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O Mundo dos Sonhos - Digital World

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O Mundo dos Sonhos - Digital World Empty O Mundo dos Sonhos - Digital World

Mensagem por Júnior Brito Qui 04 Out 2012, 10:18 pm

Nome da Fanfic:O Mundo dos Sonhos - Digital World
Nome do(s) Autor(es): Júnior Brito
Gênero Principal : Ação, Amizade, Aventura, Comédia, Drama, Suspense, Universo Alternativo
Em que foi foi baseada (Se houver): Apenas em minhas ideias e, obviamente, na franquia Digimon
Recomendação Etária: +13
Uma pequena Sinopse da História: Entre o mundo monocromático e rotineiro -porém real- e o sonho que tem do Mundo Digital existir, encontra-se Caíque, um rapaz já com 18 anos que ainda leva consigo o "desejo infantil" de ser um escolhido para aventuras com Digimons.
Inicialmente sem explicação, começam a aparecer indícios cada vez mais fortes da existência dos Digimons em sua vida, o que ele passa a confundir com a fragilidade do momento de passagem da adolescência para a fase adulta.
Dúvidas passam a surgir na mente de Caíque sobre até onde seria viável ter dois mundos em colapso iminente... Mas agora tudo já começou e o máximo que pode ser feito é seguir o curso dos acontecimentos e buscar respostas o mais rápido possível.

O Mundo dos Sonhos - Digital World Capa_214177_1352518805

CAPÍTULO – I
NADA MAIS QUE UM SONHO

Caíque. Chame-me apenas de Caíque. O ano que estou não importa, até porque eu não me ligo muito em datas. Sou um cara comum, com uma feição comum e nada de especial. Cabelo preto, meio espetado e curto, pele branca queimada do sol, olhos castanho-escuros e não sou nem gordo, nem magro. Somente mediano. Hoje tenho 18 anos e a única coisa que acho que me diferencia da grande maioria é que guardo um hobbie desde a infância... Gostar de Digimon. Por várias noites sonhava com aventuras e parcerias com os monstrinhos. Às vezes até sonhava acordado com a ocasião. Não que isso ainda ferva em mim atualmente, mas é como se eu ainda esperasse um digivice brilhar pra mim. Acabei de concluir o Ensino Médio, só prestei um vestibular e acabei não passando. Preciso me virar em cursinhos e concursos... O que significa um período fora de responsabilidades pré-programadas como a escola.

Acordei disposto naquele dia, então levantei do beliche com um único salto calculado para não dar de cara com o guarda-roupa. Saindo do meu quarto, tem um pequeno corredor onde tem do lado esquerdo um vão que leva à sala de estar, do lado direito a porta para o banheiro e de frente, uma sala onde fica uma estante grande, uma mesa redonda, o computador e como de costume, Lucas meu irmão mais novo.

- Bom dia Binho.

- Bom dia! – Responde com a maior alegria do mundo.

Lucas é o tipo de garoto prodígio. Ele tem 12 anos, mas pensa como adulto. Suas ideias, opiniões, sua facilidade em exprimir o que pensa. Ele é destaque na escola, apesar de ser baixinho para a idade dele, como eu. Tem cabelos loiro-escuros, curtos por opção própria já que ficam muito bonitos quando crescem, ainda não decidi a cor de seus olhos já que parece ter “cores inteligentes” como se refletisse a claridade do ambiente, mudando a tonalidade de acordo com a luz. Mas se fosse definir, seriam olhos esverdeados bem vivos, de criança louca para aprender. Acredito que ressoem tanto devido sua pele branca ou seus cílios grandes. Não parece ter entrado de cabeça na puberdade já que ainda tem uma voz fina e levemente rouca, não “esticou” como de costume e nem emagreceu instantaneamente (o que aconteceu comigo).

- Dormiu bem?

- Aham.

Quando acordei, Lucas já estava no computador há um tempo, então resolvi pedir pra jogar. Eu havia encontrado uma forma bem prática de estar ligado ao meu “desejo infantil” e que não ficasse tão na cara assim...Um jogo online de Digimon, conhecido como GDMO (Global Digimon Masters Online).

- Depois posso jogar o GDMO ai Lu? – O chamo assim normalmente.

- Pode sim, Binho.

- Valeu!!

- Eu vou jogar também, parece legal.

- Joga mesmo, eu te ajudo.

- Tá!

Enquanto brincava com meu irmão, ouvi a campainha seguida de um grito.

- Ô Ikeeeee!!

- Vou ver quem é, pode ir jogando ai Lu.

- Viu.

- Oi Jhou!

- E ai cara, beleza né?

-Suave... Entra ai.

Jhou. O nome dele mesmo é Jonas, mas esse é o apelido dele. Ele é meu primo mais chegado, quase um irmão. Vive aqui em casa. Ele é roqueiro, curte animes e tem pinta de nerd , mas não é exatamente o maior fã de Digimon. Ele é mais alto do que eu (como se isso fosse difícil...), parece ter um buraco negro no estômago já que quando vem na minha casa come tudo o que vê pela frente. Mas se ele vira de lado, some de tão magro. Ele não ajuda esse fato ou não se importa com isso já que sempre usa blusas folgadas e bermudas de tecido fino que também quase não tocam seu corpo. Talvez por extrema timidez, vive com um boné na cabeça com a aba para frente, metade laranja e metade azul-escuro bordado com as letras SF em preto o que me deixa em dúvida quanto ao fato de ter cabelo ou não. Brincadeiras à parte, seus cabelos são castanho-escuros, curtos e bem enrolados. Não deve saber que aquele boné não combina nada com ele, tem uma visão péssima sem aqueles óculos de lente quadrada.

- E ai cara, tá jogando o quê?

- Digimon Online, já viu?

- Cê já me mostrou, é até legal o jogo, mas só jogo se tiver...

- Veemon, eu sei.

- É o melhor Digimon que existe pra mim, cara.

- É, eu sei. Acho que o mundo inteiro sabe disso...

- Hehe.

- E ai, novidades?

- Nada demais, tô de férias já, então resolvi passar aqui pra gente ficar conversando, talvez assistir alguma coisa... Sei lá.

- Ah, beleza eu tô baixando uns seriados, a gente podia assistir.

- Okay.

Passei a tarde quase toda na sala de estar com Jhou e Lucas. Por ser um lugar amplo, ter dois sofás e televisão, sempre foi o local preferido para nossos jogos e conversas. Assistimos a uns filmes, jogamos um pouco, conversamos e trocamos indicações de animes novos. Fora isso, Jonas é um cara bem NERD então vive procurando coisas sobre teorias científicas relacionadas ao universo e novidades físicas. Como eu gosto de aprender coisas novas, sempre pergunto a ele sobre as coisas que descobriu.

- Então Jhou, você tem alguma nova curiosidade científica ou novidade do mundo da física?

- Nossa cara! Tenho um monte de coisas pra te falar! – Respondeu ele, muito animado. -

- Manda aí vei. Achei muito massa aquela da teoria da massa escura que ordena tudo ao seu redor e tal, dando forma às galáxias e tudo o mais.

- Tô ligado. Mas descobri uma mais massa ainda, cara!

- Fala, fala.

- Quando vocês dois começam a conversar essas loucuras científicas, seu irmão sempre fica de fora. – Disse minha mãe, chegando à sala enquanto eu e Jonas conversávamos. -

- Relaxe mãe, ele tá ocupado no computador jogando Digimon.

- Tsc, vocês e esses joguinhos da internet. Não sei qual é a graça disso... Na minha época...

- Okay mãe, conheço as histórias das suas brincadeiras de cor e salteado. Você faz questão de contar toda vez que vê a gente no computador.

- Hm, então tá bem. Só não deixe seu irmão de fora, tá?

- Certo mãe.

Minha mãe se chama Janine. Ela é a pessoa mais doce e mais compreensiva que eu conheço em toda a face da Terra. Não sei como cabe tanta boa vontade numa pessoinha como ela... Consegue ser menor que eu! Seus cabelos refletem sua personalidade: essencialmente grande e cheio de luzes. Puxei dela a cor dos olhos, apesar dos meus serem um pouco mais escuros. Temos uma piada interna de que entre nós, há uma escala de tons já que ela não é nem tão clara quanto Lucas e não chega á minha cor. Ela também é muito preocupada com a forma que as pessoas se tratam e vive me lembrando de que eu não devo excluir Lucas nem nada do tipo. Não que eu costume fazer, mas ela gosta de lembrar. Eu sempre me abro com minha mãe, ela é uma grande confidente, mas nunca tive coragem de dizer nem a ela sobre a vontade de me tornar um Tamer. Ela talvez entendesse e me diria que é legal ter um sonho de infância, poderia até me dar um exemplo dela. Mas acho que tem coisas que é melhor guardarmos para nós mesmos. Depois que minha mãe saiu da sala, eu e Jonas continuamos conversando e debatendo teorias até dar a hora dele ir embora.

- Já vou Caíque.

- Sério? Ainda tá cedo, cara...

- Mas tenho que ir pra casa ficar com minha irmã. Fui.

- Tá bem então, tchau man!

- Tchau Jhou.

- Tchau gente.

- Até mais Jonas, mande um abraço pra sua mãe e um beijo pra sua irmã!

- Certo tia, até mais!

Depois que Jonas foi embora, passei um tempo viajando nos meus pensamentos, esquecendo os problemas de um pré-adulto e voltando àquele meu sonho de infância onde eu me sentia tão bem. Quando era menor, me via correndo pelo Mundo Digital, rodeado de Digimons, me divertindo e vivendo tudo o que eu queria naquele cenário surreal. Mas nunca passavam de sonhos, até porque não passa de um anime... Minha parte racional me dizia pra esquecer toda essa besteira, mas a criança que tenho dentro de mim, como toda criança, não perdia as esperanças. O mais perto que eu podia chegar deles era naquele joguinho, ou assistindo mais uma vez as séries, ou desenhando mais um lote de Digimons e seus tamers. Tamer, pra quem não sabe, é o nome usado originalmente pra Digiescolhidos que, em minha opinião, é uma nomenclatura bem infantilizada... Admito que seja meio radical quanto à originalidade, por isso busquei assistir às temporadas em suas versões originais em japonês legendado. Acho que passei um pouco desse gosto pra o meu irmão já que ele também gosta bastante de Digimon. Talvez não tanto quanto eu, ele nem sabe desse meu segredo... Ninguém sabe. Acho que seria meio constrangedor se alguém descobrisse essa vontade tão infantil num cara da minha idade. Despertei do meu transe existencial com meu irmão me chamando freneticamente.

- Ei, Binho, vem cá! Vem cá, vem cá, rápido!!

- Opa! Que foi?

- Consegui um Digimon novo, peguei um Kunemon aqui!!

- Ah Lu, Kunemon não é tão forte assim não, mas tudo bem. Eu posso te ajudar a subir o nível dele.

- Tá bem então... Mas mesmo assim, se eu upar ele direito e reforçar com uns itens e tal, ele fica fortinho né?

- Claro que sim Lu, tudo pode acontecer com esforço e dedicação. - Irmãos mais velhos têm a missão de mostrar aos caçulas a forma certa de agir. Isso ás vezes se torna chato porque parece que você está criando uma cópia sua e quando menos percebe, ele está fazendo as mesmas coisas que você. Mas com o tempo eles criam sua própria personalidade. -

Enquanto isso, Jonas estava chegando a casa...

- Cara, que tarde... Dá medo de ficar andando sozinho essa hora por aqui... Bem que eu notei que tava ficando tarde, tinha mais era que ter voltado pra casa mais cedo.

A rua estava deserta, a noite estava fria, era uma daquelas luas que mesmo não tendo postes ninguém se perderia de tão iluminada e cheia. Não que Jonas estivesse notando tudo isso, ele costuma conversar muito consigo mesmo (internamente) quando está sozinho e era uma dessas situações. Demorou um pouco, mas ele percebeu que ecoavam barulhos semelhantes a passos bem fortes, e bem perto dele.

- Quem é? Q-q-quem tá ai?

Não recebia resposta alguma.

- Oi? Tem alguém aqui? Por favor, fala alguma coisa...

Os barulhos não paravam e ficavam cada vez mais frequentes e próximos a ele. Jonas já tinha pensado em 20 possibilidades do que poderia ser, 15 lugares diferentes para se esconder e umas 5 a 10 coisas que estavam no chão que ele conseguiria usar como arma. Fora isso, ele já estava começando a se sentir desconfortável naquela situação sem ninguém por perto, então o seu perseguidor vira a esquina e ele alivia sua tensão.

- Ufa, era só um cavalo... Pensei que ia ser assaltado agora. O dono desse bicho tem que tomar mais cuidado com as coisas dele¬! Pelo menos eu já tô quase em casa, será que se fosse um ladrão ou algo assim eu conseguiria chegar em casa antes dele me alcançar? Não importa, já tô em casa mesmo.

-Mãe, cheguei!! Oi Karen! Cadê meu beijo!?

Jonas mora com sua mãe e sua meia irmã de três anos, Karen. Elas duas se parecem mais entre si do que com Jonas, ele puxou ao pai. As duas mulheres da sua casa são um pouco mais escuras que ele, cabelos pretos e bem cacheados e olhos escuros. A semelhança maior fica em ser uma família esbelta. Karen tem olhinhos bem vivos e um sorriso arrebatador que aparece em sua feição assim que vê seu irmão chegando em casa.

- Demorou Jonas, já tava começando a me preocupar. Karen já estava perguntando por você.

- Foi mal, da próxima vez eu chego mais cedo... Oi vem cá menininha! Vem brincar com seu irmão!!

- Éeeeee Momom!!! – Ela ainda não fala direito então ao invés de chamar de irmão, chama de Momom. -

- Jonas eu sei que você está de férias, mas não fica até tarde no computador não, viu?

- Certo mãe... Não se preocupe com isso! De qualquer forma, eu tô lendo um livro aqui sobre teorias de mundos paralelos e essas coisas que a senhora sabe que eu gosto aí eu me distraio com isso sem problemas.

Jonas tem uma curiosidade científica bem aguçada. Não é algo do tipo querer saber para satisfazer a curiosidade e sim para conseguir compreender ou criar suas próprias teorias sobre o assunto. É um mini pesquisador...

Normalmente ele pesquisa essas coisas na internet, mas também se dirige aos velhos e bons livros quando necessário. Enquanto isso estava eu em casa acabando de sair do banho.

- Que demora Binho, já tava achando que você tinha se afogado no chuveiro ou descido pelo ralo.
- Eita, não implica também Lucas, você também demora no banho...

- Mas não tanto quanto você! – Me lançou um olhar esmagador e entrou no banho com pressa pra voltar ao computador. –

- Mãaaae, a porta do fundo tá aberta? Preciso colocar minhas roupas no cesto!

- Tá sim filho, mas cuidado pra Preta não entrar!

- Okay!

Tenho uma cadelinha. Ela é bem bonita, mas não tem bem uma raça... Está mais pra vira-lata mesmo. Fui no fundo deixar minhas roupas e senti algo parecido com um calafrio, uma sensação talvez de estar sendo observado. Não dei muita atenção a isso já que a minha casa é cercada de outras casas, então não haveria espaço pra ninguém pular um muro ou se esconder no quintal. Deu sono.

- Boa noite gente, até amanhã.

-Boa noite Ike!

Todos responderam num coro que me pareceu ensaiado. Fui dormir com uma pulga atrás da orelha já que apesar de ter certeza que não havia como alguém chegar ao meu quintal (até porque Preta estava lá), eu tinha certeza da sensação de estar sendo vigiado por alguém.

Mais um tedioso e comum dia de férias de verão. Pra mim essas férias iriam se estender mais do que isso já que finalizei o terceiro ano e não passei na faculdade. Não fazer nada é a pior coisa pra mim. Acho que até trabalhar seria melhor do que ficar boiando dentro de casa. Pensei em escrever uma fanfic, mas imaginei que iria desistir no meio do caminho, então deixei a ideia de lado. Como Jhou sempre vem aqui, não viria a ficar sem nada pra fazer, então não me preocupei tanto assim com o fato de estar em ócio. O único fato que ainda me preocupava era aquela sensação estranha e constante de estar sendo seguido. Li uma vez que existem pessoas com uma doença chamada anatdaefobia, é o medo incompreensível de ter um pato te observando... Depois disso comecei a desligar a tevê assim que começava a passar o desenho do pato Donald. Brincadeiras á parte, - além de estar preocupado - a minha curiosidade aguçada não me deixava simplesmente esquecer aquela sensação desconfortante, tinha que pelo menos compartilhar isso com alguém pra ver se me sentia melhor. A campainha tocou.

- IKEEEEEEEEEEEEE!!!

- Já vaaaaai!

- Hm, deve ser Jhou... Deixa que eu atendo mãaaaaae!!

- Tá bem filho!

