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Digimon Fate

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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Leonardo Polli Dom 20 Nov 2011, 9:47 pm



Saga 01 - Em Busca do Desconhecido
Capítulo 06 - Eclipse


Freneticamente, seus dedos pulavam sobre os pequenos botões do relógio espião. A cada vez que os apertava, um barulho estranho parecido com fiktchul soava pelos becos escuros, por onde andava. De certa forma, algo holográfico surgia sobre o relógio, mas, num piscar de olhos, sumia. Aparentemente, o esforço que estava fazendo não estava levando a nada - o objeto estava quebrado.

Fate, que supostamente tinha o quebrado, andava às escuras dos becos de Las Vegas. Ao seu lado, Falcomon, que havia sugerido ao parceiro humano que tentasse ligar o relógio, dissera que o objeto iluminaria o caminho. Mas, de fato, eles continuariam no escuro, até quando achassem a saída daquele lugar, que aparentemente não tinha fim.

Grim não entendia aquilo. Las Vegas era completamente iluminada e colorida à noite e, provavelmente, seus becos seriam assim também. Mas, não eram. Eram escuros e sombrios. O japonês pensou na hipótese de que algo pudesse estar secretamente escondido em algum canto daquela escuridão, e esse fato devia ser o porquê de tudo ali estar escuro e quieto, indiferentemente ao ambiente da cidade naquele horário.

- Droga de relógio! - Fate começara furiosamente a dar espalmos no objeto, tentando reanimá-lo. - Quantas vezes já te disse pra revisar seu arsenal antes de sairmos mundo afora, Grim?

- Essa é uma das minhas menores preocupações. - rebateu rispidamente Grim, ofegando um pouco em seguida. - Temos que achar a saída desse lugar, e rápido. Provavelmente aquele exército desgraçado já está atrás de nós.

- Tem razão, Grim. Como você nos disse agora a pouco, eram muitos agentes da SWAT. - comentara Falcomon, sua doce voz ecoava pelos becos enquanto caminhava com suas asas à frente de seu corpo, prevenindo uma batida em algum objeto. - Mas, eu ainda não consigo entender. A SWAT não tinha motivos para estar na Area 51 e, muito menos, em Las Vegas. Sei que estão atrás de nós, mas, a mando de quem?

- Vion tem algo a ver com isso. Pode ter certeza. - interferiu Benjamin, com uma voz um tanto preocupada.

A discussão fora interrompida. Todos ficaram quietos, mas continuavam a caminhada nos becos escuros, tentando encontrar uma saída daquela profunda escuridão. Joshua Kasagrim lembrara que Vion havia atacado Melodee e Benjamin McFate e seus digimons, mas sem motivo algum. Em sua cabeça, quem estava envolvido por trás disso era o Comandante Blade, este que talvez estivesse controlando mentalmente o seu velho amigo.

Nada mais foi dito. Commandramon estava à frente de todos, pois possuía sentidos mais aguçados que o resto do grupo. Olhou para cima, e não via nada, apenas estrelas fracas. Até que, após alguns passos a mais, ele enxergara ao longe uma parede de tijolos, onde a lua refletia constantemente sua luz. Comentou com os outros três, que após passar alguns segundos, também avistaram a mesma parede. Podia-se perceber também que, na verdade, a parede consistia numa bifurcação, levando a um caminho à direita e outro, à esquerda.

- Isso parece mais um labirinto. - comentou Commandramon, que estava se aproximando cada vez mais da tal parede.

- Eu ainda não consigo acreditar... Melodee... - suspirou Fate, abaixando sua cabeça e cruzando os braços, chutando uma latinha de refrigerante amassada que permanecia no chão.

- Calma, amigo. Eu sei que está sendo difícil pra você - até pra mim está - a volta inesperada dela. Mas, forças. Forças, que você vai conseguir superar essa. - o japonês tentou animar Fate, colocando seu braço esquerdo sobre os seus ombros.

- Obrigado, Grim... Por sempre estar ao meu lado. - Benjamin agradeceu o amigo, colocando seu braço direito sobre os ombros do japonês. - Mas, eu não entendo. Vion esteve por todo esse tempo sem dar as caras, sem dar um sinal de vida. E agora volta, como se a nossa adolescência juntos não existisse; leva o pendrive consigo e a minha irmã. Eu, realmente, não consigo ligar os fatos...

- Não se preocupe. - aconselhou ao amigo, enquanto o grupo tornava o caminho à direita na bifurcação, onde se via mais luz. - Tenha fé em Deus, que ela está bem. Eles - o pendrive e Melodee - estão bem. Eles não teriam motivos para matá-la; você se lembra, muito bem, o que o comandante disse, certo?

- Aah... Então quer dizer que essa bela moça é sua querida irmã, Fate? Mas, ela estava morta, não... ? - pensativo, e com as mãos no queixo, Blade pronunciava palavras que deixavam Ben ainda mais cabisbaixo e nervoso. - Vejo que tudo, realmente, era uma farsa. Ela não merece ver o irmão bastardo dela. Até logo, pequena McFate. - agilmente, o comandante pôs sua mão sobre a cabeça da ruiva e de Pokomon e, surpreendentemente, elas perderam todos seus sentidos e caíram no chão, inconscientes.

Kid Vioner percebeu que estavam quase partindo. Pegou Dracmon, que também estava inconsciente, e colocou-o nos braços, para levá-lo para fora daquele lugar. Enquanto isso, o comandante Jefferson Violentblade caminhava lentamente à frente de Melodee e Pokomon, que não iam acordar tão cedo assim. Seus passos foram cessados quando ele retirou o pendrive de um dos bolsos de seu blazer e, com ar de confiança e de intimação a Fate, ele mostrava o pequeno objeto para o homem do outro lado do corredor.

- Espero te ver outro dia. Até lá, fique forte o bastante para conseguir fazer um arranhão em mim. - sorrindo, ele levantou o pendrive, analisou-o, e levou-o à frente do peito. - Vou levar isso como garantia de que nos veremos novamente.


- Deus... Se pelo menos ele existisse, não teria deixado Blade levar a minha irmã!

- FATE, não fale assim! - Grim repreendeu o amigo, utilizando uma voz mais autoritária. - Confie em mim. Juntos, sairemos dessa. Eles não farão nenhum mal a ela, e nem ao pendrive. Confie em mim. Eles precisam de algo que eles não têm. Eles precisam de algo que nós temos: nós!

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Olhava o horizonte escuro sobre o terraço de um prédio comum e alto de Las Vegas. Seus cabelos lisos e brancos balançavam à esquerda conforme a brisa passava por seu corpo. O cachecol envolto em seu pescoço movia-se à mesma velocidade, indicando que ele estava parado. Admirava a gigante bola branca no céu com olhos brilhantes e bucólicos. O ambiente estava relativamente ermo e confortável, talvez não por completo, pois as buzinas e os gritos que lá debaixo vinham perturbavam seus ouvidos.

Suas mãos inquietantes, cobertas por luvas negras de couro, não paravam de bater na região de suas pernas. Talvez estivesse esperando algo. Bufou algumas vezes, o que provocou a atenção do pequeno ser que ao seu lado estava. Hyokomon sempre se preocupou com o bem-estar de seu parceiro humano, e não media esforços para ajudá-lo, qual fosse a maneira, qual fosse o modo. Sabia que ele estava a esperar algo fazia algum tempo, e que era nem um pouco paciente.

De repente, um sonoro bip pôde ser ouvido pelo pintinho. Pierre levou sua mão ao ouvido direito, tocando o dedo indicador num minúsculo botão que estava ligado a um fio, envolto à sua orelha.

- Reverbel? - a voz era calma e tranqüilizante aos seus ouvidos.

- Mande os Pteramons vasculharem cada parte escura da cidade, Vion. - piscou os olhos, tomando em sua cabeça a certeza do que estava fazendo. - Boarmons cobrindo todo início de pistas de Las Vegas. Ninguém entra, e ninguém sai.

- E você? - Kid Vioner estava sendo curto e grosso, pois era o que Reverbel esperava.

- Eu sei muito bem o que vou fazer.

Tocou o mesmo dedo indicador no pequeno aparelho no seu ouvido e, num rápido instante, desligou sua comunicação com Vion. A preocupação do parceiro de Dracmon fora desnecessária, pois ele sabia que Reverbel estava bem e que iria respondê-lo "mal". Mas, de fato, não era uma má resposta, mas sim o seu modo, o seu jeito de se comunicar com qualquer pessoa. Ele era rude, e frio. Hyokomon sempre detestou isso em seu parceiro humano, mas, com o passar do tempo, e por conhecê-lo há muitos anos, já se acostumara com a sua personalidade.

Não distanciou seu dedo de sua orelha sequer um centímetro, e logo tocou o mesmo botão, provocando um novo bip.

- Atenção, todas as unidades. - avisou ele, usando uma voz autoritária, como se estivesse falando com alguém de baixo nível. - Os fugitivos estão pela cidade, mas não muito longe da área de hotéis. Provavelmente, estão seguindo para a East Cross. Todos, sem exceção, verifiquem cada cassino, cada bar, cada residência, cada prédio próximo àquela área. Isto é uma ordem!

Tocou o indicador novamente no botão, encerrando aquilo que chamou de "ordem". O exército de trezentos e poucos homens da SWAT que ali estavam em Las Vegas não desobedeceriam a Pierre Reverbel, porque sabiam o que lhes aconteceria caso fugissem de uma ordem vinda dele. De certa forma, era meio cansativo tomar conta de tantas e tantas almas humanas, mas ele sabia que era prazeroso, pois tomava conta não só de almas humanas, mas almas humanas, sedentas por morte, e por sofrimento. Era como se fossem cachorros e ele estivesse segurando um osso de ouro, acima de um prédio, sem que eles pudessem alcançá-lo.

Hyokomon decidiu sair de seu aparente estado em coma e falar algo.

- É como procurar uma pessoa, numa multidão. Várias formas, vários caminhos, mas é impossível. Você não sabe se ela está ali, ou se está lá, ou se realmente está no meio da multidão. - olhou para os céus, tentando desviar sua atenção da lua. Ela realmente não lhe trazia lembranças boas. - Eles são como o vento, Verbzinho. Estão em todo lugar, mas não podemos vê-los, apenas senti-los.

- Cale essa boca. - respondeu rispidamente, cuspindo ao lado. - Você não sabe de nada. Eles estão cercados, sem lugar para fugir, ou se esconder. Quando os encontrarmos, a morte deles será certa.

- Eu espero, Verbzinho... - sua voz doce e melancólica soava pelos ouvidos de Reverbel, fazendo com que ele se lembrasse de sua infância, enquanto engolia seco e mantinha seus olhos fechados.

- Tch.

Com uma cara de desdém ao pequeno parceiro, Pierre Reverbel causou um impulso em seus pés, saltando de cima do prédio, caindo e sentindo a pressão em seu corpo, exercida pela gravidade. Suas roupas insistiam em ficar chacoalhando para cima, como se não quisessem ter ido juntamente com ele. Hyokomon, que pulara juntamente com o humano, não esperava a morte. Afinal, eles nunca chegaram perto dela.

A lua estava com um formato triste, um tanto achatado, mas redondo, e com um branco tão vivido que se talvez parassem pra pensar, haviam passado tinta branca nela. Tal pudera, pelas atitudes do homem francês em relação ao pintinho, qualquer um que se dissesse existente choraria. Mas, coitada da lua. Sem olhos para chorar, apenas seu corpo para expressar a sua tristeza.

De longe, pôde ser ouvido algo.

- Digisoul Full Charge!!!

Após o grito ensurdecedor, que se não fosse a calma e a tranqüilidade da rua logo abaixo, tudo estaria agitado. Uma enorme e brilhante aura laranja com um tom amarelo subiu aos céus, em formato de rajada. Antes mesmo que alguém pudesse reclamar pelo barulho, uma coisa gigantesca, de cerca de sete a oito metros de altura, e com um corpo simplesmente enorme, subiu aos céus, planando. O breu que ali permanecia impedira que a visualização de seu corpo fosse feita, mas, de cara, deu-se a perceber que era um monstro com características humanas, parecido com uma espécie de dragão bípede, possuidor de grandiosas asas.

- Butenmon!

Uma silhueta humana acima do ombro direito de Butenmon permanecia de pé, olhando para o horizonte, sem rumo e sem destino.

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A situação estava um tanto engraçada. A luz, que os levara a escolher o caminho da direita na bifurcação, era somente uma luz, não "a luz guia", como eles esperavam. Em suas cabeças, aquela fraca iluminação da lua na parede indicava uma suposta saída, mas, de fato, eles apenas andaram mais e mais. Porém, agora, com a pouca, mas útil iluminação, eles conseguiam enxergar o chão, algumas latinhas de refrigerante espalhadas, baratas ladeando os becos e ratos adentrando em seus buracos, sem contar as caçambas com um fedor absurdo, que provavelmente era onde jogavam o lixo diário.

Fate já havia caído, no mínimo, três vezes. Botara a culpa no hotel, que fornecera os tênis que estava usando no momento.

- Não se fazem tênis como antigamente. - comentou, olhando para os seus pés, cadarços todos sujos e abarrotados.

- Se preocupe com a sua cabeça, não com seus pés. - repreendeu Grim, cruzando os braços e dando um breve sermão no amigo reclamão. - Enquanto tiver ela, poderá respirar.

- Mas, se eu não tiver meus pés, não poderei andar! - insistiu o homem americano, dando ênfase à última palavra dita. - E, se eu não puder caminhar, ficarei no chão, ai minha cabeça será um alvo fácil.

- Dá na mesma. - o japonês já estava começando a ficar irritado com a atitude de Fate. - A única coisa que difere a situação é que seus pés lhe proporcionariam cinco segundos a mais de vida.

- Não dá na mesma não! - Fate estava começando a agir feito criança, o que preocupou Falcomon e Commandramon. - Em cinco segundos, dá pra pegar uma arma e atirar na cabeça do meliante, antes que ele me mate. Assim, eu fico vivo!

- Oi, meu nome é hemorragia. Prazer. - Joshua Kasagrim estava pronto pra botar um fim naquela discussão infantil. Sabia que ia dar merda se prosseguissem.

- Você tem telefone, hemorragia?

O japonês se segurou pra não pegar a sua foice e decepar a cabeça do pobre Benjamin McFate. Seus cabelos ondulados e castanhos se chacoalhavam conforme ele andava e, se tivessem vida própria, estariam se matando de rir, como estavam Falcomon e Commandramon. De certa forma, aquilo era saudável para ambos, pois era uma das muitas formas que eles usavam pra manter a amizade vívida e engraçada. Grim sabia que andar com Fate sempre daria em merda no final, mas, antes da merda, ele se divertia, e muito. Falcomon apenas analisava, mas também não conseguia se segurar. Commandramon então, nem se fala. Era um palhaço ambulante.

A lua, realmente, não estava amigável com ninguém naquela noite. Conforme andavam por aquele beco mal clareado, a pouca luz que a gigante e curiosa bola branca nos céus se cessava a cada passo que davam. Aquele beco não levaria a nada, conforme suspeitas dos quatro. O fedor estava se tornando insuportável, as baratas cricrilavam feito grilos loucos fazendo sexo, e os ratos surgiam a cada instante, provocando certo medo interior no japonês.

Estavam se aproximando de uma área do beco em que a luz não atingia mais. Esperavam que pudesse ser finalmente a saída daquele labirinto de becos, mas, na verdade, seria tudo diferente. Dois grandes olhos verdes e amedrontadores permaneciam flutuando naquela escuridão, como se estivessem esperando o grupo chegar. Ouviram passos; algo muito pontiagudo se mostrava. Logo, percebeu-se que aquela ponta tinha o formato de um grande cone, que brilhava mesmo sem a luz no local. Enxergaram algo parecido com uma camada arroxeada de pêlos se direcionando a frente deles, a uma distância de quatro metros.

Finalmente, um enorme monstro deu as caras.

- Colônia de férias de toupeiras aumentou em Las Vegas, agora? - Fate, como sempre, decidiu falar antes que todos.

- Desde quando toupeiras têm uma broca gigante no lugar do nariz? - questionou Commandramon, estranhando o gigante animal a sua frente.

- Não é uma toupeira normal, Commandramon. É um Drimogemon. - respondeu calmamente o japonês, como se o monstro não estivesse se aproximando deles. - Você devia passar mais tempo nos estudos ao meu lado, Commandramon.

- Não é hora pra...

- Mole's Claw!

Enquanto conversavam sobre absolutamente nada, mal perceberam que a toupeira estava arrastando sua pata dianteira, preparando-se para uma investida que viria a seguir. Ficou bípede por um momento e, como um raio, desferiu sua pata dianteira num golpe diagonal, na tentativa de atingir Fate e Grim - que estavam lado a lado - com suas garras em forma de broca. Por sorte, Commandramon puxou com tudo o japonês para seu lado, e Falcomon empurrou Fate com todas as suas forças para a parede, fazendo com que a gigante toupeira de corpo branco e costas arroxeadas atacasse o ar, derrapando alguns metros para trás dos humanos e dos outros dois digimons.

Benjamin McFate e Joshua Kasagrim voltaram para a mesma posição que estiveram antes, mas desta vez olhavam atentamente para a toupeira que, surpreendentemente, havia tombado com o seu próprio peso, mas mostrava sinais de vida. Falcomon estava encostado em Fate, e Commandramon em Grim, ambos de costas para os outros, mas humano com humano, e digimon com digimon lado a lado.

Na escuridão de onde surgira Drimogemon, dois olhos vermelhos e estranhos - possuíam o formato de um raio - pairavam sobre o ar, num contínuo sobe e desce - o que indicava que o ser que ali estava não era terrestre. Um bzz sonoro e irritante estava sendo ouvido a cada segundo que se passava e, num intervalo curto entre os barulhos, asas ensurdeciam os quatro parados ali no meio, provocando um ruído muito pior do que qualquer outro já escutado.

- Deadly Sting!

Algo muito pontiagudo - talvez mais do que a broca de Drimogemon - atravessou o ar, numa velocidade incrível. Falcomon e Commandramon não pensaram; empurraram, com suas próprias cabeças e com força própria, as costas de Fate e de Grim, fazendo com que eles tombassem e fossem ao chão. Após, se jogaram com tudo ao chão; o ferrão - a coisa pontiaguda e vermelha - atravessou o ar, passando por perto dos ouvidos minúsculos de Drimogemon, fazendo com que ele se assustasse e levantasse no mesmo instante.

A gigantesca toupeira encarava com seus olhos amedrontadores Benjamin McFate e Joshua Kasagrim, que se levantavam após o súbito tombo que levaram; o portador dos olhos em forma de raio se revelou; era uma grande abelha, talvez tivesse o tamanho um pouco maior de um humano. Tinha o corpo totalmente amarelo, não fossem as listras azuladas e sua juba vermelha. Quatro asas rosadas o permitiam voar, e um ferrão vermelho e pontiagudo aguardava silenciosamente em seu abdômen, pronto para ser lançado. Sua boca se dividia em quatro partes, para facilitar o mastigamento, e suas garras negras e afiadíssimas o deixavam com uma cara mais diabólica. Também possuía espécies de patas amarelas, talvez para pousar com mais facilidade quando quisesse; seu nome era Flymon.

O grupo estava cercado, sem lados para fugir. Nenhum deles era um macaco, portanto teriam que batalhar, caso quisessem tentar sair dali vivos.

- Não só de toupeiras, pelo visto. - comentou Falcomon, lançando uma indireta à grande abelha. - Acho que o número de floriculturas também aumentou.

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Duas fileiras simplesmente gigantescas de carros de vários modelos estavam se formando de acordo com o passar do tempo. O incansável aperto de buzinas estrondosas havia sido substituído pelo liga-desliga dos faroletes dos automóveis que, mesmo com tanto desgaste, suas baterias ainda não tinham acabado. Ao longe se podiam ver as luzes coloridas artificialmente feito um arco-íris, vindas dos prédios e cassinos de Las Vegas. Majestosas placas indicando os nomes dos locais penduravam-se, ladeando a estrutura dos edifícios. Mas, isso estava longe de ser a principal preocupação dos motoristas.

A barulheira era infernal.

Os policiais da cidade estavam bem à frente de todos os automóveis, coordenando o movimento. Mas, que movimento, se todos os carros estavam parados? Era muito confuso. Mal eles sabiam explicar ao prefeito que Boarmons estavam tampando a entrada da cidade. A única entrada, o que levou o comentário malcriado de vários habitantes e visitantes de Las Vegas. Por que não abrem uma segunda entrada?, Por que insistem em dizer que o nosso trânsito é o melhor do mundo, quando se vemos dentro de um engarrafamento desses? Realmente, era muito triste.

Dentro de um Fusion 2099 preto, uma música country tocava suavemente. Em sua visão, pequenas notas musicais flutuavam dentro de seu automóvel, com linhas conseguintes e desajeitadas as acompanhando. Seus ouvidos pareciam se mexer ao ouvir aquela bela sintonia, mas tudo não passava de felicidade. Ao invés de estar esmurrando feito louco a buzina, ou estar batendo o dedo na travinha dos faróis do carro, estava com os olhos fechados, balançando a cabeça. Suas mãos cerradas pulavam com alegria em seu colo, conforme o tocar do violão na música.

De repente, a música parou. O barulho irritante de buzinas contínuas voltou aos seus ouvidos, o que o irritou. O simples fato fez com que ele abrisse os olhos, e voltasse a sua atenção para o caos que aquele trânsito havia se tornado; de um simples congestionamento, tornou-se um verdadeiro inferno. Fumaça acinzentada saía do capô dos carros, e havia muitos gritos humanos. Tudo isso fez com que sua vontade de sair esganando cada um que estava em Las Vegas subisse a cabeça.

Ele desceu do carro.

- Merda! - resmungou, batendo a porta do automóvel. - A gente não pode sair um minuto dessa droga de cidade que o capeta já vem fazer a festa. Tsc.

Saiu andando pelo canto da estrada, ladeada pela areia do deserto. Trajava-se com uma roupa esporte chique, consistindo num paletó e calça social bege, com uma camisa social azul-clara por dentro e por cima desta uma gravata azul-escuro. Havia um relógio em seu pulso esquerdo, que possuía a cor marrom em predominância, tal como seu sapato social. Seus cabelos lisos e grisalhos penteados formalmente, e seus olhos com uma profundidade vívida denotavam que aquele homem devia estar por volta de seus cinqüenta anos, com cerca de um metro e setenta de altura.

Ao seu lado, um pequeno monstro, que devia ter por volta de um metro e quarenta de altura, sendo um pouco menor que o humano que o acompanhava. Aparentava ser um leão humanóide, com a cor laranja predominante em seu corpo. Havia uma pelagem amarelada em seu peito, também possuindo garras em seus pés e nas mãos. Nos punhos, braceletes envolvidos em chamas, tal como o elmo de sua cabeça. Grandiosos e perfeitos olhos azuis reinavam sobre um pequeno focinho amarelo.

- Relaxa, Casablanca. - disse o digimon bípede, tentando acalmar o parceiro humano em relação ao trânsito. - Eu até tenho minhas suspeitas do que está acontecendo.

- Grim... - sibilou o homem, enquanto corria ao lado da fileira de carros, acompanhando seu digimon, que pulava sobre o teto dos automóveis.

-... e, conseqüentemente, Fate. - terminou o pequeno leão, se referindo ao "amigo atrapalhado de Joshua".

Aquilo não parecia ter mais fim. E, provavelmente, não iria mesmo. Já faziam cerca de cinco minutos que estavam correndo; realmente, ainda faltava muito para chegarem a Las Vegas. Com a velocidade que corriam nada podia ser ouvido; fora os maldizeres que os humanos dentro dos automóveis mandavam a Coronamon, porque estava pulando sobre seus carros. Também pudera. A maioria estava chegando de um longo e cansativo dia de trabalho e, obviamente, iriam aproveitar o máximo que pudessem aquela noite. Mas, um engarrafamento já é muito. Saber que a sua cidade foi invadida por gigantescos javalis flamejantes e dinossauros aéreos já basta pra matar qualquer pessoa. Agora, um leão laranja pulando em cima do seu carro? Isso é o fim.

O homem - denominado pelo digimon de fogo Casablanca - desvirtuou seus passos para fora da pista, em direção ao deserto. Avistara ao longe uma pedra grandiosa, mais parecida com uma lápide de corvos. Junto com Coronamon, se meteu atrás do pedaço de rocha abandonada e simplesmente sumiu.

- Digisoul Charge!

Uma pequena explosão - mas que, na verdade, não era uma explosão - atrás da rocha liberou uma espécie de aura vermelho-fogo, que cobriu aquela região do deserto. Não bastasse isso para assustar por inteiro os motoristas do congestionamento, algo como um rugido soou por aquelas redondezas. Um rugido de um animal, um rugido de um leão. Mas não era um leão qualquer.

- Firamon!

Dando um impulso com suas assustadoras quatro patas, o leão partiu rumo aos céus, na direção de Las Vegas, com Julian Casablanca montado em suas costas.

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- Crusher Bone!

Esmurrando o chão de concreto do beco e aprofundando a sua mão por debaixo da terra, Drimogemon ao retroceder suas pernas ao solo trazia consigo um grande osso, o qual segurava com a pata dianteira. Sem delongas, virou seu gigantesco corpo para trás e lançou o osso com todas as suas forças, na direção de Fate e Grim, que estavam de pé, lado a lado, posição esta que tomaram após desviarem dos ferrões de Flymon, que se contentava em lutar contra Falcomon, que estava sem a ajuda do derrotado Sealsdramon.

O osso atravessou o ar, devido ao fato dos dois humanos terem desviado um para cada lado. Falcomon percebeu o olhar da grande abelha se desvirtuar para o lado direito e se jogou no chão, fazendo com que o digimon inseto fosse atingido em cheio pelo osso, que se partiu em dois ao atingir seu corpo. Começou a gritar de dor, e foi ao chão também, um tanto distante de todos. Falcomon se levantara rapidamente, correndo assim que se estabilizou em duas patas na direção de Sealsdramon.

O digimon ciborgue estava deitado, com a mão direita apoiada sobre o seu peito, que subia e descia levemente. Falcomon ficara preocupado.

- Você tem que ser forte, Sealsdramon! Não se entregue... Não se entregue! - estava fazendo de tudo para animar o amigo, na tentativa de que ele acreditasse que estava vivo. - Vamos... Foi só um veneno temporário. Eu sei que você agüenta bem mais que isso, afinal, é um ciborgue!

- Sealsdramon pode ser um ciborgue, mas dentro dessa rústica armadura existe um corpo... E esse corpo tem DNA digimon. - com olhos piscando feito o bater de asas de uma borboleta, o digimon draconiano tentava explicar a Falcomon a sua situação. - Sealsdramon não vai agüentar por muito tempo...

- Seals...dramon... Por favor, não vá... Por mim, por Fate... Por Grim... - Falcomon estava esmurrando o chão ao lado do debilitado ciborgue, tentando com todas suas forças ajudar o amigo. Uma lágrima sincera caiu suavemente de seus olhos, escorrendo pelo seu rosto similar ao de uma coruja. -... Por NATHALIA!

Mais uma lágrima escorreu de sua face, mas desta vez caiu com tudo no corpo de Sealsdramon. Como se tudo estivesse em câmera lenta, ele sentiu aquela gotícula de água tocar sua armadura, penetrar em seu corpo e atingir a sua alma. Aquelas palavras tocaram seu interior. Ele estava a ponto de desistir; à beira da morte. Mesmo sabendo que, se morresse, iria deixar muitas pessoas tristes. Mas, apenas as palavras de Falcomon, o papel de amigo que o falcão estava tentando fazer, fizeram com que lembranças viessem à mente do ciborgue draconiano.

Seus olhos, um diferente do outro, se abriram a realidade. Ele não podia morrer. Entrara nessa, e dessa não sairia até terminar o que devia ser feito. Era seu papel estar ali. Era seu dever. Era sua missão, proteger Grim e os outros. Tiros e mais tiros saindo das Twin Blasters que procuravam atingir Drimogemon, mas sem muito efeito, fizeram com que ele aos poucos fosse se levantando. Cinco segundos se passaram, e a foice de seu parceiro humano viera ao seu lado.

Olhou confiante, para a antiga arma.

- Seals... Sealsdramon não vai desistir. Ele fez uma jura, como todos. - o digimon se lembrava do evento que acontecera no quarto do hotel, onde até agora pouco estavam. - Sealsdramon NÃO vai desistir... Por ela. Se for preciso ir até o inferno para salvá-la, SEALSDRAMON VAI!

-... Isso, amigo! É assim que eu gosto! - Falcomon ajudava o parceiro de Grim a se recompor de pé. Escutou um zumbido e ficou preocupado.

-... Tch. Não se preocupe. - avisou Sealsdramon, com desdém. - Acha que consegue tomar conta de Drimogemon?

- Com certeza! - Falcomon cerrou seu punho direito e socou o ar, contando vitória antes da hora. - Fate já abriu uns buracos nele, e presumo que há alguns cortes feitos por Grim.

Sealsdramon abaixou a cabeça, durante um segundo muito rápido. Um segundo, que fez com que ele pensasse, refletisse em sua vida. Ele estava certo em tomar aquela atitude, e agora iria fazer somente o correto. Levantou a cabeça, e piscou com seu olho direito para Falcomon. O falcão agarrou a foice de Joshua Kasagrim e saiu correndo, na direção dos dois humanos, que se encontravam desesperados próximos a gigante toupeira. Aparentemente, as Twin Blasters não estavam causando nenhum efeito no digimon, devido a sua broca, que atraía as balas e as destruía.

Sealsdramon deu um salto muito alto e planou na diagonal, na direção de Flymon, que se escondia na plena escuridão, de onde não saíra até o momento. Como visualizava claramente todas as coisas no escuro, o ciborgue conseguiu ver o corpo debilitado da grande abelha no chão, se mexendo como se estivesse com um ataque epiléptico. Preparou sua adaga e, ao se aproximar do solo, causou um impulso em seu corpo que ligou seus propulsores traseiros, possibilitando uma maior proximidade do corpo do digimon inseto. Ao menos pensou, e levantou seu braço, pronto para desferir um golpe fatal em Flymon.

Mas, de repente, a grande abelha levantou vôo e lançou-se numa investida, que atingiu em cheio o corpo de Sealsdramon. Continuou com o ataque e, em menos de quinze segundos, o corpo de Sealsdramon já estava sendo levado para cima dos prédios mais altos de Las Vegas.

----------------------------------------

Suas forças haviam sumido, talvez pela gravidade constante que exercia sobre seu corpo. Ele nunca havia atingido uma altura tão grandiosa como esta, tanto fosse seu medo de altura. Flymon não parou; Sealsdramon já estava perdendo o fôlego, e começando a desmaiar. Mas, uma força interior fez com que ele se dedicasse no trabalho com as mãos, que foram empurrando a cabeça de Flymon fortemente. Quando parou de ser levado pela investida - já estava perto das nuvens praticamente - segurou com tudo a cabeça da grande abelha, girou seu corpo de ciborgue e, com todas suas forças, levantou a mão que segurava a cabeça do digimon e lançou-o para baixo, fazendo com que a toda velocidade estivesse cada vez mais próximo ao chão. Uma perfeita reviravolta.

Começando a cair, tal como Flymon - que estava desacordado, devido a pressão exercida em sua cabeça - Sealsdramon segurou firmemente sua adaga. Seu medo de altura aparentemente havia sumido naquele instante; sua determinação falara mais alto, e a sede de matar Flymon havia subido em sua cabeça. O digimon abelha bateu com tudo seu corpo acima de um prédio, causando uma pequena cratera onde pousara. Sealsdramon não teve pensamentos; resolveu ser mais rápido e mais eficaz do que já era.

Se teleportou para onde Flymon estava e, com a adaga empunhada na mão direita, levantou a mesma mão aos céus e desceu-a com tudo.

- Death Behind!!!

A adaga perfurou silenciosamente o abdômen da grande abelha. Um urro saiu ecoando de sua boca, indicando que não lhe faltava mais ar para pelo menos dar um contra-ataque. O monstro pareceu não morrer; o ciborgue draconiano forçou ainda mais a adaga, situação que provocou a explosão e o escorrimento de sangue pela boca do digimon. Forçando mais um pouco, Flymon deu mais um berro estridente e, de repente, não agüentou mais. Explodiu em mil partículas azuis, o que provocou um sorriso malicioso no rosto de Sealsdramon.

Correu, e saltou do prédio. Três segundos de queda se passaram, e ele ativou seus propulsores, tentando procurar em qual beco estava ocorrendo a outra luta.

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Benjamin McFate estava encostado a uma caçamba, xingando a si próprio por não poder fazer nada. As Twin Blasters nunca haviam lhe dado trabalho, e agora pouco haviam falhado. Era um tanto estranho, mas, em sua concepção, a broca tinha algo envolvido nisso. Joshua Kasagrim pensara na mesma hipótese, e não tinha chegado em nenhuma conclusão. Até que, miraculosamente, após lembrar-se de alguns estudos que havia feito há muito tempo atrás, lembrou-se de uma coisa que não devia ter esquecido, nunca.

- Já sei! - era como se uma pequena lâmpada acesa surgisse acima de sua cabeça, despertando interesse em Fate. - Aquela broca... É o que o protege! Ela deve estar ligada ao digicore de Drimogemon, ou seja, está ligada ao coração dele! Por isso essa extrema defesa e esse ataque tão poderoso... Eu nunca havia visto isso em algum digimon, mas deve ser um novo tipo de anticorpo, não sei...

- Falcomon; a broca!

Fate gritara quase berrando para seu parceiro digimon prestar atenção nele. Falcomon virou-se para trás, após ter dado várias combinações de socos e pontapés em Drimogemon, que estava um pouco atordoado, e acenou com a cabeça, indicando que havia entendido o que o humano tinha lhe falado. A broca é a chave, pressupôs ele. Mas, um breve descuido e a gigante toupeira desferiu uma patada em seu corpo. Falcomon foi jogado a muitos metros para trás dos dois humanos, porém nada o impediu de ricochetear em uma parede próxima e sair voando loucamente na direção de Drimogemon.

Ao chegar próximo, não teve compaixão; fincou suas garras esquerdas nas costas arroxeadas da toupeira - estava próximo à broca - e, com as garras que formavam a sua mão direita, apertou com tudo a broca da gigante toupeira. Apertou, apertou e apertou. Chegou num ponto que não dava pra apertar mais, e ele decidiu tornar o impossível, algo muito fácil.

Com todas as suas forças inumanas, Falcomon puxou com tudo a sua mão, na tentativa de retirar a broca do local do nariz de Drimogemon. Para Grim, era um milagre. Como que um seichouki conseguiria arrancar a broca de Drimogemon, que era um seijukuki? Era impossível. Para Fate, não era. Ele confiava, e sempre confiou na força e na capacidade de seu parceiro digimon. Mesmo que o nível que ele estava era considerado fraco, seu interior era totalmente o contrário. Mesmo sem o digivice, eles conseguiriam.

