Fate/aporia

Capítulo Zero – Parte I - Archer

Era noite, a sala não possuía iluminações, a única fonte de luz daquele local emanava de um ser vivo uma bela mulher de cabelos prateados e olhos dourados, vestia roupas leves, além da aparência angelical também carregava consigo um belo par de asas brancas emplumadas.

Em frente à figura divina estava um jovem, de aproximadamente vinte anos, cabelos e olhos castanhos. Seu vestuário era comum, uma camiseta branca sobreposta por uma jaqueta curta de mangas cumpridas juntamente de uma calça jeans e um par de tênis.

O cômodo em questão se encontrava bagunçado, livros abertos espalhados por todo o chão e mesas. Estantes mal-arranjadas, com obras faltando. Escrivaninhas com escrituras antigas e pequenos abajures. Aquele lugar era um local de estudo.

A garota toca o solo com seus pés descalços, neste instante suas elegantes asas desaparecem de sua espalda, deixando dispersas várias plumas níveas pelo aposento. Ela se tornou um pouco mais baixa do que o garoto, e o encarou fixamente em seu olhar.

- Tu és aquele que me trouxera neste mundo? – Perguntou.

- Se está perguntando se eu sou seu mestre, está certa. – Respondeu. - Meu nome é Ameshima Ren, acredito que tenha direito de conhecer a identidade de meu Servant.

Ela ficou corada, aparentou-se tímida.

- Não fique deste jeito. – Disse Ren, tocando seus ombros com ambas as mãos. – Como mestre e Servant teremos que nos conhecer melhor, certo... Archer?

Era possível notar um estigma rubro em seu punho, era semelhante a algum tipo de runa ou ideograma.

- Meu nome é Beatrice... Beatrice Portinari... – Respondeu aos pedidos. – Todavia por obséquio alcunha-me Archer.

Ren distanciou-se, usou uma caixa de fósforos sobre uma das mesas e acendeu um de seus palitos e, posteriormente, uma vela rente as estantes, clareando o local com uma luz fraca.

- Interessante. – Soprando, apagou as chamas do palito. – Creio eu que você seja a Beatrice de Florença, a musa inspiradora de Dante Alighieri ao escrever seus livros.

- Não eram só livros! – Exclamou Beatrice, mas conteve-se em seguida. – Aquilo realmente aconteceu.

- Não pretendo duvidar de você, Archer. – Ren virou-se em sua direção. – Mas não esperava que este catalisador trouxesse logo você...

Ele retirou sob alguns documentos em uma escrivaninha um que aparentava mais antigo, suas folhas estavam amareladas e quebradiças, ele entregou a Beatrice.

- O que exatamente seria este documento? – A Servant perguntou.

- Sinceramente, não sei, está completamente em italiano, só posso lhe dizer que foi isso que a trouxe aqui. – Respondeu Ren, sentando-se em uma cadeira próxima.

- Um testamento...

- Já imaginava que era um, mas não sei o que está escrito, nem ao menos de quem é.

- Folco Portinari. – Respondeu ela. – Meu progenitor.

- Então isto aí é do seu pai? Não é a toa que trouxe logo você.

Beatrice se aproximou de Ren.

- O que foi?

- Eu apresento uma dúvida, Master. – Exclamou Archer. – Se o senhor não sabia o que era este testamento, por que o usou como catalisador?

- Este testamento eu encontrei no porão desta casa, que já pertenceu ao meu avô. – Disse Ren, erguendo-se da cadeira e passando por de trás de Beatrice. – Estava junto de uma carta de recomendação de meu avô para invocar este espírito heróico, pertencente à classe Archer.

- Estou grata pela resposta, Master. Estarei honrada em servir ao senhor. – Beatrice ajoelhou-se em frente a Ren.

- Sinto que posso confiar em você, Archer... – Respondeu.


Capítulo Zero – Parte II – Saber

Era noite também no campo, o ambiente é uma pequena cabana de madeira, a arquitetura era a tradicional japonesa, com portas de correr com telas. O céu era completamente limpo, sendo possível ver estrelas que seriam impossíveis rentes à iluminação urbana. Vagalumes voavam sobre a grama enquanto a melodia dos grilos se espalhava.

Um homem de cabelos brancos, rosto jovial e barba curta estava sentado contra uma das paredes do pequeno alojamento. Trajava um kimono visivelmente de qualidade, composto dos melhores materiais, era com certeza da monarquia. Seus olhos não mostravam quaisquer emoções, enquanto ao seu lado estava um pequeno masu, vazio.

- Master! – Gritou o homem, em sua voz era possível notar embriaguês, sua face estava corada. – Traga-me mais saquê!

Uma mulher, vestida como uma miko (Um kimono branco sobreposto de um hakama vermelho) saia até a varanda daquela pequena casa. Seus cabelos eram longos e negros, assim como seus olhos. Em suas mãos estava uma jarra de saquê, no qual usou para encher o masu.

- É estranho, você como minha Master, estar me servindo. – O homem virou o masu, bebendo metade do saquê que estava ali, suspirou.

- Acho respeitoso de minha parte, considerando quem você é, Saber. – Respondeu de forma educada.

- Se você continuar a me servir assim, serei obrigado a ganhar o Graal por você. – Disse o homem rindo, mas em instantes tomou um ar de seriedade. – O último Servant deve ser invocado logo, não quero atacar sem estarem todos prontos.

- Como você desejar, Saber. – Respondeu a miko.


Capítulo Zero – Parte III – Lancer

O local em questão é a sala de estar de uma enorme mansão. Os enormes pilares são de mármore, um carpete vermelho cobre todo o chão, os móveis são de madeira fina e as paredes são detalhas em ouro. No centro há uma pequena mesa, com alguns livros e papéis, uma garota está sentada em frente a ela, em um sofá baixo.

