, talvez.

O capítulo 6... Bem, os três últimos serão os mais importantes de toda a história, vão dar resposta a todas as perguntas e são ps que mais gosto *-*, mas o 6 tem revelações, e é o que molda inteiramente todo o desfecho.

^^
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Mensagem por Rikaru Muzai Sáb 19 Nov 2011, 8:37 pm

Bem, como eu disse e você também, o melhor é esperar a Fanfic ser terminada para compreender a história por completo. Só sei que estou muito entusiasmado com a Fanfic, ansioso para entender tudo. Boa sorte Arthur. ^^
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Mensagem por Mickey Dom 20 Nov 2011, 9:45 am

De fato Arthur é como o Rikaru disse... A FIC esta muito boa. Imaginei ser o mesmo personagem... Mas o termo tradutor foi algo que não recordo do personagem anterior... Então realmente me confundi.

Não é um critica, mas eu queria falar...

Porque usou palavras difíceis? Eu sei que não sou um dicionário... E elas apenas estão fora do meu conhecimento... Mas... Ou é característica do personagem... Ou você tem realmente um vocabulário muito amplo...

Exemplo:

bucólica
plúmbeo
benfazejo
serpeava
inexoravelmente
ininteligíveis
tremeluzir
escrutínio
limiar
lúgubre


"matizado pelo lume rubro" - Pode me dizer o que significa?... só entendi o Rubro...
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