A broca foi jogada ao longe, deixando apenas um buraco no lugar onde estivera até então. Sangue, muito sangue começou a jorrar do buraco, fazendo com que Drimogemon se jogasse ao chão, urrando de dor, sem parar sequer um segundo. Falcomon não hesitou; com coragem e determinação, adentrou no buraco nasal da gigante toupeira. Joshua Kasagrim pensara que era suicídio fazer aquilo, pois o interior do corpo de um digimon terrestre era muito quente. Mesmo assim, Falcomon estava pouco se lixando para o clima lá dentro.

Fate já estava começando a se preocupar, quando o barulho de um propulsor se aproximava. Sealsdramon parou ao lado de Grim, são e salvo.

- Pelo visto, você matou Flymon, Sealsdramon. - comentou Grim, acreditando em seu parceiro. - Bom trabalho.

- Onde está Falcomon? - com desdém ou pouco se importando para comemorações naquele momento, o ciborgue olhava horrorizado o sangue que jorrava do buraco nasal de Drimogemon. - Não me digam que...

BOOOM.

Incontáveis partículas azuis surgiram no local do corpo da gigante toupeira. Agora não havia mais buraco para amedrontar ninguém. Agora não havia mais preocupação, nem dor de cabeça. Os dados de Drimogemon formaram uma espécie de fumaça azulada, impedindo a visualização do que estava além. Sealsdramon preocupou-se demais e foi ao extremo, pensando que Falcomon pudesse ter ido junto com a explosão. Fate estava confiante, como sempre. Joshua Kasagrim estava sem pensamentos; para ele, tudo estava bem, pois ao menos o sofrimento estava momentaneamente desaparecendo.

Os dados sumiram. A expectativa era grande. Algo com um formato de coruja pairava sobre o ar, batendo suas asas negras. O digimon ciborgue estampou um sorriso largo em sua face ao ver que seu amigo falcão passava bem. Correu para abraçá-lo e Falcomon, que estava sorrindo também, abriu seus braços. Os dois digimons selaram a amizade novamente, um contemplando o outro pelos feitos daquela batalha.

Após uma longa cerimônia de comentários sobre como você matou Flymon, Sealsdramon? e é quente dentro do corpo de uma toupeira, Falcomon?, os quatro fugitivos haviam se esquecido que estavam no meio de um inferno, onde os demônios estavam atrás deles.

- Merda... Eu acabei de pensar nisso. - Fate já começava a se sentir nervoso, enquanto o grupo andava para a escuridão de onde Drimogemon surgira. - Onde vamos ficar?

- Sinceramente, não sei... Nenhum lugar nessa cidade agora é seg- – como se um relâmpago caísse sobre o cérebro de Grim, ele teve mais uma idéia. - Já sei! Sealsdramon; lembra do Delicious Kitty?

- Delicious Kitty... - o digimon ciborgue tentava se lembrar, pensou em várias coisas mas, somente quando associou a Las Vegas que obteve a resposta. -... O cassino do Casablanca?

- Exatamente! - Grim respondeu, todo alegre.

- A gente vai se esconder... num cassino? - Fate cruzara seus braços, apoiando um sobre o outro, aparentemente preocupado. - Mas, como vamos pra lá?

- Eu ouvi barulho de carros quando fui jogado contra o lugar de onde Drimogemon surgiu... Aparentemente, ele deve ter surgido de lá. - comentou o falcão, atenciosamente.

Finalmente, eles chegaram ao lugar onde a gigantesca toupeira havia surgido, lugar esse onde o breu predominava. O fedor agora havia aumentado; de certa forma, pairava sobre o ar um cheiro estranho. Um cheiro de esgoto, de água poluída. Grim foi à frente para verificar, sendo cuidadoso como óbvio, pois tudo estava escuro ali. Fate logo atrás, e Sealsdramon e Falcomon atrás do humano de cabelos longos. Ratos ainda gemiam e baratas faziam barulhos igual ao dos grilos, mas o que mais chamou a atenção foi o grito que Grim soltara. Fez eco até certo ponto que um estrondo fora ouvido.

Fate xingou seu relógio, mais uma vez, por não estar funcionando. Como se adivinhasse, ele espalmou duas vezes seguidas o objeto, fazendo com que ele voltasse a funcionar. Tudo ficou iluminado a frente, após ele ter direcionado o relógio espião para a direção norte. Havia uma parede gigantesca - desta vez, não havia mais bifurcações, era o fim da linha mesmo - e, em seu meio, um grande buraco. Grim acabou tropeçando e caindo dentro da pequena sala que vinha adiante, sumindo. Após uma análise mais precisa, Falcomon percebera que havia uma espécie de buraco no chão da sala - que, como o da parede em que estavam entrando, não fora feito por Drimogemon - e uma tampa jogada do lado.

Grim gritou de lá debaixo do buraco, enquanto os outros três analisavam o mesmo.

- Ei... Pessoal... - como se estivesse morto, o japonês tentava sibilar algumas palavras.

- Tudo bem ai, Grim? - Fate, preocupado com o bem-estar de seu amigo, olhou pelo buraco, vendo o japonês bem lá no fundo.

- Tudo ótimo, fora a dor de cabeça que estou tendo devido a queda. - respondeu gentilmente Joshua Kasagrim. - Isso daqui é um esgoto, muito fedido, mas que, provavelmente, nos levará as principais ruas de Las Vegas, de onde poderemos chegar ao cassino que procuramos.

Antes que Sealsdramon pudesse abrir a boca, ou Falcomon explicar a situação, Benjamin McFate, na velocidade da luz, pulou dentro do buraco, gritando e se envolvendo com a queda que estava sofrendo. Por pouco não caiu em cima de Grim, que começou a xingar seu amigo. Falcomon olhou para Sealsdramon, que acenou para o falcão ir primeiro. O parceiro de Fate pulou no buraco e, antes de tocar o chão, planou, parando com seus pés levemente naquele solo de concreto do esgoto. Só restava Sealsdramon.

O digimon ciborgue, antes de adentrar na abertura que levava ao esgoto, olhou para trás, na profunda escuridão que estava fora da sala - onde a batalha havia ocorrido - para se certificar que não iriam ser seguidos. Após alguns segundos, reconquistou a sua confiança e se lançou dentro do buraco, caindo rapidamente e atingindo o solo. Joshua Kasagrim explicou algumas coisas antes que Fate tomasse seu rumo esgoto adentro, sendo seguido pelo resto do grupo.

No meio da escuridão, uma silhueta humana observava o grande buraco. Aparentemente conseguia enxergar através do breu, e possuía uma voz feminina.

- Cassino Delicious Kitty, hun?

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A tampa se levantara, sendo empurrada para o lado assim que saiu de seu encaixe. O buraco no meio da grande avenida ficou sem proteção, o que indicou acesso livre do grupo ao mundo exterior do esgoto. Fate subira calmamente uma escada de metal, fixada no concreto do túnel. Em poucos segundos, sentia o ar puro da cidade voltar aos seus pulmões, e agora não mais inalava o fedor constante da água poluída que corria sobre os pés de Joshua Kasagrim, Commandramon e Falcomon, que aguardavam embaixo.

Colocou sorrateiramente sua cabeça para fora do buraco. Num piscar de olhos, um carro passou sobre o buraco; caso não fosse sua atenção, ele estaria decapitado.

- DROGA! - ao voltar à realidade - havia ficado tonto - deu um suspiro forte.

- Vai mais, garanhão. - insinuou Falcomon, enquanto Commandramon e Grim riam.

Após ter recuperado os sentidos e ter voltado à realidade - pois estava vivo -, Benjamin McFate percebera que os barulhos lá fora do esgoto haviam se cessado. Resolveu colocar sua cabeça mais uma vez para fora e, desta vez, nenhum carro estava passando nos dois metros que cobriam as proximidades do bueiro. Rapidamente, subiu mais um degrau da escada e colocou suas mãos para fora do buraco, apoiando-as sobre o asfalto. Ocasionando certa força para baixo, o humano de cabelos ondulados conseguiu sorrateiramente sair do buraco. Ficou sentado no asfalto, com as pernas balançando dentro do bueiro.

Ficou de pé e num rápido olhar percebera que estava no meio da East Cross, uma das principais avenidas de Las Vegas, destacada pela maioria dos cassinos e bares serem localizados em seus arredores. Era uma avenida praticamente simples, com vários adornos entre os postes e os cabos. Ruas bastante organizadas e sem lixo, várias pessoas admirando para lá e para cá as luzes coloridas e as majestosas placas que indicavam os nomes dos cassinos. Consistia num cruzamento de quatro ruas, com duas vias cada. O bueiro em que o grupo se encontrara há poucos segundos antes, ficava no meio desse cruzamento.

Em menos de um minuto, os quatro fugitivos saíram sorrateiramente do bueiro, tampando-o a seguir. Grim que dera a idéia, porque sabia que qualquer acidente poderia ocorrer devido ao fato, e isso ele não queria. Só iria trazer mais problemas para eles.

De fato, estavam totalmente perdidos. A idéia era achar o Delicious Kitty, cassino em que o dono era um suposto amigo de Joshua Kasagrim. Mas, fazia tempos que ele não visitava a cidade e, como imaginava, ele havia esquecido sua localização. Custava agora seguir uma das quatro ruas e procurar um único cassino no meio de dezenas deles. Falcomon sugeriu que seguissem ao norte de onde estavam, pois era onde o movimento estava maior e vindo em mais freqüência. Grim sugeriu que seguissem pelas calçadas - mesmo que estivessem sendo procurados, era melhor seguir à risca do que ser atropelado.

Commandramon, enquanto desviava dos humanos, xingando alguns poucos, deu a bobeira de olhar para os céus.

- O que é aq-quilo?

Apontou exatamente para o meio dos céus, que se encaixava com o meio da rua. Três monstros aéreos, sendo que havia um à frente dos outros dois, estes lado a lado, planavam silenciosamente sobre o céu escuro e quieto. Tais monstros assemelhavam-se a pterodátilos, cobertos por uma armadura metálica azul-celeste. Possuíam duas asas e um leme, com um propulsor cada, tornando o seu vôo mais leve e acelerado. Mísseis estavam acoplados por debaixo de suas asas, sendo a sua principal arma. Suas garras traseiras cor de sangue e seus olhos profundamente amarelos os deixavam com um ar violento e frio.

Aparentemente, estavam procurando algo. Fate, mesmo sendo o mais burro da turma, logo adivinhou que os digimons no céu estavam os procurando.

- Droga. - sussurrou ele, chegando mais próximo das lojas em que passava, na tentativa de se esconder debaixo das árvores e não ser visto. - Tenho certeza que são do exército da SWAT, e que estão nos procurando.

- Sinceramente, eu não tenho idéias. - comentou Falcomon, suspirando.

- Nós não encontraremos esse cassino se ficarmos aqui, moscando. - disse Joshua Kasagrim, relacionando-se a situação que o grupo enfrentava. - Já estamos andando há mais de dez minutos, e nada desse cassino. Danem-se as pessoas, danem-se esses digimons do exército. Vamos CORRER!

A idéia do japonês pareceu brilhante à mente dos outros três. Sem demora alguma, começaram a correr, fora da calçada, mas beirando o meio-fio. Queriam acima de tudo chegar rapidamente ao cassino, ou pelo menos achá-lo, e pra agilizar o processo decidiram não seguir pela calçada. Os pterodátilos planando nos céus perceberam a ação e logo avistaram os quatro, correndo; Fate à frente com Falcomon, Commandramon e Grim logo atrás. O líder dos pterodátilos mudou seu curso de vôo para o noroeste, mas prosseguiu na mesma velocidade.

Preparou sua mira e, silenciosamente, decidiu agir.

- Side Winder!

Os mísseis desceram de ambas as asas e conforme planejado pelo digimon, seguiram um trajeto na diagonal, na direção do grupo. Os projéteis se locomoveram tão rapidamente que não houve tempo de escapar; atingiu a calçada ao lado deles antes que pudessem pensar em correr. Uma explosão ocorreu e os vidros da loja adjacente a calçada se estilhaçaram, assustando as pessoas que saíram atônitas para os lados. Benjamin McFate e Commandramon foram jogados para praticamente o meio da rua; Falcomon fora esperto e escapou voando, e Joshua Kasagrim havia percebido o ataque e se apressado, mas não tanto para avisar os outros.

Fate levantou-se do asfalto e ajudou Commandramon a se levantar. Após isso, olhou para cima, admirando o belo céu que destacava os três Pteramons.

- Vocês vão me pagar, desgraçados!

- NÃO Fate, não temos tempo!

Grim puxou Fate pelo braço e o trouxe a realidade. Se ficasse ali para lutar, os quatro fugitivos seriam descobertos e tudo estaria perdido. Falcomon seguiu Commandramon, que tinha visto algo como Delicious Kitty numa placa ao longe - afinal, sua visão era mais aguçada que os outros. Os dois digimons fugitivos saíram na frente, enquanto os dois humanos - o japonês e o americano - os seguiam logo atrás. Os Pteramons lançavam mísseis cada vez mais, o que preocupava e embaralhava a mente de Joshua Kasagrim. Como que o exército poderia atacar um local com pessoas inocentes?

Falcomon soou um berro por ver a gigantesca placa do cassino que procuravam. Vários carros cruzavam as duas vias daquela rua da East Cross, mas os fugitivos pouco se importaram com isso. Correndo e tentando desviar de cada automóvel que passava e freava quase em cima deles, cruzaram as duas vias da rua e chegaram ao outro lado, alcançando a entrada do cassino.

- Entrem, rápido! - Grim anunciou aos outros a certeza de que era aquele o cassino que procuravam.

Não repararam na estrutura exterior do cassino, apenas na adornada porta rolante que eles utilizaram para entrar no gigantesco prédio.

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- Hahaha, eu sou foda.

Fate acabara de ganhar mais uma rodada de poker. Estava à frente de uma mesa redonda e um pouco grande, feita de madeira, coberta por uma espécie de um tapete verde, onde se situava várias cartas e moedas estranhas. Ao redor da mesma mesa, estavam sentados em cadeiras de metal fixadas ao chão quatro homens, que juntos perderam todas as moedas para o americano de cabelos castanhos e ondulados, que estava trazendo para si as moedas com as mãos. Seus olhos brilhavam ao vê-las, mas já era de se esperar; havia ganhado quatro rodadas seguidas.

Teve a idéia de prosseguir a jogatina de cinco rodadas vale-tudo, mas, por sorte do destino, fora interrompido.

- Vamos embora daqui, Fate!

Grim puxara com tudo seu amigo musculoso pelos braços, com tanta força que impressionou os jogadores de poker, que ficaram sem jeito. Músculos são adornos dos braços, não demonstração de força, pensava o japonês. Caminhando por um corredor estreito e muito comprido, talvez devido às centenas de máquinas caça-níqueis que estavam enfileiradas perfeitamente ao lado do mesmo corredor, os quatro fugitivos procuravam o dono do cassino, com certa cautela. Já estavam ali fazia algum tempo e nenhum sinal de SWAT ou exército americano, o que deixou Falcomon e Commandramon um tanto aliviados.

O digimon falcão se surpreendeu. Eles estavam sendo procurados e seus rostos tinham sido levados à televisão, sendo mostrados a todo o mundo. As pessoas ali com certeza teriam assistido o canal de notícias da cidade e notado que os quatro fugitivos se situavam ali, logo avisariam a polícia local e conseqüentemente a SWAT agiria. Mas, de certa forma, nada disso estava acontecendo, o que o deixou confuso. Como que coisas materiais e coisas tão idiotas como jogos desse tipo conseguiam prender a total atenção dos seres humanos? Na cabeça de Falcomon, essa idéia não fazia nexo.

Caminhando apressadamente sobre um tapete vermelho no corredor, avistaram ao longe várias portas. Provavelmente, eram os toaletes do cassino. Eram portas feitas com um vidro bem trabalhado e majestoso, assim como todo o interior do cassino. O teto era uma espécie de espelho gigante, modelado e dividido em milhares de triângulos e sendo feito pelo mineral quartzo. Suas paredes eram de concreto rochoso, cobertas por uma espécie de carpete dourado mostarda, com vários desenhos de animais, destacando-se os leões. O chão dos corredores eram tapetes vermelhos e felpudos, enquanto o das áreas de jogos eram azulejos vinho com demarcações amarelas.

As pessoas gritavam de alegria a cada botão que apertavam nos caça-níqueis ou a cada jogada certa no poker e em qualquer jogo de cartas. O dinheiro rolava solto e provavelmente muitas pessoas sairiam felizes e infelizes daquele cassino. Mas, afinal, naquele momento ninguém estava pensando no dia de amanhã - muito menos Fate.

- Ele não está aqui, Grim.

- Pois é, geralmente ele fica próximo aos toaletes, papeando as moças que levam seus filhos para trocar as fraldas... - comentou Grim, arrancada uma leve risada de Fate. - Mas, eu já sei onde ele deve estar. Venham comigo.

Falcomon, que estava planando sobre os outros três, decidiu terminar o pequeno vôo e usou de suas pernas para se locomover juntamente aos outros pelo corredor. Grim deu um sinal, e os outros três fizeram a mesma coisa que ele - viraram um corredor à direita. Ao final desse corredor, existia uma espécie de parede de tijolos laranja, sem pintura e sem acabamento. Não havia ninguém ali perto, sequer um segurança do cassino, o que deixou Fate um pouco assustado. Mas, Grim estava confiante, e transferiu esse sentimento ao grupo.

Chegando ao final do corredor, deram de cara com a tal parede.

- Acho que entendi. - Fate, querendo usar de toda a sua inteligência para demonstrar aos outros que era o fodão, esboçou um sorriso e uma impressão de sábio, com a testa franzida. - O maluco sabe atravessar paredes, é isso?

- Hahaha. Gostei dessa. - finalmente Benjamin havia servido para algo, no pensamento de Grim. - Não, seu bobo. Esse lugar é o esconderijo de Julian Casablanca, o dono deste cassino. Ele costuma vir aqui quando o cassino está lotado ou não há mulheres para paquerar.

- Entendo. - disse o americano, estralando seus dedos. - Então a gente vai ter que aprender a atravessar paredes como ele, é isso?

Mais uma gargalhada, dessa vez atingindo o grupo todo. Falcomon bateu um pouco suas asas o bastante para aproximar-se da cabeça de Benjamin McFate, para dar um leve espalmo em sua cabeça. Commandramon se jogou no chão e começou a rolar, sendo repreendido por Joshua Kasagrim. O japonês, por sua vez, olhou com uma cara para Fate e caminhou mais um pouco, encostando sua mão na parede, e dizendo a palavra womans.... De repente, uma porção da parede brilhou intensamente e, após a forte luz, ela começou a se retrair para o chão. Uma leve nuvem de poeira subiu ao ar, causando a emissão de cof, cofs dos fugitivos.

Grim adentrou na valeta, chamando Fate e os outros, que o seguiram.

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Era um local magnífico. Digno de uma cena de filme, os fugitivos olhavam atenciosamente para cada detalhe daquela sala. Era um lugar um pouco apertado, mas que cabiam as coisas de um dito louco era certeza. Tal sala era redonda, tendo como óbvio uma única parede, que era feita de metal azul-celeste. Fixada à parede, havia uma mesa também redonda, sobre ela um computador de última geração, alguns retratos e fotos, flores perfumadas e atraentes, lápis, canetas, entre muitas outras coisas. Na parede, vários cabos subiam ao teto, de onde pendia uma grande luminária branca, que iluminava todo o local. Antes disso, um corredor, que levava ao cassino, de onde os dois humanos e os dois digimons tinham vindo.

Grim resolveu fazer algo que não fora dada permissão a ele, mas como de costume, era sempre bom verificar o que estava ocorrendo. Ligou o computador, e esperou. A tela que antes estava negra piscou, surgindo assim outra, de coloração azul. Não havia nada, apenas um pequeno ícone quase que invisível no canto inferior-direito da tela. Tal ícone era uma pequena carta; Grim sugeriu que fosse um e-mail, e decidiu abri-lo. Levou a seta até o pequeno ícone com o mouse e após um suspiro, resolveu clicar.

Uma janela pop-up surgiu.

Grim,

sei que neste exato momento você pode estar preocupado comigo e deve estar se questionando o porquê de eu não estar ai, ou porquê eu deixei esse email a você. Não se preocupe, estou bem. Estou viajando, e devo voltar logo. Você me contou que ia a Area 51 com o Fate, e eu já imaginava que tudo isso ia acontecer. É apenas o começo...

De seu grande e velho amigo, Julian Casablanca.

Grim fechou a janela e, num piscar de olhos, tocou no botão do monitor, fechando a tela e desligando o computador moderno.

- Viajando... - Grim pensara por poucos segundos e num ato de loucura saiu correndo. Sua foice balançara como nunca em suas costas, brilhando como se estivesse nova. - Venham comigo, pessoal!

Em menos de meio minuto, os quatro fugitivos já estavam de volta ao cassino, correndo como doidos pelo felpudo tapete vermelho. Viravam à direita na próxima bifurcação, e seguiram reto por poucos segundos, virando à esquerda na próxima bifurcação. Ao longe era possível de se ver uma escada e dois homens de smoking preto, um de cada lado da escada. Ambos estavam com as mãos para trás e com pistolas encaixadas perfeitamente em seus coldres. Óculos escuros os deixavam com um ar mais assustador, mas talvez fizesse apenas parte do traje que utilizavam.

Joshua Kasagrim dissera aos outros três para não pararem de correr, mesmo quando chegassem perto dos dois seguranças. Commandramon advertira que eram fortes os bastante para matá-los em um só golpe com as mãos, mas isso não amedrontava Benjamin McFate. Os passos se tornavam demorados e tudo parecia estar em câmera lenta quanto mais se aproximavam das escadas e dos temidos seguranças. O japonês estava confiante, mas o americano, o falcão e o pequeno dinossauro escamoso não estavam entendendo nada com nada.

Os seguranças perceberam, faltando alguns metros de aproximação, a estranha locomoção dos quatro fugitivos. Eram os fugitivos da Area 51 e, sem dúvida alguma, partiram para cima dos quatro. Fate partiu pra cima do menor dos seguranças, e desferiu um soco em sua barriga, fazendo com que o segurança levasse as mãos ao local atingido. Falcomon tinha se encarregado do outro, dando um chute em seu queixo, quase o quebrando.

Grim e Commandramon não tinham parado de correr. Subiram alguns degraus da escada e, ao olharem para trás, viram Fate e Falcomon lutando com os seguranças.

- Vão! Não se preocupem com a gente, nós vamos segurá-los! Podem ir!

Mesmo não sabendo o motivo de todos estarem indo para as escadas, Benjamin McFate transmitiu confiança ao dizer tais palavras ao amigo, Joshua Kasagrim. O japonês lançou um olhar sincero e um sorriso calmo e confiante ao americano de cabelos longos e ondulados, fazendo com que sua preocupação sumisse, no mesmo instante. Ver a determinação de Falcomon lutando e se defendendo do gigante de dois metros de altura fez com que o digimon dinossauro de Grim ficasse comovido, quase derramando lágrimas.

Grim o chamou e, após um último olhar, os dois viraram as costas, começando a rapidamente subirem os degraus de concreto da escada.

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Última edição por Leonardo Polli em Ter 29 Nov 2011, 4:21 pm, editado 1 vez(es)
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Leonardo Polli Dom 20 Nov 2011, 9:53 pm

Sentia-se sozinho. Sozinho, sem amigos ou familiares por perto. Sem ninguém. Estava tão frio. A leve brisa que passava queimando em seus braços deixava toda aquela situação tensa com um clima de deserto. Mas, não era um deserto. Por mais que tudo estivesse escuro, a forte lua iluminava aquele terraço, onde se encontravam duas figuras humanas.

Grim realmente não estava entendendo nada. Nenhuma explicação surgira da boca da outra pessoa, o que o deixou mais aflito. Seu coração pulava mais rápido e mais rápido a todo instante, o que dificultava sua respiração. Era praticamente impossível ver o rosto da outra pessoa - estava encoberto. Mas, de fato, era familiar... Grim só não lembrava quem podia ser.

- Me diga, onde ele está. - perguntou uma voz um pouco grossa e misturada com uma leveza pura, o que realmente impossibilitava a descoberta da pessoa.

- E-Eu já disse, não sei! - o japonês, aflito, respondeu. Por mais que temesse uma ação inesperada do homem desconhecido, ele não iria dizer a verdade.

De repente, o homem começou a caminhar em sua direção, lentamente.

- Está... Está acontecendo... como no pesadelo.

Joshua Kasagrim começara a temer por sua vida. Sim, como dissera, tudo estava indo igualmente ao pesadelo que tivera, enquanto estava hospedado no hotel de onde fugiram. Mas, desta vez, o misterioso homem à frente do japonês e do digimon dinossauro não dizia coisas bobas como a boquinha, abre a boquinha!. Ao contrário; estava caminhando silenciosamente e sem fazer barulhos com suas botas de couro, como se estivesse flutuando sobre o chão e não andando sobre ele. De certa forma, o caminhar do tal homem lembrava Grim de certo alguém.

Seus braços, num constante vai-e-vem de acordo com os seus passos sombrios, demonstravam certa ansiedade em atacar. Tal demonstração passou a ser prática quando, de repente, uma lança surgiu abaixo do punho direito do homem, que não demorou a encaixar a haste de madeira dentro de seu punho cerrado e em seguida, o abrindo com tudo e ocasionando um impulso, jogando a lança para frente, na direção do homem japonês, que se jogou para o lado esquerdo com tudo, desviando do ataque. A lança varou o ar e sua parada foi a porta de uma pequena estrutura, aparentemente uma casinha, que dava acesso a escadaria para os andares de baixo do cassino, de onde a dupla viera.

Commandramon, após o ataque, ficou furioso.

- M16 Assassin!

Seu primeiro pensamento foi de pegar sua metralhadora e começar a disparar várias balas, que furiosamente iam à direção do homem misterioso. Caso fosse um humano normal, sua vida seria tirada naquela hora, mas, num piscar de olhos, algo com mais de um metro e meio parou a sua frente e estendeu suas mãos, deixando as palmas à mostra. Delas começaram a se formar ondas de coloração verde e vermelha que, de certa forma, repeliam as balas quando eram tocadas pelas ondas, fazendo com que elas não atingissem o homem atrás de seu defensor.

O digimon escamoso parou de atirar, e ficou impressionado. Suas balas não surtiram efeito algum, e um simples ataque de alguém que ele desconfiava em ser seu conhecido havia acabado com suas balas, que permaneciam no chão. Um sorriso esboçou-se na face da figura que surgira a tão pouco tempo, preocupando Commandramon. Grim olhava tudo isso um pouco longe do outro humano e do outro digimon, mas em paralelo ao seu parceiro Commandramon. O tilintar das balas nos pés de Dracmon, enquanto caminhava sobre elas quase as esmagando, fez com que o homem japonês se levantasse, com sua desconfiança tornando-se uma certeza.

Grim não estava acreditando.

- V-Vion?

- Onde está ele, Grim? - o misterioso homem, agora descoberto sendo Kid Vioner cruzara seus braços. - Onde está Fate?

- V-Vion... Eu não entendo. - boquiaberto e com a cabeça abaixada, o japonês piscava seus olhos orientais com uma expressão bucólica. - Por quê?! Por que você sumiu, por que está do lado do Comandante Blade... Por que quer nos matar!!?

- Muitas perguntas, poucas respostas. - descruzando os braços, o homem vestido com o sobretudo voltou seu olhar para a lua, que estava brilhando nos céus negros. - Onde está Fate?

- POR QUÊ!?

Suas narinas bufaram como se, assim como o dono, sentissem certa desaprovação relacionada a Joshua Kasagrim. Kid Vioner havia levado sua paciência aos desconhecidos limites, e abaixou-se um pouco para falar no ouvido de Dracmon, seu parceiro digimon. Segundos que mais pareciam horas se passaram e de certa forma amedrontaram Commandramon. O digimon vampiresco tomara passos em sua direção, com suas garras vermelho-sangue brilhando como rubis. Seu olhar frio e espantoso indicava que o que seu parceiro humano lhe havia dito não era brincadeira.

Vion voltou sua atenção para o homem japonês. Como se estivesse adivinhando, Grim moveu seu braço esquerdo sorrateiramente para as suas costas, retirando a foice do pequeno suporte em que estivera encaixada. Sua lâmina ofuscava os olhos do homem de cabelos loiros e arrepiados, conforme refletia a luz lunar. Mas, de fato, isso não interferira em nada; Vion saiu em disparada na direção do homem japonês, que preparava sua foice para lançá-la contra o atacante, enquanto ofegava.

O homem de cabelos loiros arrepiados interrompeu sua corrida e parou com tudo, com os pés firmes no chão do terraço.

- Idiota!

A foice vinha completando várias voltas de trezentos e sessenta graus no ar, enquanto violentamente cortava a direção do homem de sobretudo azul royal. Levou sua mão direita paralelamente à frente de seu corpo, com a palma a mostra. Surpreendentemente, a foice congelou no ar, sem cair. Os olhos de Joshua Kasagrim se arregalaram e a tensão começava a aumentar ainda mais depois da cena que acabara de presenciar. Como se não bastasse, Vion saltou no ar e juntou os dedos da mesma mão, descendo com ela como se fosse fatiar algo. Ao tocar os pés no chão, sua mão partiu em dois pedaços a haste da foice, fazendo com que a metade em que estivera a lâmina voasse para fora do terraço.

O japonês se assustou com a tamanha habilidade inumana e incompreensível de Vion. De certa forma, seria meio fácil quebrar a haste de uma foice, pois é feita de madeira. Mas, no caso de sua foice, a haste possuía interiormente uma camada de aço bastante reforçado, o que teoricamente tornaria impossível a possibilidade de quebrá-la. Passou a não confiar em seus olhos orientais, mas mudou sua opinião após ver Commandramon em desvantagem contra Dracmon, que havia destruído a metralhadora do digimon escamoso. Não só Vion como Dracmon acabariam com o japonês e seu digimon dinossauro dali alguns minutos, caso resistissem.

Grim não entendia.

- Por que, Vion? Apenas me explique, POR QUÊ? - sem entender nada, Joshua alinhava sua visão com a de Vion. - Por que você aparece do nada e resolve nos matar? POR QUÊ?

- Eu não preciso explicar uma coisa dessas para um ser humano tão desgraçado e insignificante igual a você.

O medo estava aumentando. Estava começando a temer por sua vida. De certa forma, a amizade que eles tinham havia se acabado. Uma coisa que levaram meses e anos para se concretizar se destruíra em poucos segundos, ou numa simples volta. Grim pensava e pensava, querendo saber o porquê do sumiço repentino de Vion após a formatura do terceiro ano do Ensino Médio. Os três - Grim, Vion e Fate - haviam feito planos para o futuro, como namoros, casamentos, viagens e até a faculdade, pela qual somente Grim passara.

Não havia nada no passado que havia feito com que a cabeça de Vion ficasse transtornada, ou motivo que fizesse com que ele mudasse seu modo de pensar. Tudo havia sido mil maravilhas, mas nada mudava o fato do sumiço do moço de cabelos arrepiados ainda ser confuso. Grim tentou por mil vezes forçar sua memória para estabelecer alguma resposta, porém, como previsto, nada conseguira.

Boquiaberto e sem reação, ele olhou além da sua direita e viu Dracmon desferindo um soco potente na região do abdômen de Commandramon, que tombou para trás, desacordado.

- NÃO! COMMANDRAMON! - sem pensar, o primeiro impulso que tomou foi correr para o lado de seu digimon e tentar reanimá-lo, mexendo em seu corpo. Ofegante, olhou com firmeza nos olhos de Kid Vioner, que permanecia quieto ao lado de Dracmon; ambos olhando para o japonês. - Por quê... Por que você está fazendo isso conosco, Vion? ME EXPLIQUE!

- Essa vai ser a última vez que eu vou te perguntar. - Vion começou a caminhar calmamente na direção de Grim, que estava ajoelhado ao lado de seu digimon, a uma distância de mais ou menos cem metros. - Me diga, onde ele está.

- Eu já disse, não sei...

- ONDE ESTÁ FATE?!?

Estendeu sua mão para frente e num piscar de olhos a lança cravada na porta da casinha veio a sua direção, sendo pega por ele. Correndo com todas suas forças, Vion se direcionou a Grim, que estava chorando ao lado de Commandramon, provavelmente se entregando à morte. Para ele, as esperanças haviam acabado, mas como um raio que desce rasgando os céus, um milagre acontecera.

BANG!

- Eu estou aqui.- com as Twin Blasters em mãos, Fate estava apontando-as para Vion, que estava imóvel e com uma cara de espanto. - Se der mais um passo, eu estouro seus miolos e você não vai mais poder usar o que você chama de cérebro.

Dois buracos curiosamente medianos soltavam um filete de fumaça, que subia calmamente o ar carregado por uma brisa fria e selvagem. Uma bala havia sido cravada em cada orifício aberto no chão do terraço, amedrontando Kid Vioner. Astutamente, Benjamin McFate havia chegado e ao lado de Falcomon, que lhe transmitira coragem e lealdade a cada segundo, atirara à frente de Vion, calculando o tempo para não acertar seu amigo Grim, e Vion, que a poucos metros do japonês permanecia. Sabia que era um tanto ruim de mira e que tremia um pouco para mirar, mas a confiança em si mesmo o ajudara a ultrapassar seus limites.

Soprando a fumaça que saía dos buracos de suas duas pistolas gêmeas, Fate, que estava com uma cara de sínico e sério, esboçou um sorriso gigantesco.

- Aqueles guardas deram um trabalho enorme pra gente, Grim. - comentara o homem americano, com o mesmo sorriso, mas um pouco diminuído. - Tanto que demoramos até agora para chegar aqui.

- Nos desculpe, Grim. Sentimos muito e não sabíamos que Dracmon viria nos atormentar. - disse Falcomon, com asas cruzadas e caminhando na direção do japonês, que estava ao lado de seu digimon.

- Que bom que vocês vieram, amigos. Eu lhes agradeço muito.

Joshua Kasagrim levou suas pequenas e delicadas mãos aos seus olhos, descendo-as e subindo-as por duas vezes, enxugando as lágrimas que escorriam. Voltou-as para o chão, fazendo força para se levantar, conforme o tempo passava, voltava a felicidade interior. Commandramon tossira por três vezes seguidas e incrivelmente conseguiu se levantar sozinho, com uma expressão facial que demonstrava sono. Sem a sua metralhadora ele não teria como atacar, salvo suas granadas, mas que eram ineficazes contra os velozes Kid Vioner e Dracmon.