Chegando ao portão, vi que não era Jhou e sim Ivan. Ivan é um brother meu, mas sabe aquele amigo que você leva pra o resto da vida? Pois ele é desses. Chamo-o de Juninho ás vezes, mas um fato curioso contradiz esse apelido: ele é maior que eu... Na verdade ele é maior que todo mundo daqui de casa e maior que Jonas também, mas fica o apelido porque ele não é o maior fã do nome dele... A risada dele é a mais engraçada daqui, talvez pelo barulho estranho que ela faz ou pelo seu aparelho roxo nos dentes. Ivan é um cara meio briguento, não sei se por isso ou pelo seu senso de moda que tem um anel em cada dedo das mãos. Ele ajuda comprovar a minha teoria de que pessoas muito magras se parecem. Ele também não tira o boné preto dele para nada (e se tentarem tirar, ele vira uma fera), usa blusas folgadas e bermudas. A única diferença é que são geralmente jeans.

- E ai Ivan, de boa man?

- Tudo de boa, e por ai?

- Chato como sempre, mas nada fora do comum... - Queria eu que tivesse algo fora do comum-

- E ai man, fazendo o quê?

- Assim que você entrar eu te mostro... Chega ai.

Entramos em casa, ele falou com todo mundo que ele viu, como sempre... Até com Preta ele brincou um pouquinho. Fomos pra sala onde fica o computador e Lucas tava com o Gdmo aberto, jogando.

- Ahhhh, aquele jogo de Digimon??

- Como sempre.

- Tu também não larga esse vicio né, vei?

- Pois é.

“Você não sabe o quanto!” Eu poderia responder assim, mas essa resposta seria seguida de milhares de perguntas que se eu respondesse me renderiam semanas de zoação...

- O jogo é massa, a história também, então porque não jogar, né? – Era o máximo que eu podia dizer –

- Porque não tem PvP, já te disse que odeio jogos que não têm luta, MWAHAHAHAHA!!!!

- Você é realmente tenso...

- Tenso nada. A maioria dos jogos online tem PvP cara, isso é básico. Mesmo o jogo tendo várias outras formas de jogabilidade, mesmo sendo um MMORPG, as pessoas que jogam sempre têm a necessidade de medir seus esforços com os outros jogadores. Por isso prefiro jogo de guerra. Pode não ter NADA, mas tem pelo menos PvP.
- Até entendo o que você tá dizendo, mas eu não faço tanta questão disso como você, então não me impede nem me incomodo em jogar.

- É, mas me incomoda. Porque se você faz um jogo online, tem que fazer os jogadores interagirem em todos os sentidos. Seja trocando itens, entrando em party... Tudo.

- Tá bem man, saquei.

Pois é, Ivan é o típico cara que vai de encontro a tudo o que você disser. Se você for totalmente conservador, ele vai ser totalmente extremista com você e se você for extremamente rebelde, ele vai tentar segurar suas rédeas... Acho que isso é um hobbie pra ele, sei lá.

- Caíque, eu baixei um álbum novo do System of a Down, veeeei, muito f*da, acho que a galera lá de casa tá sem os tímpanos de tanto que eu ouvi essas músicas hoje!

- Às vezes eu tenho pena dessa galera da tua casa. Ter que escutar SofD na altura que tu escuta e ainda sem parar?? Nuss... Tua mãe não reclama ou bate uma vassoura na sua cabeça não?

- Que nada. Ela também faz os barulhos dela quando ela quer. Só não posso atrapalhar o sono dela. Se ela tiver dormindo ou tiver com sono e eu fizer barulho, aí é melhor eu ir dormir na rua e só voltar dois dias depois, senão saio todo amassado de lá.

As pessoas que me rodeiam são tensas, e viajam pra caramba... Mas a grande minoria gosta de Digimon tanto quanto eu. Ivan, por exemplo, também não tem Digimon na sua lista dos 10+ mas já jogou GDMO comigo e também não tem nenhum fã-clube anti-Digimon. Ele diz que prefere animes menos infantis. É o mais velho dentre eu, Jonas e Lucas, já que é o único que tem 19 anos. Mas, bem como tamanho não é documento, idade também não é. Ele tem a mentalidade de uma criança de 6 anos. Mas é muito divertido e a gente ri pra caramba juntos, então tá valendo!

- Caíque, Caíque, Caíque, Caíque!!!!

- Que é Ivan??

- Nada não! HAHAHAHAAHAHAHA! Consegui!!!!

- ...... EU AINDA TE PEGO NESSA DO NADA NÃO!!!!

- Haha, faça-me rir!! Jamais você conseguirá alcançar o nível no mestre em Nadanãozês, IVAN-SAMA!!!

- Cuidado pra o poder não subir à cabeça em?

- Tá, voltando ao normal, que horas Jonas vem aqui?

- Nem sei se vem aqui hoje. Ele tava aqui ontem, mas tu sumiu...Parece que tem dias exatos de tu aparecer e desaparecer daqui...Seu, seu, seu...Shurimon!!

-Ahn?

- Trocadilho man...Sabe, Shurimon, é um Digimon ninja, evolução do Hawkmon por Digimental, em Zero Two....

- Evolução de quem? Pelo quê?

- Aff, na segunda temporada de Digimon, tem um dos principais que parece uma ave, tem uma pena presa na cabeça por uma faixa e ai o...argh...Digiovo....da sinceridade evolui ele pra Shurimon...Ai fiz um trocadilho porque tu desaparece que nem um ninja. Sacou??

- AAAAAAh tá...Me liguei. Mas tu só sabe fazer trocadilho com Digimon também, né vei? Quando não é Digimon é Pokemon...

- Só faço trocadilho com Pokemon porque tem um monte, ai eu lembro do que eu assisti quando era pequeno, até parece que tu não gostava desses animes quando era menor pelo menos...

- Gostava, mas também não parei pra gravar a ponto de conseguir encaixar um deles em cada conversa que agente tem!! Mas é mesmo, tu fala muito mais de Digimon do que de qualquer outra coisa. Tem o que, uma paixão escondida pela Hikari?? Ah não, já sei! Anda baixando Hentai de Digimon!

- Qual é velho...Que coisa feia, não vejo essas coisas feias!

- Não, tá bem....sei....aham..

- Vamos fechar essa conversa aqui e prestar atenção no jogo??

- Tá bem senhor, viciado. – Respondeu com graça na voz. -

- Ike, cê vai mesmo me arrumar os itens pra o Digimon, né?

- Pera ai que eu te dou certeza agora. Lucas, entra aí na minha conta e vê se tem lá os itens que Ivan quer.

- Tá bem Binho, pera aí. Vou só terminar de subir esse último nível, falta pouco e eu tô em party.

- Beleza. Já, já você vai ter sua resposta, oh! Poderoso Iva-sama.

- Muito obrigado fiel escudeiro. – Todos riram... –

Acho que a presença de Ivan e Jonas nas minhas férias e Lucas no meu dia a dia faz com que elas não fiquem tão chatas ou tão monótonas. Estou sempre rindo, brincando ou inventando teorias sobre a explosão simultânea das estrelas com eles (besteira demais pra explicar o que é...). Mas não importa com quem eu esteja ou o que eu faça, nada consegue ser maior do que a vontade de estar viajando com meu parceiro Digimon por uma terra desconhecida, desbravando qualquer floresta digital sem temer nada....Bem como acontece nos animes. Ter toda a coragem do Taichi pra poder vencer o que vier pela frente, a impulsividade positiva do Daisuke pra nada me segurar, a fome de aventura do Masaru, o Espírito de liderança do Takuya, o poder estratégico do Taiki e por último e não menos importante, nunca esquecer que dentro de mim cresce o sonho de ter um Digimon comigo, assim como o Takato não desistiu.

- Acho que esses são os requisitos básicos pra ser um Tamer de verdade!

- O que Binho?

- Falou comigo Caíque?

- Erm...caham...Nada, é só que..Hm...isso! Tá vendo esses itens que Lucas coletou ai no jogo?? Pois é! Tava lendo no fórum do GDMO e eu vi que esses são os requisitos básicos pra você se tornar um Tamer forte! Um verdadeiro Tamer!!! – Reagi sem graça com a minha própria resposta. -

- Ah, tá bem, me liguei. Você tem algum desses itens épicos ai duplicado no seu personagem então? Se tiver eu até jogo com vocês isso ai... Mesmo não tendo PvP, tem pelo menos sistema de party né?

- Tem cara, isso é o básico... Eu tenho outros itens desses na minha bag, te passo depois.

- Tenho uns ovos de Digimon aqui no inventário e posso te passar também Ivan!

- Aaah, de boa! É com eles que captura né, o Digimon?

- Aham! Tipo isso... Você meio que choca eles nesse jogo.

- Valeu então.

- Vai jogar??????

- Vou Caíque, vou fazer sua alegria por décadas agora....

- UHUUUUUU! Valeu Ivan!

Ah ótimo... Pensar alto deveria ser a última coisa que eu poderia fazer enquanto estou viajando no mundo da minha utopia predileta, mas eu vou lá e faço questão de dar um berro bem nítido pra todos perceberem que por mais que meu corpo estivesse presente, meus pensamentos estavam a gigabytes dali... Trazer os meus amigos mais chegados pra esse jogo é como se eu introduzisse cada um deles no meu sonho aos poucos. Tentando fazer com que eles façam parte do meu mundo particular também. Seria legal atravessar os continentes inexplorados e desconhecidos do Mundo Digital com todos os meus amigos. Até porque eu poderia mostrar a eles com provas em todo o seu redor que os Digimons têm uma existência e um sentido muito maior do que entreter os mini telespectadores da TV Globinho aos sábados de manhã.

- Ai, Ike. Sai ai um pouco da tua conta porque ai eu já faço uma e entro lá em casa pra gente jogar.

- Opa, beleza então man. Deixa só eu escanear esses itens aqui que eu saio.

- Vei tem algum Digimon meio dark assim no jogo?

- Como assim?

- Sei lá... Tipo aquele da primeira temporada o Devilmon.

- You’re wrong. Devimon.

- O quê?

- Disse que você tá errado.

- Não, o que você disse em inglês eu entendi, não sou idiota! Digo, o nome não é Devilmon não?

-Não pô. É Devimon.

- Certeza?

- Sem dúvidas Ivan...

Bom, não vou parar para mostrar toda a discussão porque eu e o Ivan somos assim: muito amigos, mas quando um acha uma coisa e outro diz que é outra, a discussão ou nunca termina ou só termina quando um mostrar provas concretíssimas de que está certo. Mas no fim das contas é tudo muito divertido, e sempre levamos na brincadeira.

- Lucas!

- Que foi Juninho?

- Nada não! MWAHAHAHAHAHAHAHAAAA

- Droga! Ike, temos que nos unir contra ele para erradicar o seu poder sobrenatural em nos fazer responder quando ele nos chama para falar nada não.

- Nem me diga, eu peguei a mania de quando ele me chama, mandar ele ir pra merda e mais cedo minha mãe foi me chamar e eu quase falo a mesma coisa!

- Sério isso Caíque?

- Sim, seríssimo.

- Acho melhor você ficar mais atento então porque vou fazer mais ainda agora.

- Okay, ainda vou conseguir um escudo anti-merdas para ser imune a você. E você vem pra trás do escudo, Lucas!
- Fechado.

Ivan continuou jogando um pouco, depois paramos para conversar. Ele começou a contar sobre a nova namorada dele (que havia conhecido por um jogo online). Dizendo ele, trocaram contatos e começaram a conversar por MSN e a menina se encantou com a sua beleza arrebatadora *cof cof cof*. No fim das contas, a garota morava numa cidade não muito longe, então eles se conheceram pessoalmente e consumaram o namoro. O nome dela é Lara e desde o começo da conversa até a hora dele ir (o que nos rendeu umas 3 horas de como ela era linda, como ela era perfeita, como ela gostava das mesmas coisas que ele e o quanto precisávamos conhecê-la). Como bom amigo que sou, escutei, me entusiasmei e fiquei feliz por ele.

- Mal posso esperar pra conhecer essa “menina perfeita”, Juninho.

- Vocês vão adorar ela. Ah, eu falei que ela tem 15 anos?

- O QUEEEEEEE? - Falamos eu e Lucas em coro. –

- Mas Juninho... Ivan Júnior! Molestando crianças!!!

- Criança o que rapaz? Fecha a cara! Ela é muito mais adulta que muita mulher de 20 anos ou mais por aí!
- Aham, sei... A velha desculpa do “ela tem uma mente de mais velha para poder ficar com meninas que têm a metade da minha idade”. - Gritou Lucas de lá da sala do computador. -

- Metade? Se respeite não!! E tenho 19 e ela 15 o que classifica...

-PEDOFILIA! –Interrompi ele na brincadeira, já sabendo o que aconteceria em seguida.-

- Ah, é? Agora corre, mas corre mais rápido do que eu porque se te pegar tu tá acabado!

- Aaaah, desculpaaaa! Foi brincadeira!!!

- Brincadeira? Agora vocês vão ver a brinc... *O celular dele tocou*. Salvos pelo gongo, seus bando de sortudos. Alô? Oi mãe... Sim. Tá bem. Tá, tô indo. Beijo. Sorte de vocês que minha mãe ligou. Precisa da minha ajuda lá em casa, mas quando eu voltar aqui é melhor vocês correrem. Té mais!

- Perai, vou contigo até a porta.

Ivan foi pra casa e depois mandou um SMS avisando que não voltaria mais naquele dia porque sua namorada ligara para ele entrar no Skype. Jonas em casa com a família, Ivan na internet com a namorada e eu em casa com Lucas, minha mãe, Preta e muitos sonhos não realizados na cabeça. Essa seria, digamos uma exemplificação de semana rotineira na minha vida em férias prolongadas: visitas de amigos, conversas, jogos, brincadeiras, e quando sozinho, a minha imaginação me leva para o meu mundo dos sonhos preferido: O Mundo Digital.


Última edição por Júnior Brito em Ter 13 Nov 2012, 2:33 pm, editado 2 vez(es)
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O Mundo dos Sonhos - Digital World Empty Re: O Mundo dos Sonhos - Digital World

Mensagem por Marcy Sex 05 Out 2012, 11:05 am

Não li ainda a fic, mas gostaria de pedir-te para criar uma ficha, está bem? Clique aqui para saber mais.
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O Mundo dos Sonhos - Digital World Empty Re: O Mundo dos Sonhos - Digital World

Mensagem por Carlos Damasceno Sex 05 Out 2012, 2:29 pm

Olá, Júnior Brito. Como você está? Espero que bem. Para começar, gostei do tema. Um rapaz que sonha em ser um digiescolhido tamer. Confesso que fiquei desanimado quando vi que alguma coisa "digimoníaca" vai acontecer. Eu pensava que seria uma estória mais "real".

Agora, vou apontar um erro grave: a cena solo do Jonas. Me desculpe se entendi erroneamente a proposta da fic, mas não é uma história narrada em primeira pessoa pelo protagonista? Como ele poderia saber desses detalhes que aconteceram ao amigo? Este é um erro que pode prejudicar seriamente sua fic e toda a sua credibilidade.

Uma característica que me agradou, foi o modo com que você escreveu. Era mais um relato, do que um texto narrativo. É bem incomum, na verdade. Não sei se você escreve sempre dessa forma, mas aqui, nessa fic, caiu feito uma luva. Só tome cuidado para não deixar que isso vire algo desleixado, perdendo, assim, a qualidade.

Por fim, te darei duas dicas básicas, que todo mundo dá aqui: leia e pratique. Se você ler mais e praticar mais, perceberá uma notória diferença.

No mais, é só. Te desejo sucesso. Peço que não pare de escrever. Se cuide. Até.
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Mensagem por Júnior Brito Sex 05 Out 2012, 6:21 pm

Carlos Damasceno escreveu:Olá, Júnior Brito. Como você está? Espero que bem. Para começar, gostei do tema. Um rapaz que sonha em ser um digiescolhido tamer. Confesso que fiquei desanimado quando vi que alguma coisa "digimoníaca" vai acontecer. Eu pensava que seria uma estória mais "real".

Agora, vou apontar um erro grave: a cena solo do Jonas. Me desculpe se entendi erroneamente a proposta da fic, mas não é uma história narrada em primeira pessoa pelo protagonista? Como ele poderia saber desses detalhes que aconteceram ao amigo? Este é um erro que pode prejudicar seriamente sua fic e toda a sua credibilidade.

Uma característica que me agradou, foi o modo com que você escreveu. Era mais um relato, do que um texto narrativo. É bem incomum, na verdade. Não sei se você escreve sempre dessa forma, mas aqui, nessa fic, caiu feito uma luva. Só tome cuidado para não deixar que isso vire algo desleixado, perdendo, assim, a qualidade.

Por fim, te darei duas dicas básicas, que todo mundo dá aqui: leia e pratique. Se você ler mais e praticar mais, perceberá uma notória diferença.

No mais, é só. Te desejo sucesso. Peço que não pare de escrever. Se cuide. Até.