Usava uma blusa de mangas compridas de cor vermelha e uma saia negra, além de um par de sapatilhas também escuras. Seus cabelos castanhos eram presos de forma afrouxada em suas costas. Parecia estar concentrada em ler tudo aquilo que estava em sua frente.

- Elise! Elise! Elise! – Uma voz era ouvida do interior da mansão.

- Por favor, não venha me atrapalhar, Lancer. – Disse a garota, Elise, sem ao menos virar o rosto.

Uma figura no mínimo excêntrica entrou naquele cômodo. Pela sua face aparentava ser jovem, mas possuía uma barba grossa, mas curta, além de orelha s relativamente grandes. Seus cabelos eram marrons. Cobria seu corpo com uma indumentária chinesa de guerra, mas isso não incluía seus pés, que pareciam como os de um símio. Em sua testa estava um diadema dourado cujas pontas se encontravam na parte frontal, formando duas pequenas espirais. Também possuía uma cauda, como a de um macaco.
- Vamos para a guerra, Elise, Elise, Elise! – Gritou como uma criança para a mãe.

- Lancer... – Disse a garota num tom de seriedade, se levantando. – Eu não vou para o campo de batalha sem no mínimo saber o que esperamos lá.

- Mas assim não tem a menor graça! - Lancer se aproximou de Elise, colocando as mão sobre seus ombros pelas costas. – Assim perde o elemento surpresa!

- Cale-se! – A jovem já estava no limite de sua paciência, ela levantou a manga de seu braço esquerdo, mostrando um símbolo estranho em seu ante-braço, aquilo foi suficiente para silenciar e aquietar Lancer.

Lancer se escorou e uma pilastra e sentou.

- Não acredito que peguei o pior Master possível... – Cochichou emburrado.

- Até agora só tenho conhecimento de cinco dos setes magos envolvidos na Guerra pelo Graal... – Pensou Elise. – Eu, representante da família Rötemann, e mestre do Lancer... Yamamoto Hikari, um Miko com impressionantes talentos mágicos, recém-descoberta... A filha do patriarca dos Clowford, é esperado que ela seja mestre do Berserker, como é tradição em sua família. Luccio di Monaco, o representante enviado pela igreja... Não carrego praticamente informação nenhuma sobre ele... E por último, Émeric, membro da família Deaufourt, participou da guerra passada como Master do Caster, mas será que isso se repete agora?

- Não acredito que ela esteja ali há cinco dias “refletindo” sobre nossos adversários... Onde está a graça de brigar cara a cara contra os maiores heróis deste planeta? – Pensou o Servant.


Capítulo Zero – Parte IV – Assassin

O cenário é um quarto de hotel no centro de Tóquio. É uma suíte presidencial com uma vista panorâmica para todo aquele bairro, mas só era visível as luzes dos outros apartamentos em outros edifícios. Do lado interno há poucos móveis, apenas um guarda roupa, uma enorme cama de casal, uma televisão e uma porta que leva a um banheiro, além de um carrinho do serviço de quarto, com duas xícaras, um bule, e alguns pequenos bolinhos.

Sentada no vértice da cama, em frente às xícaras está uma jovem moça, pela sua aparência não deve ter encerrado o ensino médio. Seus cabelos eram loiros, lisos e longos, com uma mecha pintada numa tonalidade de rosa. Trajava um vestido roxo, com poucos detalhes. Sua face era infantil e tinha doces olhos azuis. Com o bule ela servia chá em uma das xícaras.

- Assassin, por que não me acompanha? – Perguntou a jovem, levando a xícara a boca.

- De onde eu vim é sempre hora do chá, acredito que eu possa estar enjoado. – Ecoou a voz pelo aposento.

- Deixe de ser bobo, apareça e tome um pouco de chá comigo. – Respondeu a garota de forma presunçosa.

Uma névoa negra surgiu aos poucos, tomando aparência humanóide, estava em pé rente à cama. Era um rapaz esguio, de cabelos púrpuros espetados e um sorriso malicioso. Suas roupas eram pregadas ao corpo, listradas entre dois tons diferentes de violeta. Seus olhos eram amarelos vívidos, eram tão fortes que era possível encontrá-los no escuro absoluto.

- Por quê? – Questionou.

- Ora, porque eu estou chamando. – Exclamou.

- Por quê? – Refez a pergunta.

- Eu sou sua Master, preciso te lembrar? – Respondeu.

- Por quê? – O jovem andava pelo quarto e deitava-se na cama.

- Porque eu te invoquei! – A garota virou-se contra ele.

- Por quê? – Continuou.

- Porque eu quis! – Gritou.

- Por quê? – Insistiu.

- Porque. Eu. Quero. O. Graal. – Retrucou.

- E o que vai fazer com ele? Já pensou? – Se levantava no cama. – Se eu o tivesse, o mundo seria só meu, e se este mundo fosse só meu, tudo nele seria diferente, nada era o que é, porque tudo era o que não é, então, também tudo o que é, por sua vez, não seria. – Chegava em frente a janela, onde parava, e de repente, virava-se novamente para a garota. – E o que não fosse, seria!

- Eu não me interesso nos seus motivos! Eu só quero que você o consiga para mim! – Exclamou a garota.

O homem desaparecia assim como surgira, e reaparecia atrás da garota.

- Acalme-se, Ariel. Não há com o que se preocupar. Eu com certeza ganharei o Graal. – Explicou.

Assim começa a Guerra pelo Santo Graal. Seis dos sete magos já invocaram seis Servants, no momento, apenas resta o último mago invocar um Espírito Heróico.