Falcomon correu e com toda a alegria do mundo abraçou Commandramon, que soltara algumas falas boas. Grim, que estava feliz e ao mesmo tempo triste, talvez pela perda de sua foice, se direcionou até Fate, que ainda apontava as Twin Blasters para Vion e Dracmon - ambos parados e quietos, como se fossem estátuas que respiravam, ofegantes.

Fate, que por desviar sua atenção para o lado direito para ver se os três amigos estavam bem, mal percebera que Vion havia retirado seu digivice do bolso. Como que, por um milésimo de segundo, tudo havia perdido sentido e ele havia vacilado de bobeira, começando a se sentir mal por ter se descuidado de uma maneira tão, mas tão idiota.

Vion levantou o objeto e seu corpo meteu-se numa profunda e brilhante aura negra.

- Digisoul Full Charge!!!

Levantou seu braço direito, esticando-o como antes, fazendo com que toda a chama tenebrosa se espalhasse por ele, subindo aos céus. Concentrada somente em sua mão direita, a chama desceu rasgando o ar quando ao bater a mão no sensor superior do digivice, sua tela brilhou, indicando as palavras Perfect Evolution.

- Dracmon Chou Shinka...

A chama negra, composta pelos números zero e um, passaram pelo corpo do pequeno digimon vampiresco, mudando cada membro e cada parte de seu corpo negro. Sua estatura física, tal como altura e largura também mudaram, tornando-o naquele vampiro diabólico de antes. Mostrou as dez lâminas encaixadas em seus dez dedos das mãos, que cintilavam ao refletir a luz lunar. Seu sorriso demonstrava certa segurança após a transformação e a mudança de um digimon seichouki para um kazentai.

Tudo estava sob controle.

- Matadormon!

O digimon assustador de quase dois metros de altura posicionou a frente de Kid Vioner, mantendo o humano atrás de seu próprio corpo, talvez para protegê-lo de qualquer ataque. Vion esboçou um sorriso, que desmanchou o de Fate e destruiu em mil pedacinhos a recente felicidade que pulsava no coração de Grim pela súbita chegada do americano no terraço. Poderia avançar naquele momento e acabar com Falcomon, que já demonstrava um pouco de cansaço e Commandramon, que acabara de acordar, mas, como era esperto, Matadormon resolveu analisar mais um pouco a situação.

Cruzou as dez lâminas paralelamente a seu corpo, demonstrando certo receio de que os outros humanos e digimons se aproximassem de Vion.

- E agora, Fate? Quem vai te salvar, o papai noel?

- Papai noel só vem mês que vem, Vion. Ainda estamos em Novembro. - comentou Benjamin McFate, não perdendo sua postura. - E ele não traz presentes para as criancinhas más!

- Mas é um idiota mesmo. Está com a pá nas mãos e ainda me caçoa. Tsc. - Vion suspirou mais uma vez e, de certa forma, sentia dó de Fate.

- Eu não estou com uma pá em mãos. - Fate, sem que Vion percebesse, sorrateiramente recarregou as Twin Blasters. - Mas tenho em mãos algo que também pode abrir buracos.

Com um leve salto para a sua esquerda, Benjamin McFate preparou rapidamente as Twin Blasters e começou uma sessão de tiros direcionados a Vion que, como de início, estava sendo protegido por Matadormon e suas afiadas lâminas de metal. A velocidade das balas era tão incrível que, quando atingiam as lâminas de Matadormon, rebatiam com a mesma velocidade para várias outras direções ou caíam no chão, tinindo. Nada disso amedrontava Kid Vioner, confiante de que venceria a batalha e levaria os corpos de Fate e Grim. Fate sem digivice, Grim sem sua foice e podendo atingir somente o seijukuki; Dracmon em seu estado kazentai. Tudo estava indo como planejado.

As balas pareciam não surtir efeito, visto que atingiam somente as lâminas de Matadormon, que as girava rapidamente para desviar as balas. Vion estava inatingível e, de certa forma, se a sessão de tiros continuasse, seria em vão; os inimigos sairiam em vantagem e os fugitivos morreriam fácil. Fate acenou para Falcomon, que rapidamente entendeu a idéia. O falcão subiu ao ar e rapidamente voou na direção de Matadormon, parando e planando poucos metros de distância do vampiro. Abanando suas asas contra o vento, como se estivesse empurrando algo, fez surgir várias shurikens no ar, que se direcionaram e se chocaram contra as lâminas de Matadormon.

O choque fora tão grande que todas as dez lâminas caíram no chão, tinindo muito alto e arregalando os olhos do vampiro.

- Eu... Eu não sei se isso é o certo.

Vion ficou com uma profunda confusão em sua cabeça.

- O q-que está acontecendo, Matadormon?

Um kazentai perder o equilíbrio após ter se chocado contra shurikens disparadas por um seichouki? Isso até seria aceitável, visto pelo lado físico - provavelmente machucaria o corpo de Matadormon - mas, de fato, não era pra ter acontecido. Ele era dois níveis mais forte que Falcomon, fora que era bem mais forte que ele, tendo uma vantagem monstruosa por cima do falcão ninja, portanto, não tinha nenhuma possibilidade de se perder o equilíbrio. Se fosse outro caso, a sua determinação venceria seu medo. Mas, não era nada disso.

Era seu psicológico.

-... Mate-o, Matadormon! Mate Falcomon!

O digimon vampiro sem responder, se ajoelhou perante Falcomon, que permanecia planando. Vion continuava sem entender.

- Por quê? POR QUÊ?!?

- Eu... Eu... Eu simplesmente não consigo matá-lo, Vion.

Kid Vioner estava com olhos salgados. Sua determinação não adiantara de nada. O ar havia ficado mais pesado, e as lâminas estendidas ao chão, próximas aos joelhos de Matadormon demonstravam uma suposta derrota. Benjamin McFate já havia parado de atirar, deixando o trabalho para Falcomon finalizar. Joshua Kasagrim e Commandramon ao longe visualizavam a cena, um cuidando do outro. Falcomon, que ainda planava com suas asas negras e felpudas, olhava com certo remorso o digimon vampiro começar a brilhar, enquanto seu tamanho diminuía e ele voltava a ser Dracmon.

O digimon falcão lembrou-se do passado. Do tempo em que curtia a amizade com Dracmon. Dos momentos ao lado do digimon sapeca e travesso, que sempre jogava casca de banana na frente dos outros ou escondia seus materiais escolares, tudo para causar o caos e a desordem total na escola. Mas, era algo legal e interessante. Coisas como essa era o que mantinha a amizade deles. De certa forma, Falcomon se sentiu culpado, e desceu para o chão do terraço, caminhando para perto de Dracmon.

Vion, ao longe, com olhos esbugalhados perante a situação, tentava entender o porquê de Matadormon não ter matado Falcomon quando tivera a chance. Era pra ele estar saindo dali naquele momento, ele podia sair, mas não iria abandonar seu parceiro ali, sem forças. Praticamente impossível de se chegar ao pequeno vampiro, pois tinha se afastado demais depois que Fate parou a sessão de tiros com as Twin Blasters.

Grim não pensara duas vezes. Não queria ver quem sairia machucado, ou morto. Levantou-se e começou a correr na direção de Dracmon, que estava desmaiado à frente de Falcomon, que cuidava do pequeno vampiro. Commandramon, com metade das forças restauradas, gritara e alertara o amigo humano para ficar ali, mas não, lhe fora desobediente e partiu rumo a Dracmon, pronto para matá-lo. Que levasse Falcomon junto, mas iria matá-lo. Isso alertou Fate e Vion, que gritaram em uníssono o nome do japonês. Talvez as vozes tivessem sido muito fracas para pará-lo, mas, de certa forma, os tremores que começaram a aparecer no chão do terraço o amedrontaram de tal modo que ele parou de correr, ficando instável.

Uma enorme sombra subia aos céus. Aparentemente, era uma mistura de dragão com espadachim, de porte grande. Possuía asas metálicas e portava uma gigantesca espada embainhada em suas costas. Seus punhos carregavam espécies de manoplas acopladas com lâminas de machado. Seu corpo musculoso e monstrengo era azul, coberto por uma armadura cintilante composta pela combinação do vermelho-sangue com um verde meio opaco. Em seu elmo, ombreiras e peitoral demarcavam-se chifres de tamanhos e cores diferentes. Parecia mais com um gigantesco demônio.

O enorme monstro desceu o ar levemente, como se estivesse com propulsores nas costas. Falcomon voltou sua atenção para cima, dando de cara com os olhos do monstro que, mesmo lá em cima e distante, transmitiam muito medo. Commandramon havia corrido perto de Fate para assegurar que ele não fizesse nenhuma besteira e Grim, amedrontado e temendo pela vida, voltou para onde seu amigo americano estava. Os três próximos a porta, Falcomon e Dracmon praticamente no meio do terraço, Kid Vioner a noroeste dessa posição e o gigantesco monstro a norte de onde o falcão e o vampiro estavam.

Os pés com garras brancas e afiadas se posicionaram em terra firme. Do ombro direito de Butenmon saltou alguém, que aparentava ser um humano. Era muito alto e provavelmente morreria ao chegar ao solo, mas, para provar o contrário, seu pouso foi simples e leve, como se fosse uma pena. Levou sua mão direita ao chapéu, levantando a aba dianteira um pouco. Caminhou menos que dez passos medianos e olhou para frente, tendo uma visão de todos.

- Bravo, bravo! - o homem parabenizava alguém dos que estavam ali, mas nada se deduzira. - Dracmon ao chão, mais uma vez. Você realmente consegue provar seu valor, não Vion?

- Reverbel, eu não tenho culpa! Eu dei a ordem, ele não cumpriu! - Vion estava temendo pela sua vida, pois não sabia o que lhe aconteceria.

- Troque de digimon então, oras. Existem bilhões por ai, por que se preocupar com um que nunca vence sequer uma batalha e só dá problemas? - disse Reverbel, insensivelmente. - Veja o meu, que gracinha. Até hoje ele só vacilou uma vez comigo, e teve seu castigo. Depois, nunca mais.

Fate não gostou nada da atitude de Pierre Reverbel e decidiu interferir, mesmo sem ser chamado.

- Acontece que digimons são como os humanos; eles têm sentimentos!

- Benjamin McFate. É uma honra estar te conhecendo pessoalmente, caro amigo. - cruzou os braços e ajeitou seu chapéu, caminhando mais alguns passos. - Pena que cheguei a pleno velório.

- Alguém que diz que digimons são meros objetos não merecem a minha amizade, nem muito menos a minha paciência. - preparou novamente as Twin Blasters e começou a correr. - FALCOMON!

O falcão não olhou para trás. Ao invés, abaixou sua cabeça e deixou derramar uma lágrima de seus olhos. Não soube por que, mas aconteceu. Dracmon continuara desmaiado. Esquecendo tudo isso, enxugou as lágrimas, levantou a cabeça e deu um impulso, voando na direção do gigantesco digimon. Preparou várias shurikens e começou a disparar na direção do inimigo enquanto Fate, ao seu lado, corria e atirava sem parar. O choque das estrelas-ninja e das balas no corpo e na armadura metálica de Butenmon provocava um barulho muito agudo, mas que não chegava a incomodar.

Butenmon permaneceu quieto por certo momento. Até que, aproximadamente cinqüenta metros de distância de Fate e Falcomon, o gigantesco demônio levantou sua espada e desceu-a com tudo, rasgando o ar, provocando uma espécie de ventania muito forte, que levou o corpo do homem americano e do digimon falcão. Joshua Kasagrim correu com todas as suas forças e saltou, conseguindo agarrar o corpo de Benjamin McFate. Falcomon conseguiu se salvar graças ao constante bater de suas asas, que o estacou no ar, pouco a pouco.

Pierre Reverbel ainda não havia hesitado. Queria demonstrar mais um pouco da força de seu digimon.

- BUTENMON!

- Dance of the Sun!!!

O gigantesco demônio destacado pelo vermelho-sangue impulsionou seu corpo para trás, planando no ar, acima do terraço. Embainhou sua grande espada e levou seus punhos por cima de sua cabeça. Descendo cada punho formando uma semi-circunferência em cada lado, Butenmon formou uma espécie de bola negra gigantesca, a qual segurava com as mãos. Pierre permaneceu quieto e, de certa forma, Butenmon sabia o que fazer. Virou-se, o barulho de propulsores agitados, e lançou com um leve impulso a bola negra na direção da lua branca e límpida. Poucos segundos se passaram, e tudo ficou escuro.

Não havia mais orientação. Uma pequena, bem pequena iluminação vinha da casinha em cima do terraço - que levava a escadaria -, guiando-os somente alguns metros quadrados próximos àquela área. De resto, tudo escuro.

- Agora vocês vão ver o que é morte, amigos.

- NÃO!

Uma doce voz com um tom de agonia partiu cintilante pelo ar. Parecia clamar por socorro, mas de fato, não; havia interrompido a próxima ação de Pierre Reverbel, que esperava ansiosamente para matar Fate, Grim, e seus dois digimons. Benjamin não tinha idéia de quem poderia ser aquela voz feminina; lembrou de Felicia, mas a dela era totalmente diferente. Era mais bonita aos seus ouvidos, de certa forma. Mas, por outro lado, o deixou com mais certa calma, pois Reverbel havia pelo menos adiado a sua morte.

Grim analisou com cuidado a voz, mas não obteve nenhum resultado. Falcomon permaneceu ofegante ao lado de Fate, e Commandramon já tinha se levantado, embora estivesse demonstrando sinais de cansaço.

Vion, que trazia a seus braços o seu parceiro Dracmon, sabia a quem pertencia a voz.

- Sa-Sarah, é você?

- Eu não acredito nisso. Eu não acredito. - apesar da clareza de suas palavras, o seu corpo ainda continuava banhado na imensa escuridão, impossível de ser visto. - Reverbel, você sabe que pode ser morto por ter desobedecido as ordens de seu superior? - aparentemente estava furiosa, pois o seu tom de voz começou a engrossar e seus passos tornaram-se mais pesados. - A ordem era: capturar Benjamin McFate, Joshua Kasagrim e seus dois digimons, e trazê-los VIVOS!

Pierre sentiu o peso na consciência, mas pouco estava se importando com o que a mulher lhe falava.

- Dane-se! - direcionou sua ofensa a mulher. - Sou eu que faço as minhas regras.

A imensa escuridão não permitiu a todos que ali estavam ver que o homem de chapéu retirou sorrateiramente de dentro de seu smoking seu assustador fuzil, o qual segurou com ambas as mãos, partindo para cima dos fugitivos, que estavam todos juntos. Fate entrara em estado de alerta e havia pegado as Twin Blasters, segurando-as firmemente com as mãos, pronto para se defender e defender seus amigos. Falcomon posicionou-se em modo de ataque, e Grim ficou um tanto atrás de Commandramon, com certo receio de ser atingido antes que os outros, pois não possuía mais a sua foice.

Kid Vioner estava mais distante que todos os outros, carregando Dracmon em seus braços. Estava com medo de seu digimon acabar morrendo, pois mal havia se recuperado da batalha na Area 51. Pensava que estava fazendo tudo errado e colocando a vida do pequeno vampiro em risco, tudo para acabar com a vida de Fate. Dracmon, que era totalmente fiel ao seu parceiro humano, apenas fazia o que lhe era ordenado, tudo para ver seu parceiro se sentir bem. Mas, de certa forma, esses impulsos estavam acabando com as suas vidas.

Fate mirou as suas duas armas gêmeas para frente, de onde vinham alguns passos.

- NÃO Fate, NÃO atire!!! - Falcomon havia interrompido seu parceiro humano, agarrando-o pela cintura. - Você pode acertar outro alguém que não seja Reverbel. Por favor, não.

- Tudo b... AAH!

Sua cautela havia sido zero, o que fez com que Pierre Reverbel se aproveitasse da situação. Dando-lhe um potente soco com a mão direita na barriga de Benjamin McFate, Reverbel ficara com um sorriso diabólico enquanto via Fate ser jogado numa direção inclinada, com o corpo recuado, e cair no chão. O impacto fora tão grande que, no mesmo momento, seus olhos se reviraram e sua respiração havia parado. Seu corpo inteiro se enfraquecera, seus músculos não mais respondiam, e as suas forças já haviam se esgotado. Os olhos de Falcomon nada viam, mas de certa forma sentiram a mesma dor que o humano caído no chão estava sentindo. Uma lágrima salgada caíra de seu olhar assustado, que pouco a pouco se transformava em fúria. Fecharam-se e, com as duas asas, enxugou mais lágrimas que escorriam pela sua face felpuda. Cerrou seus punhos e, mordendo os dentes, com toda a raiva do mundo, partiu pra cima de Pierre, pronto para acabar com a sua vida.

Seus punhos latejavam de dor de tanto estarem apertados, porém nada mais importava naquele momento.

- TOME, SEU FILHO DA PUTA!

Como se estivesse em câmera lenta, Falcomon desferiu um soco para acertar a face do homem que deixara Fate desacordado. Rezando para que acertasse e tudo ficasse bem, o falcão negro, com olhos fechados, havia acertado uma coisa que, por acaso, não era sólida: o ar. Reverbel desviara com calma e tranqüilidade e, em seguida, cerrou seu punho direito e desferira um golpe eficiente com seu cotovelo na cabeça do digimon ninja, que perdera as forças e fora ao chão, também desacordado.

Joshua Kasagrim apenas escutara gritos de dor antes que duas coisas se tombassem no chão. O medo de morrer e as esperanças zeradas o deixaram imóvel; tão imóvel que mal conseguira levar a mão ao seu bolso e pegar seu digivice, a fim de evoluir Commandramon e pelo menos tentar sobreviver. Em todo aquele tempo ficara imóvel, seu sistema nervoso não respondera a nenhum movimento.

Reverbel, num salto inumano, voltara pra perto de Butenmon.

- Nada e ninguém nesse mundo consegue me deter, como você pôde ver, Watson. - cruzou os braços e guardou a sua AK-47. - Agora, só restam mais dois. Butenmon, ataque!

O gigantesco demônio draconiano foi ao ar mais uma vez e, cometendo o mesmo ritual de antes, fizera com que a gigante bola negra, que estava cobrindo a lua branca viesse parar em suas mãos, flutuando. Rapidamente, lançou a mesma esfera na direção de Grim e de Commandramon, que estavam lado a lado, a frente dos corpos de Fate e Falcomon. Caso os acertasse, a morte seria certa. Mas, eles muito tinham que fazer ainda, por que deveriam morrer, justo naquela hora, justo naquele dia, justo naquela batalha?

Grim já havia perdido as esperanças e começava a clamar aos céus.

- Deus... Por favor, eu Te imploro... Mostre-me... Mostre-me UMA LUZ!

De certa forma, como se uma estrela cadente tivera passado ao lado deles naquele momento, seu pedido ou desejo havia sido atendido. De longe, próximo a lua, que agora tudo iluminava, um pontinho laranja, aparentemente uma estrela qualquer, crescia e crescia cada vez mais. O japonês, como era inteligente, chutou que era algo que se aproximava daquele terraço. Um meteoro, um cometa? Mas, se ele pediu uma luz, por qual motivo surgiria algo que acabaria com as suas vidas? Devia estar errado, mas pouco a pouco, começava a pensar corretamente.

Passados alguns segundos, a suposta estrela laranja tornara-se um monstro encoberto por chamas brilhantes, que rasgavam os céus enquanto o ser descia inclinadamente. Ao atingir o terraço, cravou suas monstruosas garras no solo, fazendo com que ficassem marcas de sua aterrissagem. Era um leão. Um leão quadrúpede, musculoso e grande. Em cima dele, montado em suas costas, os cabelos grisalhos e o costume de vestir roupas sociais caríssimas e estilosas mataram as dúvidas de Grim.

Era Casablanca.

- De certa forma, penso que as coisas acontecem quando devem acontecer. - comentou, descendo das costas de seu magnífico digimon. - Grim e Commandramon; levem Fate e Falcomon para onde eu costumo ler jornal.

- Cas-Cas-Casablanca... Muito obrigado. Mais um favor que eu lhe devo. - seus olhos se sentiram nas nuvens, assim como seu corpo se sentia flutuando. Grim estava completamente feliz. - Rápido, Commandramon! Pegue Falcomon!

Julian Casablanca cerrou seus punhos e deixou-os um de frente ao outro, com os braços inclinados num ângulo de noventa graus a frente de seu corpo. Acenou positivamente com a cabeça, sendo imitado por Grim. Era um costume, um ritual de agradecimento japonês, o qual os dois sempre que faziam um favor um ao outro exerciam. O dono do cassino falara para os dois parceiros irem depressa. O japonês, com um pouco de esforço, colocara Fate em seus ombros. O mesmo fez Commandramon com Falcomon. Após, seguiram até a casinha, que os levariam para a escadaria, mas não antes de se despedirem de Casablanca e Firamon. Grim abriu a porta com um chute, e seguira rapidamente para dentro. Commandramon, quase se desvencilhando do corpo de Falcomon, descia as escadas com cuidado, a ponto de não derrubar o falcão.

Os três humanos, que permaneciam a norte de Casablanca e seu digimon, não demonstravam medo.

- Você acha que pode nos vencer, velhote? - Vion, com olhos determinados e à esquerda dos três - na visão de Julian - estava com olhos determinados.

- Um Firamon não pode causar nem um arranhãozinho em Butenmon. - comentara Reverbel, ao meio dos três e a frente de Butenmon.

- A Tríade nunca perdeu, e nunca perderá. - a mulher, que agora era possível ser vista graças a claridade da lua, estava a frente de uma abelha, que flutuava atrás dela, possuindo o corpo do tamanho de uma criança de onze anos praticamente. Estavam à direita dos outros, totalmente alinhados. - Saia da nossa frente, e deixaremos você viver.

- Vocês não sabem de nada da vida, minhas crianças.

Sorrateiramente e com uma confiança maior que qualquer outra, Julian meteu sua mão esquerda num dos bolsos de seu smoking e retirou de lá um digivice totalmente estranho, diferente dos outros. Fez um ritual muito rápido e num piscar de olhos, seu corpo havia sido encoberto por uma aura alaranjada que explodiu e se transformou numa chama vívida. A chama diminuiu muito e restou apenas uma borda, envolta de seu corpo. Após, apontou o digivice na direção de Firamon, disparando um turbilhão de dados da tela do objeto, que envolveu o corpo do digimon.

- DIGISOUL CHARGE! OVERDRIVE!!!
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Rikaru Muzai Ter 29 Nov 2011, 7:41 am

Primeiramente, peço desculpas pela demora em ler e comentar este capítulo. Como eu devo ter lhe dito, eu estive ocupado durante esta última semana e estes últimos dias, tanto que me desatualizei em toda a dF. Também lhe disse que leria até ontem a noite para que você pudesse postar o Capítulo 07, mas não terminei a tempo pois acabei dormindo pouco antes da meia noite após ter lido um pouco do capítulo. Bem, finalmente terminei e agora posso comentar com muito prazer este capítulo incrível. \o/

Não compreendo o por que da total escuridão no beco. Estou com a mesma dúvida do Grim, a cidade deveria ser totalmente iluminada durante a noite, mesmo um beco deveria ter ao menos uma quantidade mínima de luz. A Lua estava tão calma e triste, assim como foi dito, ela parecia estar refletindo a situação dos protagonistas e isso me agrada, não que seja verdade, mas usar algo natural para representar uma situação. Acredito que o Grim esteja certo, se o V-Blade precisasse apenas da Melodee e os dois e seus Digimon fossem inúteis, eles já os teriam matado sem os rodeios que teve no final do capítulo.

Tudo bem que, como você disse, é a personalidade do V-Blade, mas deve ter alguma autoridade maior que ele que não seja um retardado mental que se acha intocável e que ordenaria que os possíveis obstáculos fossem eliminados mesmo que apenas por precaução. Só agora eu me toquei, o Reverbel, ou talvez a Tríade toda sabia que eles iriam para East Cross, mas eles ainda não haviam decidido ir para o Delicious Kitty, isso é bem estranho. Shocked

"Oi, meu nome é hemorragia. Prazer. - Você tem telefone hemorragia?" Ri muito nesta parte, foi muito bom você colocar esse toque de humor em uma situação difícil. Holy Alphamon! Eles tiveram dificuldade com um Drimogemon e uma Flymon? Estão bem enferrujados, sendo que o Falcomon bateu de frente com um Matadrmon que é mais poderoso que os dois juntos. tsc tsc As coisas estão indo de mal a pior para eles. u.u Mas eu gostei do esforço dos dois na batalha, principalmente na parte em que o Falcomon tenta re-animar o Sealsdramon.

Falando nisso, quem é essa Nathalia? Alguma pobre coitada que teve seus 5 segundos de fama? Laughing Coitado do Falcomon, teve que entrar no corpo nojento do Drimogemon, cheio de sangue e muito quente. Porém o mais incrível é que ele saiu de lá limpinho, ele deve fazer mágica agora. xD O Grim vai ficar com as piores situações imagino, de início até pensei que ele tinha caído na água do esgoto e estava todo sujo e com cheiro ruim, mas não, ele só machucou a cabeça caindo no concreto. u.u

Poxa, bem que o Fate podia ter perdido a cabeça quando colocou ela para fora da entrada do esgoto. =/ rsrsrs Incrível que não foi explicado o por que de ter parado de aparecer carros e eles poderem sair do esgoto facilmente. u.u Eles são uns retardados, querem ir ao cassino para se refugiar e chamam a atenção dos Pteranomon para que os inimigos vejam eles entrando no cassino, quanta idiotice. :evil: xD

Que beleza, o Casablanca tem até seu cantinho no cassino, eu queria um cantinha assim. rsrsrsrsrs Não sei quem é mais idiota, o Fate ou o Grim, eles deixaram as moedas que poderiam trocar por dinheiro. :evil: Como o Casablanca advinhou que o Grim iria para o cassino dele? Será que sabia que ia dar algo errado e que mesmo assim eles iriam escapar? Não entendi o por que de dois seguranças guardando a escada para o terraço, por acaso tem um tesouro invisível lá que ninguém viu? Ai ai. u.u

Então o Grim sonhou com o Vion.... Mas espera, o Grim é paranormal ou algo assim? Shocked O Grim é muito frágil, perdeu a foice e já perdeu as esperanças. tsc tsc Ele deveria se jogar do terraço para morrer logo. Pessoas que por perderem um brinquedinho não luta nem pelos seus amigos me dão nojo. :evil: Ele foi completamente inútil lá no terraço, perdeu o brinquedo e perdeu a utilidade também, nem se importou com seu Digimon um pouco debilitado, desprezível. --'''

Aqueles seguranças devem ser bem fortes para o Fate e o Falcomon terem demorado para lidar com eles. O Fate demonstrou ser bem esperto, mas o Falcomon foi bem idiota. Se eu fosse o Falcomon teria aproveitado a chance não para desarmar o Matadrmon e sim para pegar o Digivice do Vion e reverter a evolução, é a coisa mais óbvia e inteligente a se fazer naquela situação. u.u Como se não bastasse os idiotas, ainda chega o metido do Reverbel que se acha a última uva do cacho. tsc tsc

Eu gosto do Butenmon, mas queria mais ação com ele, uma ação de verdade e que eu acho que terá no próximo capítulo, mas não tenho certeza. Mas o que eu quero ver mesmo é uma luta entre Apollomon e Chronomon Holy Mode. \o Então há um grupo de elite que serve ao V-Blade? Interessante... Quero ver a Sarah em ação, ainda mais se eu deduzi corretamente e o Digimon dela for uma Funbeemon, cuja a linha evolutiva me agrada bastante. Very Happy Será que foi a Sarah que ouviu a conversa dos protagonistas no beco? Como não foi mencionado quem poderia ser, então suponho que tenha sido ela.

Outra coisa sem explicação, onde foi parar a bola negra que foi atirada pelo Butenmon na direção dos protagonistas? O Casablanca chegou e a bola desapareceu ser nem ser mencionado isso? Que estranho. u.u O Butenmon nem usou muito de suas forças e quase mandou os protagonistas desta para uma melhor - ou pior -, imagino o que acontecerá quando ele usar todo o seu poder. Shocked Eu gostei bastante do final, foi bem feito e a melhor parte do capítulo na minha opinião. Eu inicialmente achei que o Fate e o Falcomon estavam caindo do terraço quando o Butenmon provocou a ventania, mas agora já entendi. rsrs

Eu me arrepiei no penúltimo parágrafo e na frase final, sério mesmo, foi tão incrível que até meus olhos lacrimejaram. Parabéns Leo, você fez um excelente capítulo e agora entendo o por que de esse ser um dos melhores na sua opinião. Esperarei o próximo capítulo muito ansioso para saber o que acontecerá. E não ligue para as minhas reclamações dos personagens, eu gosto deles, mas algumas coisas me irritam e algumas são muito idiotas, mas eu entendo que é para a história seguir o caminho certo.

Ah, uma coisa que esqueci. Você copiou a parte da provocação do Fate ao Vion do capítulo da outra batalha, a que o Vion fala se o Papai Noel irá salvar o Fate. Eu tenho 99% de certeza que essa parte é idêntica a da outra batalha. Não sei se foi proposital, mas não seria legal ficar copiando isso e colocando sempre que o Fate e o Vion se encontrarem.

Até a próxima! \o/
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Mensagem por Leonardo Polli Ter 29 Nov 2011, 4:39 pm

@Rikaru: Não precisa se desculpar, como eu havia dito antes, o capítulo 06 é um dos maiores da trama e precisa-se de um pouco mais de tempo para se ler. Na hora de escrever dos becos, eu acabei confundindo becos de Las Vegas com becos do Brooklyn. Mas, a batalha fixou-se corretamente nessa escuridão e deu pra dar continuidade a história. Sobre a lua, sempre procuro dar uma descrição do ambiente relacionada ao sentimento do grupo. Há sim uma entidade maior que Violentblade, embora ela não seja muito bem destacada. Mas, as aparências podem enganar, como eu sempre lhes digo.
Sobre a batalha no beco, bom, eu tentei deixar a luta um tanto realista quanto a luta contra Dokugumon e Matadormon. Sei lá, um golpe aqui e um golpe ali e fim de luta não dão prazer pra mim.

Nathalia, como devo ter dito a você, é uma personagem deveras importante na história, e que vai ser só citada por enquanto. Casablanca é um velho amigo de Grim, ambos são pau a pau no ramo tecnológico. O velho Julian já sabia que Grim iria a Area 51, como no email, e levaria Fate, assim, logicamente ia dar merda. E ele confiava no potencial de ambos e sabia que conseguiriam escapar e que, caso viessem a Las Vegas, viriam pedir ajuda ali no cassino. Sobre o terraço, bom, digamos que é uma área particular, assim como o cantinho do Casablanca \o

O Grim é apenas um cara normal, rs. O sonho foi pura coincidência mesmo. E o japonês é assim, quando se sente fraco, sente medo, e assim se sente inútil. Mas, você vai ver, no 07 e nos próximos capítulos, que ele nem vai precisar mais da sua foice. Butenmon, i'm sorry, creio que não verá ele por um bom tempo. Mas, haverá muita ação por parte do grandalhão de Reverbel ainda. Apollomon irá dar as caras novamente só perto do fim da saga, e Chronomon Holy Mode vai demorar mais um pouco. \o Sarah em ação, você verá somente no capítulo 09. E sim, no beco ela era mesma.

O destino da bola negra foi um erro cometido, me desculpe \o Butenmon, de fato, é um dos digimons mais poderosos que o grupo vai enfrentar. Sem falar que sua linha evolutiva toda vai ser foda. Digamos que o Buraimon, Seijukuki de Butenmon, é pau a pau com Sealsdramon e o futuro Seijukuki de Falcomon, JUNTOS. Pra você ver como o cara é fera. Essa foi a intenção, de fazer um capítulo grande para que o final ficasse simples e fodástico \o Fico feliz por ter adorado as frases finais de Casablanca, fico lisongeado mesmo \o 99% de certeza? Oloco amigão, então esse 1% prevaleceu, LOL. Eu vi no capítulo 04 e não tem nada de papai noel, e se eu me lembro bem, não copiei nada pra esse capítulo, ele é totalmente original.

Agradeço imensamente pela paciência, por ter lido e comentado. Você é sempre bem-vindo aqui e espero que continue acompanhando \o Abraços.

Pessoal, mais tarde venho para postar o capítulo 07.
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Leonardo Polli Qua 30 Nov 2011, 9:11 pm



Saga 01 - Em Busca do Desconhecido
Capítulo 07 - Fúria Kasagrim


- Meu Deus... Onde fomos nos meter.

Com os braços apoiados em cima de seus joelhos dobrados, o homem japonês respirava com um pouco de dificuldade. Talvez pelo odor praticamente insuportável que permanecia no ar, mas tendo mais certeza pelo cansaço que tomara conta de si. A água curiosamente esverdeada que passava pelo canal logo abaixo dele escoava com certa leveza. O calmo gotejar de água do teto daquele esgoto deixava o local mais calmo. Sentado sobre uma espécie de calçada que ladeava tal canal, sua preocupação não era o bem estar de suas narinas, mas, sim, dos que estavam ao seu redor.

Commandramon passava um pano branco na cabeça de Falcomon, que estava sem consciência e deitado ao lado de Grim. Tentava de qualquer maneira fazer voltar os sentidos do amigo, mas não havia obtido nada até o momento. Começara a pensar na hipótese da morte do falcão ter chegado, mas neutralizou tal pensamento num rápido instante, pois qualquer pensamento negativo naquela situação realmente não era bem vindo.

Seus olhos orientais não ousavam abrir-se. Estava concentrado na oração que estava praticando. Orava pela vida de Falcomon, e pela de Fate. Os dois parceiros não podiam perder a vida naquela hora. Grim ia precisar deles. Commandramon ia precisar deles. O mundo ia precisar deles. Ia ser difícil.

- Estamos mortos... ou perto de sermos.

- Não pense assim, Grim. - repreendeu o digimon escamoso, parando de passar o pano em Falcomon. - Casablanca apareceu para nós e nos salvou. Nós conseguimos fugir. - com olhos sensatos, Commandramon tentava mudar a opinião do humano. - Deus nos deu mais uma oportunidade para nos aproximarmos do nosso objetivo. Confie nEle. Confie em você. Em seu potencial.

- Não... dá. Simplesmente, não dá. - Grim respirou fundo, e se levantou. - Temos um exército atrás de nós, e três pessoas que estão loucas atrás das nossas cabeças. Somos somente nós quatro, não há como vencermos.

- Com um exército de trezentos homens, os espartanos venceram os persas que possuíam centenas de milhares de soldados. - comentou Commandramon, lembrando-se de um evento do passado.

- Os espartanos perderam e morreram, e os persas ganharam. - corrigiu Grim, cruzando os braços. - Não havia como ganhar.