Bom, então... Antes de mais nada, agradeço MUITO a você por ter lido esse primeiro capítulo e doado parte do seu tempo ao meu trabalho! ^^
A história em si é baseada no mais real possível, entende? Minha intenção é mostrar como seria (em minha visão) se Digimons passassem a existir dentro da nossa realidade!
Quanto à escrita, há momentos onde o protagonista narra, pois ele estava presente. Mas também há outras ocasiões onde ele não está. Digo, dentro da minha lógica de escrita, uma coisa não invalida a outra entende? Podem coexistir. Agora, estando escrevendo uma história de ficção, acredito que esse ponto não seria tão relevante já que é comum autores escreverem sobre cenas onde não estavam presentes. Como exemplo, há as crônicas do consagrado Rubem Alves onde ele escreve como sendo suas memórias e em várias ocasiões, não se encontra presente na cena que narrou. Hoje em dia, com a escrita moderna, não há mais um padrão para tal. ^^
Deixando claro que acho seu comentário pertinente, mas não acredito que esse ponto vá interferir no desenrolar da história ou em seu entendimento. Mas mesmo assim, observarei outros escritores. ^^
Abrass! o/
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Mensagem por Gol D. Roger Sex 05 Out 2012, 7:40 pm

Hm... Bem-vindo aos Cont... Não, até o Mickey postar, não roubarei a fala dele Vai ver... comenta logo Mickey '-'

A ideia da fic é bem familiar, mas a atmosfera é algo completamente diferente! Começa contando a história de um cara, parecido com um diário, e realmente é tudo em primeira pessoa. Eu pessoalmente não sou contra esse estilo nem é o meu favorito, mas ele realmente mostra suas vantagens às vezes. E você mostrou as vantagens disso muito bem! Nada melhor que descrever todos aqueles personagens secundários usando os termos de como realmente fosse amigo deles fora da ficção, ficou muito bom.

Não achei erros na ortografia... Tá bem simpático de ler, e isso só aumenta por causa dos diálogos super informais entre os amigos. E quanto à história, nada realmente aconteceu além de uma introdução, mas até agora conseguiu ser bastante interessante.

Boa sorte!
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Mensagem por Lawliet Sex 05 Out 2012, 10:50 pm

Muito boa sua fanfic, a narração em 1ª pessoa é bem interessante, tem suas vantagens e desvantagens. Acredito que o único problema dela seja a mudança de local, qual é preciso mostrar um personagem ou cena que o protagonista não vê, fica realmente estranho trocar a pessoa da narração.

Devia manerar nas falas, tipo, sei das gírias, mas escritas da maneira correta ajudariam um pouco. As falas ficaram estranhas e você precisa treinar bastante, pecou um pouco também nas vírgulas.

Achei a história bem legal, um cara que quer ser um digiescolhido tamer. Admito que até hoje ainda tenho esse desejo, espero que a sua fanfic seja realmente legal, apesar de já ter acontecido algo anormal logo no começo, seria mais legal explorar algo mais filosófico, como o ''Mundo dos Sonhos'' do título. Algo psicológico, não físico.

Boa sorte com a fanfic, eu a acompanharei.
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Mensagem por Júnior Brito Sex 05 Out 2012, 11:22 pm

@Gol D. Roger: Obrigado cara! Espero que goste da minha fic. Estarei acompanhando a sua também. Agradeço pelas primeiras impressões! o/

@Lawliet: Olá Lawliet! Antes de mais nada, obrigado por ler! Quanto às gírias, venho revendo a questão da escrita pois notei que acabei deixando certo regionalismo nas falas, o que pessoas de outras localidades veriam como "pecar" na escrita ou achariam estranho, como você mesmo mencionou. Percebi isso enquanto escrevia. A fic vem ficando mais Babilônica com o tempo. ;D
Referente às vírgulas, não acredito haver discrepâncias com as regras gramaticais. Mas sempre que sou chamado atenção, procuro observar... Se notar de fato algum problema, será resolvido prontamente.
Essa "parte filosófica" que você retratou SEM DÚVIDAS será bem explorada na minha fic, você somente adiantou o que já está por vir. Já tenho alguns capítulos em mãos prontos, mas estão passando pela fase da revisão. Não dava pra postar tudo antes de absorver as primeiras impressões, certo? ^^
Mas, fiquei em dúvida quando você diz que algo anormal aconteceu... Do que estamos falando?

Abrass!! o/
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Mensagem por Carlos Damasceno Sáb 06 Out 2012, 2:19 pm

Olá, de novo, Júnior. Sim, eu sou chato!. Como você está? Espero, sinceramente, que bem.

Vamos ao que interessa: O MUNDO DOS SONHOS. Eu acho que você não entendeu o que eu quis dizer. Eu sei que há estórias narradas em primeira pessoa e que, às vezes, mostram cenas em que o protagonista não estava.

O problema, é que você não fez a devida mudança do ponto de vista. Isso é complicado, mas vou tentar ser o mais claro possível. Quando a estória fala de Caíque, o narrador-personagem é o Caíque. Já quando a estória passa a falar de Jonas, o narrador-personagem deveria ser o Jonas, não o Caíque. Entende o que eu quero dizer?

O que acontece, é que quando é o Caíque, a estória é em primeira pessoa. Já quando se trata de outros, fica em terceira pessoa, já que Caíque continua contando a estória, mesmo não sendo sobre ele. Espero que, dessa vez, você tenha entendido.

[...] não acredito que esse ponto vá interferir no desenrolar da história [...]
Com isso eu concordo.

[...] não acredito que esse ponto vá interferir [...] em seu entendimento.
Devo dizer que levei quase um minuto pra aceitar que Jonas estava sozinho e que Caíque ainda era o narrador. Kkkk!

Eu realmente não quero que você pense que estou implicando. Não é isso. Eu só estou dando minha opinião, como leitor e escritor, sobre algo que realmente está me chamando a atenção.

De qualquer forma, aguardo o segundo capítulo. Se cuide. Até.
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Mensagem por Mickey Seg 08 Out 2012, 11:33 am

@Junior Brito

Celto!

Primeiramente... Interessante.

Eu tive uma ideia maluca sobre sua história e não vou revelar... pois se for o que pensei...
Ótimo... Mas se não for... eu vou escrever então no próximo comentário xD~~

Uma ótima história! É claro que se posicionou no Dia de seus personagens humanos sem inclusão dos Digimon.
Mas mesmo assim continuou a retratar os Digimon sendo no Jogo ou no Anime.

Gostei muito da forma de narração! Eu estou com uma FIC que também estou usando narração.
E gostei bastante do resultado final. Acho que foi o mesmo motivo que optou por escrever assim!

Como foi só o primeiro episódio vou aguardar os próximos para dar uma melhor visão...
Abaixo umas curiosidades que notei ao ler a FIC...

Curiosidades

Ah Lu, Kunemon não é tão forte assim não
Diga isso ao meu GrandKuwagamon no DMO... xD~~

Pensei em escrever uma fanfic, mas imaginei que iria desistir no meio do caminho, então deixei a ideia de lado.
Hauahuahaua!


E não menos importante, mas igualmente curioso...
Quando vejo uma frase inspiradora eu normalmente estou chamando atenção para ela...
E essa sua aqui me inspirou muito! Digna de um fã de Digimon!



Ter toda a coragem do Taichi pra poder vencer o que vier pela frente, a impulsividade positiva do Daisuke pra nada me segurar, a fome de aventura do Masaru, o Espírito de liderança do Takuya, o poder estratégico do Taiki e por último e não menos importante, nunca esquecer que dentro de mim cresce o sonho de ter um Digimon comigo, assim como o Takato não desistiu.

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Bom é isso aew... MUITO BEM VINDO AOS CONTOS DE TK!
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Mensagem por Júnior Brito Seg 08 Out 2012, 5:22 pm

@Carlos Damasceno: Olá cara! Não está sendo chato em momento algum! Comentários sempre são bem-vindos contato que recheados de informações úteis! Quanto à questão do narrador mudar, não concordo com sua opinião. O meu narrador, apesar de personagem, é onisciente. E estando dentro de uma escrita livre, não há empecilhos para tal. É alguém contando tudo o que aconteceu, narrando a situação.

@Mickey: Hey, cara! Obrigado por ler meu primeiro capítulo!! Interessantes estarmos usando a mesma forma de escrita, curioso isso. xD Eu me identifico bastante com esse jeito de escrever. Fico grato em ter destacado essa frase, em particular. Ela ficou realmente inspiradora, sem falsa modéstia. Mas acredito que qualquer real fã de Digimon tenha a capacidade de escrever coisas do tipo.^^

Abrass pra vocês!!! o/
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Mensagem por Júnior Brito Seg 08 Out 2012, 9:33 pm

CAPÍTULO – II
A AVALIAÇÃO, O DESMAIO E O PONTAPÉ INICIAL

Acordei entusiasmado porque esse era o dia que minha mãe havia prometido me levar na autoescola. Umas semanas atrás, ela havia dito que ainda tinha medo de pegar o carro e ir para a rua, mesmo tendo a carteira de habilitação. Então resolveu investir em mim e na minha, como ela costuma dizer, “impulsividade juvenil”. Não havia nada humanamente possível que eu poderia querer mais do que a minha habilitação, naquele momento. Procurei agradá-la durante a manhã fazendo seu café e levando na cama, arrumando a casa, deixando-a num verdadeiro paraíso para ter certeza de que ela não desistiria da ideia na “hora H”. Finalmente chegou a hora de irmos e ela pediu para meu tio levar-nos à autoescola. Como ele é bem prestativo, nem pestanejou contra o pedido, talvez tenha até ficado feliz em saber que eu tiraria a minha carteira.

Meu tio Jairo parece uma versão masculina da minha mãe com alguns toques que o diferenciavam. Como exemplo, sua pele que é mais escura que a dela, ou o seu nariz avantajado que ocupa um grande espaço em seu rosto. Fora isso, ele também tem cabelos longos ( que param em seus ombros), um grande e amigável sorriso e é maior do que ela.

- Parabéns, Caíque! Pense nisso como uma caridade que você está fazendo ao carro da sua mãe. Porque se você não pegar, ela nunca vai tirar ele da garagem.

- Verdade tio, até hoje eu não entendo esse medo dela. Não vai se “defender” não mãe?

- Não preciso. Desde pequeno seu tio procura motivos pra tirar sarro da minha cara, então já estou acostumada.

- É até engraçado ver vocês dois assim, com essa implicância. Pensei que isso só acontecia comigo e com Lucas. Ou que parasse na infância...

- Que nada! Vocês homens nunca crescem. Parece que sentem prazer em abusar os irmãos mais novos não é, Jairo?

- Você sabe que é brincadeira. Não se brinca com medo de ninguém, cada um tem a sua própria dificuldade. Mas a sua cara quando eu falei isso foi ótima, Jane!

Medos são realmente difíceis de lidar. Não julgo as dificuldades de ninguém porque sei que as minhas podem não ser compreendidas no futuro. Um exemplo é o medo do meu sonho se tornar real... Dentro da possibilidade de existência do Mundo Digital, se realmente acontecesse de me tornar um dentre os escolhidos, significaria que um dos mundos ou os dois estariam em risco e EU teria a incumbência de deixar as coisas em ordem. Estaria literalmente carregando o mundo nas costas. O que é uma responsabilidade que amedrontaria até o mais corajoso dos homens. Tudo tem um ponto positivo e um negativo e por mais que a situação seja iluminada, haverá uma face escura por trás que pode vir a ofuscar esse brilho.

- Vamos filho, chegamos!

- Opa, tá bem. Tchau tio, obrigado pela carona!

- De nada, e cuidado com o testezinho que vão fazer agora com você.

- Teste?

- Sim. É um mini teste pelo computador. Vão passar umas questões pra você marcar e alguns sons pra escutar e identificar. Isso se for igual ao que eu fiz no ano passado.

- Certo tio, valeu a dica!

- Nada. Até mais, boa sorte aí no que vier. Ah, Jane! Que horas eu passo aqui pra pegar vocês?

- Não sei. Eu te ligo, fica atento no celular.

- Tá bem, Tchau.

- Tchau. Vamos entrando, moleque?

- Moleque? Eu tenho 18 anos e estou entrando numa autoescola, não me chame de moleque.

- Você sempre será moleque pra mim.

O lugar para mim parecia sensacional. A recepção cheia de cartazes de conscientização no trânsito, algumas reproduções de placas conhecidas, outras que eu nem sabia que existiam... Tinha uma que parecia um ovo rolando uma ladeira, então parei para imaginar o significado dela: “Perigo! Ovos gigantes soltos nessa direção.” Minha mãe foi resolver a papelada enquanto eu esperava sentado na recepção. O local estava vazio, mas mesmo assim senti um forte calafrio e aquela sensação de estar sendo observado tomou conta de cada célula do meu corpo em uma velocidade inimaginável. Virei para trás na esperança de ter alguém na rua olhando para dentro da autoescola, mas só havia pessoas caminhando para seus respectivos rumos, o que me causou uma grande inquietude. “O que estaria me causando essa sensação tão estranha? Será que eu comi alguma coisa estragada?” Meu raciocínio foi cortado por uma pergunta.

- Filho, seu CPF começa com 050, ou 040?

- 040.

- Certo.

Estava com algumas perguntas na cabeça, mas decidi ignorá-las para dar espaço à ansiedade de começar esse primeiro teste de admissão. A papelada estava resolvida no balcão então a recepcionista me encaminhou a uma sala cheia de computadores onde haviam já algumas pessoas sentadas fazendo o que deveria ser o mesmo teste que eu estava para começar.

- Vou te esperar aqui fora! Seu tio disse que assim que terminasse era pra ligar.

- Tudo bem, não deve demorar muito aqui não.

- Boa sorte! E não faça com pressa.

- Okay mãe...

A recepcionista me apontou uma máquina e me deu as instruções para começar o teste. De início não parecia muito difícil. Algumas imagens para ligar a outras correspondentes, testes como quebra-cabeças e coisas para testar se você é doido ou não.

- Não se preocupe garoto. Se você não for doido, tira esses testes de letra! – Disse amigavelmente um homem alto, grisalho, lá para os seus 40 anos –.

- Ah, certo. Acho que se eu fosse doido, saberia. Então não vou ter problemas com isso. – Terminei com um sorriso de retribuição –.

Depois de passar por uma bateria de exames desses, um aviso abriu na tela pedindo para que eu colocasse os fones de ouvido já que os testes sonoros iriam começar. Notei que a maioria das pessoas que estavam na sala puseram os fones ao mesmo tempo em que eu, o que pareceu uma cena ensaiada. Já com os fones nos ouvidos, comecei clicando em play. Na minha tela nada aconteceu por um tempo desconfiável, mas as pessoas que estavam ao meu redor pareciam estar interagindo ainda com o programa e clicavam o mouse como se estivessem ainda passando as questões da prova. Fiquei realmente intrigado com a situação então decidi levantar para pedir ajuda à recepcionista, mas logo antes de tirar os fones do ouvido, um zumbido muito forte começou a ecoar diretamente para dentro da minha cabeça. Era alto e se parecia com um som de dados sendo computados. Era como um tipo de interferência.

O chiado não parava, minha cabeça começava a latejar, provocando uma dor excruciante que se espalhava por todo o crânio. Olhei ao redor, a visão estava turva, as outras pessoas não pareciam ter os mesmos problemas que eu. Ele ficava cada vez mais alto e constante, eu começava a perder a consciência de mim quando a pessoa que sentava do meu lado notou o que estava acontecendo. Eu não conseguiria aguentar aquilo por mais tempo então, em desespero, gritei:

- O BARULHOOOOOOOOO!!!

Todos olharam para mim como se eu fosse louco, ou estivesse querendo chamar atenção. Mas um homem que estava sentado na cadeira atrás da minha, notou que eu estava tremendo e que algo sério estava para acontecer.

- O garoto! – Gritou o mesmo homem que havia falado comigo antes – Ajudem o garoto, o nariz dele tá sangrando! Rápido, você ai! Me ajuda a carregar ele. Vamos colocar ele deitado na recepção.

- Oh, meu Deus! O que está acontecendo com meu filho? – Minha mãe estava me esperando na recepção e foi a primeira pessoa a ver o meu estado do lado de fora da sala. –

- Não sei, senhora. Ele estava fazendo a avaliação como todo mundo e de repente começou a revirar o olho e a sangrar pelo nariz. Ele tem epilepsia ou algo do tipo?

- Se tivesse eu saberia. Ele nunca teve nenhum ataque desses. Filho, você está bem?

Ainda me sentia um pouco desacordado, mas conseguia ouvir e entender a maioria das coisas que se passavam ao meu redor. Notei as luzes fortes e amarelas do teto da recepção. Minha mãe estava muito preocupada comigo, minha cabeça estava em seu colo. Ela segurava o choro para não mostrar desespero. Sempre querendo se mostrar muito forte, desde quando eu era pequeno e tínhamos problemas familiares relacionados ao meu pai, seu ex-marido.

Eu escutava muitas vozes ao mesmo tempo, murmurando curiosos com o que estava acontecendo, a voz da minha mãe se revelava maior do que qualquer outra. Talvez porque eu quisesse escutá-la mais do que qualquer coisa naquele momento. O único problema era que aquele som estranho ainda ecoava em minha mente como se estivesse se alojando, ou procurando uma forma de sair de lá, sem muito sucesso. Foi realmente desesperador, mas tive a ajuda das pessoas da sala onde eu estava e, logo após o acontecido, fui ao hospital com minha mãe e o médico receitou alguns remédios para tomar em casa e repouso por dois dias.

- Agora vá deitar e descansar. Enquanto a gente não tem certeza do que isso possa ser, é melhor você ficar em repouso.

- Tá bem. Preciso mesmo colocar os pensamentos no lugar... Aquilo lá foi loucura!

- Mas você já está bem agora?

- Tô sim, mãe. Foi só aquele momento mesmo. Não se preocupe de mais não.

- Qualquer coisa me chama, viu?

- Okay.

Sentia-me muito assustado com tudo aquilo: as dores, os olhos revirando, o sangue pelo nariz... Era tudo novidade pra mim, que no máximo tive rinite alérgica e uma pedra nos rins. Não fazia ideia de como um simples som poderia afetar a minha percepção de ambiente e levar minha lucidez embora tão facilmente. Eu já estava em casa, mas não conseguia parar de pensar naquela sequência de sons pavorosos nem em todos aqueles sintomas que se manifestavam em mim, um após o outro, como num efeito dominó.

Estava tentando ligar tudo aquilo a qualquer tipo de ansiedade para passar naquela prova ou inquietação por causa do momento, mas bem como não conseguia achar ligações para isso, também não encontrava o mínimo de explicação lógica para aquele som ter aparecido somente no computador no qual eu estava respondendo o meu teste. Se continuasse pensando muito naquilo, minha dor poderia ter voltado ou poderia enlouquecer tentando achar uma explicação. Por sorte, minha mãe entrou no quarto para me atualizar sobre como ficariam as coisas na autoescola. Minha mãe é muito prestativa, preocupada e doce. Eu tenho muita sorte de ter uma mãe assim. Procuro fazer de tudo pra não desapontá-la. Ela apareceu novamente no quarto.

- Filho, liguei pra autoescola e a recepcionista falou que vai marcar um outro dia pra você ir na próxima semana.

- Hum, tá bem. E conversou com ela sobre a possibilidade de não precisar fazer as aulas práticas?

- Falei sim, ela disse que tem que ter a avaliação final com o professor, mas se você já souber dirigir, pode cancelar essas aulas que fica mais rápido e mais barato até.

- Poxa, pelo menos uma boa notícia. Obrigado por tudo hoje mãe.

- De nada meu filho. Não tinha nem porque agradecer, sou sua mãe. É isso que fazemos. E você? Não sentiu mais nada não, né?

- Não mãe, pode ficar tranquila. Tá tudo bem comigo já.

- Certo. Qualquer coisa, me chame!

- Tudo bem.

Não teve jeito. Assim que ela saiu, todo aquele barulho e a as partes das cenas que eu consegui pegar enquanto meio acordado estavam de volta flutuando bem na minha frente. Era tudo muito estranho e começava a me intrigar. Porque um barulho que parecia com dados sendo computados? Vinha de dentro do computador? Era algum tipo de vírus? O que eu queria realmente era que fosse alguma tentativa de contato digital. Sabia que era besteira e que, devido à situação, não deveria ficar pensando nessas bobagens. Mas é inevitável tentar ligar acontecimentos estranhos relacionados a computadores diretamente com a minha vontade de querer encontrar provas que me dessem esperanças da real existência do Mundo Digital. Eu continuei pensando no que aconteceu comigo e acabei pegando no sono. Fui acordado algumas horas mais tarde por Lucas.

- Ike? Acorda Ike...

- Hum? Lucas? – Desentoei com a voz esganiçada, de quem acabe de acordar. -

- Sim.

- O que foi, tudo bem?

- Tá, comigo tá tudo bem. Quando eu voltei da escola você já tava dormindo, então esperei você acordar pra saber como que tava tudo.

- Ah, você podia ter me acordado... Eu só peguei no sono porque tava sem nada pra fazer. Eu tô bem, Lu. Na hora eu passei mal, mas agora tô bem.

- Hm, e você lembra de alguma coisa que aconteceu lá? Minha mãe disse que você desmaiou...

- Na verdade eu não desmaiei completamente. Tava mais pra meio desacordado. Eu lembro mais das coisas que chamaram minha atenção.

- Como assim?

- Tipo, eu lembro exatamente como era o som que tava saindo do fone, lembro de cair da cadeira porque tô sentido uma dor muito forte aqui no braço, lembro do barulho que o povo tava fazendo na sala...

- Sala? Que sala?

- É porque a prova foi em outra sala. Não respondia na recepção nem nada assim. Foi pelo PC, por isso os fones.
- Ah, beleza. Continue...

- Acho que só isso. – Pensei por uns instantes. – Ah não! Quando fui chegando na recepção, eu tava olhando pra cima, e eu lembro que as luzes da sala estavam ligadas e eram bem fortes! Cheguei a fechar os olhos depois de um tempo olhando pra elas, porque já tava incomodando a visão. Eram duas lâmpadas bem amarelas. Parece que aquele povo de lá não conhece a tecnologia “super inovadora” das lâmpadas fluorescentes.

- Só tu pra fazer piada com uma cena dessas.

- Ô! Rir pra não chorar.

- Que bom, então. Já que tá tudo bem, eu vou voltar pro DMO porque tô em party lá.

- Tá bem. Valeu por se preocupar.

Meu irmão é muito amigo. Se eu não estou bem, parece que o afeta do mesmo jeito. Às vezes mesmo não estando muito bem, eu forço um pouco as aparências pra poder deixá-lo tranquilo. Ele gosta de ver todo mundo bem, o que é perfeitamente compreensível. O tempo foi passando e chegou a noite. Lucas foi dormir. Dividimos o quarto, ele dorme na parte de baixo do beliche e eu na de cima, ainda tem uma cama extra no quarto pra quando minha avó vai passar um tempo com a gente. Fora a cômoda que fica ao lado do beliche e a estante de livros no canto do quarto. Só restávamos eu e minha mãe acordados.

- Filho, você está bem mesmo, né?

- Tô sim, mãe. Pode dormir tranquila. Qualquer coisa, eu bato na porta do seu quarto e te chamo. Pode ser?

- Tudo bem. Preciso dormir mesmo... Amanhã vai ser um dia cheio porque Léo vai estar aqui na cidade e estamos programando uma viagem juntos.

- Nossa, que bom, mãe! Vai ser ótimo pra você espairecer um pouco e esquecer por um tempinho os problemas. Boa noite.

- Boa noite, filho. Durma bem, e qualquer coisa me chame!

- Certo, mãe. Vou só tomar um banho e já tô indo dormir também.

Minha mãe é divorciada do meu pai há uns anos e hoje, tem um namorado. O nome dele é Leonardo, mas geralmente o chamamos de Léo. Tudo isso é um pouco complicado para mim só que não vou entrar nesse tipo de assunto nem aqui, nem agora. Eu era então o único acordado na casa. Fui tomar outro banho antes de dormir, pois estava fazendo muito calor e pude me dar ao luxo de demorar um pouco mais do que de costume para poder pensar um pouco mais no acontecido. Toda aquela cena na autoescola era classificada na pasta de eventos incomuns da minha vida.

Já haviam acontecido coisas estranhas comigo como ver um vulto passando quando sozinho em casa ou uma luz se apagar sozinha, mas isso é sempre facilmente atribuído à situação em si, estado emocional e coisas do tipo. Nessa situação, não havia como ter imaginado um som estranho ou causar nenhum daqueles efeitos em mim. Então o que estava acontecendo comigo? Eu estava adoecendo e aqueles eram os primeiros sintomas? Eu fiquei nervoso com o teste? A minha única certeza era que não foi normal.

Terminei o banho e notei que não tinha pego uma camisa então fui ao fundo da casa para pegar uma e estender a minha toalha. Como não tinha ninguém acordado, eu abri bastante a porta para não ter chances de o vento acabar fechando-a. Como havia dito, a noite estava quente, mas mesmo assim, senti uma corrente de ar frio passando ao meu redor.

- Nossa. A noite ficou fria do nada, ou eu me esqueci de enxugar as costas?

BAAAAAAAAAAAAAM!

Foi o som ensurdecedor que a porta fez ao bater com uma força impossível de se atribuir ao vento. Olhei assustado para trás e tentei forçar a maçaneta para entrar em casa. Sabia que era o único acordado, mas não poderia simplesmente dormir do lado de fora. Então, comecei a chamar o pessoal da casa.

-Mãaaaaae! Lucaaaaaas! Ooooooooooi! Alguém aí tá me escutando?!?! Lucaaaaaaas!! Mãaaaaaaae! Droga, esse pessoal dorme como uma pedra. Vou ver se tem alguma janela aberta do lado da casa.

Não tive muita sorte, estavam todas fechadas e trancadas por dentro com fechaduras e trancas extras depois que fomos assaltados uma primeira e única vez. Voltei para a porta e tentei forçar mais um pouco, batendo para arriscar alguém escutar. Não tive muito sucesso também, e comecei a notar que o frio aumentava cada vez mais e numa velocidade incrível.

- Que azar. E se eu não conseguir acordar alguém? Que merda! Bem que eu podia ter colocado a chave desse lado da porta depois que eu passei.

Dei as costas para a porta e fui tentar prestar atenção no céu e no ambiente ao meu redor para ver se notava alguma ferramenta ao meu redor que pudesse me ajudar a entrar em casa. Era uma noite estrelada com uma lua bem cheia que me ajudava a ver o fundo da casa com mais nitidez. O fundo era bem grande, um banheiro separado da casa, uma área cimentada e outra área de terra com muitas plantas que a minha avó deixava lá.

Estava bem escuro e a única luz que me alcançava era da lua já que a minha casa era rodeada de outras casas tanto dos lados, quanto ao fundo. Notei que a já escassa luz que me ajudava a não pisar no meu próprio pé estava se esvaindo. Quando olhei para cima, notei que o céu se enchia de algo que pareciam nuvens ou algum tipo de neblina. O frio aumentava cada vez mais e se eu não estivesse enlouquecendo, a neblina estava descendo do céu e vindo em direção à minha casa. Meu coração começou a palpitar mais forte e minhas pálpebras ficaram duas vezes mais abertas para não tirar a atenção do que estava começando a acontecer.

Eu não estava enlouquecendo ou nada do tipo, aquela massa de escuridão se movimentava, como se viva, e tomava o rumo da minha casa. Para ser mais exato, do fundo dela. Eu me voltei à porta e comecei a bater com mais força ainda, tentando empurrar e chutar o mais forte que podia. Eu empurrava e olhava para trás e a cada vez que fazia isso, aquele conglomerado de fumaça estava mais perto de mim e maior que da última vez que havia visto. Estava tudo ficando cada vez mais escuro, mais frio e mesmo dentro daquela atmosfera, meu corpo transpirava como se estivesse preso numa sauna e tremia como o de um inocente esperando a forca. O medo tomava conta do meu ser acompanhado de fortes câimbras nos braços causadas pelas batidas constantes e arritmadas que eu produzia na porta dos fundos.

Percebi que ninguém me escutaria, então decidi me virar para ver o que me esperava. Ao meu redor, tudo escuro e esfumaçado. Acima de mim, estava novamente a lua cheia acompanhada pelas estrelas. Em minha frente, o inconcebível: algo como uma nuvem escura pairava à minha frente como se me observasse. Não tinha como me ver, mas me conhecendo, sei que estava pálido e prestes a desmaiar naquele momento.

- O que é isso? – Perguntei ao vento, com certa dificuldade. -

Como se não bastasse, duas esferas amareladas brotaram do centro daquele monte de fumaça disforme e algo como um sorriso maligno foi se abrindo de um lado a outro do que parecia estar se tornando um rosto. Enquanto notava a neblina se aglomerar e se tornar mais densa ao redor daquelas esferas amarelas que orbitavam a nuvem bem à minha frente, me veio um relance da cena que lembrava na recepção da autoescola. Com o resto de força que me restava, consegui pensar alto.

-E-e-eram olhos. Eram os seus olhos n-n-no teto da autoescola.

WAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAAAAAAAAA!!!!

Uma risada mais gélida que a própria noite agora ressoava em meus ouvidos e o calafrio que ela provocara, tomou conta de todo o meu corpo. Eu nem tentei acreditar no que estava vendo, simplesmente corri. O fundo era grande, então tinha espaço o suficiente para correr. O fato de haver muitas plantas me dava uma gama de locais para esconder-me. Eu tropeçava no meu medo, caía e levantava apoiado na simples vontade de viver. Olhava para trás e a nuvem maligna me perseguia, espalhando seu riso estrondoso e maledicente por todo o local.

- O que é isso? – Mesmo que quisesse falar outra coisa, eram as únicas palavras que conseguia proferir -.

Quanto mais eu tentava me afastar daquele ser medonho, mais encurralado me sentia e a cada passo, notava que se esvaiam inúmeras pulsações desesperadas do meu coração esforçando-se para trabalhar na fuga. Enfim cheguei a um emanharado de plantas da minha avó e me joguei por entre elas. Sentia-me um pouco aliviado, tinha a sensação de ter despistado ele. Tive tempo para pensar no que estava acontecendo e as teorias iam de demônios do submundo a estar alucinando por causa do remédio. Respirava ofegante, tentando recuperar o fôlego perdido na corrida.

Passaram-se uns dois minutos sem sinal algum do que, naquele momento, podia chamar de criatura. Já começava a me sentir aliviado quando, inexplicavelmente um clarão imenso tomou conta dos meus olhos e algo como uma chama, ou uma esfera em chamas tomou rumo em minha direção. A chama atingira o topo da planta na qual eu estava me escondendo o que iluminou um pouco mais ao meu redor.

A criatura parecia ter finalizado algo como uma metamorfose e estava vindo de encontro a mim. Quanto mais perto chegava de mim, melhor eu enxergava sua formação. Sua silhueta era esquelética e segurava algo como uma lança ou um cajado. Era muito alto, então mesmo quando bem perto das chamas causadas pela própria criatura, não conseguia enxergar seu rosto, mas observei que usava botas e calça pretas e que seu corpo não era esquelético e sim, um verdadeiro esqueleto. No topo do que segurava, havia uma esfera amarela tão brilhante quanto seus olhos.

- O...o q... o q... o que você... – Por mais que tentasse dizer algo, minha natureza repelia essa vontade a mando de cada célula minha-.

Eu já não sentia o meu corpo. A adrenalina da corrida havia parado de correr nas veias há muito, então começava a sentir as dores dos chutes que dera na porta e dos tropeços e arranhões que colecionei em meio à fuga. Não poderia fazer nada mais além de esperar para ver o que o esqueleto gigante faria comigo.

A criatura então se agachou um pouco e aproximou a esfera brilhante do seu rosto. Não sabia se por causa de tudo o que eu tinha passado aquela noite, acabara enlouquecendo ou por achar que morreria ali, tinha que ao menos realizar o meu maior sonho, mas constatei com toda a minha certeza que era um SkullSatamon! Eu havia olhado e analisado ele várias e várias vezes enquanto ele parecia fazer o mesmo comigo. Todos os detalhes pretos, o esqueleto avermelhado, o cajado na mão e a presença assombrosa... Tudo me ajudava a concretizar a certeza de que meus olhos alcançavam um legítimo Digimon.

Ele se levantou e começou a aproximar-se de mim, de forma hostil. Sentia o medo de uma presa e a sua imponência como predador. Ele ia chegando mais perto, e a cada passo que dava, o fedor de enxofre que começava a emanar dele se tornava mais intoxicante. Talvez a máxima que prega que o homem só tem medo do desconhecido seja verdade. Depois de descobrir que o meu perseguidor era um Digimon, e tentar conceber como real aquela existência bem diante do meu nariz, acredito que a minha vontade de viver falou mais alto. Meu peito encheu-se de coragem como se toda a adrenalina que havia produzido tivesse se concentrado num só ponto do meu corpo e precisasse externá-la freneticamente. Sem pensar duas vezes, respirei o mais fundo que pude e gritei:

- SkullSatamooooooooon!! O QUE VOCÊ QUEEEEEEEEEEER!?!

O SkullSatamon parou de andar em minha direção e se mostrou menos hostil. Posso afirmar isso porque a minha sensação de encurralado foi se esvaindo e dando lugar a um sentimento encorajador. Não sei se estava embebido de orgulho por ter enfrentado um Digimon quatro vezes maior do que eu ou se ele realmente perdera o interesse em mim.

Ele apontou seus olhos que mais pareciam faróis diretamente para mim e começou a falar. Pelo menos foi o que deduzi levando em consideração que sua boca se mexia, mas no lugar de palavras, ele produzia um som muito semelhante ao que escutei na autoescola e que me causava uma dor de cabeça tão grande quanto a anterior. Eu pus as mãos nos ouvidos e abaixei a cabeça, inutilmente. A dor era forte e o som passava sem grandes obstáculos diretamente para mim. Sem mais nem menos, ele parou de produzir aquele som infernal e voltou a se transformar na nuvem densa e escura que era antes deixando seu sorriso malicioso ecoando no ar daquela noite estranha, mortal e inesquecível.