- Eles permaneceram firmes, fortes e confiantes em si até o último pulsar de seus corações. ELES VENCERAM! - demonstrando estar certo, o digimon dinossauro usara uma voz um pouco grosseira. - Isso mostra que, mesmo em menor número, eles resistiram até o último segundo. Devemos ser assim, ter garra. Não baixar a retaguarda. Demonstrar que somos fortes, perseverantes e que podemos vencer!

Permaneceu calado. Grim se virou de costas, e se abaixou, levando suas mãos por debaixo do corpo de Fate. Passado alguns segundos, havia levado o corpo do homem de cabelos longos sobre seus ombros, segurando-o pelos braços. Com um pouco de esforço, deu seus primeiros passos para o lado, começando a caminhar calmamente para frente.

Seus olhos se encontraram com Commandramon carregando Falcomon quando se virara novamente.

- É pior se ficarmos aqui. Eles podem nos achar. - disse o japonês, dando as costas para o digimon outra vez. - Vamos.

-... Você nunca vai entender, que eu faço isso pelo seu bem... Pra que quando chegue a hora, você esteja preparado. - pensou o digimon.

----------------------------------------

Era uma sala quadrada, com paredes beges e azulejos brancos cobrindo o solo. O teto, feito por gesso claro, deixava aquele local com um ambiente mais agradável, tornando as manchas negras de sujeira nas paredes uma espécie de decoração esquisita. Várias prateleiras espalhadas aqui e acolá, sobre elas várias ferramentas que se qualquer pessoa as analisasse diria que eram usadas por mecânicos. Janelas azuis estavam abertas parcialmente, deixando atravessar parte da luz que o sol transmitia naquela linda manhã. Havia uma mesa principal ao fundo do local, feita de madeira e adornada por fios negros espalhados, ligados a um computador portátil.

À frente da mesa, um extenso corredor levava a uma porta de ferro com vários riscos. Ladeando o corredor, carros permaneciam silenciosos sobre macacos hidráulicos, travados ao último, fazendo com que os automóveis chegassem praticamente a tocar o teto. Mas, havia uma exceção; próximo a mesa, uma caminhonete negra e monstruosa, com uma carroceria um tanto grande. Tal automóvel estava parado acima do macaco hidráulico, este que estava sem ser utilizado. Curiosamente, havia um humano por debaixo do carro.

Reverbel ziguezagueava o corredor, com os braços cruzados a frente de seu corpo. Aproximou-se de um pilar de pedra e desferiu um chute em sua estrutura.

- MERDA!

A cadeira de metal atrás do computador portátil foi empurrada para o lado, devido à grande velocidade que a pessoa que estava a utilizando havia usado para se levantar. Trajando um vestido longo e deslumbrante, de um vinho com desenhos de borboletas em sua constituição, alça ao pescoço e não possuindo mangas, com um dos lados totalmente aberto, até a altura de sua cintura, uma mulher de cabelos longos, cacheados e negros se direcionou para frente da mesa, sentando-se em cima dela em seguida. Calçava espécies de sapatilhas de borracha de salto alto, de coloração negra. Possuía um corpo praticamente perfeito, com seios volumosos e curvas únicas, aparentemente possuindo um metro e setenta de altura.

Seus olhos castanhos acompanhavam o tremendo nervosismo de Pierre Reverbel, que começara a reclamar pela dor que sentia no pé.

- Mas que droga, Reverbel. Você não vai mudar, nunca? - a jovem mulher com seus aparentemente vinte e quatro anos cruzara as pernas, indicando impaciência. - Eu já disse, pare de chutar as coisas como se elas tivessem culpa.

- Merda, merda, merda! Eu não consigo acreditar... Perder para um Apollomon? Eu não acredito! - reclamou o homem embelezado por seu terno francês. - E aqueles pirralhos conseguiram escapar... Estamos mortos... MERDA!

Um barulho estranho de algo rolando no chão penetrara os ouvidos de Reverbel e da mulher morena, provocando-lhes certa curiosidade. Atraídos pelo barulho, seus olhares se voltaram para o lado esquerdo da grandiosa caminhonete negra, onde se encontraram com um homem forte, que se vestia com uma camiseta azul-escura de mangas curtas e uma calça cargo com tons diferentes de verde. Havia um cinto negro em suas calças que as deixava mais agarradas, servindo também de suporte para sua lança, que estava guardada na horizontal na parte de trás de sua cintura. Calçava-se com um par de tênis bege, apropriadamente para cursar trilhas.

Seus cabelos louros e arrepiados, que sempre destacaram os olhos verdes em sua face, estavam um tanto manchados de graxa.

- Há cinqüenta anos que o mundo não é o mesmo. - comentara ele, utilizando um pano branco para limpar seu rosto manchado. - Você fica reclamando ai, chuta os pilares à toa. Sabe que isso não levará a nada, certo?

- Seu loiro desgraçado metido a espertão, quando eu tinha a sua idade você estava no útero da vadia da sua mãe. - rebateu Reverbel, ofendendo Vion.

Sem pensar, Vion se levantou e partiu pra cima de Reverbel. Como se não quisesse encrencas logo pela manhã, a mulher de cabelos cacheados correu até os dois e parou no centro deles, fazendo com que a briga que iria se iniciar nem começasse.

Seu olhar não só transmitia raiva, mas também impaciência para ambos.

- Não comecem. Você não é nenhum velho e a mãe dele não é nenhuma vadia, Reverbel. - disse a mulher, apartando a briga. - Sim, nós perdemos. Nós falhamos na missão de capturar os fugitivos da Area 51. Mas, por outro lado, agora eles devem estar todos cansados e derrotados, enquanto estamos somente machucados. Pense por esse lado, estamos em vantagem. Nada adianta termos algo a mais que eles se brigarmos o tempo todo.

- Pode ficar sossegada, senhorita Sarah Watson. Não vou encostar um dedo nele. - respondeu o homem de cabelos grisalhos, com um sorriso malicioso e largo.

- Tudo bem, Reverbel. E não me chame pelo nome completo, você sabe que eu não gosto. - lembrou a mulher, desaprovando a atuação de ambos.

Vion se virou de costas para a mulher e para o homem, balançando a cabeça negativamente em seguida. Caminhou para frente, parando seu corpo do lado da caminhonete negra.

- Tch. - sibilou o homem de cabelos arrepiados, agachando-se. - Enquanto ficamos sem fazer nada, eles fogem, sem sabermos pra onde vão.

- Você sabe que somente estamos aqui porque nossos digimons estão inconscientes na enfermaria, certo? - perguntou Sarah, caminhando até Vion.

- Sim, sei. Aquele Apollomon deu uma surra neles...

- Então, esperaremos até que todos os três estejam em perfeito estado. - disse a mulher, como se estivesse perguntando para os dois homens ali presentes.

O homem musculoso concordou, com um aceno com a cabeça, deixando a mulher de cabelos cacheados mais tranqüila. Deitou-se no macaco que estava utilizando anteriormente, e com um movimento com as mãos no chão fez o equipamento rolar, para debaixo da grande caminhonete. Deveria estar mexendo em algo que ficava dentro do motor, pois suas mãos, braços e face estavam parcialmente sujos de graxa e poeira, sem contar o odor de líquido que ele exalava no momento. O ruído de porcas girando, parafusos sendo apertados e chaves de fenda caindo toda hora no chão faziam com que, por muitas vezes, Pierre Reverbel e Sarah Watson levassem as mãos aos ouvidos, indicando que havia dor em cada burrada que Kid Vioner cometia.

A jovem moça, após a volta de Vion ao trabalho, voltou para o lado de Reverbel, que estava com as mãos nos bolsos da calça. Com uma cara de pensativo e preocupado, o homem encostava sua cabeça no mesmo pilar em que havia desferido um potente chute, o qual causara a dor que até agora sentia no pé. Seus olhos fechados denotavam que ele tentava procurar centralização em alguma coisa que estava pensando, mas o constante tilintar de dentro do motor da caminhonete o desconcentrava de tudo, deixando difícil planejar seus próximos passos.

Para tentar ajudar, Sarah ficou frente a frente com Pierre.

- Eu já devo ter te dito antes, mas me sinto bem em repetir incansavelmente. - aparentemente, ia começar um enorme texto que havia gravado da leitura de livros, mas não era nada do tipo. - Às vezes, sinto que você é como um pai pra mim.

- Você já disse isso, e não se cansa de repetir. - disse Pierre, sem abrir os olhos. - Você sabe que eu te amo, como se fosse minha filha. Mas, não consigo demonstrar esse sentimento. Não combina comigo.

- Tudo bem... Cada um demonstra seu amor pelo outro da sua forma, certo? - comentou Sarah, abraçando com todas as suas forças Pierre. - De certa forma, isso basta.

-... A-Ah, eer...

Recebendo o abraço mais apertado do mundo, Pierre Reverbel estava se sentindo bem. Abrira os olhos e vira a jovem morena com os braços entrelaçados em seu corpo, com olhos fechados. Devia estar sonhando com algo, ou realmente se sentindo nas nuvens por estar o abraçando. Abaixou a cabeça, e levou seus braços para o corpo da mulher, também a abraçando. Ela apoiava a sua cabeça no tórax dele. Direcionou seus lábios para a testa dela, e lançou-lhe um beijo estalado e molhado. Mesmo não sendo bom com romantismo, ele estava se sentindo bem, de certa forma.

A mulher tirou seus braços do corpo do homem alto, e olhou profundamente em seus olhos.

- Lembra do que o velho falou? - perguntou Sarah Watson.

- Sim... Vão pra onde eu costumo ler jornal. - respondeu Pierre Reverbel, entregando a resposta que a mulher queria. - Eu não entendi... Aquele velho realmente era misterioso.

- Aonde costumamos ler jornal? - aparentemente, parecia uma pergunta boba. Mas, de fato, não era.

- Hm... No banheiro?

- Exato. - afirmou, balançando a cabeça num sinal positivo e abrindo um sorriso largo. - E o que fazemos no banheiro vai pra onde?

- Vai pro... esgoto?

----------------------------------------

- Mmm... Ynhawn...

De repente, seu corpo parou. Barulhos estranhos que, se qualquer pessoa os ouvisse, deduziria que haviam sido feitos por algum animal gigantesco, com o corpo todo estranho e com mais de dois metros de altura. Mas não. Grim achara estranho aquilo, pois havia se repetido por mais de três vezes seguidas. Decidiu soltar um dos braços do homem que carregava em suas costas, e o inesperado ocorreu. Ele ouviu algo se chocar com o chão, e rapidamente se virou para trás, dando de cara com Benjamin McFate. Vivo, como nunca.

O homem de cabelos ondulados levou seus braços o máximo que pôde para cima, espreguiçando-se. Abriu uma boca bem larga e bocejou, em seguida. Fingiu que estava mastigando algo, só para demarcar ainda mais seu rosto demonstrando sono. O japonês o olhava assustado, mas ele não entendia o porquê. Passaram-se alguns segundos, ele mandou um beijo para Grim, fazendo com que ele se estranhasse ainda mais.

-... Eu te amo, Grim.

Ao primeiro impulso o japonês reagiu. Seus braços, que compartilhavam de sua felicidade, se auto lançaram na direção do homem corpulento, entrelaçando-se ao torno de seu corpo. Um forte e profundo abraço fez com que ele tivesse a certeza de que realmente, seu amigo estava vivo, e não morto como esperava. Suas esperanças pareciam com floquinhos de neve num inverno frio e rigoroso; penetravam seu corpo e subiam à cabeça, de tanta felicidade que estava. Distanciou-se de Fate, e deu dois passos curtos para trás.

Commandramon olhava tudo de longe, ainda com Falcomon nos ombros.

- Eu sabia que você não ia morrer, Fate. Eu sabia. - disse Grim, com olhos arregalados e uma face surpresa.

- Eu só vou morrer quando eu tirar mais de três em Biologia. - comentou Fate, sarcástico.

- Haha, no grau de impossibilidade, isso é impossivelmente impossível. - disse Commandramon caminhando até os dois humanos. - Mas, e ai Fate, a pancada foi forte, não?

- Pois é... Isso... Isso me cheira ovo de galinha caipira. - com as narinas se mexendo constantemente, Fate analisava o local.

- Não... Isso é um esgoto. - respondeu Grim, tapando o nariz e fazendo gestos de criança.

- Aah, um esg... O QUE, UM ESGOTO!!?

Fate não havia entendido a colocação de Grim. Um esgoto? Que diabos estavam fazendo um esgoto, sendo que há pouco tempo atrás se encontravam na cidade de Las Vegas? Não conseguia raciocinar corretamente, devido a algumas dores que ainda sentia na região de seu abdômen. Isso o lembrou da batalha que havia travado há pouco tempo, na qual havia levado uma surra de um homem que era desconhecido. A dor tinha sido tão forte que o sentimento de culpa e de incapacidade começaram a surgir em seu pensamento.

O japonês tentou explicar ao americano a situação.

- Sim, um esgoto. - afirmou o rapaz de olhos orientais, mexendo em seu cabelo. - Viemos para cá depois daquela luta...

- E... E como estamos vivos? Céus... - a cara de Fate não era das boas, o seu entendimento em relação a situação estava demonstrando ser zero. - Como chegamos... Aqui? Pelo que me lembro, aquele desgraçado me deu um soco na barriga, depois disso eu caí no chão e ouvi Falcomon gritando. Em seguida, tudo ficou preto, e eu fiquei inconsciente.

- Nós vimos toda a batalha, Fate. - interveio Commandramon, descarregando Falcomon e encostando o digimon na parede adjacente. Os dois humanos permaneciam frente a frente, discutindo. - Depois que você perdeu os sentidos, Falcomon partiu pra cima daquele homem para tentar matá-lo, mas... Como pôde ver, ele não conseguiu.

Fate olhou para os olhos fechados de seu parceiro digimon. Demonstravam querer se abrir, mas nenhuma reação a não ser a respiração era esboçada pelo falcão ninja. O homem americano se sentiu culpado, por de certa forma ter influenciado a perda da consciência de Falcomon. Seu vacilo instantâneo fizera com que ele perdesse totalmente seus sentidos, desencadeando uma completa fúria por parte do falcão negro, que levara o mesmo fim que seu parceiro humano.

Tudo que queria era que Falcomon acordasse.

- Falcomon...

- Não se preocupe, Fate. Ele só está desacordado. - disse Grim, tentando acalmar o amigo. - Mas... Estou preocupado com Casablanca.

- Pois é. Chegou e nos salvou... Devemos nossas vidas a ele. - salientou Commandramon, se referindo a mesma pessoa.

- Hein? Não entendi...

O homem, que até agora pouco estava desacordado, ainda estava meio desnorteado e confuso. Grim resolveu ajudá-lo.

- Aah, me desculpe. Não terminei de contar. - disse o japonês, cruzando os braços. - Depois que vocês dois ficaram inconscientes, o homem ia nos matar... Mas daí, graças a Deus, Casablanca chegou montado em seu Firamon, e segurou os três inimigos. Assim, conseguimos escapar, e fugimos seguindo uma dica de Julian... De certa forma, viemos parar aqui. Como eu não agüentei, quando cheguei ao esgoto eu caí no chão, morto de cansaço, e adormeci. Commandramon fez o mesmo, e ficamos nós quatro no chão.

- Nossa... Seu amigo nos salvou. Não esperava isso... - comentara o americano, dando-se por entendido.

- Sim, e agora o que mais me preocupa é o que aconteceu com ele... Olhe seu relógio, são 10h47min. Pelo que me lembro, havíamos chegado ao terraço mais ou menos às 20h30min. - analisou Grim, apontando com seu dedo indicador o relógio no pulso de Fate.

-... Tem razão. Passou-se muito tempo.

Aquela voz despertou certa felicidade em Fate. Começou a se sentir melhor, de certa forma. Virou-se para o lado, e se encontrara com o olhar profundo de Falcomon. O digimon, com um pouco de dificuldade, se levantou, utilizando de suas asas para se apoiar. Caminhou lentamente até o corpo de Fate, este que estava muito alegre por saber que o falcão estava bem. Abraçou-o com força, e um perguntou a situação do outro. Ambos receberam um melhor não poderia estar.

Desenrolou as asas do corpo do humano, e se distanciou um pouco, com passos para trás. Recebera um forte abraço de Commandramon e, em seguida, encostou seu corpo na parede.

- Temos duas hipóteses: ou Casablanca ganhou, ou ele perdeu. - disse o digimon, tentando respirar normalmente. - Eu aposto mais na de ele ganhar, pois como sei que um velho como ele seria esperto, e já bastante experiente, evoluiria seu Firamon para o nível kyuukyokutai, Apollomon. Sem sombra de dúvidas alguma, um Apollomon de meia idade conseguiria dar cabo tranquilamente de um Butenmon, de um Matadormon e, logicamente, de um FanBeemon.

- Commandramon concorda com você, amigo. - disse o digimon dinossauro, fazendo um gesto com as mãos.

- Mas, pense no caso. - Grim interrompeu a futura conversa que se iniciaria entre Falcomon e Commandramon. - Se ele ganhou, provavelmente tentaria manter contato conosco em seguida. Agora, se ele perdeu...

- Ele não perdeu.

Fate, de certa forma, havia se colocado no lugar de Julian Casablanca, homem que havia lhe salvado da morte. Sentiu-se mal por Grim ter ofendido o velho dono do cassino, portanto tinha que pelo menos defendê-lo. Estava certo em tomar aquela atitude, mas logo caiu na realidade e percebeu que qualquer confusão que se iniciasse ali não seria bem-vinda para o bem estar do grupo. Como Commandramon pensara, eles ainda eram fugitivos, e assim permaneceriam por um bom tempo.

Estar fugindo de três pessoas que querem a sua cabeça não estava sendo fácil. O sentimento de culpa por terem saído de casa atrás de um simples objeto voltou-lhes a cabeça, fazendo com que pensassem se tudo estava sendo certo. Arriscar a própria vida, para saber o que existe dentro de um pendrive? De dez bilhões de pessoas, somente os quatro seriam loucos e retardados o suficiente para cometer tal feito. Não era a curiosidade. Era uma promessa, uma jura que Fate havia feito a seu avô. E ele iria até os confins do universo para obter o pendrive.

Erguendo sua cabeça, antes refletindo, o americano de olhos verdes começou a caminhar na direção contrária de Grim, caminho que levaria a algum lugar que eles não sabiam ainda. Falcomon balançou negativamente sua cabeça, demonstrando que o clima não era dos bons, sendo levado por passos a caminho de Fate. Grim fitou o olhar de desconfiança de Commandramon, e ambos seguiram atrás da outra dupla, mais adiante no esgoto.

Não esperavam sair dali tão cedo, e nem queriam. Naquela situação, um esgoto era o melhor lugar do mundo para se esconder.

----------------------------------------

- Um à esquerda, um no centro e um à direita. Mate os três.

-...

A aljava de couro se mexeu numa certa rapidez, quando de si fora retirada uma flecha bem trabalhada. Seus cabelos ruivos se balançaram ao colocar a haste de madeira e posicioná-la corretamente na corda entre seus dedos delicados. Com certa leveza, puxou a flecha ajustada na corda e com uma mira precisa a largou, fazendo com que a haste de madeira e a sua ponta ferrosa varassem o ar tranqüilo. Seu fim de curso fora o abdome de um anfíbio, que possuía manchas roxas espalhadas pelo corpo branco e usava um moicano alaranjado. Sangue começou a brotar e a escorrer de onde a flecha estava cravada, e dando um urro ensurdecedor, o animal se explodiu em inúmeras partículas azuis.

A face demoníaca do homem que estava parado ao seu lado iria provocar medo nela, caso não estivesse vendada e fosse cega.

- Muito bem. Devo admitir, mesmo cega você é uma boa arqueira. Meus parabéns. - com uma voz confiante e de bom grado, o homem batia palmas com muito ânimo. - Agora, restam dois.

A jovem não respondera nada. Ficara de boca fechada, sem esboçar nenhuma reação. Levou novamente sua mão a aljava, retirando desta vez duas flechas. Fez como anteriormente, colocou-as entre seus dedos, apoiando-as na corda do arco. Puxou a mesma corda para trás e, desta vez, com mais força, soltou as flechas, que dispararam rapidamente em direções diferentes. Os alvos eram dois anfíbios, um de corpo amarelo e cabelos alaranjados com uma barbatana negra, e o outro com o corpo esverdeado cheio de marcas azuis, uma barbatana vermelha e um abdome branco. Os pares vermelhos e azuis de olhos demonstravam medo enquanto os dois animais tentavam de certa forma se soltar das correntes presas a seus membros.

Varando o ar daquele armazém gigantesco, de paredes de madeira, um teto e um solo nada atraente, as flechas não tiveram dó, nem piedade. O anfíbio verde fora atingido em cheio em seu abdome branco, lançando um forte grito de dor e logo depois tendo seu corpo explodido em dados. Por sorte, a outra flecha saíra da rota e atingira a parede acima do anfíbio amarelo. Fechou os olhos e começou a orar, agradecendo pela segunda chance de vida. Mas, não demorou a abrir novamente seus olhos, se deparando com uma grande raposa quadrúpede vindo em sua direção.

O seu corpo arroxeado e as chamas alaranjadas presentes nas pontas de suas nove caudas e quatro patas demonstravam que aquele monstro que seguia numa velocidade incrível não era dócil.

- Jaenryu!!!

Saltou, e como se tivesse asas e se tudo estivesse em câmera lenta, rodopiou horizontalmente por duas vezes no ar. As chamas de suas caudas saíram das mesmas, e antes da leve queda da raposa quadrúpede no chão, as chamas seguiram um rápido trajeto e atingiram o abdome do pobre do anfíbio amarelo. Suas forças se esgotaram com o impacto profundo, e não tinha mais como respirar. A única saída e o trágico fim fora a explosão e a liberação de partículas azuis de seu antigo corpo aquático.

A jovem ruiva havia recolocado seu arco próximo a aljava. Correndo, a raposa quadrúpede veio mansamente para perto da menina vendada. Com sensação de trabalho feito, o monstro de coloração roxa levou sua cabeça para perto da mão direita da menina, que não hesitou em acariciar o digimon poderoso.

O homem, que usava um terno azul royal, se gabava pelo feito das duas criaturas.

- Tenho em minhas mãos a arma mais poderosa de todo o universo: uma McFate! - em gargalhadas e soluços, o homem olhava atenciosamente para a jovem e a raposa, que estavam unidas num ato de carinho, como se nada chegasse a seus ouvidos. - Divirta-se enquanto é tempo, Fate. Seu tempo de vida está prestes a ter um fim.

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- Oh, me sinto no Lago Ness.

Haviam chegado a um local onde toda a água do esgoto era absorvida por frestas na parte de baixo das paredes de tijolos marrons e velhos. Para a passagem tranqüila, existiam espécies de hastes negras de ferro, nos ditos buracos com formatos de arcos. Isso não surpreendeu os rapazes, visto que estavam num esgoto. Fate havia reclamado todo o caminho até o local por estar pisando em água suja e isso era nojento, sabendo-se que desde certo momento atrás tiveram que descer da calçada adjacente ao canal e adentrar no próprio.

Falcomon havia permanecido quieto durante todo o trajeto, sempre atencioso a qualquer detalhe que percebera pelo olfato ou visão. Commandramon não deixara de recitar alguns cuidados para os outros três, mesmo Fate falando que tudo que o dinossauro havia falado era bobeira e que estavam num esgoto, não num campo de batalha em plena Guerra Fria.

Grim deixara sua boca calada até o momento. Não havia falado nada, o que preocupara os outros fugitivos. Mas, para eles, o japonês devia estar buscando refúgio em sua mente. Viajando em pensamentos, lembrando de pessoas queridas que deixara "para trás" pelo mesmo motivo que os outros: o pendrive.

Seus pés estavam ensopados. Fate, como no dia anterior, reclamara novamente dos sapatos, e da água que já adentrara em seu interior. Grim mal se preocupava com isso, e Falcomon, para evitar qualquer alarde, sobrevoava a água, tomando cuidado com os respingos que Commandramon provocava na água ao dar passos largos. O japonês procurava astutamente por uma saída, mas, de fato, estava sendo difícil. Tantas frestas por onde a água passava, mas a sua mente lhe dizia que não levariam a nenhum lugar. Continuaram a caminhar ao norte, onde supostamente Commandramon avistara uma saída.

Falcomon estava atento a tudo e a todos ao seu redor. Os quatro caminhavam numa formação dois por dois, uma dupla a frente da outra.

- Pessoal... Tem alguém nos olhando. - disse o digimon, com a cabeça empinada e um certo receio. - Eu sinto isso.

- Não é nada, Falcomon. É a água causando efeito em seu cérebro. - mentiu Fate, rindo.

- Eer... Commandramon sente o mesmo. - disse o dinossauro, repartindo da mesma opinião que o falcão.

- Não é nada... Não é nad...

- Nume Sludge!

O falcão percebera o grito e agilmente olhara para cima, se deparando com uma coisa estranha de coloração rosa. Achou que era brincadeira ou ilusão, mas não, era real, e quando tomou a noção lançou suas asas nas costas de Grim, fazendo com que ele fosse empurrado alguns metros à frente, caindo de cara com a água do esgoto. Fate correu e conseguiu escapar, junto com Commandramon. A coisa rosa se chocou com a água, surpreendentemente causando uma explosão.

Falcomon ficou sem saber o que fazer. Como sempre, era ele que tomava as medidas cabíveis para que tudo saísse como planejado. Mas, de onde viera aquela coisa rosa estranha, que ele deduzira que era um detrito? Era tudo muito curioso, pois estavam num esgoto. Que tipos de digimons poderiam existir em um esgoto?

Grim partilhou da mesma dúvida que o digimon negro. Olhou para o teto, que estava distante de ser alcançado.

- Mas que merda... Eu sabia, eu sabia. - um pouco tremendo, talvez pela imprevisível emboscada, o japonês tentava falar algo que fosse certo.

- O quê? Não estou entendendo nada... - Fate se fazia de santo.

- Numemons, Fate. Numemons. - disse o japonês, citando algo que acendera uma luz no túnel escuro que era a cabeça de Benjamin. - Digimons desgraçados que permeiam esgotos e causam desordem pelo mundo afora.

- Esqueceu de uma coisa; jogam "totô" rosa na gente também, né? - acrescentou o americano.

- Não é hora de brinc...

- NUMEMONS, ATACAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR!

O teto, antes de tijolos marrons, tornou-se um verde espalhado pra cada canto. Formas de vida estranhas começaram a se formar lá em cima, e estranhamente se despencavam do teto, caindo na água suja e tornando-se monstros esquisitos e feios. Seus corpos eram predominantemente verdes, possuindo algumas manchas roxas. Tinham línguas grandes e dentes branquíssimos e perfeitos, sem contar seus olhos vermelhos que reinavam sobre dois músculos acima de seu corpo. Era como se não tivessem cabeças, somente olhos.

Os digimons começaram a se mexer, como se estivessem dançando. A esquisitice do corpo gosmento que continham deixava Grim cada vez mais amedrontado. Falcomon havia se posicionado em modo de ataque, e Commandramon estava à frente de Fate e de Grim, cautelosamente protegendo os dois humanos. Qualquer movimento em falso dos monstrengos seria fatal para suas vidas. Eram dezenas deles.

Distanciados a mais ou menos trinta metros, os Numemons elevaram seus corpos e iniciaram uma chuva de detritos rosa.

- Bomber!

Lançaram os detritos de coloração rosa na direção dos quatro fugitivos, que se encontravam próximo ao canto inferior esquerdo daquele lugar. Viram-se encurralados e não sabiam para onde correr, pois os digimons fedorentos se alastravam por toda aquela sala praticamente. Falcomon pensou que era o único que podia evitar qualquer morte que ali ocorresse. Em sua opinião, a mesma que a de Grim, os Numemons eram fracos demais e capazes de perder até para um younenki II, nível anterior ao seichouki, de Falcomon.

- Shuririnken!!!

Com suas asas negras e habilidosas, o digimon falcão começou a gesticular e formou no ar várias shurikens, que estranhamente se fundiram enquanto uma luz branca as tornava numa só estrela ninja. Colocando-a frente de si e usando-a como escudo para proteger seus amigos, Falcomon conseguiu evitar que os detritos se chocassem com os protegidos, fazendo com que se chocassem na grandiosa estrela ninja e explodissem ali mesmo, sem causar nenhum dando sequer no corpo dos quatro fugitivos.

Estava na vertical, o que possibilitou uma proteção maior. Após o eminente ataque, Falcomon utilizou suas asas para nivelar a estrela ninja na horizontal, deixando-a flutuante sobre as suas garras. Com certa agilidade, dobrou suas asas para trás e causou um impulso nelas, fazendo com que a estrela ninja saísse cortando o ar, despedaçando uma boa parte dos nojentos Numemons e deixando dados em seu lugar. Pedaços de gosma voavam para todos os lados, melecando todo o local, e tirando o único azul que restava na água.

Tal reação deixou alguns deles nervosos; outros com medo, outros furiosos.

- Vocês invadiram nossa casa, e ainda ousam nos matar? - disse um deles, indo à frente dos outros. - Vocês... Vocês não merecem viver!

- Então por que até agora estamos vivos? - perguntou Fate, querendo dar uma gargalhada.

- Seu... SEU DESGRAÇADO!

A fúria presente nos estranhos e medonhos olhos daquele Numemon estava nítida. Fate pensara e admitira que não devesse ter dito nada após o contínuo ataque de detritos que, graças a Falcomon, não explodiu na sua cara. Grim estava com medo, medo de morrer. Não que simples formas de vida com um corpo feito a base de gosma o deixassem nervoso, mas estava lembrando-se da noite anterior, em que havia falhado e quase perdido a vida. Tentando entre permeio analisar a situação, ele não encontrou outra saída. As TwinBlasters de Fate não surtiriam efeito; Commandramon estava sem a sua metralhadora, e ele sem a sua foice.

Falcomon provavelmente não agüentaria formar outra estrela ninja gigante, pois só uma já o deixava ofegante. Seus olhos se esbugalharam, e sua mente já não mais trabalhava como antes. Nitidamente, estava com medo de morrer.

Sua locomoção rastejante foi imitada pelos outros Numemons, que fizeram o mesmo.

- Super Stinky Spray!!!

Suas goelas gigantescas se abriram para disparar uma estranha rajada de coloração rosa, que atingiu os quatro fugitivos. Encurralados, eles não conseguiram fugir e, conseqüentemente, ficaram indefesos ao ataque. Seus olhos se fecharam, suas pálpebras estavam pesadas e seus lábios se tornaram secos como uma folha. Não conseguiam mover mais nada, nem pensar, nem agir. Pouco a pouco, foram perdendo a consciência, e de certo modo, não havia como evitar. Naquele canto daquela sala, os quatro fugitivos caíram e não sentiam mais nada.

De repente, tudo ficou escuro.

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Seus olhos se abriram pouco a pouco, como se tudo estivesse em câmera lenta. Bem devagar. Mexeu suas mãos a ponto de saber se elas ainda continuavam ali, normais. Porém, algo estava errado. Com o punho direito, desferiu um soco no ar, percebendo que não só esse, mas também o outro estava enganchado a uma espécie de pulseira grossa de ferro, acoplada a uma corrente vindo da parede adjacente as suas costas, feita de tijolos de barro. Tentara o mesmo ato mais uma vez, reparando que haviam prendido suas mãos para não deixar possibilidades de fuga.

Suas pernas estavam livres, o que lhe deixou mais aliviado. Conseguiria escapar, mas seria difícil, pois precisaria de suas mãos, e não as tinha disponíveis no momento. Tudo que queria era que Commandramon estivesse bem. Olhando para o lado esquerdo, visualizou a mesma cena que estava interpretando, mas, desta vez, o acorrentado era Commandramon, que não estava acordado, mas sim dormindo, com uma respiração um tanto pesada. Seu peito coberto pelo peitoral esverdeado demonstrava um sobe e desce constante, com um intervalo de dois segundos.

O japonês pensou que seu parceiro digimon estivesse em coma.

- Commandramon?! Commandramon!? - sussurrava o homem oriental, tentando se soltar das correntes em vão. - Commandramon... Commandramon!

Alguns sons estranhos saíram de uma boca que se revirava a todo instante.

- Munch munch... Hmm... - era Commandramon. - G-Grim... ?!

- Aah... Graças a Deus. - disse o homem, respirando fundo e parando de mexer seus braços.

- O... O que aconteceu? - confuso, o digimon dinossauro fez o mesmo que anteriormente o japonês praticava: tentava se soltar das correntes, não tendo a mínima idéia do por que estarem em seus braços. - Correntes... Por que estamos presos?

- Os Numemons conseguiram nos emboscar, e nos deixaram desacordados. Depois... Eu não sei.

- Eu... Falcomon.

- Fate...

- Querem calar a boca?

As cabeças abaixadas e pensativas rapidamente se levantaram, fazendo com que os dois acorrentados olhassem a frente no lugar onde estavam. Era uma sala pequenina, com um teto sujo e um chão de ferro, com vários quadradinhos. Mais adiante, uma lacuna na parede indicava de onde talvez os dois presos supostamente houvessem vindo, onde estavam duas figuras nada convidativas. Demonstravam certa nobreza em seu olhar, mas de fato nada eram agradáveis.

Eram corpulentos, cheios de espinhos nos corpos rosados. Dentes amarelos e olhos azuis, o que não devia pertencer a digimons tão sujos e nojentos. Tatuagens pelo corpo, e uma casca de banana que usavam como cabelo. Estavam dentro de latões de lixos metálicos, com um verde bonito, estragado por pichações em branco. Portavam uma bazuca colorida, com predominância do azul e do vermelho. Talvez possuíssem um metro e meio pra mais, mas o que mais incomodava era o horrível fedor que exalavam.

Provavelmente, eram guardas do local. O da esquerda, que havia virado para trás e chamado a atenção dos dois acorrentados, voltara a sua posição inicial. Idéias começaram a ser formuladas na mente inumana de Joshua Kasagrim, que pouco a pouco foi assimilando uma saída à situação. Decidiu mexer as correntes envoltas em seus dois braços, a fim de chamar a atenção dos dois guardas. Em dez segundos não provocara nada, apenas alguns sons de desaprovação.

Mas, não hesitara.

Continuara com a sessão de chacoalhamento de correntes. O barulho chegava a latejar os ouvidos, realmente, correntes tinindo no ar não era uma boa idéia para tentar fugir. A tentativa de irritação funcionou, e o digimon da direita se virou e olhou com fúria para Grim, que não parou de chacoalhar as correntes de ferro. De certa forma, não estava com medo. Eram Garbagemons, não lhe podiam fazer nenhum mal. O que esperava, aconteceu; o digimon, aos pulos, foi chegando próximo ao corpo do japonês.

Enquanto pulava, resmungava.

- Seu inseto desgraçado! Vai aprender a nunca mais mexer com os príncipes do esgoto!

O digimon fedorento preparou sua bazuca e sem pensar puxou o gatilho, disparando algo parecido com um detrito rosa. O ataque foi direto para Grim, que havia entrado em estado de choque e tentara a todo custo sair das correntes. Mas, como o destino brinca com as pessoas como se fosse uma criança a brincar com legos, o ataque atingiu em cheio o japonês. O sorriso diabólico cresceu estampado na face do Garbagemon, enquanto o outro gargalhava sem parar.

Uma poeira se levantou com a explosão. Commandramon ficou muito preocupado, pensando que seu amigo tivesse perdido a vida. Logicamente, ele seria o próximo. Tentava trazer à tona todo pensamento positivo, a fim de que tudo desse certo. Pouco a pouco, o efeito da poeira sumiu e, inacreditavelmente, lá estava Grim - e a corrente presa a sua mão direita, simplesmente, havia sumido.

Com todas suas forças, o japonês agilmente desferira um chute potente no latão de lixo, conseqüentemente atingindo a região do estômago do Garbagemon, que foi jogado a alguns metros para trás, batendo a cabeça na parede. O outro de prontidão correu e preparou sua bazuca, pronto para atirar.

- DCD Bomb!

Sua boca servira não só para praticar onomatopéias, mas também para retirar o pino da granada e lançá-la contra o Garbagemon, que estava pronto para atirar com sua bazuca. A granada girou no ar, e no fim de seu curso, atingiu o corpo do Garbagemon, lançando-o para a mesma direção do outro digimon caído, derrubando-o em cima do mesmo. Enquanto isso, Grim conseguira se soltar da outra corrente, remanescente em seu braço esquerdo, se livrando totalmente do sufoco de estar preso.

Levantara-se, esticara seus braços e suspirara. Estralou seus dedos e seu pescoço, tomando passos para a direção de Commandramon. Ajudou o digimon dinossauro a retirar as correntes e as pulseiras de ferro, tirando-o também da prisão. O sentimento de liberdade tomara conta do espírito de ambos, e eles finalmente se sentiram livres. Olharam para os dois Garbagemons, que estavam inconscientes, deitados um em cima do outro, próximo ao canto superior direito da sala.

O humano e o digimon dinossauro não trocaram palavras, e começaram a caminhar na direção da lacuna e além dela.

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- Sabe, Fate. Eu acho que se te mandassem para o inferno, nem o capeta te agüentaria lá.

- Deve ser... porque eu sou muito frio, talvez.

- Você é um grande de um filho da puta mesmo, e merece morrer. - seus grandes olhos negros brilhavam com uma intensidade nunca antes vista. - Purple Rain!

Punhos cerrados, de coloração roxa formaram-se no ar. Com suas próprias mãos, causara um impulso, disparando os punhos na direção de Benjamin McFate. Em menos de um segundo, atingiram o estômago do rapaz, deixando-o com muita dor não só na região atingida, mas no corpo todo. Sua respiração ficou ofegante, e seus olhos se reviravam a cada instante. Acorrentado e suspenso, praticamente colado na parede da sala que antes estivera com Grim e Commandramon, Fate não conseguia se soltar, visto que ambos os braços e pernas estavam presos.

O digimon que os colocara ali era o mesmo que havia acabado de atacar o homem de cabelos ondulados. Tinha mais que quatro metros de altura, e tinha um corpo redondo, aparentando ser uma bexiga amarela. Vestia uma roupa de rei, com uma capa vermelho-branca, luvas brancas e botas negras. Suas bochechas marcadas deixavam-no com uma aparência mais nobre, mas o seu jeito e a coroa em sua cabeça demonstravam que ele não tinha nada a ver com a realeza digital, mas sim com o esgoto.

Sorriu diabolicamente para Fate. Falcomon desaprovou o digimon gigante.

- NÃAAAO... - disse o digimon falcão, chacoalhando as correntes, abaixando a sua cabeça e derramando lágrimas de seus olhos. - Seu desgraçado... Eu juro por Deus, quando sair dessas correntes perfurarei até seu fígado.

- Te dou duas chances: uma para retirar o que disse, e a outra para morrer. - avisou o gigantesco digimon, cruzando seus longos braços. - Seu tempo está acabando, meu querido.

- Eu... Eu escolho a chance de perfurar seu fígado. - pressionando seus olhos a tentar limpar suas lágrimas, o falcão deu uma gargalhada baixa.

-... Pim. Tempo acabado.

Ao pronunciar sua última palavra, a gigantesca bola amarela banhou-se numa aura arroxeada, que cobrira todo seu corpo. Seus dentes antes sorrindo se combinaram com a sua face diabólica, enquanto ele forçava seus pés no chão e suas mãos pressionadas e cerradas. Dando um impulso com seus pés, saltou na direção do digimon falcão, e com todas suas forças, desferiu uma poderosa cabeçada, que atingiu em cheio o corpo da vítima. Recuou para trás com outro salto ligeiro, dando para visualizar a enorme cratera que havia se formado ao redor de Falcomon.

De repente, alguns pedaços de tijolos começaram a despencar da cratera na parede e, num piscar de olhos, as correntes começaram a descer, conseqüentemente levando o corpo de Falcomon para perto do solo. O digimon falcão estava desacordado, com a cabeça abaixada. As correntes em suas asas estavam com um maior comprimento e vinham de lá de cima, onde antes estivera. As que antes estavam em seus pés, haviam ficado presas à parede. A cena lembrava uma espécie de crucificação suspensa.

Fate olhou para baixo, desacreditando que aquilo pudesse estar acontecendo. Seu digimon, praticamente morto.

- Você... Vo-Você... Você... - sibilou Fate, não conseguindo terminar o que queria falar.

- Você está valendo milhões de dólares Fate... Talvez bilhões. - comentou PrinceMamemon, levando a mão ao queixo. - Se eu te matar, ficarei mais rico do que já sou! Hahaha!

- Morra com a sua ambição... Seu podre. - rebateu o homem americano, cuspindo na direção do digimon, que mesmo não sendo atingido, sentira a rejeição. - É por esse motivo que vermes como você não merecem viver. - continuou, com a boca escorrendo sangue. - Lei de Éden?... VOCÊ NÃO FAZ PARTE DELA!

-... MORRA, SEU DESGRAÇADO!

Com uma expressão facial nada convidativa, PrinceMamemon centralizou toda a sua fúria sentimental em seus pés, cobertos pelas botas negras e fofas, e começou a raspar um deles no chão alagado, com o corpo totalmente inclinado. Passado um tempo, disparou na direção de Fate, que formou uma face um tanto preocupada. Seus braços e suas pernas começaram a sentir a tensão, provocando o chacoalhamento das correntes presas aos mesmos. Estava com medo, pois qualquer golpe ali poderia ser fatal.

Trinta metros. Vinte metros. Dez metros... PrinceMamemon levantou sua mão direita e esticou seu braço, preparando seu grande punho para acabar com a vida de Benjamin usando um golpe fatal. Seu sorriso milimetricamente perfeito desabou com a sua fúria quando, de repente, ouvira uma voz.

- FAAAAAAAAAAAAATE!

O americano que havia sido chamado pelo apelido tirou totalmente sua atenção, antes voltada para PrinceMamemon, e olhou para o alto, na parede à esquerda. Havia uma espécie de buraco, no formato de um arco, tampado por canos de ferro na vertical, separados por mais ou menos meio metro de distância cada, onde se encontrava Grim, e o digimon dinossauro, Commandramon. Ao mesmo tempo felizes e tristes, por terem encontrado os amigos, mas numa situação tão complicada.

O digimon gigantesco virou totalmente seu corpo para a direção do buraco no alto. Voltou o mesmo sorriso de antes.

- Vo-Vocês... Como... Garbagemons malditos e imprestáveis. - gaguejou PrinceMamemon, aparentemente preocupado com alguém. Mudou sua face rapidamente. - Vieram para se juntar aos restos humanos de Fate e Falcomon?

- Vim... Vim para salvar o meu amigo! - respondeu o japonês, com as duas mãos agarradas aos canos, como se tentasse arrancá-los de lá.

- Errado. Você veio para morrer. -

Suas pupilas se contraíram, e Grim começou a ficar com medo. Novamente. A insegurança fez com que começasse a tremer. Os dedos de suas mãos, agarradas aos canos de ferro, pulavam, como se fosse ter um ataque epiléptico. PrinceMamemon apontou sua mão esquerda para onde estava a dupla que havia acabado de chegar, magicamente retraindo todos os canos para baixo, deixando o buraco livre. Grim quase foi jogado para baixo, caso não fosse Commandramon e sua total atenção no parceiro humano.

O digimon amarelo olhou para os dois, com a mão abaixada.

- Vamos, pulem. Pulem, e vocês morrem. Assim, é mais fácil, e poupará meu tempo.

Com gestos e uma cara de palhaço, PrinceMamemon conseguiu irritar Commandramon, que não conseguiu se segurar e saltou com tudo do lugar de onde estava, pegando uma granada, tirando seu pino cuidadosamente e lançando-a contra o bexigão amarelo. Ao atingi-lo, provocou-se uma explosão e as águas embaixo dos pés de PrinceMamemon formaram pequenas ondas, que logo se cessaram. Por trás dessa pequena explosão, apareceu um digimon exagerado e furioso, que havia conjurado várias silhuetas de punhos cerrados, flutuantes sobre a água.

Commandramon, ao tocar seus pés e mãos no chão alagado, havia ficado numa posição um tanto curiosa, devido a gravidade da queda. Recompôs-se rapidamente, e quando PrinceMamemon percebera, dera um soco no ar, lançando o seu ataque de punhos cerrados na direção do digimon dinossauro. Infelizmente, o tempo não ajudara o pequeno digimon, que recebeu o ataque em cheio no peito, sendo jogado para a parede com eficiência. Caiu desnorteado, com consciência de tudo, mas com uma tontura visível.

Sentiu-se culpado, por ter falhado na missão de proteger a todos.

- Se... Se ao menos Commandramon tivesse a sua metralhadora...

- Poupe-me das suas últimas palavras, seu inseto.

Sem forças, Commandramon não obteve êxito em tentar se levantar daquele lugar imundo. A água fria e nojenta que passava sobre seu corpo caído fazia-o lembrar de várias situações que estivera no fim da linha, mas conseguira se salvar, e salvar os próximos. Pensava no por que de não conseguir achar uma saída para aquele momento... Tudo que queria era que tudo ficasse bem. Que Falcomon não estivesse morto - o que demonstrava estar. Fate com cortes nos braços musculosos, sangue escorrendo da boca, respiração ofegante.

PrinceMamemon gargalhando, sem parar.

Grim olhou lá de cima para Fate, que devolveu o olhar preocupado. O homem japonês tentava achar maneiras, meios de salvar o americano de cabelos ondulados, mas não chegara a nenhuma resposta. Estava com medo, muito medo. Tudo estava perdido... PrinceMamemon apontou um de seus dedos direitos para Commandramon, e com um rápido gesticulamento lançou magicamente o digimon dinossauro contra Fate, que foi atingido no estômago. Sua barriga se contraiu, e vagarosamente ele sentia o mundo ao seu redor ficar em câmera lenta. Até que, de repente, tudo ficou distorcido, e não enxergava mais nada.

Commandramon caiu, à frente de Fate. Com as mãos e braços empurrados contra o solo tremendo a todo tempo, e pernas estiradas, tentava se levantar.

- Por... favor... não... nos faça... nenhum mal... - o digimon escamoso implorava, para que PrinceMamemon os deixassem ir. Seus olhos se fechavam e abriam, conforme a sua lenta respiração. - Poor... favor...

- Hahaha... HAHAHA! - entre uma gargalhada e outra, repetira a mesma cena. Começou a raspar um dos pés no solo, espirrando água para todos os lados. Estava com o corpo direcionado para Fate, e Commandramon. - Você ainda pensa que eu vou deixá-los viver, seu verme?

Grim, ao longe e observando a cena, se fechou em seus pensamentos.

- Não... Tudo está errado. Eu não posso ter medo... nunca. Esse medo... Esse medo que eu tenho só me atrapalha, e faz com que os outros percam a vida. Eu não posso ter medo... EU NÃO POSSO TER MEDO!

PrinceMamemon saiu em disparada, como nunca antes. Grim abrira os olhos, e logo de cara percebera que o digimon estava prestes a dar uma cabeçada em cheio em Fate, além de esmagar o pequeno corpo de Commandramon. Tudo estava acabado... Cerrou seus olhos novamente, franzindo a testa. Seus pensamentos se distanciaram de toda a sua mente, que agora só pensava em uma coisa. Uma coisa, que havia subido da ponta dos dedos dos seus pés à raiz de seus cabelos. Uma coisa que o fez cerrar os punhos e brotar sangue deles de tão forte que os apertava. Uma coisa que havia tomado conta de si.

Fúria.

- SEU DESGRAÇAAAAAAAAAAAAAAAAADOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

Dera um salto que qualquer ser humano diria que quem fizera aquilo não era um descendente de macacos, mas sim de dragões. PrinceMamemon se assustou com o grito ensurdecedor, e se virou, apenas para dar de cara com a mão sangrenta de Grim. Atingindo em cheio o meio da gigantesca bola amarela, o japonês miraculosamente conseguiu derrubar o corpo do digimon nobre, que tombou e ficou praticamente desacordado. Com a leveza de uma pena, Joshua Kasagrim pousou seus pés calçados com allstar no solo alagado do esgoto, estralando o pescoço.

Um sorriso maroto surgiu em sua boca, acompanhado da monstruosa aura de dados verde azulada que ocupou o redor de seu corpo oriental e musculoso. Com agilidade, meteu a mão direita no bolso da calça skinny azul escura, retirando de lá um objeto formidável. Seu digivice tinha a predominância na cor verde escuro e azul escuro, mostrando uma tela com uma borda preta e visor claro. Ao pegar o objeto, instantaneamente deu um salto mortal incrível e parou de pé ao lado de Commandramon, que com ânimo e bastante esforço para sobre suas duas pernas répteis.

- Digisoul Full Charge!!!

Levou o digivice a frente de seu peito, espalmando-o com a outra mão. Surgiu no visor do objeto as palavras Perfect Evolution ao retirar a outra mão, deixando somente a que segurava o digivice a mostra. Essa mesma mão que não havia nada se ergueu para o alto, curiosamente concentrando toda a aura verde azulada nesse mesmo braço, atirando os dados para cima. Como se tudo que estivesse acontecendo fosse inacreditável, Grim fechou os olhos e toda a aura concentrou-se em sua mão, que desceu rasgando os céus e atingiu o sensor superior do aparelho, fazendo com que a tela brilhasse intensamente e disparasse uma rajada verde azulada, na direção do digimon dinossauro.

- Commandramon Chou Shinka...

O corpo do pequenino escamoso foi ganhando músculos e se tornando azul, conforme a aura verde azulada passava sobre seu corpo, mudando cada centímetro. Havia ganhado dentes afiados e um elmo amarelo mostarda, tatuagens a mais e olhos totalmente sanguinários. Seu corpo, penetrado em um tanque de guerra de coloração marrom e verde, possuía várias armas poderosas acopladas a si, desde dois canhões superpotentes e metralhadoras minigun automáticas. Abaixo de seu peito musculoso, havia projéteis semelhantes a mísseis, que ficavam centralizados e dividiam seus dois braços, encaixados em manoplas com garras pontiagudas de ferro.

Soltou um rugido como se fosse uma fera. Devia ter praticamente três metros de altura, mas a extensão de seu corpo era a de um verdadeiro tanque de guerra.

- Tankdramon!

PrinceMamemon havia recuado, após ter levantado. Finalmente, a batalha seria de igual pra igual. Tankdramon respirava como se estivesse com uma fúria tremenda dentro de si, algo que seu coração digital não poderia controlar. Grim estava confiante por demais até por estar finalmente feliz, e confiante. Confiante por estar ao lado de seu novo digimon. O engraçado era que Commandramon só tinha êxito de atingir o nível seijukuki, no caso Sealsdramon. Era a primeira vez de Tankdramon.

O japonês guardou seu digivice, estralou os dedos das mãos e limpou o sangue contido nelas.

- Você... não vai encostar mais um dedo nem nele, nele, e nem nele. - avisou com clareza Grim, apontando para os citados. - Ataque sem dó, nem piedade, Tankdramon!

-... Inimigo localizado. Tankdramon, destruí-lo!

O gigantesco tanque de guerra partiu pra cima do bexigão amarelo. De começo, disparou alguns mísseis presentes no seu tórax, que numa velocidade incrível seguiram na direção de PrinceMamemon, que desviou com facilidade com um simples rolamento lateral. Como contra-ataque, o digimon amarelo socou o ar várias vezes, formando e disparando projéteis de punhos cerrados, de coloração roxa. Seu corpo agüentaria o impacto, mas Tankdramon resolveu intervir com seus dois canhões acoplados às costas; disparou duas vezes seguidas, destruindo por completo o ataque de PrinceMamemon.

O seu sorriso maléfico se tornou algo preocupante quando seus olhos viram que as balas dos canhões de Tankdramon haviam não só destruído o seu ataque, mas como também atravessado-os, vindo em sua direção. Foi atingido em cheio, sendo lançado para trás e parado o trajeto na parede, caindo aos poucos. Sem hesitar, subiu, com alguns cortes no seu corpo amarelo e redondo, e saiu em disparada contra o gigantesco tanque de guerra, novamente. Não queria perder e nem morrer, propositalmente honraria a coroa que até o momento estivera em sua cabeça.

Grim tentava a todo custo acordar Fate, que graças a Deus estava com vida.

- O quê?... Commandramon conseguiu evoluir para Tankdramon?... Nossa, Grim, atingiu o kanzentai?... Meus parabéns, amigo! - congratulava o recém acordado americano, enquanto o japonês, feliz da vida, ajudava-o a se soltar das correntes.

- Fate, não fale... Pelo amor de Deus, olhe seu estado! - disse Grim, referindo-se aos cortes nos braços de Fate e os hematomas na bochecha, sem contar o sangue que expelia ao falar. - Nós... Nós temos que procurar um médico!

- Não... Não antes de ver o meu amigo... vencer.

Era Falcomon. Grim dera graças a Deus que não só Fate, mas o digimon falcão estava bem. E cheios de vida, porém com vários cortes, escoriações e hematomas. Precisavam de um médico e rápido, senão poderiam até morrer. Era uma situação perigosa, visto que Grim não manjava muito bem na área de medicina. Aliás, não manjava quase em nada, a não ser coisas que envolvesse digimons, humanos, e a relação entre eles. Grim era expert nisso. Agora, em medicina, o mestre era Commandramon, que na sua forma de Tankdramon, lutava com PrinceMamemon.

O digimon tanque de guerra já estava começando a ofegar, e a pegar cansaço. Havia passado por várias chances de matar PrinceMamemon, mas em uma ou outra havia vacilado. Mísseis, balas de canhão e das miniguns que carregava consigo. Força bruta, empurrando o digimon bola contra a parede. Mas, de fato, estava perdendo, ou quase. O inimigo havia atirado vários projéteis ilusionistas contra o tanque de guerra, e hora ou outra dado cabeçadas nele, deixando-o cada vez mais dolorido e sem vontade de lutar.

Mas seu ânimo e sua vontade de vencer, sua confiança nos amigos fez com que, miraculosamente, o tanque de guerra levasse PrinceMamemon para cima de seu corpo e, com todas suas forças, jogasse-o para o centro da sala. Com suas rodas apropriadas para aquele terreno molhado, o digimon tanque se locomoveu para trás do digimon amarelo, que estava se levantando para receber o golpe final, todo atordoado.

Com uma respiração profunda e cativante, as miniguns de Tankdramon começaram a girar numa velocidade incrível, e de repente, dispararam balas na velocidade da luz, perfurando o corpo do digimon. Como se não bastasse, os dois canhões começaram a disparar várias balas, na direção de PrinceMamemon, que cada vez mais foi sendo jogado contra a parede. Carregando uma potência ainda maior, e rezando para ser sua última cartada, Tankdramon usou seus dois canhões mais uma vez e disparou uma bala de cada, numa velocidade lenta.

PrinceMamemon, encostado na parede, chocou-se com as balas. A força foi tão grande que esmagou a parede e com o poder de seu corpo destruiu a sua metade, abrindo um imenso buraco, deixando passar toda a luz solar que os fugitivos não viam por um bom tempo. Isso fez com que o solo começasse a tremer; as águas criarem ondas poderosas e o teto despencar pedaços de tijolos.

Tankdramon cansou-se por completo e voltou a ser Commandramon, num piscar de olhos.

- De-De-Deus!

Grim havia corrido tempo suficiente para salvar Falcomon, que estava em seus braços. Fate, que estava de pé, acompanhava a cena, enquanto as duas crateras na parede adjacente as suas costas se abriam e delas surgia uma explosão de água. Ficaram surpresos, pois o perigo maior havia acabado de chegar. A água que saíra fulminante das crateras começou a lotar aquela parte do esgoto, e conseqüentemente, começou a sair pelo buraco aberto pelo PrinceMamemon morto , levando os corpos de Grim, Fate, Commandramon e Falcomon.

Os quatro fugitivos gritavam loucamente, clamando pelas suas vidas enquanto eram levados para fora pela gigantesca maré do esgoto.
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Mensagem por Mickey Qui 08 Dez 2011, 11:08 am

Ufa... Demorou bastante dessa vez...

Bom! Primeiro ao Episódio 06.

É pensei que eles teriam uma fuga mais cautelosa... Mas me enganei. A briga foi feia e ficou pior com o aparecimento de Sarah e Reverbel... Aparição de Casablanca (LOL) foi de ótima ajuda e de salvar o dia...

A relação de Grim, Fate e Vion está se desdobrando... Além do passado feliz que tiveram, aparenta haver algum vestígio de passado sombrio... O que os motivou a tomar caminhos diferentes a ponto de estarem batendo cabeça agora...

A forma que o Vion foi pressionado por Reverbel... Há possibilidade de no futuro ele se aliar com os ex-amigos? O Matadormon mesmo não conseguiu mesmo em vantagem eliminar o antigo amigo...

O Grim ficou meio indefeso durante a última luta... O cara que segura a foice da morte com medo da morte?

Agora o Episódio 07.

Hehehe ocultou a luta e o desfecho da batalha entre Sarah, Reverbel e Casablanca... Mas sabemos que a dupla perdeu... Isso pode significar que Casablanca esta vivo...
Um Apollomon de meia idade? Isso me fez lembrar de algo... Os Digimons levam a mesma idade do seu parceiro... Isso então vai influenciar em questão positiva ou negativa? Pois humanos quanto mais velhos... Menos força...
Que esgoto do mal... Numemons... Garbagemons... Além do cheiro ainda ter que correr de Tôtô de Digimon... Nada pior...

Grim parece que encontrou motivos para lutar e a Digievolução de Commandramon para Tankdramon foi o resultado...

Onde será que eles irão parar agora...


Outra coisa... O que não imaginava... A nova arma inimiga... Uma McFate... Parece que Dee recebeu uma nova dose de "Deve matar meu irmão"... Como será dessa vez? O que a levou a participar daqueles que há alguns dias ela estava enfrentando...

É isso aew Leo! Meus Parabéns pela história! E desculpa o atraso e aguardando os próximos!
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Mensagem por Rikaru Muzai Seg 12 Dez 2011, 1:48 pm

Como de costume, primeiramente irei comentar a sua resposta ao meu comentário, depois lerei o Capítulo 07 e comentarei sobre ele. Sim, mesmo com essa falta de coerência nos becos, foi um local propício para a batalha. Falando nela, talvez a falta de luz, juntamente com o cansaço dos Digimon protagonistas, tenham contribuído para a dificuldade na batalha. Tudo bem que o Falcomon aguentou uma luta contra o Matadrmon, mas não conseguiria vencê-lo se não tivesse evoluído para Yatagaramon.

Uma entidade maior que o V-Blade que não possuirá muito destaque? Hmmm, será que esse destaque não será agora ou o V-Blade é como o Barbamon em Digimon Next, que mesmo sendo mais fraco, tem seus próprios ideais, faz as coisas da sua maneira e se aproveitou de um momento de fraqueza de Yggdrasil e se fundiu à ela? Seria bem interessante isso e até combinaria com a personalidade dele, mas não sei se você pretende algo assim. As aparências enganam mesmo, algumas coisas podem nos surpreender bastante e isso pode tornar a Fanfic mais emocionante. \o

Bem, como li o Capítulo 06 já faz um tempo, não lembro direito o que é dito, mas acredito que a Nathalia seja uma pessoa ligada ao passado do Fate e do Grim e, como você disse que ela é importante, já me deixou curioso para saber qual será a importância dela. Então o Casablanca se preparou para a missão na Area 51, mesmo ele não estando diretamente envolvido nela. Isso sim é um bom amigo com quem se pode contar. Eu compreendo que o Grim sentiu medo sem a sua arma, mas ele ainda tinha seus amigos para proteger, eu não desistiria tão rapidamente.

Ah, não acredito que você já vai deixar o Butenmon de lado. e.e Mais um? Poxa, fica apresentando personagens novos e logo os tira de cena, você é realmente um rapaz muito mau. u.u Bem, fazer o que, vou ter que esperar para ver o que eu quero, mesmo estando ansioso para isso. Só uma coisa me intriga, por que o Reverbel tem o Digimon mais poderoso da Tríade? Eu esperava que fosse o Vion, mas acredito que é porque ele futuramente vai se juntar ao grupo do bem. Já a Sarah, bem, as mulheres sempre são menosprezadas, mas ainda espero um papel importante por parte dela e muita ação da melhor qualidade. \o/

Você conseguiu realizar então, o capítulo foi totalmente fodástico, mesmo com os toques de simplicidade. Vou esperar a ação dos Seijukukis, assim verei o ???? e o Sealsdramon levando uma surra do Buraimon, mas também se esforçando ao máximo e talvez até vencendo a luta. Desculpe pelo meu erro, eu conferi aqui e não achei nada, mas eu podia jurar que eu já tinha visto a parte do "Não tenho uma pá, mas tenho algo que pode abrir buracos." e quase certeza de uma provocação entre o Fate e o Vion na outra batalha. Bem, talvez tenha sido um Dejavú. =P

Não precisa agradecer, eu adoro ler a sua Fanfic como já disse outras vezes e pode apostar que não irei parar de acompanhá-la. Agora vamos para o Capítulo 07 ver o que vai acontecer. \o

Edit - Comentando sobre o Capítulo 07

Eu nunca iria pensar em esgoto com a dica do Casablanca, acho que sou bem desligado mesmo ou muito burro. xD Grim e Commandramon cuidando de seus amigos em um esgoto depois de escaparem da morte, uma situação deveras difícil e desesperadora, ao menos para o Grim. Sei que não deve ter sido fácil, ele se acostumou a ter uma arma para lutar, se acostumou a formar uma boa dupla com o Fate, mas eles foram derrotados facilmente por apenas uma única pessoa, isso é realmente desesperador e abalou profundamente a confiança do Grim, o que foi bem retratado por todo o capítulo, até perto do fim.

Onde a Tríade estava? O que eles faziam em uma oficina mecânica? Ainda estou surpreso com essa cena, não consigo entender o porque de eles estarem em um lugar assim. Bem, isso foi bom para sabermos como a Sarah é fisicamente e que eles agem mesmo como uma equipe, se desentendem, conversam sobre seus feitos, sobre as missões que precisam cumprir, enfim, parece que a oficina é o HQ - Headquarters - deles, mesmo sendo um local estranho para isso. Pelo que parece a Sarah e o Reverbel tem uma bela ligação afetiva, enquanto o Vion é o Lone Wolf da equipe. Eu pensei que a Tríade iria mandar investigar o esgoto ou até ir lá, mas isso não aconteceu.

"... Eu te amo Grim!" WTF?! Fiquei chocado e um pouco desnorteado só com essa frase, mas o pior é que não foi uma brincadeira, foi sério. Eu realmente não esperava que o Fate fosse dizer algo assim. Bem, o importante é que ambos Fate e Falcomon estavam bem, apesar de fracos e cansados, assim como Grim e Commandramon também estavam. Caminhar por horas pelo esgoto deve ser completamente entediante e cansativo para no final acabarem encurralados por vários Numemon e capturados.

Primeiramente pensei que era a Tríade dando ordens para investigarem os esgotos, mas depois percebi que era o V-Blade dizendo para a Melodee a localização de seus alvos. Novamente a garota teve uma breve participação, mas estou certo de que isso é importante para a história. O que me surpreende é a frieza com que ela e a Renamon tratam a situação delas e tudo ao seu redor, podendo assim demonstrar carinho uma pela outra. Fico imaginando o que elas passaram durante esses vários anos, as dificuldades, as situações desesperadoras, o sofrimento e a solidão que sentiam. Sinto pena das duas, passaram por tudo isso e agora estão sendo utilizadas como armas contra dois seres importantes para elas.

Mesmo que elas sintam ódio e desprezo por Fate e Falcomon, eu imagino que ainda há uma gota de amor que ambas sentem pelos dois em seus corações, mesmo que eles estejam duros como pedras para o resto do mundo. Estou curioso para saber como essa relação entre os 4 irá ser trabalhada no futuro da Fanfic. Ah, algo que esqueci de comentar. A confiança que o Falcomon e o Commandramon tiveram de que o Casablanca havia vencido a batalha contra a Tríade. Porém eu também não compreendo o por que de ele não ter entrado em contato com o grupo de alguma forma.

Uma coisa me intriga, como Fate e Falcomon estavam presos na mesma sala em que Grim e Commandramon estavam presos? Duvido que Grim e Commandramon ficaram esperando alguém aparecer na mesma sala da qual eles escaparam, fora que as duas duplas devem ter sido presas ao mesmo tempo e por guardas diferentes. Acredito que o correto seria dizer que Fate e Falcomon estavam presos em uma sala semelhante à que Grim e Commandramon estavam presos.

Me agradou esta parte da prisão das duplas, o Grim mesmo com medo, agiu instintivamente e se livrou de uma das correntes e, em seguida, se livrou dos dois Garbagemon - o que não é tão difícil, pois eles não são alguns dos Digimon mais fortes. A violência abordada na cela do Fate e do Falcomon foi bem forte, até mais do que a mostrada no treinamento da Melodee e da Renamon. Isso me agradou, pois proporcionou um realismo do sub-mundo do mundo da Fanfic.

Falcomon deveria estar bem mais machucado que Fate, mesmo Fate sendo um humano e, portanto, mais frágil. O PrinceMamemon realmente pegou mais pesado com ele, apesar de Fate não ficar muito atrás. Estou curioso para saber como eles irão resolver este problema dos ferimentos graves, pois é arriscado ir à um hospital, eles terão que procurar ajuda talvez no sub-mundo ou com algum conhecido com quem possam contar sem correrem o risco de serem capturados novamente.

O que posso dizer? Fiquei maravilhado com a evolução do Commandramon para Tankdramon, que é um de meus Digimon preferidos por ser magnífico e fodástico. Eu compreendo que pelos ferimentos que o Commandramon sofreu e pela Chou Shinka, o esgotamento é mais rápido e por isso ele estava tendo dificuldades na batalha, tanto que precisou apostar a vitória em um ataque desesperado que acabou dando certo. E que posição curiosa é essa em que o Commandramon ficou? Bem, foi uma bela batalha, bem acirrada, desesperadora para ambos os lados e me agradou.

A "Fúria Kasagrim" foi incrível, esse momento em que o Grim adquiriu o poder da Chou Shinka foi muito bem pensado Polli. Estou aqui pensando, será que todos os Tamers tiveram algum sentimento em particular que os possibilitou adquirir a Chou Shinka e até a Warp Shinka? Isso me animou bastante, por isso espero que seja algo assim, pois espero ver coisas assim em outros capítulos. \o Bem, batalha incrível, final aparentemente feliz, mas no final, acontece um desastre e os heróis acabam em uma situação ruim novamente, talvez essa pior que as outras, dependendo de para onde a enchente irá levá-los.

Um errinho só que percebi: "Grim estava confiante por demais até por estar finalmente feliz, e confiante." Um pleonasmo se não estou enganado, além de ter ficado bastante estranho. Acho que não vi mais nenhum erro, nem mesmo de ortografia. Parabéns por esse capítulo Polli, se tornou um de meus preferidos pelo Tankdramon aparecendo e por ter abusado do realismo, o que é algo importante na minha opinião. Fora o final desesperador que me deixou curioso para saber o que irá acontecer agora. Aguardo o próximo capítulo, acho que lerei ainda essa semana, então fique tranquilo, não irei te perturbar novamente para adiar a postagem do próximo capítulo. =P
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Mensagem por Leonardo Polli Ter 13 Dez 2011, 9:13 am

@Mickey: Grato pela presença, amigo. Bom, a fuga era pra ser cautelosa né, mas... tem Fate no lugar? Então dá tudo errado, aoeuoau. O passado deles não foi sombrio, mas a separação de Fate e Vion vai ser explicada futuramente. Digamos que essa parte é mais ou menos a relação de Sora com Riku, de Kingdom Hearts. Sobre Vion e Dracmon se aliarem ao inimigo, é algo que você verá não muito em breve, mais ou menos na segunda saga.

Sobre o Grim, é praticamente isso que você falou... e eu adorei a frase, haha. Casablanca, vivo ou morto? Você saberá nos próximos capítulos, e isso vai dar muito o que falar nessa saga ainda. No caso dos digimons, digamos que, dependendo do digimon, ele fique mais forte. O Apollomon, por exemplo, é extremamente forte, rs. O destino deles agora será descoberto no capítulo 08, e a fuga não pára por ai... Melodee permanecerá um mistério durante alguns capítulos, devendo retornar lá pro capítulo 15.

Novamente, obrigado pela presença, agradeço os elogios, e não precisa pedir desculpas \o Espero que continue acompanhando amigão, abraço!

@Rikaru: Violentblade vai dar muito o que falar ainda Digimon Fate. Vai aparecer e reaparecer diversas vezes, e vai dar muito trabalho pros protagonistas. Essa entidade maior por trás dele, é algo que não há de ser grande destaque na fanfic, mas deixará todos de queixo caído. Nathalia vai ser uma das protagonistas, mas tardará a aparecer. Casablanca não se preparou, ele nasceu preparado... como assim? capítulo 10 você descobre. Isso é necessário para apresentar todos os personagens da história, senão fica um bolo de nego e eu não consigo escrever ;/ Digamos que Reverbel e Vion tem digimons pau a pau, mas Hyokomon é mais poderoso, e Dracmon mais ágil (contando com suas linhas evolutivas). Não se preocupe, Sarah vai ficar até o fim da fanfic.