Fui em direção à porta dos fundos que estava convenientemente aberta. Peguei novamente minha toalha, entrei em casa, tranquei a porta dos fundos. Escorei-me na porta e escorreguei as costas até sentar no chão. Só havia uma única pergunta em minha mente depois daquele momento traumático e surreal: “O que foi isso?”.

- O que foi isso? O que foi isso? O que foi isso? – Não conseguia parar de repetir para mim mesmo, em voz alta enquanto estava sentado de cabeça baixa, tentando absorver os últimos 40 minutos da minha vida. –

- Não pode ser, não é real! Isso é impossível! Por mais que eu queira, eu sei que é impossível!

- Eu tive um dia cheio, desmaiei, fui pro hospital, tomei remédios... Fui perseguido por UMA DROGA DE UM SKULLSATAMON DE VERDADE!!!! Calma, Caíque. Calma, você vai acabar acordando sua mãe ou seu irmão. Você não quer que te vejam assim. Assim? Eu tô machucado de verdade, tô sem fôlego e meu cabelo tá chamuscado! Não dá pra imaginar arranhões nem cheiro de cabelo queimado.

Tive a ideia de tirar uma foto minha com o meu celular da forma que eu estava. Se fosse real, no outro dia eu veria a foto e teria certeza absoluta do que vi. Era coisa demais para um único dia e não queria tomar nenhuma decisão precipitada. Se fosse verdade, meu maior sonho teria vindo até mim em forma de pesadelo para me matar e se fosse imaginação minha, eu precisaria parar com os remédios que foram receitados para mim e procurar ajuda psiquiátrica. Peguei o celular, tirei a foto e voltei para o banho.

- Pronto! Agora isso tá guardado no meu celular. Caramba... Se for mesmo verdade, eu fico me perguntando por que um SkullSatamon viria tentar me matar. E porque desistiu e foi embora? Isso significa que eu sou um Tamer? Será que ele é meu Digimon? Ou será que tudo não passou de uma enorme alucinação? Ai, essa topada que eu tomei lá fora doeu pra caramba...

Fui dormir esperando ter respostas na manhã seguinte. Estava muito enganado. Quando acordei, a primeira coisa que fiz foi ir ao fundo da casa ver como estavam as plantas. Não sabia se ficava com raiva, aliviado ou me internava num hospital psiquiátrico, mas estavam todas perfeitamente intactas.

Não havia sinal de nada queimado, não tinha nada destruído, sequer uma única pegada no chão do fundo. Eu estava ficando confuso. Não é tão difícil separar o real do imaginário e meus machucados eram bem reais. Eu estava com alguns arranhões nos joelhos, um bem grande no braço direito que ia do ombro até o cotovelo e um triplo nas costas que imagino eu, terem sido feitos por algum galho quebrado da planta onde havia me escondido. E ainda tinha a foto que eu tirei com o cabelo ainda chamuscado, saindo fumaça de uma parte dele.

- Lucas! – Gritei do fundo da casa. –

- Oooooi?!

- Cê traz meu celular aqui, fazendo o favor?

- Tá onde?

- Na cômoda do quarto, do lado do beliche!

- Tá, já trago.

Eu pensava comigo mesmo que era impossível ter todos aqueles machucados ainda no meu corpo e não haver sinal de movimento no quintal durante a noite.

- Aqui, Binho.

- Brigado, Lu.

- Nada. Ah, Ike! Eu consegui um Digimon melhor. Choquei um Impmon e me disseram que ele vai pra SkullSatamon, então joguei o Kunemon fora.

- O que? SkullSatamon? Onde? CORRE!

- Caíque! Tá ficando maluco?

- Nossa, não fala mais pra mim desse Digimon não, Lucas. Depois da noite que eu tive...

- Ahn? Como assim? E falando nisso, quando eu fui dormir você não tinha nada e agora ta todo machucado aí. O que aconteceu?

- Er... É que... De noite... Quando eu vim estender a toalha... Eu escorreguei em algum lixo que Preta derrubou aqui e acabei caindo naqueles galhos secos que ficam juntos ali no canto pra incinerar.

- Hm... Tá bem então. Vai jogar hoje? Cê podia me ajudar a subir o nível do Impmon!

- NÃO! Quer dizer... Claro, Lu. Deixa só eu terminar umas coisas aqui e tomar café que já vou te ajudar.

- Vou voltar pro PC então.

- Foi quase. Eu não posso simplesmente enlouquecer desse jeito. A foto! Pera... O QUEEEEEEEEE? VAZIO?? Mas é impossível! Eu tirei a foto ontem. Ela tava aqui, eu vi salva e ainda olhei de novo antes de dormir. Ela tem que tá aqui em algum lugar.

Eu procurei a foto pelo celular todo, revirei a memória dele de cabeça para baixo. Pluguei no computador e fiz uma varredura pelo nome do arquivo: “ou_fumei_maconha_ou_vi_um_digimon.jpg”. Não encontrei nada. Não poderia ter sido mentira porque mesmo não tendo provas no ambiente ou tecnológicas, ninguém poderia dizer que os meus arranhões eram falsos. Pensei na possibilidade de ter imaginado toda a cena e ter corrido e me machucado mesmo assim. Só que a foto ter sumido do meu celular me deixou ainda em cima do muro. Eu havia tirado aquela foto sem sombra de dúvidas, e ela não estava mais lá.

Alguém excluiu, então aconteceu. O meu “encontro” com um SkullSatamon não sairia da minha cabeça em nenhuma circunstância e ajudar Lucas a subir o nível do Impmon dele não me ajudava em nada. Decidi parar o jogo um pouco e ir estudar para a avaliação da autoescola. Fiz bem, já que minha mãe havia acordado e recrutado quem não estivesse fazendo nada produtivo para ajudá-la a arrumar a casa.

Sentei no sofá para estudar e Preta estava bem aos meus pés, pondo o focinho no meu colo para poder alisá-la. Brinquei um pouco com ela e continuei estudando. Os próximos cinco dias seriam exatamente iguais: acordando, estudando para a avaliação, jogando um pouco com Lucas e Ivan (que aparecia às vezes).

Jonas foi dormir lá dois dias depois do acontecido, mas decidi não falar nada com ele, acharia que eu estou levando a sério demais o gosto por Digimon e listaria umas 17 doenças psicológicas que eu poderia estar desenvolvendo. Ele ficou lá por um dia, ia ficar mais só que havia marcado um encontro ou algo assim com uns amigos e não queria chegar tarde em casa. Quando Jonas saiu já era noite, mas não era muito tarde. Aproveitei para assistir uns seriados e tentar tirar da minha cabeça aquele encontro com o Digimon maldito. Peguei no sono com fone e tudo, quando acordei já era manhã.

- Ai, droga. Tô todo quebrado. Dormi por cima de tudo que tava aqui na cama. Ô MÃAAE!

- Bom, dia filho.

- Bom dia. Ai. Mãe, você não viu quando eu fui dormir não?

- Não, por quê?

- Dormi com notebook no colo, fone no ouvido e por cima de tudo que tava na cama.

- Nossa, filho. Você tava cansado mesmo né?

- Acho que sim. Onde tá o Mertiolate?

- Ali na estante. Se machucou dormindo?

- Não... Foi ontem... er... jogando... bola!

- Mas você nem gosta de futebol...

- Agora gosto menos ainda.

Ela me entregou o remédio que me ajudaria a apagar as últimas marcas da minha noite traumática. Passei pela minha rotina diária de tomar banho, café e escovar os dentes então sentei no sofá para estudar um pouco mais para a avaliação da autoescola. Isso me ajudaria a reprimir todas as teorias mirabolantes que eu tentava criar para explicar meu “visitante incomum”. Minha concentração foi completamente quebrada quando Jonas aparece e começa a tocar a campainha freneticamente e gritar meu nome para abrir o portão.

- Ikeeee!!! Caíque!!!! Caíque, abre aqui!! Preciso falar contigo URGENTE!

- Pera, calma. Que pressa é essa em?

- Abre logo que eu te digo.

- La ele!

- O portão cara, abre logo aqui.

- Tá bom, já vai. Deixa só eu achar a chave.

- Rápido!

- Pronto, aberto. O que é que cê quer? Seja rápido, eu tô estudando pra avaliação da autoescola.

- Eu vi um Digimon.







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Mensagem por Lawliet Seg 08 Out 2012, 11:34 pm

Nossa, que capítulo legal! Gostei mesmo.
A história está indo muito bem mesmo. Desculpe pelo comentário pequeno, é que você tem escrito tão bem que acho que nem precisa!
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Mensagem por Mickey Ter 09 Out 2012, 12:59 am

Aew! Beleza Junior Brito...
Como estou com muito sono eu não vou ler a FIC se não eu vou dormir...

É melhor fazer isso após descansar!

Vim só para te mandar um aviso... "Cuidado com o Double-Post"

Seguindo as regras do fórum quanto a esse pequeno aviso...

REGRAS FANFICS

Leia com atenção a Regra 06 e se ainda tiver dúvida é só mandar PM!

Quanto ao episódio assim que possível eu comento!

Boa Noite!!!
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Mensagem por Carlos Damasceno Ter 09 Out 2012, 2:48 pm

Olá, Júnior! Como você está? Espero que bem. Quanto à questão do narrador, parece que chegamos a um impasse. Já que você entendeu o que eu quis dizer e ainda assim não concorda comigo, o melhor a fazermos é deixar esse assunto de lado.

Agora, falemos do segundo capítulo. Caramba, Júnior! Vou te contar um segredinho: esse foi bem melhor que o anterior. É sério. Parece que a minha decepção por pensar prematuramente que não haveria nada "digimoníaco", e depois ver que haveria sim, se esvaiu imediatamente no começo do capítulo.

Realmente, a estória evoluiu, e isso porque está apenas no começo. Você tem potencial, Júnior. Acredite no que eu falo. Se quer minha opinião, escreva também sobre coisas além-digimon. Sei lá, crie uma estória sem ligação com a série. Você pode postá-la n'AS CRÔNICAS DE RYO. Não estou dizendo pra parar de escrever O MUNDO DOS SONHOS, mas para abrir os horizontes. Se você já escreve sobre temas além-digimon, poste aqui. Vou ter o maior prazer em ler.

Embalado pelo Mickey, que tirou um parágrafo do primeiro capítulo como lema, eu retirei duas frases que me fizeram ter ataques epiléticos de tanto rir:
Perigo! Ovos gigantes soltos nessa direção.
e
ou_fumei_maconha_ou_vi_um_digimon.jpg

De qualquer forma, parabéns. Você conseguiu deixar minha terça-feira azul, bem melhor. Aguardo pelo terceiro capítulo. Se cuide. Até.
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Mensagem por Júnior Brito Ter 09 Out 2012, 9:50 pm

@Lawliet: Obrigado cara! Fico muito feliz em saber que está gostando!!! *-*

@Carlos Damasceno: Vou absorver sua ideia cara. Não começaria a escrever algo além agora, mas é uma ideia interessante. Gostei de saber que está gostando da história e que conseguir fazê-lo rir com as piadas! xD

Abrass! o/
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Mensagem por mikei Qua 10 Out 2012, 10:00 am

tambem gostei bastante
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Mensagem por Mickey Ter 16 Out 2012, 9:28 am

Hauhauahau!

Parabéns Júnior Brito!

Está indo muito bem com sua história!
Agora... eu achei bem grande... Mas já li maiores! xD~~
Eu estou ficando confuso... mas sua história vai ocorrer no mundo real certo?
Tipo os Digimon no mundo dos humanos. Eu esperava algo diferente e me empolguei xD~~

Bom então vou dizer o que eu havia pensado...
Eu pensei que de acordo com o título, a história do personagem seria passada na sua mente.
Durante os sonhos enquanto está dormindo.

Huahuahau viagem a minha? Mas foi o que pensei ao ver o título e a forma que terminou o capitulo anterior.

Mas bem! Parabéns mesmo assim pela história!

E como o Carlos mostrou... achei muito engraçado a parte do..
Carlos Damasceno escreveu:
ou_fumei_maconha_ou_vi_um_digimon.jpg

Hauhaahua! Muita criatividade e até o próximo!
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Mensagem por Júnior Brito Ter 13 Nov 2012, 6:41 pm

CAPÍTULO – III
JONAS TEM UMA NAMORADA? O QUÊ, UM DIGIMON!?

-AAAAAAAAAHN? Como assim, viu um Digimon? T-tá ficando doido?

- Shiu! Fala baixo... Quer que fiquem me chamando de doido, por acaso?

- Eu acabei de chamar você de doido se não percebeu. Não tem como não chamar. Quer dizer, isso se você estiver falando de um Digimon de verdade, o que seria impossível. Então diria que você está ficando doido, porque é impossível! Digimons não existem, seria impossível você ver um. É IMPOSSÍVEL!

- Calma cara! Tá parecendo até que foi contigo. Tu também é todo dramático né? Nem comecei a falar e já fica ai dando piti.

- EU? DANDO PITI? Tu chega desesperado na porta da minha casa, atrapalha minha concentração e quando eu abro você vem me dizer que confundiu uma droga de um sonho com realidade porque é muito tapado pra diferenciar e quer que eu leve a sério? – Falei com firmeza, mas sem poder olhar diretamente para ele. -

Eu não sabia se devia contar a ele o que vi ou tudo pelo que passei. Até porque não sabia até onde poderia ser verdade o que ele estava dizendo. Ele poderia facilmente ter sonhado, ou imaginado coisas por causa de alguma situação.

Ele tinha olheiras imensas abaixo dos olhos que mais pareciam bolsas e estava com os olhos vermelhos. Quem sabe não estava começando amizades erradas e começou a beber... Ou algo pior... Parte de mim implorava para aceitar de peito aberto tudo o que Jonas tinha a me dizer, primeiro porque confiava nele e conhecia sua índole, segundo por que seria mais uma prova de que o acontecido da semana anterior não teria sido fruto de alucinações provenientes dos remédios. Mas uma parte de mim, talvez a mais madura e racional, entendia a irrealidade dos fatos e me pedia para não compartilhar o que aconteceu nem dar corda ao que Jonas dissesse.

- Quer ouvir ou não?

- Sei lá cara... Tu tá doidão aí. Conta.

- Ainda bem, eu não podia guardar isso só pra mim. Vei, não sei se eu tava com muito sono, ou se estava tudo escuro demais, ou os dois juntos, mas eu com certeza não criei essas memórias. Existem teorias de pessoas que criaram uma vida inteira pra si, mas era porque não gostavam da delas. Eu simplesmente não me importo. Não criaria lembranças soltas pra tentar deixar minha vida mais interessante e...

- Fala logo vei! Que embolação. – Interrompi grosseiramente, precisava saber o que havia acontecido. –

- Calma, vou falar. É o seguinte: Eu saí daqui ontem era umas 18:30 pra 19:00 certo?

- Aham. – Procurei parecer desinteressado. –

- Então. Já saí daqui arrumado pra poder ir pro encontro e...

- Encontro? Tu, o travadão?

- É, saí com uma menina aí. Se der certo eu te conto. Mas deixa eu continuar.

- Tá, vai. Mas depois que tu contar tua maluquice, me fala sobre ela.

- Beleza, mas presta atenção. Eu tava com ela numa pizzaria que tem na praça, tava indo tudo ótimo. Eu já tinha quase certeza de que tudo ia ficar bem porque ela parecia gostar de mim, eu gostava dela então a noite foi ótima. Eu ia chegar em casa no horário certo, mas o pai dela não apareceu pra buscar a gente... – Interrompi de novo. –

- Pera aí, o pai dela ia buscar vocês dois? Cê já é assim com a família dela e eu nem conheço ela?

- Éeee cara. É porque eu não tinha certeza ainda do que ia acontecer então não queria sair espalhando nada por aí. O pessoal da família dela me conhece e tal. Mas não vamos mudar de assunto. Eu tive que vir pra casa andando com ela. O caminho da casa dela até mais ou menos a metade é o mesmo da minha, então eu decidi deixar ela na porta de casa pra ela não ir sozinha e pra pegar uma moral com a família dela, né?

- Safadheeeenhoooo.

- Continuando, eu fiz um caminho quase dobrado porque tive que voltar todo o caminho da casa dela e continuar o meu. Fui ver o horário e já era umas 11 e pouca vei. Minha mãe ia me matar assim que eu chegasse. Fui andando mais rápido e dei até uma corridinha pra adiantar só que aquele problema de respiração não me deixou correr muito.

- Ahhh, sei. Aquela parada que dói teu peito né?

-É, isso mesmo...

- Hum, continue.