Eu estava sem ideias para o capítulo 07 quando fui escrevê-lo, ai decidi focá-lo no Grim. Por que a Tríade estava numa oficina mecânica, e por que Vion tava mexendo numa caminhonete? No capítulo 09 você descobre, heheheh. É desse jeito mesmo que voce falou, apesar de serem vilões, eles também são humanos, e também tem sentimentos. E não, não é HQ deles, eles nunca terão HQ, porque sempre estarão indo de um lugar ao outro... raros serão os que terão HQ. Sarah e Reverbel é uma relação de pai e filho, mas não, Vion não é o Lone-Wolf, ele é bem mais íntimo com Sarah do que Reverbel, você vai descobrir porque. E não, lembre-se, a Tríade sempre está um passo a frente dos caras.

Grim e Fate se conhecem desde pequenos, a amizade deles é longa e deveras verdadeira, e na minha concepção, "eu te amo" não se diz só para namorada ou para os pais, se diz também para os amigos, pois a amizade é uma forma de amor também, talvez seja por isso que você se assustou. Você verá muito disso ainda, ainda mais com Fate e Vion, que eram/serão BEM mais unidos que Fate e Grim.

Melodee e Renamon vai dar muito o que falar ainda, elas são digamos uma peça-chave nessa primeira saga. Casablanca realmente não entrou em contato com o grupo, por que será em? Capítulo 09 você descobre. Acho que você não entendeu. Fate e Falcomon estavam acorrentados à parede numa sala, no solo/térreo mesmo. Digamos que essa sala em que essa dupla estava é o "fim" do esgoto. Já Grim e Commandramon, estavam numa sala acima do solo, ou seja, no "primeiro andar", e aquele buraco com grades de onde Grim pulou era uma passagem, que levava a um corredor e à sala onde essa outra dupla (Grim e Comm.) estavam. Entendeu?

Fico feliz por essa parte ter parecido realista, e a sala/local onde Fate estava não era bem uma cela, rs. Falcomon e Fate estarão muito machucados mesmo, e você vai descobrir como eles irão se curar no capítulo 08. Obrigado pelos elogios a batalha e as demais cenas, fico realmente mt lisongeado. Posição curiosa é ele ter ficado de quatro, kkk. Para mim, o Digisoul é o poder da alma, em forma de energia. Seria o ki dos Sayajins, ou o chakra. E, por um sentimento maior, quando essa energia se expande, ela fica sem limites, assim surge a Chou e a Warp Shinka. Vamos supor, um fdp vai lá e mata sua mãe, na sua frente, a sangue frio. Porra, você fica fora de controle. Warp Shinka nele. Pleonasmo, ah, os pleonasmos... me perseguirão até meu caixão. Obrigado pelos elogios de sempre, e grato pela presença! Espero que continue acompanhando. Abraços \o

Pessoal, devo postar o capítulo 08 no sábado. Até lá \o
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Mensagem por Rikaru Muzai Ter 13 Dez 2011, 10:30 am

Deixará a todos de queixo caído? Nossa, então deve ser algum conhecido dos protagonistas e/ou alguém que ninguém sequer cogitaria a hipótese de ser a autoridade superior ao V-Blade. De novo isso de "Capítulo ?? você descobre", que saco Polli, você fica querendo me deixar mais e mais curioso. u.u Bolo de nego? Gargalhei aqui. xD Se esse capítulo você faz sem ter ideias, imagino a magnificência que vai ser um que você tiver ideias. =P Olha só, de novo o suspense. Ainda vou dar uma de Grim e usar a Chou Shinka no meu Lucemon para ele lhe mandar para a Dark Area com seu Dead or Alive. u.u -q

Hummm, Vion bem íntimo de Sarah é? Imagino que tipo de intimidade eles tem, deve ser algo com relação à posição curiosa do Commandramon. hahahahahahaha Certo, não entremos nesse assunto, há crianças no recinto. -q A Tríade está sempre um passo a frente dos heróis? Humm, o que será que eles estão planejando então? Acho que irei descobrir no próximo capítulo. Não me entenda mal, eu não me assustei por amigos dizerem isso, mas sim pelo Fate dizer isso, pois eu não esperava algo assim dele. É bonito demonstrar o amor fraternal pelos amigos, eu gosto disso. ^^

Peça chave, hein? Humm, talvez elas irão adquirir o Pendrive e entregá-lo ao Fate, mas acho bem improvável isso. Não consigo pensar em qual será a importância delas nessa Saga, só posso esperar para descobrir. =P A terceira vez em um só comentário que você me deixa no vácuo, tendo que esperar para descobrir as coisas. u.u Sim, eu entendi. Mas isso de primeiro andar e térreo não foi dito no capítulo, o problema foi o que você disse, isso:

"Acorrentado e suspenso, praticamente colado na parede da sala que antes estivera com Grim e Commandramon, Fate não conseguia se soltar, visto que ambos os braços e pernas estavam presos."

Isso me fez entender que o Fate e o Falcomon estavam na mesma sala que Grim e Commandramon estiveram. Porém, agora re-lendo essa parte, o que consigo entender é que as duas duplas estiveram juntas nessa sala, o que também é estranho, pois não me lembro de eles terem estado em uma sala assim nesse capítulo. Ah não, de novo? Quatro vezes em apenas um comentário. Estou avisando, vou usar a Chou Shinka. u.u -q

Eu imaginei mesmo que a posição curiosa era de quatro, mas não precisava destacar isso no capítulo. xD Hey, apesar de eu não ter assistido Savers, eu sei que a DigiSoul é uma energia interior que se manifesta em certos momentos em que os portadores estão com um sentimento no ápice, assim transbordando esse sentimento em forma de energia.

Ah, uma coisa que eu esqueci de falar antes, o que é bom, pois agora tenho uma visão melhor disso. Acredito que cada membro da Tríade tem o seu inimigo principal nos heróis. Vion = Fate, Reverbel = Grim e Sarah = Nathalia. Antes eu não tinha ideia de quem seria o inimigo principal da Sarah, mas como você disse que a Nathalia será uma protagonista, então imagino que seja ela. Fico imaginando uma batalha entre os dois trios, seria demais. \o

Não precisa agradecer os elogios, eu tenho muitos motivos para elogiar seu excelente trabalho nesta Fanfic. Agradeço por me dar um tempinho até a postagem do próximo capítulo, assim talvez eu crie coragem e me atualize em outras Fics. xD
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Mensagem por Leonardo Polli Ter 13 Dez 2011, 2:59 pm

@Rikaru: Como eu disse no começo da fanfic, o Fate é baseado totalmente na minha personalidade, então obvio que ele iria falar que ama algum amigo \o Não, essa do pendrive ser entregue a Fate e cia. está fora de cogitação, primeiro que vai demorar pra caralho pra Melodee e Renamon cairem na real, e ainda mais voltarem a ser como eram antes... A sala que eles estiveram juntos, é a sala onde eles foram atacados pelos Numemons... aí, eles ficaram inconscientes, e as duplas foram separadas, manja?

Vion = Fate, Grim = Reverbel até vai, mas Sarah = Nathalia está fora de cogitação. Está mais para Sarah = Felicia. Nathalia é paraplégica, filho.

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Mensagem por Rikaru Muzai Ter 13 Dez 2011, 5:58 pm

Ah é, me esqueci disso novamente. Acho até que vi no seu Facebook ou Twitter você dizendo que ama um de seus amigos, a não ser que eu esteja tendo Dejavús novamente. hahahahaha Eu não quero mesmo que Melodee e Renamon caiam na real rapidamente, pois poderia tornar toda a criação desse passado delas, do pensamento delas e dos motivos para elas estarem como estão, algo mal aproveitado, pois há muito o que aproveitar.

Eu sei que a sala que eles estiveram juntos é onde foram atacados, por isso não pode ser a mesma sala em que Fate e Falcomon estavam presos, pois pelo meu entendimento, são lugares diferentes e em partes diferentes do esgoto. Opa, Felicia? Então ela não será apenas mencionada, mas uma protagonista também? Agora ficou mais interessante, talvez ela tenha haver com a possível mudança de lado do Vion em um futuro distante. E hey, não importa que a Nathalia seja paraplégica, há paraplégicos que fazem coisas incríveis.

Bem, no aguardo do próximo capítulo, estou ansioso. \o
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Mensagem por Leonardo Polli Seg 19 Dez 2011, 6:12 pm

@Rikaru: Como eu disse, pretendo trabalhar todos os personagens, seja em conjunto ou em específico, e isso não foge de Melodee e Renamon.
Felicia vai ser protagonista sim, só não vai dar as caras tão cedo. Há muitos protagonistas pra aparecer na Fate ainda, e alguns deles só dão as caras perto do fim da fic... Nathalia é incrível, mas o suspense vai pairar sobre ela durante muito tempo. Posso te dizer com tranquilidade que ela só vai aparecer na quarta saga.

Segue-se abaixo o capítulo 08!
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Mensagem por Leonardo Polli Seg 19 Dez 2011, 6:52 pm



- Pense que é um trem que nunca pára, pois o seu combustível nunca acaba. E que, no mais alto dos céus, está a resposta, que você tanto procura.

- O... o quê?

-... Você é um tonto mesmo. Cuide desses braços.

toc toc toc...

Saga 01 - Em Busca do Desconhecido
Capítulo 08 - Chuva de Novembro


A maçaneta dourada girou, provocando um pequeno ranger quando a porta foi empurrada. Aqueles olhos castanhos tão tocantes demonstravam preocupação por si mesmos, ainda mais por serem puxados no estilo oriental. A porta de madeira clara voltou ao lugar, com outro ruído por conseqüência, mas isso era o de menos. Grim deu passos firmes e lentos na direção da pequena cama de solteiro que estava ao lado oposto da qual estava um homem deitado e doentio. Sentou-se na mesma, procurando um ponto confortável para as suas nádegas.

Agarrou o travesseiro branco que se encontrava sobre a cama, e o aconchegou em seu colo, colocando sua cabeça sobre o mesmo e tomando uma posição pensativa.

- Você está bem, Fate?

- Quem... Quem era aquele homem? - indagou Fate, com uma voz fraca e poucas forças para tomar qualquer ação.

- Que homem, Fate? - rebateu Grim, com olhos indecisos e uma testa franzida. - Acho que os remédios te deixaram louco.

- Tinha... Tinha um homem ai, bem onde você está. - disse o homem de cabelos ondulados, balançando sua cabeça num sinal de indicação. - Remédios... O quê aconteceu... ?

Concentrou todas as forças de seu corpo na sua cabeça e pescoço, tentando levantá-los com esforço, sem êxito. Reclamou de uma dor que sentira nos lugares, fazendo com que sua mente se tornasse mais confusa ainda. Tentou várias vezes levantar seus braços, mas também não conseguiu. Pensou que havia perdido a circulação de sangue nas pernas, pois as mesmas também não se mexiam. O lençol sobre seu corpo musculoso fazia ondas toda vez que ele tentava de certa forma levantar algum membro de seu corpo, não conseguindo.

Respirou profundamente com olhos fechados. Uma lágrima salgada e fria começou a escorrer pela sua face branca com barba malfeita.

- O que... o que aconteceu?

- N-Não se mexa, Fate... Fique calmo, está tudo bem. - disse o japonês, tentando acalmar o amigo, também despejando lágrimas.

- Tudo bem?... Meu corpo não se mexe, e eu não consigo falar... Chama isso de tudo bem!?

- É o efeito dos remédios... - respondeu Grim, tentando acobertar a situação.

- Remédios!? Pra quê remédios!!?

- Você... você quase morreu, Fate.

Sua boca de repente ficou seca e seus olhos se estagnaram numa posição que demonstravam confusão e curiosidade ao mesmo tempo. qu-quase morri?... Estava completamente confuso, sem rumo, sem perguntas e sem esperanças. Como quase morreu? Como assim? Estava num esgoto e, em outro segundo, havia acordado num quarto de hóspedes desconfortável e minúsculo, deitado numa cama e com faixas e esparadrapos por todo o corpo? Não estava entendendo mais nada, apenas pensava positivamente para que a dor em suas pernas, cabeça e braços parassem logo.

Resolveu parar de se perguntar o porquê de remédios. Era pra não morrer. Lembrou-se de sua amada irmã, sabe-se Deus onde agora ela estava. Pedia com forças interiores para que ela estivesse bem, no máximo do possível. Não podia morrer. Agora que sabia que ela estava viva. Deixaria a pequena ruiva sem rumo pelo mundo, sem carinho, sem cuidados. Sozinha, sem um cão guia. Sem ajuda, pois estaria sem família, e também sem amigos. Ele não queria isso, e tentava a todo custo melhorar a situação.

Os lábios rosados se fecharam, mas logo se abriram carinhosamente.

-... Onde estamos?

- Enterprise, uma pequena cidade pra baixo de Las Vegas. - respondeu Grim, retirando o travesseiro de seu colo e entrelaçando as mãos, com o olhar direcionado para as mesmas.

- Droga... Ainda estamos em Las Vegas. - reclamou Fate, mostrando estar preocupado. - Como... Como viemos parar aqui?

-... Fomos levados pela correnteza do esgoto, e depois eu fiquei inconsciente e não me lembro de mais nada... Dai quando acordei, estava nessa cama, deitado, com esparadrapos e ervas sobre mim. Assim como você está. - explicou calmamente o japonês, para diminuir a confusão presente nos pensamentos do amigo. Mostrou suas mãos para o americano, que curiosamente estavam enfaixadas - Também, minhas mãos já estavam assim quando acordei. Talvez o mesmo alguém que nos tenha trazido para cá, fez isso.

-... Falcomon?

- Sinceramente, eu não sei... Procurei pela casa toda, mas não o encontrei, nem Commandramon... Por Deus que eles não estejam mortos. - disse Grim, abaixando e balançando a cabeça e olhando para si mesmo, logo fechando os olhos.

- Peça para o seu Deus que nenhum agente do exército venha pra essa cidade. - comentou Fate, finalmente conseguindo levantar sua cabeça e, conseqüentemente, sua coluna, ficando praticamente sentado na cama, com as pernas esticadas e ainda com o corpo dolorido.

- Você não toma jeito mesmo, né Fate?

- Quando jeito for líquido, me avise.

Grim abriu um largo sorriso, balançando a cabeça para os lados em seguida. Olhava confiantemente para Fate, que estava com uma cara de cansado e demolido. Levantando-se e caminhando tranquilamente até a outra cama, o rapaz de calças skinny estendeu sua mão para o americano na outra cama, que esboçou um sorriso falso e logo o desmanchou, levando sua mão para a do japonês. Com forças aplicadas em ambos os lados, Grim conseguiu puxar Fate, que reclamou um pouco devido a rapidez que fora levantado, levando suas duas mãos na região da cintura, apertando-a, em seguida lançando-as para o alto.

Esticou os dois braços com todas as forças que voltavam a si naquele momento, bocejando com uma boca larga. Grim começou a dar gargalhadas vendo o amigo gesticulando feito um louco enquanto descarregava toda a energia negativa que havia dentro de si, com um simples ato. Em seguida, o americano começou a mastigar, deixando o japonês curioso, mas era costume idiota mesmo.

Tudo agora estava carregado, menos uma coisa que roncava a todo tempo.

- Existe comida pra "quase-mortos"? - perguntou Fate, esfregando a região da barriga.

- Serve pão?

- Serve até caca de nariz. - respondeu o homem, sem rir.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH FATE, seu nojento!

- É sério meu querido. - disse Fate, com um olhar sério. - Com a fome que eu tô, tudo que vem é bem-vindo.

-... Você é muito nojento, cara. - salientou Grim, cruzando os braços e franzindo a testa. -... Vem, vamos comer.

Grim tomou passos na direção da porta, com uma cara de enojado. Fate seguia atrás, meio mancando, como se fosse uma criança, mexendo em cada coisa que encontrava.

----------------------------------------

Estavam sentados em cadeiras de madeiras, confortáveis ao máximo por possuírem como assentos estofados fofos. Sobre a mesa, duas cestas de frutas de vários tipos e formatos, uma jarra com suco de laranja e por debaixo de tudo isso uma extensa toalha, para evitar sujeiras na mesa. Fate comia um pão francês com vontade, mastigando vorazmente para obter mais e mais pedaços do alimento. Devia estar com muita fome. Para aderir à refeição, pegara um copo de vidro e despejara um pouco do líquido contido na jarra, bebendo com prazer a cada intervalo de duas ou três vezes que colocava o pão na boca para comer.

Grim continuava com a mesma cara de nojo de antes. Sentia ânsia de vômito ao ver o amigo comer daquele jeito, mas caiu na realidade, e viu que era falta de costume mesmo. Lançou sua mão numa das cestas, e retirou de lá uma maçã, bastante vermelha para ser dita madura. O japonês deu uma bocada na fruta, mastigando cuidadosamente cada pedaço contido no céu de sua boca - afinal, segundo ele, era melhor mastigar os alimentos com cuidado, a fim de se obter uma melhor digestão dos mesmos.

Em menos de um minuto o rapaz americano terminou de comer o pão, passando a ficar com um olhar sério para Grim.

- É. - disse ele, sem mais nem menos, com o cotovelo apoiado sobre a mesa e com a cabeça inclinada e apoiada na mão direita.

- É o quê, Fate? - perguntou Grim, totalmente confuso.

- Estamos completamente na roça.

- Você tem razão... Mas não vamos pensar nisso agora, por favor.

- Cara... Pensar que Vion nos traiu... e que ele está com a minha irmã... e que o meu digivice não existe mais... - comentou Fate, com um olhar triste e uma respiração de mesma entonação. Começou a enrolar os fios de cabelo com os dedos, talvez numa tentativa de passar o tempo. - Isso... Isso só me deixa cada vez mais pra baixo, e eu fico sem saber o que fazer...

- De todo seu coração: o que você quer fazer?

De certa forma, Grim havia pegado no ponto fraco de Fate. O rapaz de cabelos ondulados desinclinou sua cabeça e deixou seu braço junto com o outro, colocados horizontalmente na mesa. Abaixou a cabeça e fechou os olhos, respirando profundamente. Molhou os lábios com sua doce e delicada língua, na tentativa de procurar uma resposta. Realmente, ele não sabia o que fazer. Estava sem rumo, sem lugar para ir. A sua única família era sua irmã, Melodee, e por isso que a sua primeira preocupação era sempre ela. Estava fugindo de Vion e do exército americano, que seguia o seu faro a cada passo que dava.

Não tinha resposta para a pergunta do seu amigo.

- Eu... eu não sei.

- Você não sabe o que fazer, certo. - afirmou Grim, levando sua mão no queixo, cobrindo com o dedo indicador os seus lábios e tomando uma forma pensativa. - Me diga, qual a coisa mais importante pra você, agora?

- Você sabe... É a Dee. - respondeu Fate, com um gesto.

- Certo, sua irmã. E depois?

-... Falcomon.

- Tudo bem, seu digimon. Alguém que está do seu lado há vinte e cinco anos, alguém que praticamente nasceu com você. - balançando a cabeça, o japonês mostrava estar entendendo as respostas do amigo. - Ligue os fatos.

- Ligar os fatos... Como assim?

- Tá na cara, Fate! As coisas mais importantes na sua vida são as coisas que você mais ama... - Grim não parava de gesticular, embora estivesse cansado. - É por isso que o país inteiro tá querendo o seu enterro... Ninguém mais se preocupa com ninguém hoje em dia. Cara, você se importa com os outros acima de tudo, faz de tudo para que todos ao seu redor fiquem bem no máximo possível, e só depois no final que você vai ver o melhor pra você.

- Eu nasci destinado a morrer. Nasci um McFate. - disse Fate, se levantando da cadeira estupidamente, não virando o olhar e mantendo-o para Grim.

- Não pense assim... Deus sabe a hora de cada um partir.

De repente, Fate se exaltou.

- SE DEUS EXISTISSE, ELE NÃO TERIA DEIXADO OS MALDITOS MESTIÇOS MATAREM MINHA FAMÍLIA! SE DEUS EXISTISSE, ELE NÃO TERIA DEIXADO UM FILHO DA PUTA SEQUESTRAR A MINHA IRMÃ! SE DEUS EXISTISSE, ELE NÃO TERIA DEIXADO MEU DIGIVICE EXPLODIR EM MIL PEDAÇOS!... CAIA NA REAL, DEUS NÃO EXISTE!

- Deus existe sim, e Ele está ouvindo você gritar o nome dEle em vão.

Fate olhou além de Grim, e viu um homem. Um homem baixo, com uma barriga saliente e uma barba malfeita, cabelos curtos e castanhos e olhos de mesma cor. Sua pele morena destacava a camisa social azul, a calça bege e os sapatos negros que usava no momento. Devia ter mais ou menos um metro e sessenta, pois sua cabeça estava só um pouco mais alta da cabeça de Grim sentado. Devia ter por volta de trinta anos. O americano de cabelos ondulados olhou para o humano que estava parado a frente da porta principal daquela casa, e com olhos esbugalhados ficou sem reação.

O homem foi adentrando o local e guardou um saco que estava carregando nas costas.

- Não sei o porquê da sua ira tão grande em relação ao nosso Pai.

- Qu-Quem é vo-voc-cê? - indagou Fate, tremendo perante o homem.

- Sou o homem que não deixou você morrer. - explicou o homem, pegando uma cadeira e se sentando próximo aos rapazes. - Mark Sabin é o nome.

- Devo lhe dizer que fico muito agradecido por ter nos recebido em sua humilde residência, meu senhor. - disse Grim, tomando uma posição formal e estendendo sua mão para cumprimentar o provável dono da casa. - Prazer, Joshua Kasagrim.

- Nah, não precisa agradecer. O prazer é todo meu, haha. - disse o homem chamado Mark, humildemente, dando uma risada.

- Não se preocupe com o Fate, ele fica assim por alguns minutos só. Depois volta ao normal. - comentou Grim sobre o amigo, que estava sentado na cadeira ao seu lado aposto, ainda trêmulo.

- P-Peraí!?... Joshua Kasagrim... e Benjamin McFate? - perguntou o homem, levando a mão ao queixo e com um olhar demonstrando que a surpresa era sincera. - Os... os fugitivos da Area 51!?

- S-Sim, somos nós... - respondeu Fate, com um suposto medo de Mark entregá-los a polícia local.

- Jesus Cristo! Como estão vivos!!??... Me contem esta história direito!

----------------------------------------

-... e agora estamos sendo caçados pelo exército americano, pelo Vion, e por essas duas pessoas que conhecemos ontem à noite.

Sabin ficou perplexo. Toda a história havia sido contada a ele... Desde o início, até o presente. Tudo sobre Fate, Dee, Grim, Vion, os digimons, os inimigos, o pendrive... Tudo. Simplesmente tudo. De queixo caído, o dono da casa tentava de alguma forma acreditar que aqueles dois rapazes, sentados à sua frente, eram Joshua Kasagrim, e Benjamin McFate. Os mais problemáticos da cidade. Os mais caçados do estado. Os mais procurados dos Estados Unidos. Os mais loucos do universo.

Passara-se mais de quarenta minutos a conversa entre os três. De certa forma, já haviam formado certa amizade. Sabin contara-lhes que tinha um profundo ódio do exército americano, em conseqüência aqueles que trabalhavam na Area 51. Pois ele já trabalhou lá. E foram as mesmas pessoas, colegas de trabalho, a mando de seus superiores, que perfuraram os corações de cada pessoa de sua querida e amada família. Seus pais, quando era pequeno. Sua esposa e filhos, aos vinte e sete anos. O sumiço de seu irmão... Três anos sem ninguém para partilhar a dor que sentia no peito. Era algo muito difícil.

A sorte era de Grim e Fate, que não seriam entregues.

-... Eu imagino a dor que passou e está passando, Sabin. Eu passo o mesmo. - comentou Fate, derramando uma lágrima.

- Filho, você ainda tem sua irmã. Ela está bem, disso eu tenho certeza; eles não farão nenhum mal a ela, até que tenham você. Confie em mim. - salientou Mark, colocando mais suco de laranja no copo de Grim. - E, acredite: ela é, também, uma McFate. Cara... a família mais foda do país, em tudo. O seu sangue corre nas veias dela.

-... Às vezes eu queria trocar meu sobrenome, e a minha vida. - bebendo aos goles o líquido alaranjado no copo, Fate desabafava. - Sabe, não é fácil...

- Eu sei, todos sabemos disso. Perdemos, mas ainda estamos vivos. Agradeça a D...

- Mas, nos conte... Como você nos encontrou, meu senhor? - interrompeu Grim, a fim de não ocasionar mais uma discussão por parte de Fate, sobre divindades.

- Bom... Eu estava pescando no laguinho aqui perto de casa quando, de repente, a parede do esgoto explodiu, e veio uma correnteza enorme de água... Vocês quatro vieram junto com ela. Daí, eu os trouxe aqui pra minha casa, pra cuidar de vocês...

- Nós... quatro?

- Sim, você, ele, um Falcomon e um Commandramon. - respondeu Sabin, com uma cara de preocupado.

- FAL-FALCOMON!!!?? - surpreendeu-se Fate. - Onde... onde ele está?

- S-Sim, Falcomon. - afirmou Mark, com a mesma cara. Talvez tivesse entendido a agonia que Fate estivesse passando. - Ele está lá fora, junto com Commandramon...

- F-FAL-FALCOMON!!! - gritou Fate desesperado, saindo estupidamente da cadeira, derrubando-a no chão por conseqüência, correndo na direção da porta e saindo da casa.

- Es-Espere...

O homem se levantou da cadeira, totalmente preocupado. Sua boca havia secado e mantinha-se aberta, seus olhos frios e quase derrubando lágrimas de tão trêmulos que estava. Vagarosamente, começou a caminhar na direção da cadeira derrubada por Fate, recolocando-a no devido lugar. Grim saíra e arrumara a sua cadeira, indo atrás de seu amigo Benjamin, também preocupado. Ele não estava entendendo o motivo da preocupação de Sabin, mas devia ser algo sério, muito sério para que o homem barrigudo ficasse com uma cara daquelas.

Seguindo o japonês, Mark Sabin se direcionou para fora da residência.

----------------------------------------

- E-Eu tentei... te avisar.

O céu estava nublado. O preto das nuvens deixava o dia com um ar de noite. A rua estava deserta, parecia que todos estavam tão tristes quanto o clima. Aos poucos, os pingos de chuva começavam a cair no asfalto, e a marcar a grama do quintal de água. Olhando para os telhados em volta, percebia-se que a intensidade começava a aumentar. Na copa das árvores, os pássaros se acomodavam como podiam em seus ninhos, parecia que até o seu canto havia sido oprimido pelo barulho da água caindo. O cheiro de terra batida começava a ficar mais forte, a pequena parte de barro que dividia a grama na frente da casa começava a se transformar em lama, devido à frenética chuva.

A forte chuva batia em suas costas estupidamente, como se fossem atravessar seu corpo. Aquela regata preta que vestia não ajudava muito, seus braços tremiam de tanto frio que sentia. Tudo de melancólico que girava em torno daquele lugar deixava-o cada vez mais triste, cada vez mais com sentimento de culpa. As lágrimas não se diferenciaram da chuva ao cair de seus olhos, mas aquele gostinho salgado que só elas tinham era o bastante pra deixá-lo ainda mais pra baixo.

Seus joelhos começaram a doer, e ele resolveu levantar. Ficou de pé, e tentou com todas as forças que ainda tinha levar suas mãos para a cara, a fim de tentar parar o constante choro. Levou as duas mãos para uma cápsula a sua frente - com vários tubos que vinham da terra - e estendeu as palmas, fixando-as no vidro da cápsula redonda e grande. Fechou os olhos por um instante e viu sua vida passar diante deles, como se aquele fosse o último ar que estivesse adentrando seus pulmões.

Mas, não. Dentro da cápsula, Falcomon estava mergulhado numa água com uma cor esverdeada, com várias bolhas saindo de suas narinas.

- Fal... Falcomon... - lágrimas voltavam a despencar dos olhos de Fate, que estava num estado de culpa pessoal. - Tudo... por causa de mim...

- Não fique assim, Fate. Ele está bem. - Grim tentou confortar o amigo, colocando sua mão nas costas do mesmo.

- ESTAR MORTO É ESTAR BEM?!

Fate virou seu rosto num piscar de olhos e gritou na cara de Grim, que só estava tentando acalmá-lo. Sabin percebeu e rapidamente chegou próximo aos dois.

- Ele não está morto. - disse, se aproximando para a região de trás da cápsula, lado oposto dos dois rapazes. - Falcomon estava muito ferido, e agora está recuperando suas energias na Enterprise.

-... Por Deus. Já estava começando a pensar que realmente ele estava morto... - comentou Grim, analisando a cápsula. - Então essa máquina recupera as forças de quem está dentro dela?

- Ele vai ficar bem... ? - perguntou Fate, totalmente preocupado com seu parceiro ninja.

- Sim, a Enterprise foi criada especialmente pra isso. - respondeu Mark Sabin, com a mão no queixo. - Logo, logo ele vai estar ótimo como nunca, Fate.

O americano de cabelos ondulados ficou melhor, ao saber que estava tudo bem com Falcomon. A chuva forte continuava do mesmo jeito, abarrotando aquela grama verde e fofa, mas Fate já não mais sentia a mesma dor de antes. O seu sentimento de culpa tinha vindo devido a ele achar que Falcomon estivesse morto. Mas, ele apenas estava desacordado, nada mais. Sua felicidade pouco a pouco voltava, fazendo com que ele se lembrasse que o esforço que fizeram no esgoto havia valido a pena.

Sua curiosidade instantaneamente aumentou.

- Por que... por que leva o nome da cidade?

- Por que... Falta de criatividade de minha parte.

- Você... Você que criou esse negócio? - questionou o rapaz, novamente.

- Sim. Aah, esqueci de falar pra vocês... - disse Sabin, balançando sua cabeça negativamente, queixando-se de si mesmo. - Eu sou um inventor... de coisas malucas, sabe.

- Falando em coisas malucas... Onde está Commandramon?

- Ele está...

- OOOOOOOOWWOOOOOOOOOOOOOOWOOOOOOOOOOOOW!

Todos voltaram sua atenção para cima. Alguns pingos da chuva explodiram em seus olhos, fazendo com que levassem as mãos no mesmo local para limpar, contudo não era isso que provocara o alarde, mas, sim, algo escamoso, com um pouco mais de um metro e meio, e que estava sentado num pequeno foguete, ziguezagueando no ar pesado. Gritava feito louco, afinal nunca havia subido num foguete e sair voando por ai. Começou a entrar em desespero, pois estava numa altura alta o bastante para qualquer descuido resultar num tombo perigoso e machucados feios.

Grim gritava o nome de Commandramon, mandando o digimon dinossauro descer do foguete. Ele tentava, mas não conseguia. Suas mãos estavam presas a duas alças de metal que faziam parte do próprio foguete, onde ele se segurava para não cair. Estava ficando tonto, e decidiu tomar uma atitude inesperada. Forçou seu peso e num impulso o foguete começou a descer numa velocidade incrível. Não conseguiu retomar o controle da situação e o foguete acabou com a sua ponta atolada na grama, causando uma explosão de barro para todos os lados.

Fate e Sabin conseguiram saltar, se salvando de serem atingidos pelo barro. Grim incrivelmente teve somente seu rosto manchado por lama.

- Ufa... Bela aterrissagem, capitão Commandramon. - disse o digimon dinossauro passando a mão na testa, provavelmente livrando-se do suor que ali escorria.

- Você me paga, Commandramon. Você me paga.

O causador da baderna deu um salto e desmontou do foguete, deixando a peripécia de Mark Sabin ali mesmo, onde se encontrava. O inventor se direcionou até o foguete, e o recolheu com os braços, e com alguns passos se direcionou até a entrada da casa, avisando os rapazes que iria guardar o objeto experimental e logo voltaria. Commandramon tentou de tudo para mudar a cara de Grim, desde rolar na grama e ficar com coceira no corpo, até abrir sua boca o máximo que podia, mas não obteve sucesso. Fate havia encostado a cabeça na cápsula em que estava Falcomon, e começava a pensar se Sabin realmente estava certo sobre a vida do digimon.

Pouco mais de dois minutos se passaram. Grim e Commandramon continuavam brigando, mas nada que atrapalhasse o momento pensativo de Fate.

Um barulho semelhante a uma liberação de gás de uma chaleira chamou a atenção do rapaz americano. Olhou para cima da cápsula, e pôde perceber que ali havia uma chaminé, cuspindo fumaça como se pertencesse a um trem a vapor. De repente, a água contida dentro da cápsula começou a descer tranquilamente e, estranhamente, os tubos que estavam conectados a cápsula se mexiam, aparentando estar sugando a água de dentro da cápsula. Em alguns segundos, toda a água havia sido esvaziada, restando apenas um Falcomon ajoelhado no solo metálico da máquina.

Com um barulho parecido com uma nave partindo, o vidro cilíndrico que pertencia à cápsula começou a se retrair para cima.

- Falcomon...

Fate estava com olhos alagados. Sim, seu parceiro digimon estava vivo. A não ser que digimons mortos conseguissem permanecer de joelhos. Mas, enfim, isso já bastava para que o americano corresse e agarrasse o falcão, que estava molhado. Pouco importava se iria se sujar ou feder. O importante era que Falcomon estava vivo e, além de tudo, todos estavam bem. Falcomon dissera mais de três vezes algo como me solta Fate, me solta... mas as incansáveis vezes já o irritava. Então, resolveu deixar que a felicidade de seu companheiro humano tomasse conta de si também.

Conseguindo voltar ao chão, Falcomon deu uma chacoalhada nos pêlos e se espreguiçou. De nada adiantou, pois a chuva ainda continuava. Estava se sentindo muito bem, bem melhor que antes. Estranhamente, tinha a sensação que não acordava há mais de anos. O ar pesado em seus pulmões circulava com a leveza de uma pena. Olhou para os céus e abriu um largo sorriso, agradecendo a Deus em seu pensamento por sua vida. Por estar podendo caminhar mais uma vez.

Fate já estava se irritando com a chuva.

- Droga de chuva.

- Não xingue a chuva, Fate. Ela não tem culpa de nada. - repreendeu Grim, fazendo biquinho.

-... Eu... Nós precisamos conversar pessoal. Vamos entrar. - avisou Falcomon, começando a caminhar sobre a grama molhada, apesar de praticamente não senti-la.

Fate pensou que era brincadeira. Talvez estivesse falando sério, pois sua cara não era das melhores. O falcão entrou na casa; os rapazes e Commandramon o seguiram.

----------------------------------------

Estavam todos sentados à mesa. Falcomon na cadeira que estava mais pro fundo da cozinha, próximo as prateleiras e geladeira. Olhava seriamente para Fate, do lado oposto da mesa, próximo a porta de entrada/saída. Grim e Commandramon sussurravam entre si, deixando escapar algumas gargalhadas altas, vindas do lado direito da mesa. Mark Sabin havia sido convidado para a discussão há menos de cinco minutos, e se encontrava encostado numa das paredes da cozinha, com a atenção totalmente voltada para Fate, e Falcomon.

O digimon ninja pediu a atenção de todos, e abaixou a cabeça.

- Eu decidi que, depois de tudo que passamos, eu... bem... - disse, não conseguindo terminar. - Decidi que vou parar de fugir.

- O QUÊ!!? VOCÊ FICOU MALUCO, FALCOMON!?? -

Joshua Kasagrim foi o primeiro a desaprovar a decisão de Falcomon. Levantou-se estupidamente, derrubando a cadeira em que estava sentado. Posicionou suas duas mãos na mesa e ficou com os braços inclinados, olhando seriamente para o digimon. Estava mais parecido com um tribunal do que com uma discussão. Commandramon ficou assustado de começo, se perguntando o porquê de seu parceiro humano ter agido daquele jeito, pois nunca era rude de tal forma, mas tudo demonstrava que a coisa era séria.

Sabin abaixou sua cabeça e a balançou lentamente. Fate fechou os olhos e se levantou, caminhando até a porta e ficando de costas para todos.

- Sabe... Falcomon tem razão. - disse o rapaz, cruzando seus braços. - De certa forma, não vamos chegar a lugar nenhum se continuarmos fugindo, fugindo, e só fugindo... Quase morremos por várias vezes, e por quê? Porque fugimos. Seria melhor acabar com tudo isso de uma vez, e finalmente termos paz, do que sempre fugir...

- Mas, como vocês vão derrotar um exército de mais de centenas de milhões de homens e digimons? - indagou Sabin, curioso. Pegou uma cadeira e sentou-se, para participar da discussão.

- Eu... eu não sei. - respondeu Falcomon, sem argumentos.

- Es-espera um pouco... Não era o pai da Felicia que era dono de uma delegacia? - perguntou Commandramon, ficando de pé na cadeira.

-... Bem pensado, Commandramon! - disse o falcão, apontando para o dinossauro. Abriu um largo sorriso e pensou que tudo seria mais fácil graças à idéia de Commandramon. - Agora que eu me lembro... Edward Andreas Pascatil, diretor principal da Central Intelligence Agency, popularmente conhecida como CIA.

- Bela delegacia. - comentou Sabin, rindo.

- Certo... Acho que vocês me convenceram. - cedeu Grim, com um largo sorriso. Vendo que todos queriam parar de fugir, ele não tinha outra escolha, apesar de estar morrendo de medo. - Tudo bem, já achamos um meio de parar com isso. Agora, a gente chega nesse cara ae, e fala moço, você pode emprestar uns homens pra gente derrotar um exército?

- Olha o respeito, Grim. Ele não é um qualquer. - repreendeu Fate, com uma atitude sincera e madura. - Além de ser o diretor da CIA, ele é o pai da Felicia.

- Tá bom, Fate, tá bom. Mas só porque é pai dela.

-... Eu tenho uma idéia. - anunciou Falcomon, descendo de sua cadeira e se direcionando a prateleira. - Que tal irmos atrás de Felicia?

- Vai ser perda de tempo. - comentou o rapaz americano, encostado na parede oposta à de Sabin. - Conhecendo ela como a conheço, ela deve estar prendendo algum corrupto em Nova York, ou tirando férias na Índia.

- Tem razão... Esquecemos que ela tem dupla personalidade. - lembrou-se Falcomon.

- Haha, eu sabia. Vocês não sabem o que fazer, certo? - perguntou Sabin, rindo.

O dono da residência estava certo. Os quatro fugitivos não sabiam o que fazer. Aquela estava sendo a primeira - e tomara Deus a última - vez que a procura por algo desencadeava numa fuga tão grandiosa assim. Joshua não tinha idéias do que fazer, muito menos Commandramon. Falcomon dera a sua palavra, que deviam procurar Felicia, mas como Fate respondera, seria perda de tempo. Ele, por sua vez, tentava achar uma saída como sempre, mas desta vez seu cérebro não o ajudou muito. Estavam perdidos, pois não sabiam onde Melodee, Renamon e o pendrive estavam. Não sabiam onde o motivo daquela jornada se encontrava, naquele momento.

Fate bufou, e fechou os olhos. Commandramon e Falcomon haviam se juntado, para conversarem sobre suas opiniões.

- Bom... Enquanto vocês decidem o que vão fazer, que tal passar pelo menos o resto do dia aqui, em casa? - sugeriu Sabin, abrindo as portas de sua casa para os fugitivos. - Vejam... Já são quase 17h00min!

- Eu não tenho sugestões. - anunciou Fate, propositalmente dizendo que queria ficar.

- Me faltam argumentos. - Falcomon seguiu a mesma linha de opinião que o seu parceiro humano.

-... Eu fico, fazer o que né. - desistiu Grim, pensando que os digimons iriam ajudar a todos mudarem de idéia e voltarem a fugir. - E você, Commandramon?

- Commandramon quer visitar a cidade!

-... É, eu acho uma boa idéia vocês darem umas voltas por Enterprise. Conhecer os arredores e tal. - Sabin se despediu de cada um que ali se encontrava com um forte aperto de mãos e um longo abraço. - Mas, tentem voltar antes das 19h00min, porque nessa hora a cidade começa a ficar, digamos... perigosa.

Os fugitivos, alegremente, seguiam para fora da casa, enquanto Sabin se direcionava para outro cômodo, com bastante confiança nos rapazes.

- Tudo bem, a gente se cuida... Até mais!

----------------------------------------

A chuva já havia acabado. Em seu lugar fortes raios de sol, que ajudavam a terra a filtrar a água presente na grama do quintal da residência. O sol possivelmente deixaria cego qualquer um que ousasse olhá-lo, mas esse não era o interesse dos fugitivos. Caminhavam lado a lado, próximos ao fio-guia. Fate já começava a reclamar de dor no pé, logo levando uma repreensão de Grim, que falou que caminhar era algo bom e interessante para a saúde do ser humano. Falcomon continuava sério, ainda pensando na hipótese de parar de fugir e enfrentar cara a cara seus inimigos.

Commandramon cheirava curiosamente tudo que encontrava pela frente. Parecia mais com um cachorro agitado do que com um dinossauro.

- O cheiro da tecnologia atrai Commandramon. - comentou, se referindo ao odor de computadores e periféricos estragados que se encontravam nos potes e latões de lixo.

- Quando eu encontrar um telescópio da NASA, faço questão de enfiar no seu nariz, amigão. - prometeu Fate, rindo.

- Haha, muito engraçado Mister M.

- Eu gostei da idéia... - anunciou Falcomon, levando as asas na boca afim de tampar seu largo sorriso.

- Falcomon!? - irritou-se Commandramon, com uma cara de indignado e de surpreso ao mesmo tempo.

A cidade estava pacífica, praticamente não havia pessoas ou carros pelas ruas. Os pássaros cantavam e sobrevoavam aquele ar puro, embora ainda estivesse úmido e inapropriado para tráfegos aéreos. Os fugitivos dobraram a esquina, visualizando os prédios e decorações dos mesmos e dos postes de luz e semáforos. Era tudo com um tom de tecnologia avançada, o que chamava a atenção de Grim, devido ao seu interesse por coisas futurísticas, o que era bobeira para Fate e os demais.

Ao longe, no fim da rua em que se encontravam, cruzou numa bifurcação uma grandiosa caminhonete negra. Seu motor roncava como uma fera esfomeada, embora mesmo assim os quatro fugitivos não o notassem, por talvez estarem descontraídos cantarolando músicas infantis ou gesticulando. Commandramon começou a pular, chutando pedras em seu caminho. Uma delas subiu inclinadamente, parando a alguns metros à frente. O olhar do digimon seguiu o trajeto do objeto, e com a sua visão periférica, terminou em algo que ele não queria ter visto.

A caminhonete.

- Meu Deus! Olha o tamanho daquilo! - gritou o dinossauro, se exaltando e demonstrando interesse pelo automóvel.

- Uma... uma caminhonete. O que tem de diferente nela, Commandramon? - perguntou Grim, não entendendo o motivo da alteração súbita do digimon.

- Acho que ele quer aprender a dirigir, deve ser por isso, haha. - comentou Falcomon, rindo.

Os dois não entendiam o porquê de Commandramon ter se exaltado de súbito. Era bastante comum ver uma caminhonete numa cidade, afinal, o que ela teria de diferente? Era negra, grande, tinha um motor e era um automóvel... Óbvio. Mas, era de se esperar uma coisa dessa vinda de Commandramon, que se surpreendia até com formigas carregando pequenas folhas. A caminhonete começou a trovejar e lentamente seguia seu trajeto pela rua, como se quisesse impor medo em alguém.

Fate começou a ter suas dúvidas, e após alguns segundos olhou fixamente para o banco em que o motorista devia estar sentado. A caminhonete tomou uma velocidade maior, o que assustou os quatro fugitivos. O rapaz americano analisou melhor quando estava por vir o automóvel, e logo pôde ter suas suspeitas concretizadas. Reverbel estava com sua AK-47 na carroceria, de pé, numa posição de ataque. Vion com um olhar assassino encarava Fate, enquanto dirigia o auto, ao lado de Sarah.

-... Corram!
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Mickey Seg 19 Dez 2011, 8:12 pm

Ótimo episódio Leo!

Hehehe o Fate/Falcomon e o Grim/Commandramon tem muita sorte... Não formulando...

O que o Fate/Falcomon e o Grim/Commandramon têm de sorte eles tem de azar... Fala sério!

Mal retiraram as faixas e vão ter que peitar Vion, Sarah e Reverbel...

Bom, será que dessa vez vão ficar e lutar? Mesmo ainda fracos?

Eita agora fiquei curioso como será a Felicia... Da forma que falaram dela a garota tem problema!

É isso aew! Aguardando o próximo episódio!
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Leonardo Polli Seg 19 Dez 2011, 8:55 pm

@Mickey: Muito obrigado pela presença e pelo comentário, amigão. Sim... esse grupo tem muita sorte e muito azar ao mesmo tempo \o Lutar, eu não diria lutar... eles vão fugir um pouco, mas haverão algumas cenas de luta, e o capítulo 09 será uma surpresa para todos, do começo ao fim, principalmente o fim, hahaha. Felicia é um caso sério, vou te falar... ela era amiga de infância dos caras (Fate, Grim, Vion, Sarah..) e tem dupla personalidade, e é uma das personagens mais loucas de Digimon Fate, juntamente com seu parceiro digimon \o Pena que ela só vai dar as caras na segunda saga, que é onde os caras vão precisar dela e vão atrás dela :/

Agradecido pela presença e pelo comentário, abraços!
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Rikaru Muzai Dom 25 Dez 2011, 7:32 pm

O mistério da cena inicial. O que será que a frase do homem misterioso quer dizer. Acredito que ele queira dizer que essa perseguição louca não terá fim, a menos que a resposta seja encontrada e acredito que a resposta seja algo relacionado à família McFate. Sei que você não irá dizer nada e sei também que eu provavelmente estou enganado, já que você me disse que isso é essencial para as primeiras Sagas e a minha hipótese valeria para todas as Sagas eu acho. A loucura do Fate não durou muito tempo, ele deve ter imaginado que tinha sido uma alucinação por causa dos remédios, apesar de eu duvidar que tenha sido isso.

O Grim é um inútil mesmo, vasculhou a casa toda e não encontrou nem o Sabin e nem os Digimon. Ele nem pensou em sair da casa, mesmo que ficasse só na porta para ver onde eles estavam. Aff --''' O Fate é muito nojento mesmo, querendo comer meleca de nariz. Tudo bem que eu já fiz isso quando era mais novo, mas olha a idade dele, 25 anos nas costas. u.u Juro que achei que o Fate não ia se mexer por um bom tempo, mas não, ele fez milagre de novo e do nada conseguiu mexer o corpo que antes estava imóvel. tsc tsc

Isso que é fome, só faltou o Fate engolir a mesa, o Grim e a casa depois do pão. hahahahahahahaha Fate de novo se irritando por causa de Deus, acho que vou aparecer na Fanfic para ensinar umas coisinhas para ele. -q Pelo que parece o Fate e o Grim são as pessoas mais famosas do mundo atualmente, nem os astros e as estrelas de Hollywood tem chance perto do sucesso estrondoso deles. xD E eu também não sabia que a família McFate é tão famosa, o que será que eles fizeram para ser famosos?

O Fate é tão afobado que não espera as pessoas acabarem de falar, que coisa feia. u.u E ainda por cima ele é muito dramático, estava claro que o Falcomon ainda estava vivo e ele fazendo drama como uma criança birrenta. Talvez ele pense que os mortos respiram debaixo d'água, já que os vivos não fazem isso. hahahahahaha Eu achei um nojo a frente da casa, cheia de terra que se transformou em lama, esse Sabin é muito pobre, nem para fazer algo decente na própria casa. u.u

Era capaz de o Fate matar o Falcomon com o super abraço, aí eu queria ver ele se culpando eternamente. mwahahahahaha Ah, adorei os dois se espreguiçando, foi bem engraçado. xD O Falcomon mesmo tendo dormido esse tempo todo, acabou acordando cansado dessa vida medíocre que eles estão tendo. Ele quer luxo. -n Já havia passado da hora deles acordarem para a vida e fazerem algo ao invés de ficar fugindo sempre. Agora me interessei mais pela Felícia, adoro dupla personalidade, vai ser divertido ver isso quando ela aparecer.

Por falar nisso, então a Saga 02 será ou apenas começará com a procura dela? Não acho que ela seja tão importante assim para precisar de uma Saga só para ela. Mas claro, eu não sei do resto da história e tal, então sou suspeito para falar. rsrsrs Não entendi o porque de eles quererem ir para a CIA, seria como se entregar para o governo e tornar tudo o que fizeram até então um desperdício. Ah, eu gostei do Commandramon voando no foguete e ele e o Grim brigando, foi uma boa descontração.

Imagino que outros tipos de invenções o Sabin criou, seria interessante alguma delas ter uma utilidade mais importante para a história, mais que a Enterprise, mesmo a mesma tendo sido bastante importante. Eu acho muito engraçado o Commandramon falando dele mesmo em terceira pessoa, deveria haver mais disso. Eu imaginei mesmo que a caminhonete seria um perigo para eles assim que ela apareceu, mas não esperava que fosse a Tríade o tão perigo. Não entendo como eles descobriram aonde eles foram parar, deviam estar procurando pela cidade toda para encontrá-los.

Bem, só resta esperar para ver o que vai acontecer agora. Você disse que eles ainda vão fugir um pouco, então quero ver como vai ser isso. Só que vai ser cansativo se sempre que eles estiverem em paz, essa paz ser estragada pelos inimigos. Você poderia fazer um capítulo bom para os protagonistas, em que eles fiquem em paz e possam relaxar um pouco. Hey, a Sarah era amiga do Fate, do Grim e do Vion? o.O Nossa, agora fiquei muito surpreso.

E aqui está meu comentário, um pouco atrasado, mas aqui está ele. Desculpe a demora, vou ver se leio e comento o próximo capítulo mais rapidamente. Até mais Leo! \o/
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Mensagem por Leonardo Polli Seg 26 Dez 2011, 8:48 am

@Rikaru: Fate não procura só uma resposta, procura várias. E uma ou mais respostas dessas são materiais. Pode ser que tivesse sido alucinação, mas, acredite; lembre-se dessa cena e do personagem que nela apareceu - será muito importante para esse começo de história. Sempre faço isso de "Fate fazer milagres" até o capítulo 14, se não me engano. As mudanças mesmo vem a partir do 15.Por que os McFate são tão famosos assim no mundo todo? Bom, no capítulo 10 você descobre. O foco da saga 02 é algo que você nunca vai imaginar. Algo que está na mente de Violentblade, e mais ninguém sabe. E os caras vão precisar de Felicia, você vai saber porque, rs.

Sabin não é um personagem qualquer, ele tem ligação forte com vários personagens da fanfic. Muitos deles estão pra chegar, alguns já apareceram. O Commandramon sempre falou e sempre vai chamar ele mesmo em terceira pessoa, rs. Sim, no capítulo 09 há um pouco mais de fuga, mas dessa vez a adrenalina estará presente. Esse capítulo para eles relaxar, terão muitos assim ainda antes do fim da primeira saga. Não... a Sarah era amiga do Vion, o Fate conhecia/era colega e Grim desconhecia. E a Felicia só conhecia de vista e tal. Obrigado pela presença, você é sempre bem-vindo aqui. Espero que continue acompanhando, um abraço!
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Mensagem por Rikaru Muzai Seg 26 Dez 2011, 10:47 am

Bem, pelo que parece eu me enganei. Verei se futuramente eu penso em outra hipótese para a frase e essa aparição do homem misterioso. Eu não me lembro bem, mas acho que você falou que haverão umas 5 Sagas, com uns 20 capítulos cada. Então o começo seria toda essa primeira Saga? Mas você também disse que essa aparição do homem misterioso teria importância na segunda Saga também. Olha só, de novo fazendo suspense. #@&$*% u.u Interessante, algo que só o V-Blade sabe, deve ser algo muito importante para ele não confiar isso a ninguém. E por que será que a Felícia será necessária? Será por causa da dupla personalidade ou por ela ser filha do chefe da CIA? Muitas dúvidas. hmm

Alguns já apareceram? Será que é algum dos vilões? Será que o Sabin tem alguma ligação com o V-Blade, o Maxim-G ou alguém da Tríade? Ai ai, estou cheio de dúvidas em minha mente agora. Esse capítulo, mais especificamente sua resposta ao meu comentário sobre ele, está me entusiasmando bastante. \o Eu sei que o Commandramon sempre foi assim, só constatei que quero que ele continue assim. rsrsrs Eu estou ansioso para ouvir alguma história do passado do Vion em que envolva a Sarah, para saber como se conheceram e tudo mais.

Não precisa agradecer, eu adoro a sua Fanfic - mesmo demorando um pouco para ler os capítulos - e sempre marcarei presença aqui. ;D
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Mensagem por Leonardo Polli Seg 26 Dez 2011, 4:19 pm

@Rikaru: Esse homem, acredite, ele é MUITO importante. Ele não vai aparecer diretamente na primeira saga, mas sim na segunda. É algo só de interesse dele, nem de interesse da Tríade - que só segue suas ordens. O porque de Felicia ser necessária realmente, na segunda saga você descobre.

Sabin dificilmente aparecerá, mas, como ele mesmo disse, ele é um inventor, e você vai ver coisas em breve que são muito relacionadas com ele.

Segue-se abaixo o capítulo 09. Mais um capítulo de fuga com bastante ação!

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Mensagem por Leonardo Polli Seg 26 Dez 2011, 4:27 pm



Saga 01 - Em Busca do Desconhecido
Capítulo 09 - Fim da Linha


- Bem na hora do rolê esses malditos têm que aparecer, merda!

- Cala a boca e corre, Commandramon.

Seus braços subiam e desciam constantemente de acordo com os passos longos que davam ao correr por aquela rua. A caminhonete roncava infernalmente poucos metros atrás deles, como se fosse comê-los. Haviam retornado a outra esquina e mal pensaram em voltar à casa de Sabin, para se esconder, pois obviamente não conseguiriam se esconder. De tão engraçada que a cena estava parecendo, Fate olhava para Falcomon e ambos riam à toa, como se não acreditassem que tudo aquilo que estivesse acontecendo fosse verdade.

O vento batia forte em suas nucas, proporcionando um maior ânimo e tranqüilidade aos fugitivos. Mas, como ficar tranqüilo quando se tem uma caminhonete gigantesca atrás de você? Grim olhava para todos os lados daquela rua enquanto forçava os pés no solo, tentando encontrar algo ou alguém que pudesse ajudá-los. Mas, nada; estavam sem saída. O jeito era continuar correndo mesmo.

Falcomon optou por planar, visto que a forte brisa o ajudava. Também ajudava o amigo japonês a encontrar um porto seguro, mas tendo o foco nas partes altas dos prédios e das casas. Commandramon corria adoidado, aparentemente era o único dali que realmente queria fugir da caminhonete. Hora ou outra, olhava para trás para ver se o grandioso automóvel negro estava chegando perto, para se certificar se tudo estava bem, embora não estivesse. Apesar do suor em suas faces estar escorrendo por mais de três ruas que dobravam uma esquina ou cruzavam uma bifurcação, eles acreditavam que conseguiriam escapar.

- Meu... Deus! - gritou Grim, correndo paralelamente aos outros fugitivos.

- Vamos ficar... e lutar, pessoal. - sugeriu um ofegante Falcomon, demonstrando sinais de cansaço.

- Agora não, Falcomon. Agora não. - retrucou Fate, balançando negativamente a sua cabeça e deixando o falcão sem graça.

- Tudo bem...

A caminhonete perseguidora parecia aumentar sua velocidade, mas graças a determinação e confiança em si mesmo os quatro fugitivos conseguiram atingir o centro de Enterprise. Eram várias ruas e ruelas, que juntas davam numa mesma avenida, acoplando vários prédios e hotéis beges, com janelas azuis e telhados alaranjados. As pessoas começavam a surgir das portas das residências, e o barulho dos motores dos carros ligando era eminente. Como não queriam chamar muita atenção, Fate e os outros saíram do meio da rua em que estavam e seguiram para a calçada, continuando a correria, com a caminhonete em sua cola.

Commandramon avistou ao longe uma das ruelas, que era declive e feita de ladrilhos. Não tardou para que o grupo a atingisse e calmamente parassem de correr. Pensaram e chegaram numa conclusão: a caminhonete por ali não passaria, pois a ruela era estreita por demais. Havia passado alguns segundos, e aparentemente o veículo havia parado de persegui-los.

Fate colocou suas duas palmas na parede, ficando com o corpo inclinado. Grim ficou parado, Commandramon e Falcomon se sentaram no chão de ladrilhos.

- Eu ainda não consigo acreditar. - comentou o rapaz americano, de olhos fechados. - Os desgraçados mal se recuperaram da batalha de ontem e já estão querendo encrenca novamente.

-... Desse jeito, a gente não vai agüentar... - sussurrou Falcomon, com olhos chorosos.

- Não desista tão cedo, Falcomon. - repreendeu Grim, cruzando os braços e se encostando na parede. - Ainda é muito cedo, cara. Muito cedo... Temos muita coisa pra fazer ainda. O pendrive, a Dee... Nathalia. Não podemos desistir, existem coisas que dependem de nós para continuarem vivas... Por favor, se você acha que ainda existe luz nesse mundo, seja essa luz, Falcomon. Por mim. Por nós. Por todos nós.

Falcomon ficou tocado, e sem resposta. Abaixou a cabeça, e pensou. Pensou que todos precisavam dele, e chegou à conclusão que não poderia desistir.

- Eu não sei como você ainda consegue se manter vivo depois de tudo que aconteceu com Nathalia, Grim. - se levantou, e olhou profundamente nos olhos do japonês. - Mas, se você está nessa, estou contigo.

- Temos que ser fortes e provar à vida que conseguimos levá-la com tranqüilidade, não é? - respondeu o japonês, com um sorriso largo. Virou seu rosto para o americano, que olhava para além da ruela. - E você, Fate?

- Vamos embora logo dessa cidade, antes que aqueles favelados venham atrás da gente.

E então os quatro fugitivos desceram a ruela declive, dando de cara com a avenida principal do centro.

----------------------------------------

- Aqueles malditos não passam da meia-noite... Não passam!

Reverbel estava furioso, com o coração quase saindo pela boca. Sentava-se em cima do teto da caminhonete, enquanto suas pernas e pés se encontravam sobrepostas na carroceria. Esbravejava com Sarah e Vion, que permaneciam atentos nos bancos do automóvel. Uma brisa chacoalhava seus cabelos que rolavam soltos abaixo do chapéu, devido a velocidade da caminhonete. Aparentemente, sua fúria se devia ao fato dos quatro fugitivos - pelos quais procuravam - terem simplesmente sumido do mapa.

Já haviam procurado por mais de trinta minutos, e nada. Ruelas, avenidas, e pontos comerciais foram invadidos pela Tríade a procura dos quatro fugitivos, e nada. Nada além de cachorros, pessoas e carros, que tranquilamente passeavam pela cidade.

Sarah já começava a ficar preocupada, pois havia mandado Waspmon, junto de Sangloupmon e Buraimon para uma busca pela cidade. Isso fazia tempo, desde quando haviam iniciado a busca por si mesmos, assim ficando divididos em dois lados: o trio dos humanos, que usava a caminhonete, e o trio dos digimons, que usavam as ruas, os prédios e o ar para auxiliá-los na caçada aos quatro fugitivos. De certa forma, a bela morena sabia que os três monstros digitais conseguiriam se cuidar, mesmo estando no nível Seijukuki, mas o fato de saber que os fugitivos estavam à solta por ai já era o bastante para desconfortá-la.

- Eu... Eu estou preocupada.

- Com nossos digimons? - perguntou Vion, com as mãos no volante e o olhar direcionado a Sarah. Resolveu diminuir um pouco a velocidade. - Não se preocupe, eles estão bem.

- Eu sei, eu sei. Sei que eles são fortes o bastante para escapar de qualquer investida que os fugitivos queiram dar, mas Kid, é ele... o Fate. - respondeu Watson pensativa, com o braço direito inclinado sobre a janela ao seu lado. - Ele conseguiu escapar da Area 51 vivo!... Ele está sendo procurado há muito tempo e nada nem ninguém conseguiu pará-lo... Eu estou com medo.

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem. - comentou o homem de cabelos arrepiados, voltando a atenção para a estrada à frente. - Acabaremos com isso hoje.

- Não, Kid... Você não precisa matá-lo. Eu não quero que você o mate.

- Relaxa. Eu sei bem o que fazer.

Vion tentou ao máximo que podia para tentar acalmar um pouco a mulher. Estava um tanto atônita por ter sido envolvida no "plano" meio que do nada, portanto estava confusa e perdida, mesmo sabendo dos planos e desejos de seu chefe. Sabia que o ponto alto da missão em que estava era Benjamin McFate, mas ela não queria matá-lo. Não via nada de mal naquele homem de vinte e cinco anos, apenas podia perceber que cometia erros e burradas por ter uma personalidade parecida com a de uma criança de doze anos.

Reverbel já começava a reclamar de dor no pescoço de tanto virar pra cá e pra lá a procura dos fugitivos, naquela mesma rua.

- Pé na tábua dessa merda!

Vion não aumentou, nem diminuiu a velocidade do automóvel. Apenas freou e a caminhonete parou, no meio daquela rua declive. Virou a cabeça para o lado, na direção de Sarah, mas não estava olhando diretamente para ela – como se estivesse vislumbrando o nada. Reverbel se assustou com a ação repentina do parceiro e decidiu ficar calado, mas não antes de tomar uma repreensiva.

- Se quiser que essa "merda" vá mais rápido, venha dirigir você.

Como havia pensando, devia ter ficado quieto. Pela primeira vez na vida, sentiu medo de Vion. Não pela repreensiva ou pelo tom de voz que o parceiro de Dracmon usou, mas sim pela forma que foi tratado por ele. De certa forma, não tinha como retrucar com o loiro, pois não sabia dirigir automóveis. Isso era engraçado, para um homem de meia-idade, que tinha tanta experiência. Mas, pela sua burrice, ele não acabou tirando carta de motorista aos dezoito anos, conseguindo só a aérea e a marítima dos vinte e sete aos trinta e cinco anos.

Sarah não prestava atenção na conversa entre os dois brigões. Pelo contrário, olhava para o final daquela rua, e por sorte do destino, viu algo surpreendente.

- K-K-KIIIIID! OLHE!

A cena que os olhos furiosos de Kid Vioner presenciavam agora era algo muito mais engraçado que um velho de cinqüenta anos não ter uma carteira de motorista. Por incrível que pareça, a rua declive em que estavam terminava na avenida principal de Enterprise. E, por mais incrível que pareça, uma van prateada estava sendo empurrada por Joshua Kasagrim, nesta mesma avenida. Aparentemente, o automóvel havia morrido, e dentro dele via-se um preocupado Fate, um brincalhão Commandramon e um sério Falcomon.

Vion ficou boquiaberto e pisou no acelerador.

- Vocês me pagam seus desgraçados!

A caminhonete desceu rasgando a rua. Ainda faltava muito pra terminar a rua e conseqüentemente atingir a avenida, mas o ronco do motor foi o bastante pra assustar Grim e deixá-lo imóvel atrás da van. Fate deu partida no carro e ficou feliz ao ver que o automóvel respondeu positivamente com um ronco do motor. Commandramon saiu correndo da van, abrindo a porta traseira, e puxou Grim com tudo pra dentro do carro. Fate olhou para o lado, só para perceber que se não saísse dali em cinco segundos a caminhonete se chocaria com a van.

A velocidade do automóvel de Vion estava assustadoramente grande. Atingiu a avenida e, por pouco, não se chocou com a van dirigida por Fate, que seguia avenida abaixo. Vion puxou o freio de mão e com um leve supetão a caminhonete fez uma curva perfeita de cento e oitenta graus, cantando pneu e marcando o asfalto, logo saindo em disparada a van, que ao longe fugia da caminhonete.

As pessoas se assustavam com a monstruosidade da caminhonete. Talvez fosse por isso também que os carros quase as atingisse nas calçadas, por tentarem desviar da van que loucamente buzinava em seus ouvidos. Fate teve a oportunidade de sair da avenida e seguiu por uma rua um tanto estreita, seguido pela caminhonete gritante, que por ser grande demais quase raspava as laterais nos postes de luz ou latões de lixo. O acelerador de ambos os carros estavam no máximo, mas estavam com um propósito diferente.

Um, caçar. Outro, fugir.

- Por pouco... Por pouco que você não morre, seu idiota! - gritou Commandramon, repreendendo o japonês por ter cometido um ato infantil.

- Me... me desculpe. Eu não soube o que fazer na hora, Commandramon. - pediu Grim, ajoelhado na parte traseira da van. - Mas... obrigado por me salvar.

- Droga, droga, droga! - resmungava Fate, balançando a cabeça e com as mãos trêmulas no volante emborrachada da van. - Temos que sair dessa cidade e rápido, antes que seja tarde demais!

- Eu avisei, enquanto não pararmos de fugir, eles sempre vão vir atrás de nós. - salientou Falcomon, no banco de passageiro ao lado de Fate.

O motorista da van não se preocupou com o que seu parceiro digimon havia falado, retomando a visão a estrada à frente. Desviava como podia dos carros, e a buzina sempre apertada, para evitar qualquer acidente. As pessoas olhavam assustadas para onde a van passava, pois aquilo que estava acontecendo não era normal. A caminhonete vinha fulminante atrás do automóvel de pequeno porte, pouco se preocupando com as pessoas que encontrava no meio da rua, que tinham de se jogar para o lado ou ter algum bom samaritano do lado para não perderem suas vidas.

Certa hora, Fate teve que desacelerar a van para poder sair da rua que estava ao dobrar uma esquina. Novamente, atingiu a avenida, que desta vez estava bem menos movimentada que antes. Voltou à velocidade normal, e continuou a seguir reto pelo asfalto plano. Olhou pelo retrovisor do auto e viu que não havia nenhuma caminhonete atrás deles, a não ser duas, uma branca e uma verde, de porte bem pequeno e com uma velocidade muito lenta. Talvez não fossem espiões da SWAT, mas na cabeça de Fate a Tríade havia desistido de persegui-los.

Commandramon de repente gritou, e avisou que havia visto algo vindo na direção deles. Fate respondeu negativamente, dizendo que o digimon estava errado, e a seu favor disse que estava prestando bastante atenção na estrada. Falcomon sentiu calafrios, e afirmou que sentia que algo estava vindo para pegá-los. Grim estava encostado numa das paredes internas da van, sentado, viajando em pensamentos. Começava a refletir o mesmo que Falcomon – será que estamos fazendo o certo?

Por sua "atenção" na estrada, Fate viu de relance algo incrivelmente rápido sobrevoar a sua frente, paralelamente aos prédios. Viu duas asas numa coloração que misturava amarelo com marrom claro, que estavam abertas e eram muito grandes. Como num piscar de olhos, o portador dessas asas planou inclinadamente na direção da van, numa velocidade incrível, levantou as duas espadas de samurai que carregava na mão, logo rasgando o ar de cima pra baixo. O rapaz americano pensou rápido e desviou com tudo a van para o lado direito, fazendo com que o misterioso monstro cravasse as espadas no asfalto.

Retomou o controle normal da van, enquanto olhava pelo retrovisor o atacante retirar as espadas do solo e voar.

- Minha nossa! - disse Fate boquiaberto, completamente confuso e assustado. - Quem... Quem era aquele?

- Por ser humanóide, suspeito que seja Seijukuki do digimon de Sarah ou Reverbel. - comentou Falcomon, que também assistira ao ataque do digimon.

- Por favor, Fate... Tire-nos daqui.

Grim começava a temer pela vida. Suspeitava que a Tríade devesse estar tramando algo, igual a uma emboscada, para pegá-los na hora certa, no momento certo. Mas, tentava pensar positivamente e lembrava-se de que não podia falhar naquela missão, que devia seguir em frente e ficar de pé até sua última gota de sangue cair de seu corpo. Pessoas precisavam dele... e Commandramon o fez ver isso, enquanto estavam no esgoto frio e desabitado, sem ninguém, sem nada, só com apenas a idéia de fugir.

A avenida se tornou declive novamente, e a van a desceu. Voltou a ser plana, e os prédios começavam a indicar que aquele, provavelmente, era o fim da cidade. Um ar misturado a uma poeira marrom e uma brisa forte tomou a atenção de Fate para uma estrada de terra a sudoeste, pela qual a van seguiu, com uma velocidade moderada. Estavam começando a ficar tranqüilos, pois estavam saindo da cidade, mas lembraram-se de que ainda estavam sendo caçados e o inferno ainda não havia acabado.

Fate olhou pelo retrovisor, e não via nada por trás do automóvel que dirigia, a não ser uma densa poeira marrom, que pouco a pouco foi se esvaindo, e meio a um motor roncando enfurecido... a caminhonete voltou.

- Mas que droga! Esses desgraçados não largam do nosso pé. Tá pior que chiclete já. - resmungou o americano, trocando a atenção da estrada para o retrovisor, a cada cinco segundos.

- É tão engraçado como você consegue debochar de tudo, Fate. - comentou Grim, com os braços cruzados e ainda sentado. - Queria ser assim.

- Eu tenho os dons.

- Mais atenção na estrada, Fate!

Falcomon apontou sua asa esquerda para frente, enquanto a direita estava posicionada sobre a janela abaixada da van. De certa forma havia tomado uma opinião certa, pois Fate estava se preocupando muito com a caminhonete atrás deles, o que poderia ocasionar algum acidente se ele não prestasse atenção ao volante. Se Falcomon estava ali com ele, era pra dar tudo certo, pois antes havia dito que não iria mais fugir, mas, devido a tensão eminente da situação, não havia outra escolha senão vaguear por ali, encontrar a van e sair em disparada da cidade.