- Sim. Chegou uma hora que só tinha eu andando na rua, e umas duas pessoas assim na frente de casa. Essa galera entrou e eu fiquei realmente sozinho. O lugar que eu tava andando é meio perigoso esse horário porque dá entrada pra um lugar que o pessoal diz que é um tipo de boca de fumo ou algo do tipo. Nessa hora eu meio que tremi na base porque tava sozinho e se tentasse correr eu não ia conseguir. Ai, eu apertei o passo pra poder chegar logo em casa, mas comecei a achar que tava sendo seguido, só que eu pensei um pouco e decidi usar a lógica de que o meio no qual eu me encontrava e a situação que eu tava vivendo, fazia eu me preocupar instintivamente com o que acontecia ao meu redor e minha mente criou um perigo eminente pra eu poder ficar atento.

- Você ainda vai ficar doido racionalizando tudo desse jeito. Pode ter sido um bicho que passou, uma planta se mexendo... Um SkullSatamon raivoso sedento pelo sangue...

- O que?

- Disse que não seria bom se aparecesse uma gangue. – Adoro pensar rápido. -

- Sim, seria catastrófico. Mas as coisas ficam muito mais fáceis de conceber quando têm uma explicação lógica. Continuando... Não tava fazendo vento nenhum, nem frio nem nada só que eu tenho certeza absoluta e concreta que uma corrente de ar sem ligação alguma com nenhuma outra passou bem na minha frente. Eu pesquisei em casa e não tem nenhuma massa de ar que se comporte como a que passou por mim. A corrente foi tão forte que me derrubou no chão. Eu fiquei um pouco confuso por um tempo, mas aí eu olhei pra trás querendo ver se enxergava alguém ou alguma coisa. Eu apertei bem o olho e consegui ver de longe um vulto de um homem alto e forte que tava se escondendo atrás de um muro.

- Nossa, não vai me dizer que tu foi estuprado? – Perguntei rindo. -

- Sai pra lá! E concentra aqui!!

Eu não podia demonstrar, mas estava nervoso. Eu não sabia o que concluir das coisas que ele me dizia nem sabia se deveria usar como placebo para minhas aspirações. Ele parecia meio assustado e tinha uma feição confusa, difícil de ser encontrada no seu rosto. Ele continuou contando a história, e ficava cada vez mais parecida com o que havia me acontecido.

Depois de olhar fixamente para o muro onde notara a presença de alguém, Jonas direcionou sua visão para a frente e deu de cara com uma criatura enorme ( talvez umas 3 ou 4 vezes maior do que ele, segundo seus cálculos) que grunhia para ele. “-Grunhidos?” Jonas pensou alto demais e acabou recebendo uma resposta para a sua pergunta: “- Sim, e serão os últimos sons que você vai escutar!” Jonas já não sabia mais o que pensar. O homem parado a sua frente sonorizava como um animal, mas falava como humano.

Mesmo após sua frase de efeito o homem não havia se movido do lugar, então Jonas tentou dar um passo para trás, mas pisou em falso no calçamento e voltou ao chão. Ele não era dos mais corajosos e já começava a perder o ar com aquela situação de pura pressão. Mesmo nessa situação, não deixou de observar que os pés daquele homem eram muito maiores do que qualquer pé que ele já tinha visto, fora o fato de suas unhas parecerem mais com garras.

Jonas não sabia o que fazer e sabia que aquele gigante estava decidido a exterminá-lo. Então a criatura fez seu primeiro movimento, abaixando para tentar agarrá-lo com suas enormes mãos alaranjadas. A fração de segundos foi o bastante para Jonas pensar em escorregar por debaixo das pernas do grandão e passar livremente. Qual foi sua surpresa quando no meio do caminho se deparou com uma cauda! Sim, uma cauda dependurada entre as pernas do gigante laranja quando ele começa a ligar os pontos: “Pera ai! Gigante, laranja, garras, grunhido e cauda? Isso é logicamente impossível, mas tudo são probabilidades”.

O medo que sentia não o ajudava a pensar e muito menos a ligar os pontos. Jonas queria perder as esperanças e simplesmente se entregar àquele estranho que tanto o queria morto. Jonas não compreende a importância da própria existência o que o torna muito desleixado com sua vida. Mas a vontade de decifrar os acontecimentos e entender aquele gigante o fez correr pela continuidade da sua vivência.

Ele estava com muito medo, cansado, e com a mente fervilhando de angústia e curiosidade. Não desistiria até encontrar uma única resposta lógica que fosse, para o que acontecia. Então deu uma ultima olhada para trás e parou de correr do gigante, terminando de constatar sua teoria primária.

Com ar de sábio, e a uns 10 metros de distância do ser estranho, Jonas enche seu peito de confiança e lança sua descoberta aos ouvidos de seu perseguidor como um arqueiro bem treinado acerta seu alvo mesmo em movimento: “- Seu nome é Leomon!!”. Como num golpe de misericórdia, Leomon tenta dar um salto diretamente sobre Jonas com suas garras afiadíssimas e solta um rugido tão forte que, segundo Jonas, eu poderia ter escutado de casa se estivesse acordado. Jonas então continuou andando para casa com o coração na mão e milhões de duvidas com possíveis explicações para o que havia acabado de acontecer.

- Eu tive certeza quando olhei na cintura e tinha uma espada embainhada e no pescoço, tinha um colar vermelho.

- Jhou, você bebeu o que enquanto comia a pizza com a garota?

- Refrigerante. Eu não bebo, você sabe disso. E a bebida não causa ventania ao seu redor!

- Mas te deixa tonto e te faz imaginar um monte de coisas...

- Eu não bebi. Eu não bebo. Já disse. E eu também não conseguiria materializar um Digimon na minha frente. Foi um. Não sei como, nem por que. Mas foi.

- Jonas, não que eu esteja duvidando de você, mas chegar aqui e contar uma história não vai ser o suficiente pra eu enlouquecer contigo e começar a me preocupar com aparições de seres digitais! Olha o que tu tá absorvendo como verdade, cara!

- Você acha que eu não sei que é loucura?

- Vai que cê tava com muito sono ou colocaram algum troço estranho no teu refri. Pode ter comido algo estragado também.

- Comida estragada e veneno não tentam me matar.

- Mas chegam muito perto. Vai que dá uma infecção intestinal ou coisa assim.

- Sério cara. Eu não consigo entender o que foi que aconteceu.

- É melhor nem tentar, se tivesse acontecido alguma coisa assim comigo acho que eu nem ia procurar uma explicação como embriaguez nem nada. Simplesmente deixaria passar.

Obviamente que não era verdade, nada me faria esquecer o meu “momento íntimo” com aquele esqueleto satânico. Depois de uma semana inteira, já estava começando a duvidar se tinha sido mesmo um sonho ou não. Jonas não deveria ter vindo até mim para contar isso. Eu não teria contado a ninguém. Bem como não contei nem a ele. É algo que se você contar para as pessoas erradas, pode acabar parando num hospital psiquiátrico.

- E vem cá... Porque cê tá com essas olheiras enormes e o olho todo vermelho se não tá de ressaca?

- Parece que você não me conhece. Eu não consegui dormir a noite toda pensando naquilo. Procurei qualquer tipo de relato parecido na internet, mas pesquisar sobre Digimon é difícil porque tem animes, jogos, mangás então vem muita coisa fictícia. Não da pra filtrar a quantidade de informação que tem na rede e achar o que precisa em tão pouco tempo. Por isso te contei... Eu preciso da tua ajuda.

- Ahn? Minha ajuda? Como? O que eu posso fazer?

- Não tem ninguém melhor aqui pra fazer pesquisas na internet do que você. Se tu pesquisar aqui e eu em casa, a gente pode cobrir uma área muito maior na rede e quem sabe acha alguma coisa?

- Cara, cê ta levando isso a sério de mais. Por favor Jhou, vai com calma.

- EU NÃO POSSO IR COM CALMA!

Jonas sempre foi um cara muito tranquilo. Nunca o vi alterar a voz para ninguém... Até aquele momento. Parecia que ele havia guardado toda a sua raiva e estourado como um vulcão espalhando todas as suas dúvidas pela sala e corroendo sua cabeça como lava fervente. Precisava fazer alguma coisa senão meu primo iria enlouquecer.

- É o seguinte. Eu te ajudo. Eu topo te ajudar, mas só com uma condição.

- O que você quer?

- Que você relaxe.

- Só isso?

- Não, não é SÓ isso. É TUDO isso. Tudo isso que você viu deve ter sido complicado e eu não duvido que você tenha passado por essa situação. Eu tô vendo como você tá e não é nada bonito. Mas não adianta se martirizar e pirar de vez porque não vai te trazer resposta alguma.

- Tá, entendi. Se você prometer me ajudar, eu me comprometo também a ir com calma. Mas a gente precisa achar um caminho pra raciocinar isso.

- Talvez simplesmente não dê pra racionalizar isso, Jhou. É o que eu tô tentando dizer.

- Pode ser que a gente ainda não consiga compreender como aconteceu, mas se aconteceu, tem uma explicação. Tudo tem.

- Entendo o que você tá dizendo. Eu acho que...

- Mas tem uma duvida monstruosa que não sai da minha cabeça.

- O que é?

- Porque tudo isso aconteceu comigo, e não com você ou pelo menos também com você?

Fiquei calado. Nem olhei para ele. Não tinha coragem o bastante para dividir o que aconteceu e achei melhor não dar corda aos pensamentos dele enquanto não tivesse se acalmado. A única maneira de ajudá-lo naquele momento era pesquisando evidências de acontecimentos parecidos na internet para tentar comparar os dados.

O problema da quantidade de informações sobre o assunto continuava e se atrelava ao fato de que só podíamos pesquisar acontecimentos parecidos em nossa própria língua e “arriscar” um pouco de inglês. O último questionamento de Jonas pairava no ar de forma silenciosa, mas dentro da minha cabeça, a dúvida latejava e buzinava loucamente querendo partilhar o estranho acontecido e acalmar os nervos dele enquanto, ao mesmo tempo, se escondia nas sombras do medo de fixar mais ainda aquela ideia que parecia irreal, ou melhor, surreal para mim.

Acredito que estava com mais medo de me convencer que aquilo tudo tinha realmente acontecido do que de acabar alimentando a quase psicose de Jonas.

- Em? Essa coisa de ter visto um Digimon. É estranha porque eu nem gosto tanto assim... Então levando em consideração que foi algum tipo de alucinação inexplicável, porque eu alucinaria com Digimon? Eu teria visto era o Dr. Who ou alguma das viajantes que vão com ele. Quem deveria ver Digimons por aí era tu ou Lucas e não eu.

- Não sei cara... É estranho mesmo. Geralmente quando alguém imagina alguma coisa é mais relacionada ao que se gosta né? Entendo tua dúvida. Mas tu pode só ter imaginado um homem com cabeça de leão, por exemplo.

- Não há possibilidades. Tudo bem que um Leomon é basicamente isso, mas eu vi todos os detalhes que ele tem. Eu te falei do colar e da...

- Da espada, sim. Eu ouvi!

- Então você concorda ou não comigo que era um Digimon?

- Eu concordo que VOCÊ viu um Digimon. Tenha sido ele real ou não.

- É o bastante pra me ajudar, né?

- É, Jonas.

- Então comecemos! Vai pra o seu note que eu fico no PC.

- Beleza.

E assim foi. Todo o tempo que ele passou na minha casa foi procurando provas ou evidências de qualquer tipo de aparição estranha. Eu procurei também inicialmente, mas não queria encontrar nada. Ao mesmo tempo em que sentia vontade de estar acontecendo, o meu medo de uma possível invasão ou que algum colapso interdimensional estivesse prestes a acontecer, freiava minhas emoções. Porque era o que eu tinha em mãos: fortes sentimentos por um sonho inalcançável pautado numa imagem bela e pura de uma situação, que trazida para o mundo real, possivelmente seria catastrófica.

Não tinha parado para me ater a detalhes relacionados ao lado ruim da hipotética existência de Digimons até aquele momento, até porque quando se sonha com algo, geralmente não é anexado no sonho os contras de sua realização.

Eu não sabia como me sentir. A verdade era essa. E essa sensação de estar perdido me assustava mais que a própria aparição do SkullSatamon e eu precisava me concentrar para não transparecer isso nem para Jonas, nem para mais ninguém ao meu redor. Minha mãe ainda se preocupava com o que havia acontecido na semana anterior e se me visse estranho, acabaria me levando para o hospital mais próximo, e eu precisava esconder essas dúvidas muito bem de Lucas porque ele era muito observador, além de me conhecer muito bem.

A única opção era tentar esquecer essas estranhas aparições (o que Jonas não me deixava fazer), ou caminhar no ritmo que as pesquisas dele iam. O que me daria um bom tempo para organizar as ideias, já que não havíamos encontrado nada concreto mesmo depois de dois longos dias de pesquisas ininterruptas na internet nas mais variadas fontes.

Assistimos vídeos de entrevistas com ufologistas, encaramos por horas várias imagens de vultos estranhos e silhuetas não humanas espalhadas pelo mundo. Muitos deles se mostravam falsos depois de análises mais profundas e outros nos intrigaram bastante como um vídeo que mostrava um animal que foi catalogado como um bicho preguiça, mas era muito maior e não tinha pelos em seu corpo (mas estava morto), um vídeo amador de um coelho com dimensões fora dos padrões correndo atrás de uma bola branca e uma imagem num site francês que mostrava algo como uma ave fotografada do chão, então não se viam muitos detalhes.

Poderíamos até ter encontrado alguma evidência que provasse o que Jonas passou (e que eu também passei, escondidamente), mas já estávamos exaustos de tanto procurar então mesmo que a resposta estivesse abaixo de nossos narizes, não teríamos conseguido enxergar.

- Cara, cansei! A gente procurou o final de semana todo e não achou nada concreto!!

- Tu acha que pesquisa é rápida é? Tem que correr atrás, procurar em cada cantinho e usar cada brechinha, cada pontinha que conseguir encontrar como caminho pra mais pesquisa ainda!

- Tá doido!? Pode continuar sozinho! Já cumpri minha promessa... Passei um final de semana inteiro só procurando essas coisas contigo. Tô mortão aqui. Eu acho que vou passar uma semana sem ir pra o computador, tô traumatizado!

- Ah, bicho fraco! Eu ficaria pesquisando mais se você ficasse também. E se não fosse domingo e eu tivesse que ficar com Karen em casa.

- E tua mãe?

- Foi visitar minha vó.

- Oh, sim. Mas já são 5 horas... Se você tiver que ir, é melhor ir logo!

- Então tá Ike. Valeu pela ajuda, e saiba que eu vou continuar isso em casa.

- Boa sorte pra você. E vê se relaxa mais a partir de agora.

- Falou. Tchau cara. Tchau Lucas! Lucas? Cara, cadê Lucas? Eu não vi ele o final de semana todo!

- Vai que ele foi abduzido por um Vademon.

- Ahn?

- Um Digimon alien. Ver tanto círculo em plantação no computador só me fez lembrar ele... Mas é uma ótima pergunta. Cadê Lucas?

- Quando descobrir me manda mensagem, tenho que ir antes que minha mãe arranque meu couro. Tchau!

- Tchau, até mais. Ô mãaaaaaaae!!!

- Que foi, filho?

- Cadê Lucas?

- Ah, agora que você veio notar a falta do seu irmão?

- É... Tava concentrado esses tempos.

- Ele tá na casa do seu pai. Volta hoje. E por falar em se concentrar, só vi você no computador. Esqueceu que sua prova da autoescola é amanhã?

- CARAMBA! Me esqueci completamente! Fui cair nas histórias de Jonas... Vou tomar um banho e vou pro quarto estudar mãe. Qualquer coisa bate.

- Tudo bem, filho.

E lá estava eu, novamente navegando num mar de ideias e suposições, cautelosamente para não ficar à deriva ou acabar afundando qual o peso das minhas dúvidas. Àquele momento eu já havia equilibrado ambas as verdades em minha mente: poderíamos, eu e Jonas, estar passando por algum momento difícil ou estranhando a transição da adolescência pra o inicio da fase adulta e o nosso subconsciente estar usando a imagem de algo que marcou nossa infância pra nos prender ao mundo no qual tínhamos menos responsabilidades, ou estávamos presenciando o improvável fenômeno da existência dos Digimons.

Para ter certeza disso, precisava de mais provas, mais acontecimentos, qualquer coisa que ajudasse a concretizar qualquer um dos dois lados dessa situação. Pedi. Não sei a quem, não compreendo o porquê, mas pedi em voz alta para que minha dúvida fosse sanada: “Por favor, preciso de uma confirmação. Qualquer coisa que tire essa ideia idiota da minha cabeça ou que me prove que fui idiota em não acreditar nessa ideia.” Não sei se foi graças ao meu pedido, mas a resposta tocaria a campainha da minha casa no dia seguinte.


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Mensagem por Gol D. Roger Qua 14 Nov 2012, 2:21 pm

Aeee! Capítulo muito bom \o/

Agora a história começa a ficar um pouco mais clara por isso também ter acontecido com outra pessoa, MAS o mistério aumentou mais ainda e cada vez mais eu quero saber como isso vai se desenrolar... Adorei o fato de que Jonas expôs o que viu antes de Caíque, pois este ficou mais acanhado e com medo das reações mesmo nessa situação. Mostrou que cada personagem é um, que só porque um falou não é o outro que também vai sair falando (mostrou uma certa diferença nos medos de um e outro) e desvendando o mistério no mesmo dia já! Estou curioso, continua o/

PS.: Pra quem acompanha, estou escrevendo Algoritmo hoje e falta só metade do capítulo, ok? ;D
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Mensagem por Carlos Damasceno Qui 15 Nov 2012, 8:43 am

Olá, Júnior. Como você está? Espero que bem. De qualquer forma, o capítulo é muito bom. Foi bem alucinante. Caíque é um cara bem analítico. Se parece um pouco comigo. A exceção é que eu saio contando tudo aos meus amigos kkk! Ainda é o terceiro capítulo e a estória começa a se desenhar. Esses digimons são do bem? Do mal? Serão os parceiros ou só anunciantes? Vamos ver. Enfim, muita boa sorte. Se cuide. Até.
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Mensagem por Júnior Brito Sex 16 Nov 2012, 11:59 am

@Roger: Hey, man! Que bom que está animado com a história. Eu procuo sempre mostrar que cada um tem seus defeitos e suas qualidades e não é porque Caíque é o protagonista que ele tem que ser o mais corajoso ou o primeiro a agir ou nada do tipo. A história vai começar a tomar cada vez mais forma a partir de agora. Espero que continue lendo.

@Carlos: Man, é muito bom saber que está gostando. Digo isso porque costumo mensurar o intelecto da pessoa pela forma que ela escreve e pelô que ela escreve. E você me parece um cara muito esclarecido. É ótimo saber que alcancei sua atenção. Continue acompanhando!

Abrass! o/
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Mensagem por spikehunter Qua 21 Nov 2012, 7:38 am

Eu to gostando da história cara, essa escolha do narrador ser o personagen é um tanto inusitada por aqui, eu vi bem poucas nesse estilo,o que mais gostei foi o fato de você adequar a situação dá história que poderia perfeitamente acontecer nos dias de hoje com qual quer um de nós afinal qual quer um aqui ja imaginou ou guarda bem la dentro a vontade de ver um Digimon ou ter uma de parceiro, Não li tudo ainda mais posso dizer que gostei do que li,o que mais gostei foi as descrição da relação que o personagem tem com todos a sua volta, dá pra gente que é mais velho se colocar na pele dele ,eu mesmo apesar da idade eu tambem tenho só um primo ao qual posso conversar esse tipo de coisas ,a nunca falei disso com meus pais ,e tambem não é o assunto que poderia discutir com minha esposa já que ela não entende disso e sinceramente ela não gosta muito mais tambem não interfere nos meus assuntos, então antes do fórum pra mim eu só tinha esse primo.... Por isso é bem fácil a gente se por na pele do personagem e a história dele poderia muito bem ser a de muitos de nós....
Vou tentar acompanhar a história mais eu vou devagar pois quero entender bem os detalhes!
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Mensagem por Júnior Brito Ter 27 Nov 2012, 5:24 pm

@ spikehunter: Nossa, cara que ótimo! Eu procuro deixar sempre o mais "real" possível para tentar aproximar esse desejo que todo fan de Digimon tem. xD
Espero que continue lendo e acompanhando.
Abrass! o/

Bom pessoal, demorei um pouquinho pra lançar esse capítulo, mas a espera foi menor do que a última vez. Espero que gostem
!





CAPÍTULO – IV

O ESTRANHO PESADELO, O PRESENTE INESPERADO E MAIS UM BAQUE

Não podia classificar aquela noite como momento de descanso. Mesmo não tendo me movido do lugar, acordara completamente exaustado, transpirando como um atleta em pleno movimento e acima de tudo, assustado com o que havia “visto” durante o sono. Foi um pesadelo daqueles que se sabe não estar acordado, mas que mesmo assim me afetava em um nível físico numa intensidade quase que real.

Sonhava estar em um tipo de campo de batalha, corpos ao meu redor, só que não conseguia distinguir sua origem ou imagem. Sabia que eram corpos, porém quando tentava focar em um deles, ficavam embaçados e impossíveis de se distinguir. O céu tinha uma coloração vermelho-sangue que parecia refletir a cena ao meu redor. Gritos desesperados clamando por ajuda ecoavam em minha mente e rostos desfocados e desesperados se mostravam aleatoriamente em meio a cena.

Eu não entendia como me encaixava naquela história, nem como fui parar ali. Pessoas desfocadas, corpos ao chão, ambiente inóspito... Todos aqueles gritos e pedidos de socorro aterrorizavam a minha sanidade. Até que, por trás de todo aquele barulho, começou a surgir um som familiar. Inicialmente parecia um simples zunido que vinha de todos os lados simultaneamente tomando conta do ambiente que parecia muito ser uma guerra ou algo do tipo. O som se aproximava e se tornava mais intenso e, se já não fosse por estar louco dentro daquele lugar, se concentrava no ponto onde eu estava parado desde que o pesadelo começou.

Ficava cada vez mais forte e penetrante quando comecei a sentir uma leve dor de cabeça, então meu corpo se lembrou de imediato da dor fora dos padrões que senti na autoescola dias atrás. Era o mesmo som. O mesmo som infernal que me fizera perder o controle sobre o meu corpo e que havia ecoado na noite do meu contato com o SkullSatamon. E quanto mais forte ficava, mais nítida deixava a cena ao meu redor. Os corpos ganhavam forma, os rostos se desfaziam do desfoque e constatei que eram Digimon ao meu redor.

A cena era amedrontadora: os mostrava sofrendo, morrendo e pedindo socorro. Alguns pareciam lutar contra algo ou alguém, mas caiam logo em seguida. Outros corriam pelas suas vidas pedindo ajuda, desamparados.

Os caídos no chão davam seu ultimo suspiro e muitos se desintegravam no ar e sumiam bem na minha frente. Era tudo aterrorizante e me fez pensar o que causaria tanta dor e traria tanto caos àqueles seres. Eu não podia fazer nada para ajudá-los, me sentia inútil e descartável em frente a tantas vidas perdidas.

O som ficava mais forte e mais forte a ponto de não escutar nada além dele. Meu coração palpitava no ritmo de uma metralhadora e eu já não aguentava mais estar ali até que ouvi uma única voz inteligível em meio à destruição, uma voz que me parecia velha, ao menos cansada, que me dizia em alto e bom som: “Aceite a caixa.” Não descobri se a frase terminava ali já que acordei como se tivesse sido puxado à força de volta para a minha cama.

– Aceite a caixa? O que? O que isso quer dizer e porque Digimon de novo? Que merda tá acontecendo comigo...

– Também não sei, quase que eu não durmo direito, contigo se mexendo a noite toda ai na cama!

– Lucas, tava dormindo?

– Tava até você acordar gritando pra eu aceitar a caixa!

– Que horas são?

– Não sei, olha no celular.

– Putz, são 9 e meia já cara! Preciso me arrumar pra ir fazer a prova!

– Boa sorte e vê se fecha a porta do quarto quando sair...

– Tá bem.

Vesti uma blusa e minha calça jeans numa velocidade sobrenatural para não me atrasar, calcei meu All Star preto e branco, engoli alguma coisa e corri para fazer a prova. Não consegui tirar aquele pesadelo da cabeça por um segundo sequer durante o tempo que levei para sair de casa nem durante a caminhada até a autoescola, o que me rendeu mais dúvidas ainda sobre o que estava me acontecendo.

Acima de toda aquela cena traumatizante, me surgia a dúvida sobre o significado de “aceitar a caixa”. Geralmente as pessoas entendem seus sonhos e eles têm alguma conexão com o seu dia a dia. Ter Digimon no sonho não era novidade já que sonhava com eles desde pequeno, mas nunca tive pesadelos envolvendo-os até então.

A história da caixa ficaria na minha cabeça durante todo o tempo da prova. Terminei em umas duas horas, teria feito em menos tempo se não tivesse ficado olhando para o teto de cinco em cinco minutos para constatar que não havia olhos assombrosos me espionando. Fui quase o último a sair da sala, fora um senhor de idade que não me lembrava de ter visto da primeira vez que fui até lá.

Terminei de responder as questões e fui pegar meu celular na mão da recepcionista, que recolheu o de cada uma das pessoas que estavam ali, como constava nas regras. O senhor que estava terminando também saiu e pediu seu celular à atendente que o entregou um aparelho que parecia ser de ponta, já que eu conheço bastante sobre inovações tecnológicas e nunca havia visto um daqueles antes. Tinha acabado de sair quando o velho toca no meu ombro e me diz uma frase que, geralmente, não me faria arregalar os olhos e ficar estatelado como fiquei.

– Aceite a caixa.

Precisei de um tempo para assimilar que ele havia me dito a mesma frase que estava na minha cabeça desde que acordei naquele mesmo dia. Pensei que poderia ter pensado alto durante a prova, como costumo fazer e ele veio me perguntar por que eu diria algo assim. Ele já havia tirado a mão do meu ombro então me virei para explicar que estava falando comigo mesmo, mas não tinha para quem responder.

– C-ca-cadê ele? Ei, senhor? Velhote? Ô tiozão, tá se escondendo atrás do poste? Puta que pariu, o que foi isso? O cara sabia o que eu sonhei, ele sabia e veio me confirmar que aquilo não foi só um sonho. É mesmo um tipo de mensagem pra mim. De quem?

As perguntas não se resolveriam sozinhas e não iria me adiantar ficar brincando de esconde-esconde com um idoso no meio da rua. Fui para casa tentar solver tudo aquilo que me acontecia recentemente então resolvi listar o que me acontecia nesses últimos tempos.

–... Uma caixa que preciso aceitar e um velho que evapora. Pronto. Já tenho tudo certinho aqui. Vamos ver se dá pra ligar os pontos.

– Ligar pontos? É revista de passatempo que cê ta fazendo aí em cima, Ike?

– UAI! Avisa quando for entrar Ivan.

– Foi mal, não queria atrapalhar sua concentração, tava parecendo um matemático completando uma pesquisa ou um retardado finalizando um quebra cabeças de quatro partes depois de duas semanas.

– Ra, ra .... Muito engraçado. Qual foi que resolveu aparecer por aqui?

– Nada não, cheguei ontem. Lara tá mais perto então fica melhor pra mim. São só duas horas de viagem e quando ela morava mais longe, eram 8. Então fica mais fácil de visitar ela.

– E dela vir pra cá então pra gente poder finalmente conhecer a mais nova integrante da sua creche. – Lancei como resposta à sua gracinha. -

– 1 a 1. Beleza... Tá fazendo o que aí?

– Ah, nada não. Só escrevendo.

– Escrevendo o que?

– Nada de mais. Não enche.

– Vish, tá estressado é? Xô ver vai.

– Não cara, é sério. Não pega!

Eu tomaria o papel da mão dele, mas a campainha tocou. Minha mãe estava ocupada fazendo o almoço e Lucas estava jogando, o que significa que não sairia de lá nem por um decreto. Estava descendo do beliche enquanto Ivan lia o que achava ser o inicio de uma história que eu iria criar e achava até interessante quando escuto da frente de casa.

– CORREEEEIO!

– Correio? Mãe, a gente tá esperando alguma encomenda? –Gritei para ela, do quarto. -

– Não que eu saiba. Mas vá ver porque pode ser engano.

– Tá.

Fui atender a porta esperando despachar o carteiro dizendo que não morava nenhum José da Silva ou pegar contas de luz e telefone, mas não foi isso que aconteceu. Aconteceu o que parecia ser a resposta que havia pedido no dia anterior.

– Caíque Brito de Carvalho. É aqui?

– Sim, sou eu.

– Só um minuto, deixa só eu pegar seu pacote aqui no fundo do carro. Enquanto isso, assine seu nome por extenso aqui.

– Moço, só um minuto.

– Pois não?

– O senhor tem certeza de que essa encomenda é pra mim?

– Se você tiver certeza que seu nome é Caíque Brito de Carvalho, sim.

– Sim, meu nome é esse, mas eu não tô esperando nada. – Falei enquanto ele me dava as costas e abria o fundo da van amarela.-

– Pra quê melhor presente do que aquele que a gente não espera? Aqui. Toma.

– Uma caixa? É o que?

– Não tenho como saber... Eu só entrego. Se abrisse ia perder o emprego e poderia ser preso.

– Mas eu já disse que não tô esperando nada!!

– Senhor, eu fui paciente até agora só que eu tenho um horário a cumprir e outras encomendas pra entregar então, por favor, aceite a caixa!

Meus olhos se arregalaram e eu havia paralisado instantaneamente como se a frase “aceite a caixa” fosse parte de um feitiço de empedrar. O carteiro não entendia a minha reação ao seu pedido e já parecia confuso demais com o que acontecia. Acredito que ele tenha pensado que me ofendeu com algo que disse ou fez já que se desculpou, deixou a caixa aos meus pés e saiu.

Eu ainda digeria a situação e não tinha pego a caixa ainda. A minha cabeça parecia estar num daqueles filmes onde a pessoa entrava num tipo de transe e aquela frase se repetia em sua cabeça como um eco infinito preenchendo o corpo de angústia e dúvidas sobre o que fazer.

Não poderia simplesmente deixar a caixa lá fora e entrar. Minha curiosidade aguçada nunca me permitiria fazer isso. Eu tinha sido avisado sobre a chegada daquela caixa em sonho e por uma pessoa completamente desconhecida e com uma incrível inclinação a brincar de esconde-esconde.

Parecia uma guerra dentro de mim: um exército de Caíques extremamente curiosos e aflitos sobre o que havia naquela caixa e loucos para abri-la logo, acabando de vez com aquela situação, e do outro lado mais um montante que construía imensas barricadas de auto preservação pensando sobre a complexidade que poderia ter o conteúdo daquela caixa e como ela poderia mudar drasticamente a situação a partir dali.

Minha vontade de descobrir o que estava acontecendo comigo foi maior. Peguei a caixa e ia levando para dentro de casa quando me dei conta de que teria que abrir na frente de todo mundo. Poderia ter qualquer coisa ali dentro... Eu poderia acabar colocando minha família e amigos em risco se fosse tão imprudente, então escondi a caixa na garagem e entrei.

– O que era?

– Nada não pô. Foi engano mesmo. O cara veio entregar uma caixa cheia de lantejoulas e material de costura endereçadas pra o Sr. Tenysson Luis. -Não sei de onde tiro essas ideias-

– Droga, e eu aqui torcendo pra ser uma caixa com uma bomba.

– Quer me matar Ivan?? Eu to daqui do PC, mas to ligado em tudo!

– Lucas é de mais. – Comentou Ivan, seguido de uma risada.-

– É, o cara lá de longe, concentrado no jogo e atento no que a gente fala. Bisbilhoteiro!

– Observador... Licença!

– Olha pra Lucas se achando gente! – Debochei.-

– Repita isso se você for corajoso, Ike!

– Vamos parando crianças?

– CriançA. Eu já sou adulto!

– Adulto que não para de abusar o irmão mais novo... Sim senhor adulto, o que foi que o correio trouxe?

– Nada... Foi engano.

– E demorou assim lá fora?

– Éeee... Tava tentando convencer o carteiro de que aqui não era um atelier de um costureiro de meia idade.

– Ta bem então. Eu tê indo pra o trabalho, vê se não implica com seu irmão tá?

–Certo. Podexá. Tchau mãe, boa aula. -Ela é professora de português. Ensina em duas escolas diferentes, mas mesmo assim faz o trabalho dela com muita dedicação. -

– Obrigada filho, até mais tarde. Tchau Lu, tchau Ivan.

–Tchau mãe!

– Tchau Dona Jane. Ah, Ike.

– Oi??

– Tem umas coisas estranhas acontecendo comigo esses dias...

Não sei se foi precipitado ou reflexo decorrente aos acontecimentos mais recentes, mas a primeira coisa que veio na minha cabeça foram Digimon. Estava acontecendo comigo e com Jonas, então não seria uma surpresa muito grande se Ivan também estivesse passando por anormalidades. Eu e todas as pessoas ao meu redor me consideram muito dramático e a cena que eu fiz ao ouvir a frase dele confirmava isso.

– O QUEEEEE? EU NÃO ACREDITO! Com você também. Estamos todos mortos! Malucos, despirocados! Doidos varridos! Estamos perdidos... Vou acabar com isso de vez e me jogar de cabeça de cima do beliche!

– Er.... Primeiro: Para de gritar e correr de um lado pra o outro parecendo um maluco! Segundo: se você também estiver acordando toda madrugada pra ir no banheiro, significa que o caruru que sua avó fez semana retrasada tava estragado porque foi a única coisa que nos dois comemos em comum.

– Perai... Dor de barriga??

–É... E eu não sei como estamos perdidos por causa de uma caganeira, mas tudo bem...

– Então você não tá vendo coisas estranhas ou sendo perseguido?

–Não... Era pra estar?? Você está??

– NÃO! Er..quer dizer, claro q não.. Foi só cena pra ficar engraçado. – Despistei-o, sem graça.-

– Foi estranho... Então, como tu tem um remédio pra tudo, resolvi te perguntar se da pra me ajudar.

– Ah ta. Claro...

Pesquisei um pouco e encontrei o remédio perfeito para Ivan, mas não havia cura para a minha angústia. Eu me sentia perdido e desamparado por não poder ao menos conseguir dividir o peso dos meus problemas recentes com alguém.

Se eu começava a me organizar e tentar reunir os fatos, me aparecia uma caixa estranha na porta de casa como se para testar minha paciência e vontade. Mesmo me sentindo um completo idiota por isso, estava sendo pressionado pela simples existência de uma caixa. "E se for uma bomba? E se for um vírus letal que vai transformar todo mundo em zumbis? Já vi Digimon, porque não posso ver mortos-vivos? Vai que eu consigo um encontro com a Milla Jovovich..."

Estava muito receoso quanto ao conteúdo da caixa, mas mesmo assim não perdia a minha válvula de escape que era o meu bom humor. Esperei pacientemente até Ivan ir embora já que ficaríamos somente eu e Lucas em casa, o que facilitaria na hora de levar a caixa para dentro. Tendo ido, comecei a pôr o meu plano em prática.

–Lucas, já tomou banho?

– Não.

– Então vá logo que já são cinco horas!

– E desde quando você se importa com meu banho?

– Não é que eu me importe... Lembra que minha mãe disse pra você tomar banho cedo??

– Aham... Mas não é tarde e eu tô com meu Impmon lvl 39 já... Falta pouco pra o mega.

– Impmon pra mim virou sinônimo de calafrio... Toda vez que escuto esse nome, me arrepio todo...

– Ahn?? Porque??

– Nada de mais. Vai tratar do seu banho, levo você pra DATS aqui, relaxe.

– Tá bem, mas só porque minha mãe mandou!

– Beleza...

Assim que consegui fazê-lo entrar no banheiro, corri para a garagem, tirei as tralhas que havia posto na frente da caixa e a trouxe para o quarto. Subi na minha cama e olhei fixamente para o que estava em minhas mãos...

– A resposta para minhas perguntas ou a porta pra milhares de outras questões. Vamos ver quem foi que me mandou isso. Para Caíque Brito de Carvalho, de...

Não havia remente na caixa. Simplesmente havia o meu nome, nenhuma explicação e uma porta aberta para muitos outros questionamentos. “Não existe NINGUEM ter me mandado isso! Tem que ter vindo de algum lugar!”, pensei.

– Psiu... Calma Caíque, você precisa respirar fundo, contar até dez e... Vou abrir logo isso.

Como se eu fosse ter paciência para esperar mais um segundo que fosse para abrir aquela caixinha de surpresas. Não me contive por um segundo sequer. Rasguei o embrulho como uma criança cheia de presentes no natal e descobri que parecia ter sido realmente presenteado.

–Nokia? Um celular?? O velho fantasma me deu um celular???

Minha cabeça já estava para explodir e, como de costume, ela se enxia com mais uma gama de perguntas: “Ele se deu ao trabalho, não imagino como, de me avisar duma caixa por sonho, aparecer pra mim e tudo isso pra me dar um celular???”

– Droga cara, eu pensei que essa droga de caixa ia me explicar alguma coisa!

Frustrado como estava, não teria percebido que nunca havia visto aquele modelo de celular que vinha impresso na capa e muito menos o nome do aparelho. Joguei a caixa do meu lado e deitei na cama, mas logo em seguida pensei numa segunda possibilidade.

– Pode ser uma caixa de celular, mas pode ter outra coisa dentro. Merda... A ideia da bomba ainda tá de pé. Seja lá o que for, vamos lá!

Era mesmo um celular.

– PORQUE UM CELULAR??? – Bradei ao vento. -

– TA NA SALA!! -gritou Lucas do chuveiro. –

– O que??

– SEU CELULAR TA NA SALA!!

– Ah, tá bem... VALEU! Preciso me conter. Pelo menos ganhei um celular novo, de graça e de ponta pelo que eu vejo.

Tirei-o da caixa com certa pressa, procurando vestígios de um remetente.

– Hm, D-VICE? Que trocadilho tosco... Até eu invento nome melhor pra celular.

D-VICE. Era o nome cravado em preto na lateral direita do celular que fora o nome e os botões de chamada, era completamente prateado. Ele não tinha teclado então deduzi ser Touch Screen. Tinha um formato quadrado na parte superior e arredondado nas pontas da parte de baixo, alguns botões laterais, talvez para aumentar e diminuir o som e desligar o celular. Três botões enfileirados na parte inferior da tela: um verde à esquerda, um com um circulo branco no meio e outro vermelho à direita. Em suas costas, nos cantos superiores, os auto falantes, no centro o olho da câmera e bem abaixo, na tampa do celular, o logo da Nokia.

Como de costume, veio desligado então não vi de primeira como era o seu funcionamento. Pus o celular ao meu lado e fui olhar o que mais havia na caixa, esperando um bilhete explicativo ou ao menos um nome de referência, mas só havia na caixa o carregador, um fone com um único lado e sem fio que pensei estar quebrado pela sua aparência e um cabo USB.

– No final das contas era um celular mesmo... E sem nenhum nome pra me dar qualquer tipo de informação. Típico...

Pus o celular para carregar num canto escondido, para que ninguém o achasse posteriormente e voltei aos meus devaneios deitado na cama. Minha mãe havia chegado assim que me concentrei na minha cúpula particular onde minhas ideias e pensamentos não seriam ridicularizados ou repudiados.

Sentia-me mal por não poder compartilhar com ela nada do que me acontecia, mas não adiantaria contar a ela para acabar parando num psicólogo com o diagnóstico de esquizofrenia ou medo de crescer. “O mundo adulto não me assustava a ponto de me fazer criar tantos acontecimentos ao meu redor”, pensava. Eu já havia crescido. Havia visto a separação dos meus pais acontecendo diante dos meus olhos, dois anos antes. Havia entendido que viver não era tão simples quanto imaginava quando criança e que dificuldades cada vez maiores pairariam ao meu redor esperando, quietas e sorrateiras para me derrubarem ou serem derrubadas por mim.

Sempre fui crescido e consciente, aquilo realmente acontecia. Como não censurava nenhuma possibilidade, comecei a pensar em como um celular poderia se encaixar em toda essa história de Digimon, sonhos e aparições sem conseguir enxergar o óbvio. Ou talvez sem querer acreditar no óbvio a ponto de reprimir a ideia em algum lugar da minha cabeça.

Viajei um bom tempo em teorias conspiratórias tentando ligar fatos aleatórios dos que havia encontrado na internet no outro dia com o que me acontecia no momento. Não tendo muito sucesso, desisti de ligações externas ou de encontrar alguém que pudesse me explicar o mínimo que fosse e decidi encontrar as respostas por mim mesmo.

Começaria ligando o celular e procurando alguma resposta dentro dele. Já era noite então deveria ter carregado o suficiente para conseguir ligá-lo. O celular estava carregando no ultimo quarto da casa, para hóspedes, que fica à esquerda da cozinha. Passei pelo corredor bem devagar e me esgueirei pelas beiradas da sala do computador para que Lucas não notasse minha presença. Talvez tivesse conseguido se não tivesse esquecido que minha mãe estava em casa e o quarto dela é aberto diretamente para a sala do computador.

– Tá indo pra onde assim, James Bond? – Falou ela com tom de esperteza. –

– Mãaae! Nossa, é mesmo... Você já chegou do trabalho né?

– Pois é. Então, tava se escondendo de quem?

– Eu me escondendo? De onde você tirou isso? – Disse em meio a engasgos e risinhos desconfortantes. –

– Sim, estava se esgueirando pelas paredes até a cozinha... É alguma brincadeira maluca dessas que você inventa com seu irmão?

– É isso aí mãe! Como adivinhou?

– Filho, senta aqui.

– Ahn?

– Entra aí no quarto, senta aqui comigo que eu preciso conversar com você.

– O que foi mãe?

– POSSO SABER TAMBÉM?

– Cê tava ouvindo, cara?

– Eu já disse que ouço tudo...

– Você me dá medo às vezes, sabia?

– Hunf.

– Não filho, essa conversa quero ter só com seu irmão.

– Que chatice, porque não posso saber?

– Porque é coisa particular...

– Tá bem, vou continuar jogando. Ah Binho... Eu vi você parecendo um retardado passando do meu lado.

– Realmente tenso. – Falei fechando a porta. –

No quarto da minha mãe tem muita coisa. Acredito que coisa de mais para uma pessoa só. Ela tem um guarda roupas imenso que vai de um lado a outro da parede direita de quem entra no quarto, talvez para ficar admirando suas roupas deitada na cama, que fica de frente para ele. Tem um espelho pendurado na parede da frente, bem do lado da janela que dá para a garagem, uma estante com seus livros e alguns enfeites e atrás da porta é cheio de sapatos.

– Filho, queria saber o que está acontecendo com você.

– Como assim?

– Você anda muito disperso, assustado, recluso... Essas não são características suas.

– Eu?

– Sim, outro dia te vi abrindo a porta do fundo todo esticado e arremessando a roupa no cesto de longe parecendo um doido varrido. – Ela estava realmente preocupada, dava para notar pelo seu tom de voz e o olhar de mãe presente. –

– Ah mãe, aquilo foi brincadeira!

– Brincadeira com quem? Não tinha ninguém com você... Vem me dizer que tá vendo coisas?

– Não, não é isso... Só tava... EXAGERANDO! Como sempre, tava fazendo graça, torcendo pra que alguém visse... Você viu! YEAH! Consegui! – Forcei alguns risos tentando despreocupá-la, encontrando respostas onde não havia para não apertar o coração dela. –

– Filho, você sabe que qualquer coisa que esteja acontecendo contigo, pode contar comigo né? Pode me contar sem medo.

– Eu sei mãe, não tá acontecendo nada. Eu prometo pra você. Só tô assim porque fico sem nada pra fazer em casa, ai procuro o que fazer desse jeito... Nada de mais não.

Aquelas palavras saíram com o gosto mais amargo que já senti em toda a minha vida. Logo a minha mãe, que sempre procurou me acalentar. Eu não podia fazer nada para diminuir sua preocupação, para deixá-la confortável. Nada além de mentir.

– Certo. Mas se você tiver algo pra me contar, sabe que sou toda ouvidos né?

– Sei mãe, obrigado pela preocupação. Você sabe que eu não escondo nada de você.

– Tá bem filho, vai lá. Vai terminar sua missão impossível!

Ela não sabia o quanto estava certa. E eu não fazia ideia do que estava por vir. Provavelmente a missão mais impossível de se conceber e mais impossível de se cumprir estava para começar bem diante dos meus olhos e eu ainda não sabia disso. A conversa em si não foi muito demorada, mas me deu sono. Então decidi que veria o celular com mais calma no dia seguinte. Mesmo sem terminar de carregar, puxei-o da tomada, pus no bolso da bermuda que estava usando e trouxe de volta para o quarto, guardando-o na caixa.

– Amanhã eu vou destrinchar você.

– Que horrível! Você vai destrinchar quem? – Foi o que Lucas disse, entrando no quarto. –

Escondi a caixa nas costas por reflexo, torcendo para ele não ter visto.

– Você, se não parar de ficar escutando as conversas dos outros!!

– Ih, calma! Só vim dormir.

– Tá bem. Boa noite...

–Boa noite.

Assim que ele desligou a luz do quarto, abri a primeira gaveta da minha cômoda, afastei algumas roupas e escondi a caixa embaixo delas. Naquele momento, estava mais do que decidido que eu encontraria respostas definitivas para toda aquela loucura.

Tomei um banho e deixei a roupa escondida no canto do banheiro. Quando deitei na cama parecia ter estado num campo de futebol correndo durante o dia inteiro, ou que a minha cama tivesse adquirido gravidade intensa porque meu corpo parecia ter o triplo do peso.

Não entendia o porquê de parecer tão cansado já que não havia feito muito durante o dia. Involuntariamente minhas pálpebras se abriram, como um reflexo de susto e assim permaneceram. Meu corpo ficava cada vez mais pesado e minha voz não saía por mais que tentasse. Como se estivesse sendo empurrado por uma força maior, eu me afundava no colchão vendo o momento do lastro quebrar e cair em cima de Lucas.

Meu corpo agora tremia, mas não de frio, ou medo. Tremia como se estivesse sendo sacudido, me sentia completamente invadido como se estivessem entrando no meu corpo todo, ao mesmo tempo. Meus olhos se reviravam, e eu perdia a noção de espaço e a noção da existência do meu próprio ser. Nunca havia tido aquela sensação, era como se estivesse sendo apagado, ou reescrito. Só entendia que o meu corpo não estava aguentando aquela situação e sentia como se fosse implodir.

Notava coisas pequenas como o fato de a cama não fazer barulho algum ou se mover comigo, mas não compreendia o porque. Eu tremia cada vez mais rápido e a pressão sob meu corpo se tornava a cada segundo mais insuportável até que escutei como um eco vindo de todos os lados e parando em minha cabeça:

– Acione o D-VICE. Precisamos.....RÁPIDO.....Vocês.

Meu corpo tombou com um impacto surdo a minha cama, me fazendo perceber que estava flutuando alguns centímetros acima dela por todo aquele tempo. Sentia-me perplexo e violado, de alguma forma. Meu espaço havia sido invadido e eu não podia fazer nada além do que eu fiz.

Sentei na beirada da cama e comecei a chorar. Eu não sabia mais o que deveria fazer. Ninguém podia me ajudar e aquela situação inexplicável estava acabando com minha sanidade. Eu somente chorava, não sei se por desespero ou por alívio daquela pressão constante ter desaparecido dali. Não sei se chorava de alegria por ter recebido enfim uma resposta, ou de medo dela não ser benéfica, afinal. Talvez fosse melhor deixar tudo para lá, jogar aquela caixa fora, quebrar aquele aparelho! Era isso que eu queria fazer. Foi isso que comecei a fazer.

Levantei da cama ainda chorando, caí no chão por causa de uma fraqueza nas pernas que não me surpreendiam devido ao acontecido. Apoiei-me na cômoda, abri a gaveta ainda atordoado e peguei a caixa. Ela estava em minhas mãos. Eu poderia escolher entre continuar aquela loucura ou colocar um ponto final na situação. A minha única dúvida era se, jogando fora aquela caixa, as coisas iriam finalmente voltar ao normal ou iriam piorar catastroficamente o meu estado.

–Droga... – Sussurrei para mim mesmo, desencorajado. –

– O que eu faço com você? O que você está fazendo comigo? Eu preciso saber!

Não podia agir de cabeça quente. Por mais que eu quisesse me livrar de todo aquele problema, o contrário poderia acontecer e eu sentia que não me seria viável. Guardei a caixa novamente na gaveta, escondi-a com as roupas, mas antes de conseguir fechá-la a fraqueza tomou o meu corpo, me senti tonto e caí. Apaguei.
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Mensagem por spikehunter Qui 29 Nov 2012, 7:55 am

Acabei de terminar o primeiro capítulo de sua história , eu não vou me ater a erros ortográficos ,não que haja algum não mais eu prefiro me concentrar na história e na coisa técnica mesmo, com tanto que de pra entender não ligo muito se tiver um errinho ou outro... Bem eu to gostando da história particularmente por refletir algo que a maioria de nós aqui tem em comum(esse tal desejo ai que falou) eu acho a escolha cuidadosa das situações e a calma que teve pra não colocar o encontro com digimon logo de cara bons, deixa aquela duvida se "vai ser agora que o cara vai virar tamer" ou talvez tudo não passe de imaginação dele, Tambem gostei da forma escolhida pra narrar a história parece que dá um contato mais intimo com os personagens, em fim passado a primeira impressão acredito que irei ler a história em quanto você a escrever,mais eu vou assim de vagar as vezes até leio de novo pra pegar bem a coisa e tal...
Bom vejamos os próximos capitulo até o momento a fic tá boa de se ler ,esper oque continue!
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Mensagem por Gol D. Roger Sex 30 Nov 2012, 12:30 am

Oi, Júnior.

Mais uma vez um capítulo bem interessante com várias situações. A parte do sonho pareceu aquele clichê chato de sempre, mas pelas partes que já li da história tenho certeza de que minha impressão de haver uma história mais densa por trás do sonho não é à toa.

E aí teve o tal aparelho. Parece que realmente tem muita coisa por trás, pra ser da Nokia (xD) e tudo, talvez uma relação ainda não mostrada entre os dois mundos e o funcionamento das coisas entre eles. Estou interessado. E por último tivemos a cena com mais uma visão, que foi descrita com absoluta maestria e realismo, dissecando os sentimentos de Caíque aliás. Quero saber pra onde essa história está indo, até mais.
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