A caminhonete seguia no mesmo ritmo, com o acelerador no máximo. Parecia não querer se aproximar da van, talvez pela velocidade do automóvel de pequeno porte também ser alta, visto que autos desses tipos naquela época foram feitos especialmente para entregas super rápidas, o que deixou os especiais como caminhonetes e carros de corrida com uma velocidade diminuída. Contudo, a real intenção de Vion não era se aproximar mas, sim, ter uma distância bastante precisa para atacar.

O americano de cabelos louros arrepiados deu um sinal com as mãos, visível o bastante aos olhos de Reverbel, que de pé na carroceria da caminhonete segurou com ambas as mãos seu fuzil AK-47, e mirou na direção da van. Com uma mira bastante precisa, ocasionou disparos conseguintes com a arma, que num piscar de olhos atingiram a lataria da van, na parte traseira, onde havia duas portas, com duas maçanetas e duas janelas. Graças à resistência do automóvel, as balas não obtiveram sucesso em atravessá-lo.

- Droga de van!

Reverbel resmungou, e sem pensar apontou a arma novamente. Posicionou-se com uma mira precisa, de cabeça inclinada e braços firmes, mas um descuido de Vion fez com que o carro caísse num pequeno declínio na estrada, balançando. O francês perdeu a postura, quase sendo jogado para fora da caminhonete, porém a firmeza de seus pés o ajudou. A caminhonete voltou a solo firme, o susto que Sarah havia levado sumiu, e Vion levou um xesbravejo do atirador, que falou para tomar mais cuidado.

Fate viu a cena e riu. Grim o repreendeu, dizendo que se a pessoa no caso fosse ele, faria dez vezes pior. Ou talvez mil. O clima para brigas dentro da van estava no cume, mas Falcomon e Commandramon tentavam sempre apartar os dois humanos, pois sabiam que tudo que precisavam ali, naquela hora, era de muita paz, amizade e raciocínio.

Então, o atirador francês voltou para a posição de ataque, e com seu fuzil disparou várias balas. Como havia mirado imprecisamente, a maioria dos disparos havia atingido a lataria da van, porém, algumas delas, estilhaçaram os vidros das janelas traseiras do veículo, assustando os seus passageiros. Fate reclamou, mas não havia nada em mente do que fazer. Grim se assustou, mas continuou encolhido no estofado da parte traseira do automóvel. Commandramon olhou para Falcomon, que deu um salto sobre os bancos dianteiros e rumou para a parte traseira.

- Quando eu disser já, você abre as portas, Commandramon. - ordenou o falcão, visivelmente irritado.

- Tudo bem. - respondeu o digimon, junto a um aceno com a cabeça.

Falcomon ficou paralelo a linha que dividia uma porta traseira da outra. Em posição de ataque e com asas sobrepostas, o falcão mostrou-se determinado.

-... JÁ!

Commandramon colocou suas duas mãos nas duas maçanetas, e as puxou com tudo para baixo, logo as forçando, fazendo com que as portas subitamente se abrissem. Uma chuva de shurikens partiu rapidamente para fora da van, na direção da caminhonete, cravando em seu pára-brisa, rachando boa parte do mesmo. A visão de Vion ficou ofuscada, e nada mais da estrada ele podia ver. Sarah ficou nervosa e com medo de que o automóvel caísse em algum buraco ou coisa parecida, mas Reverbel começou a guiá-los com a sua grossa voz.

O digimon dinossauro se sentiu leve, e como sinal de esperteza se agarrou num dos bancos dianteiros da van, o qual Fate estava sentado. Uma ventania ousava puxá-los para fora com uma força incrível, mas a fúria de Falcomon fez com que ele se mantivesse firme na van. As portas traseiras balançavam no seu ponto máximo, prestes a serem arrancados do lugar onde estavam fixadas. Com esforço, Commandramon foi beirando uma das laterais da van, até que atingiu o local da porta. Esticou seu braço direito o máximo que pôde, e alcançou a maçaneta. Puxou, mas o vento estava muito forte. Forçou seu braço até que os músculos e veias saltassem e, com bastante esforço, conseguiu trazer a porta de volta ao lugar em que se manteve encaixada anteriormente. Falcomon havia feito o mesmo com a outra porta, e os dois digimons sentaram-se no estofado da van, cansados.

A ventania parou.

- Graças... Graças a Deus. - agradeceu Grim, ofegante. Tinha ficado o tempo todo agarrado no banco dianteiro da direita.

- Pronto... Agora estamos salvos. - comentou Falcomon, encostado na lateral da van, também ofegante.

- Ou não.

Commandramon estava de pé, a frente de uma das janelas traseiras, com o olhar para fora da van, pra alguma coisa em especial sendo mais preciso. Uma grande abelha, que se assemelhava a um humano por ter dois braços. Seu corpo era todo marrom claro, com listras escuras. Possuía um abdome com um ferrão metálico, que servia para disparo de lasers, e vários espinhos vermelhos. Seu tórax finíssimo ligava o abdome a cabeça e as costas, que tinham asas e propulsores. Seus olhos vermelhos e malvados deixavam-no com um ar de violento.

O digimon abelha seguia a van zumbindo, enquanto ziguezagueava o ar.

- Saiam do carro e lutem... se forem capazes.

A voz do digimon Seijukuki fora alta e clara o bastante pra todos dentro do automóvel ouvirem. Fate fingiu que não escutou, e continuou a dirigir. Falcomon disse que nada podia fazer, pois era muito perigoso abandonar Fate naquele momento, e talvez fosse suicídio sair lá, pois não poderia evoluir. Grim e Commandramon se entreolharam, e por algum tempo ficaram sem respostas. O digimon dinossauro levantou suas sobrancelhas, deixando o japonês sem atitude.

Grim se levantou, com a costa um tanto inclinada, devido a sua altura. Mexendo no bolso da calça, retirou seu digivice com determinação.

-... Você tem certeza absoluta do que está fazendo, certo Commandramon? - perguntou o japonês, demonstrando estar receoso com a vida do digimon.

- Commandramon sabe que a última batalha foi difícil demais, mas nós conseguimos e nós estamos aqui. – após suspirar, o digimon parecia cauteloso. - Se estamos aqui, é por que todos nós nos ajudamos um ao outro. E agora é a vez de Commandramon fazer a parte de Commandramon, mais uma vez. Pelo bem de todos.

- Entendo... A meu ver, você é o único que pode lutar contra esse digimon, e talvez parar a caçada deles. - comentou Grim, abaixando a cabeça de olhos fechados e começando a pensar. Realmente, não queria deixar seu digimon ir, mas não tinha outra escolha. -... Boa sorte.

- É, Commandramon vai tentar não morrer.

Joshua Kasagrim estava com muito medo de que seu parceiro digimon fosse lá fora do automóvel para lutar e não retornasse. Suas energias ainda não tinham sido totalmente recuperadas, mas nada disso importava para o pequeno dinossauro, porque ele queria ajudar todos, assim como os outros, mas somente ele poderia fazer algo por todo mundo naquele momento. Assim, a mão esquerda de Grim se encharcou numa chama verde escura misturada a um azul escuro. A tela do digivice brilhou, aparecendo a palavra Evolution.

- Digisoul Charge!

Em seguida de gesticulações com a mão esquerda, Grim a levou com rapidez e eficiência para o leitor do digivice, fazendo com que a tela brilhasse numa profunda luz branca.

- Commandramon Shinka...

As luzes coloridas de dentro da van eram emitidas para fora do auto, fazendo com que todos da caminhonete observassem-nas e sentissem certa agitação dentro do automóvel.

- Mas que merda! O que tá acontecendo? - perguntou-se Reverbel, enfurecido e amedrontado, a procura de respostas.

Commandramon sumiu e, no lugar dele, aparecera um dragão humanóide, com estrutura cibernética.

- Sealsdramon!

Num piscar de olhos, o digimon ciborgue sumiu de dentro da van. Grim, como era esperto, havia acertado em sua hipótese: Sealsdramon se teletransportou.

----------------------------------------

Com ambos propulsores ligados, Sealsdramon obteve sucesso em planar durante a luta contra Waspmon. Devido a sua agilidade e destreza, ia de um lado para o outro, enquanto desferia vários socos no abdome do adversário, por não ter outro local fácil para atingir. O digimon abelha desviava raramente, porque aquela parte de seu corpo era bastante pesada e, portanto, seria um tanto difícil voltar sua atenção para ela. A dor na região incomodava um pouco, transferindo ódio aos seus braços, que balançavam furiosamente a procura do corpo do digimon ciborgue.

Sarah estava preocupada, pois era o seu parceiro digimon que estava lutando contra o de Grim. Não havia mandado - o que havia deixado-a assustada, pois o inseto havia surgido praticamente do nada, zumbindo feito louco, procurando pelos fugitivos. De certa forma, não queria deixá-lo agir, mas viu que era bom para o plano e, se era bom para o plano, era melhor que acontecesse.

Vion ainda reclamava muito do pára-brisa rachado da caminhonete.

- Esse merda ai atrás vai acabar com a gente, do jeito que é descuidado. - sussurrou o louro, se referindo a Reverbel.

- Calma, Kid. É só não tirar o pé do acelerador e manter a paciência que tudo vai dar certo. - aconselhou a mulher morena.

- É, pelo menos é o que eu espero. - respondeu o rapaz americano, levantando uma das sobrancelhas. -... Onde será que está Sangloupmon?

- Eu não sei. - respondeu Sarah, preocupada. - Mas, lhe garanto que ele está bem. Mandamos Buraimon junto dele, lembra?

- Uhum...

De certa forma, não estava se sentindo bem. Vion estava detestando o motivo de ter mandado o seu parceiro digimon em busca dos quatro fugitivos, sendo que eles estavam ali, embaixo do próprio nariz, enquanto Sangloupmon os procurava, sem razão. Estava se sentindo inseguro, pois sabia que qualquer coisa poderia dar errado e ele nunca mais ver a cara do digimon vampiro. Mas, se era vantagem para a missão, a Tríade tinha que seguir as ordens. Ele fazia parte da Tríade, então... não tinha outra escolha.

A batalha continuava, com ambos os digimons se movimentando rapidamente, tentando manterem-se próximos ou no vão dos dois automóveis. O barulho de metal chocando-se com metal a todo o momento chegava aos ouvidos dos passageiros da van e da caminhonete, que praticamente não o suportavam.

Estava sendo difícil, mas tinham que continuar.

- Sealsdramon não entende... Por qual ideal você luta, Waspmon? - perguntou o digimon ciborgue, cruzando os braços ao se defender de um soco do digimon abelha.

- Eu luto pelo meu ideal. Pelo ideal de um mundo melhor. - respondeu rispidamente Waspmon, desferindo um soco com a outra mão, mantendo as duas mãos firmemente nos braços cruzados de Sealsdramon. - E se matar vocês faz parte do meu ideal, bem, é o que devo fazer.

- Você não percebe que está sendo manipulado, Waspmon? Você não percebe que Violentblade está usando você e a sua parceira? - notou Sealsdramon, tentando abrir os olhos do adversário.

- Se ser manipulado fizer parte do meu ideal, bem, é o que devo fazer.

O impulso que estava sendo planejado na cabeça de Waspmon seguiu por sua corrente sanguínea até ferver por todo o seu braço, transferindo certa força para suas duas mãos, fazendo com que se distanciasse de Sealsdramon. Perceberam que os dois automóveis haviam seguido pela estrada de terra, mas a densa poeira marrom não permitiu que vissem onde eles estavam. Isso não preocupou Waspmon, que rapidamente começou a carregar uma energia verde-água na ponta de seu ferrão metálico.

Um barulho estranho junto a um estrondo ocasionou o disparo de um laser de mesma cor, que atravessou o ar e atingiu em cheio o corpo de Sealsdramon, que recebeu o golpe e, sem forças, caiu na estrada de terra, com as mãos no local atingido.

Agonizando, de um lado para o outro, o digimon tentava falar alguma coisa.

- Por que... por que vocês estão fazendo isso?

- Porque faz parte do meu ideal. E, bem, se faz parte do meu ideal, é o que... - começou o digimon abelha, levitando a frente do ciborgue, mas logo sendo interrompido.

- DANE-SE O SEU IDEAL! - gritou Sealsdramon, erguendo a cabeça e forçando o abdome, a fim de parar a dor enorme que sentia. - Abra os olhos pra realidade! Você vai acabar morrendo se continuar nesse ideal, porque o mundo nunca vai ser melhor!

- Você que vai acabar morrendo. E, bem, se matar você faz parte do meu ideal, é o que vou fazer. - Waspmon estava sério, subindo mais ainda em direção as nuvens. A energia verde-água começou a carregar na ponta de seu ferrão. - Turbo Stinger!

- Roaaaar!

Waspmon estava mais do que pronto para disparar o seu laser verde-água na direção de Sealsdramon, para acabar com a vida do digimon ciborgue de uma vez por todas, mas a sua prontidão fez com que a sua cautela fosse mínima, deixando os lados do seu corpo vulneráveis. De certa forma, um digimon parecido com um lobo arroxeado se aproveitou da situação e saltou com um forte impulso, desferindo uma cabeçada no abdome do digimon abelha, que foi ao chão devido ao grande impacto. Seu abdome balançava pra cima e pra baixo, enquanto ele tentava se levantar, não obtendo sucesso, devido a pressão que a pata direita do lobo exercia sobre ele.

O misterioso digimon possuía uma juba de pêlos da cor da neve, marcas vermelhas pelo corpo e patas adornadas com cascos e adagas pontiagudas, tal qual suas garras. Parecia ter asas de morcego por volta da juba e acima da cabeça, onde era possível se ver duas orelhas pontudas, uma delas em destaque, devido a dois brincos colocados na mesma. A região de seu abdome possuía uma pelagem branca, destacando-se de seu corpo arroxeado. Seus dentes brancos e afiados denotavam ainda mais a sua personalidade forte.

O digimon lobo lançou um sorriso aberto e malicioso ao digimon ciborgue, que ficou assustado.

- S-S-San-Sang-loup-mon? - gaguejou o digimon humanóide, com olhos esbugalhados, costas inclinadas e os braços e mãos apoiados na estrada.

- Não perca seu tempo, Sealsdramon. - ordenou o digimon lupino, logo fechando o seu sorriso e ficando com um olhar sério. - Vá, antes que eu mude de idéia.

- T-Tudo bem.

Os olhos de Sealsdramon brilharam por alguns segundos, antes que ele pudesse se levantar e ligar seus propulsores, para sair daquele lugar. Não estava acreditando na cena que acabara de presenciar... era impossível. Sangloupmon deixar Sealsdramon viver? Onde isso? O vampiro devia estar ficando louco - opinião que Waspmon partilhava. Ele era inimigo de Sealsdramon, por que diabos iria ajudar seu inimigo? Mas com que honra um inimigo se postava a outro inimigo? Um inimigo nunca ajudava o seu inimigo...
... a não ser se fosse uma troca de favores.

- MAS... PUTA QUE O PARIL! - bradou Waspmon, fazendo força em seu abdome a fim de tirar a pata de Sangloupmon de cima do mesmo. - VOCÊ FICOU LOUCO!?

- Cale a boca, Waspmon. - ordenou o digimon arroxeado, com uma voz firme, enquanto retirava calmamente a sua pata sobre o inseto. - Não era pra matá-lo, e você ia fazer isso que eu sei.

- Seu, seu cretino! - com seu olhar firme contra o calmo de Sangloupmon, Waspmon mostrava estar irritado. - Reverbel havia me dado ordens de matar esse ciborgue desgraçado, e você atrapalhou com tudo!

- Eu sabia, eu sabia. - comentou Sangloupmon, balançando negativamente sua cabeça. - Você sempre segue ordens que não sejam as da Sarah, né Waspmon?.. E ainda tinha que ser daquele desgraçado do Reverbel.

- Ele pensa em um mundo melhor. Eu penso em um mundo melhor. - o digimon abelha tentava intimidar o digimon lobo. - Mas, não se preocupe. Logo, logo, ele vai chegar onde a caminhonete está, e vai encontrar o seu destino.

-.. O-O q-quê?! VION VAI MATÁ-LOS? - assustou-se o lobo vampiro, com olhos esbugalhados. - MEU DEUS!!

Afastando a sua coluna para trás, o lobo tomou um forte impulso com as quatro patas e com a força de suas pernas musculosas conseguiu saltar sobre o corpo do digimon abelha, que subia ao ar, com um sorriso malicioso. O lobo arroxeado seguiu a estrada, correndo velozmente. Waspmon ainda estava surpreso com a súbita aparição de Sangloupmon, e a suposta traição do parceiro, mas o simples fato de saber que Sealsdramon estava correndo de cara com a sua morte o deixava forte o suficientemente para rumar ao encontro deles, apenas para ver todos os quatro fugitivos morrerem, de uma vez...

----------------------------------------

A corrida contra o tempo continuava. A van seguia a velocidade máxima, fugindo da monstruosa caminhonete negra, que a perseguia sem descanso. A caçada já havia passado de mais de uma hora, e o céu começava a se tornar escuro. Lua e estrelas haviam resolvido visitar aquela noite um pouco mais cedo, deixando aquela escuridão um tanto mais iluminada. A poeira marrom que era formada pela terra que passava pelas rodas dos automóveis passava a ser acinzentada, como se fosse feita especialmente para aquele breu.

O mórbido silêncio não existia. Ao contrário disso, o motor engasgado da van tropicava a todo o momento, e o da caminhonete roncava a todo vapor. Pedras saíam voando inclinadamente devido ao passar das rodas, que marcavam aquela estrada, deixando uma listra de acordo com o desenho dos pneus.

Fate olhou para o painel de seu automóvel. Percebeu que a gasolina estava praticamente acabando, o que deixou a sua consciência pesada. Para tentar amenizar a situação, diminuiu a velocidade por mais ou menos cinqüenta quilômetros, deixando a van em desvantagem. Aproveitando o descuido, a caminhonete conseguiu atingir uma proximidade boa da van, a sua parte da frente praticamente encostada na traseira do veículo. Forçando um pouco mais a velocidade e quase estourando o velocímetro, que mantinha a seta tinindo no máximo, Vion fez com que o capô e a capa de moldagem de sua caminhonete batessem com tudo nas duas portas traseiras da van.

Os passageiros do carro de pequeno porte se assustaram, pois o mesmo balançou.

- Droga! A gasolina está acabando e eles já nos alcançaram... - com mãos firmes no volante e de braços esticados, Fate abaixou a cabeça e não sabia mais o que fazer.

- Não temos outra escolha, a não ser descer e lutar. - comentou Falcomon, com uma face demonstrando decepção e, talvez, falando a verdade.

- Não, isso não. - revogou Grim, com uma voz firme, denotando medo de sua parte. De repente, escutou dois bips sonoros e seguidos. - Esperem... o que foi isso?

Fate olhou para todos os lados dentro da van, mas uma coisa vibrante em seu braço direito chamou a sua atenção. Era seu relógio, que não parava de produzir barulhos e piscar num verde oscilante.

O humano apertou um dos botões, e um holograma de um homem sentado e acorrentado surgiu.

- Quem é você? - perguntou Fate surpreso, trocando a atenção da estrada para o relógio.

- Sou o homem que salvou a sua vida. – o holograma tossiu, aparentemente sentindo dor por estar com braços e pernas presos.

- Eu já ouvi essa frase em algum lugar... - respondeu Benjamin, com um sorriso largo e uma cara duvidosa.

- Essa voz... CASABLANCA!?

Grim se assustou e, junto a Falcomon, que ouvira o nome e ficara curioso, seguiu para próximo da parte dianteira da van. Olharam para o holograma humano e viram que o amigo do japonês estava numa situação que ninguém queria estar. Tinha uma cara de fome, sede, sono... realmente, não dava pra identificar. O parceiro de Sealsdramon estava pensando no sofrimento que o dono do cassino de Las Vegas estava passando, mas não entendia como ou o porquê de estar naquela situação.

Abriu a boca pra falar alguma coisa, mas foi interrompido pela voz fraca e seca de Casablanca.

- Escutem... eu não tenho muito tempo. - disse o homem de meia idade, praticamente ordenando a todos que ficassem quietos. Fate voltou a olhar para a estrada, mas o seu ouvido estava de prontidão. - Vocês devem estar curiosos e preocupados, por isso vou contar... Após vocês terem saído, eu e Apollomon lutamos até o nosso máximo. Conseguimos deter Sarah e Vion e seus digimons e, quando fomos dar o golpe final em Butenmon e Reverbel, Violentblade apareceu... e nos deixou inconscientes. Eu não sei como, porque não lutamos, mas ele conseguiu. E, depois disso, eu acordei aqui, isso parece mais uma cela, e pelo cheiro parece ser um castelo... - continuou, olhando para todos os cantos do lugar onde se encontrava. Fate conseguia imaginar a situação do homem que havia salvado a sua pele. Castelos cheiram? -.. Eu não sei onde Coronamon está, só sei que deve estar dentro desse castelo, em algum lugar, tomara que esteja bem...

- Droga! Esse maldito desse comandante estraga com tudo... - comentou Joshua, abaixando a cabeça. - Se ao menos soubéssemos onde você está, acabaríamos com esses três desgraçados que estão atrás de nós, e iríamos te resgatar, amigo.

-.. aah, a Tríade.. - ofegante, Julian citou um nome um tanto estranho para os três ali presentes na van.

- A quem? - indagou Fate, com um olhar rápido para o holograma, enquanto mantinha esse braço levantado e curvado, e o esquerdo guiando sozinho o volante.

- A Tríade... O trio de generais da Area 51: General Kid Vioner, líder das tropas de monstros digitais; General Pierre Reverbel, comandante das tropas dos homens da SWAT e do FBI aliados ao Comandante Blade, e a General Sarah Watson, secretária de Violentblade.. - respondeu Casablanca, franzindo a testa, talvez para tentar lembrar-se das pessoas que citara. - Eu sabia que eles estavam atrás de vocês...

- É... Não temos muito tempo. - ressaltou Falcomon, com um olhar choroso.

-... No fim dessa estrada vai ter um helicóptero, e dentro dele estão alguns amigos meus esperando vocês... é a única chance que vocês tem de fugir, pelo amor de Deus, não vacilem... precisamos de vocês.

-... Muito obrigado, Casablanca. Te devemos mais essa. - agradeceu Grim, sorrindo.

- Agora tenho que... não! SAIA DAQUI!

Benjamin McFate se assustou ao ouvir um grito, que saiu da boca de Julian Casablanca. O homem, que ainda estava com seu terno, cheio de rasgos e bastante empoeirado, estava olhando para outra direção, enquanto o seu holograma tremia, como se algo estivesse cortando a transmissão. A imagem mudou para alguém que não era o velho amigo de Joshua Kasagrim, mas sim alguém com uma face demoníaca e olhos maliciosos, um sorriso sem mostrar os dentes.

O comandante da Area 51, Jefferson Violentblade.

- Olá novamente, Fate. - disse ele, levantando uma de suas sobrancelhas. - Há quanto tempo, não?

Após um sorriso, a transmissão terminou. O holograma esverdeado desceu com tudo para o redondo do relógio, deixando Fate com dentes forçados, testa franzida e um nariz com orifícios abertos, demonstrando quão sua fúria era enorme naquele momento. Sua vontade era de ter asas e um facão para sair voando dali, encontrar o comandante e trucidá-lo de uma vez por todas. Mas, como tinha somente uma van e duas pistolas, nada podia fazer, a não ser seguir com as duas mãos novamente no volante.

Grim ficara totalmente preocupado. Não via seu amigo há praticamente um dia, e não tinha tido notícias dele. Sua preocupação o abalava... mas, agora, de certo modo, eles teriam como fugir, o que o motivou a seguir em frente.

Falcomon não havia entendido o porquê de a caminhonete ter parado de bater na lataria da van. Talvez agora, realmente, tivessem desistido. Talvez soubessem dos planos de Casablanca... mas todos os pensamentos foram negados quando, ao pelo menos pensar, a traseira da van recebeu um impacto enorme, fazendo com que o carro se direcionasse a mais de dez metros para frente. Por impulso, Fate pisou no acelerador e disse dane-se ao velocímetro ou ao combustível, e começou a pensar mais no status de sua vida.

Ouviram barulhos de propulsores, e a caminhonete diminuiu a velocidade. Sealsdramon se aproximou do lado exterior da van, exatamente do lado de onde Fate estava dirigindo, e acenou para o rapaz americano, com um sorriso estampado. Fate retribuiu o aceno, mas escutou um barulho muito agudo e, como se não acreditasse, viu alguém dando uma braçada nas costas do digimon ciborgue, que foi jogado a muitos metros para frente. O homem de cabelos ondulados freou a van com tudo que pôde, enquanto olhava uma ave humanóide, de mais de um metro e oitenta caminhar silenciosamente em direção a um Sealsdramon caído e sem forças na estrada de terra.

Possuía braços musculosos adornados com faixas amarelas. Asas grandiosas se encontravam em suas costas, seus olhos marrons tal como o seu corpo o deixavam com um ar de violento juntamente a suas garras brancas. Carregava duas espadas brancas e afiadíssimas, comumente usadas por samurais.

Levantou as espadas para o alto, pronto para cravá-las no corpo de Sealsdramon.

- É o fim da linha pra você e seus amigos, meu caro Sealsdramon. - Buraimon tentou intimidar seu adversário caído.

- Você não precisa fazer isso... não, não.. NÃO! - clamava Sealsdramon, atônito.

- Adeus.

Levantou mais um pouco os dois braços, pronto para matar o seu inimigo. Tudo acabaria em uma simples estocada... Sealsdramon viu sua vida passar diante dos olhos, enquanto balançava a sua cabeça, na tentativa de fazer alguma coisa. Tudo estava em câmera lenta, e ele pôde sentir e ouvir os leves batimentos de seu coração... Não poderia se salvar; sua adaga de nada servia, suas pernas e braços estavam praticamente imóveis devido à dor que ainda sentia pelo ataque de Waspmon, e juntando ao de Buraimon... É, era seu fim. Mas, ninguém percebera que as portas traseiras da van foram abertas e que, surpreendentemente, um falcão corria com todas as suas forças, na direção das costas de Buraimon.

Falcomon furiosamente saltou, com uma face amedrontadora e garras preparadas.

- Scratch Smash!!!

Num movimento inclinado, as garras de Falcomon perfuraram as costas da ave humanóide, rasgando boa parte delas. O sangue vivo começou a esquentar o seu corpo, enquanto suas forças começavam a pender para o zero. Suas pernas adormeceram, e ele pôde sentir a raiva de Falcomon. Caiu de joelhos perante o corpo de Sealsdramon, derrubando as duas espadas, uma de cada lado, que ao baterem no chão provocaram um ruído. Sealsdramon teve que se afastar um pouco para que Buraimon não agüentasse mais e caísse de cara no chão, regredindo em seguida para Hyokomon, inconsciente.

O digimon ciborgue sorriu, enquanto o falcão negro seguia para a sua direção e estendia a sua mão.

- Vamos fugir daqui, amigo. - Falcomon mostrou um sorriso largo e aconchegante, enquanto ajudava Sealsdramon a se levantar.

Ambos estavam de pé, trocando olhares. Benjamin McFate e Joshua Kasagrim abandonaram o automóvel de pequeno porte em que se encontravam, e foram de encontro aos seus dois digimons. Trocaram poucas palavras e, de repente, começaram a correr. Reverbel estava a trinta metros para trás dos quatro fugitivos, disparando com a sua AK-47, sem mira alguma, devido a escuridão que enfrentava. Vion desceu rapidamente da caminhonete, sendo acompanhado por Sarah, que abandonou o automóvel pelo lado oposto.

Reverbel parou de correr e começou a caminhar enquanto atirava, mas logo cessou os disparos devido à longitude em que se encontravam os fugitivos. Não se dava pra ver mais nada, apenas algo muito grande a uns setenta metros de distância. Sangloupmon chegou aos saltos ao lado de Vion, e Waspmon partiu em direção colinear, em busca dos fugitivos, contudo fora parado por Sarah, que o ordenou a ficar. Um barulho muito estranho começava a surgir ao longe, de onde supostamente os fugitivos estavam.

Eram as hélices do helicóptero que os fugitivos haviam entrado.

- É agora... É agora que tudo acaba.

Sarah Watson carregava um lança-foguetes de porte médio, porém, pela sua estrutura e mecanização metálica deixava qualquer um que o tocasse receoso. Certa do que estava fazendo, a esbelta morena colocou o equipamento sobre o ombro direito, e com uma mira precisa apertou o gatilho da arma, que disparou um projétil futurístico, atravessando fulminante o ar. Aquilo iluminava a escuridão enquanto passava, também levantando a poeira acinzentada. Sangloupmon deixou escorrer uma lágrima de seus olhos de vampiro - realmente não queria que tudo aquilo acontecesse.

Reverbel mal estava se preocupando com a cena, pois estava acolhendo Hyokomon, que precisava de cuidados. Vion e Waspmon olhavam para aquilo como se fosse um divertimento para ambos, pois não mais precisariam fazer aquilo. A missão estava concluída? Finalmente, teriam descanso, e poderiam seguir com os planos do Comandante Blade? Não sabiam ao certo, mas que não iriam nunca mais ouvir falar dos quatro fugitivos da Area 51 e, muito menos, do famigerado Benjamin McFate... realmente, não iriam.

Era verídico. O disparo atingiu a carcaça do helicóptero, causando uma grandiosa explosão, enquanto mil pedaços de metal encharcados de fogo voavam para todos os lados.
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Rikaru Muzai Sáb 31 Dez 2011, 6:57 pm

Wow wow wow, um dos melhores capítulos na minha opinião... Ah, foda-se, todos os capítulos foram incríveis e me agradaram demais, essa com certeza é uma das melhores Fics que eu já li em toda a minha vida. Só posso lhe parabenizar meu querido amigo Leonardo Polli e claro, lhe agradecer por me permitir ler e comentar sobre essa Fic incrivelmente magnífica. Estou sinceramente sem palavras para descrever o quanto estou VICIADO - isso mesmo, se tornou um vício - pela Digimon Fate. \o/

Correr com um vento forte com certeza é uma das melhores sensações que existem, eu simplesmente amo sentir o vento fresco atingindo meu corpo e passando por ele em alta velocidade, é incrível mesmo. Coitado do Commandramon, estava morrendo de medo enquanto os outros estavam todos calmos, mas isso serviu para motivá-lo a fugir mais depressa. O Grim realmente não se decide, uma hora está com medo, outra hora está pensando em tudo e todos que dependem deles e outra hora está com medo de novo, isso irrita. Mesmo assim, foi uma bela cena na ruela, mostrou a confiança que ainda resta para esses 4.

Eu fiquei com pena da Sarah, ela parece, ou melhor, realmente está sendo usada e obrigada a fazer algo que não quer, matar um inocente que não fez nada de ruim para ela. Não sei se ela irá morrer ou mudar para o lado dos mocinhos, mas espero que ela consiga um pouco de felicidade, que se livre dessa vida horrível que ela está tendo. Vion e Reverbel brigando foi demais, não acredito que o Reverbel não tenha tirado carteira de motorista, mas uma coisa me intrigou, só é possível tirar com 18 anos, não se pode tirar depois? o.o

Então os protagonistas estavam procurando um veículo de fuga, imaginei que eles estivessem andando pelas ruelas e se escondendo da Tríade. E ainda por cima pegam um veículo podre que dá problema justo quando eles precisam fugir o mais rápido possível, isso é que é azar. xD Estou do lado do Commandramon, o Grim é muito idiota, fica parado urinando nas calças de tanto medo esperando a morte. --''' O Fate todo confiante não acredita no que o Commandramon disse a ele, mas ainda bem que percebeu o Buraimon a tempo de evitar o ataque dele.

O Grim de novo se borrando de medo, que saco. ¬¬ E ainda quer ser igual ao Fate mesmo se mantendo assim, todo medroso, urinando e defecando nas calças de tanto medo que sente dos outros. Ah, que ele vá se ferrar, cara insuportável. --'' O Falcomon é ótimo, se irritou e não ficou parado, mostrou quem é que manda. Tudo bem, não foi algo tão útil assim, mas rendeu um pouco de tempo para eles. A Waspmon ficou só se achando, mas estava perdendo na briga com o Sealsdramon, ao menos no início.

Eu achando que o Grim ia usar o DigiSoul Full Charge e ele usa apenas o DigiSoul Charge, que imbecil, o Tankdramon atiraria e mandaria a Tríade, ao menos a parte humana para o inferno. Grim idiota, odeio muito ele. --'' Tudo bem que a Waspmon está fazendo do modo errado, mas eu não concordo com o que o Sealsdramon disse, o mundo pode sim ficar melhor, basta nos dedicarmos a isso, mas fazendo o bem a ele e aos seres que vivem nele. O Sangloupmon chegou para salvar o dia mesmo, mesmo estando do lado oposto, ele não quer o mal dos protagonistas, diferente do seu Tamer.

Acho que os parceiros estão trocados, a Waspmon deveria ser o Digimon do Vion e o Sangloupmon o Digimon da Sarah, digo isso pelas personalidades deles. Claro, eu sei que não é assim que são escolhidos os Digimon, por terem algo em comum com seus Tamers, mas bem que poderia ser assim ou isso acontecer no final, caso o Vion viesse a morrer, assim ele, a Waspmon, o Reverbel e o Buraimon morreriam e a Sarah ficaria com o Sangloupmon do lado do bem. =D Mas infelizmente, isso não vai acontecer, pois imagino que o Vion vá acordar para a vida no futuro.

A batalha entre a Waspmon e o Sealsdramon foi ótima, bem acirrada, pena que o Sealsdramon se deu mal. Só não entendo, ele possui propulsores, então por que não desviou do ataque da Waspmon? Outra coisa que não entendo, a gasolina da van estava acabando, mas a da caminhonete não? Que absurdo. E surge o Casablanca novamente, mas em uma situação ruim agora. Eu não imaginava que o V-Blade iria aparecer e derrotar em um piscar de olhos o Casablanca e seu Apollomon.

A descrição realmente representa o V-Blade, ele é malígno, bem malígno mesmo. Certo, o Casablanca está em um castelo, mas por que em um castelo e aonde fica esse castelo? Será que é um local secreto do V-Blade? Pelo que você me disse, os mistério envolvendo esse castelo só irão ser solucionados no final da Saga 01, mas talvez nem sejam, talvez surjam mais mistérios. Estarei esperando para ver o que vai acontecer lá, espero que consigam resgatar o Casablanca e que surjam mais mistérios e momentos ótimos na Fic.

O Fate como sempre querendo acabar com tudo sozinho e na base da briga direta. Ele me lembra o Masaru pelo que ouvi falar do personagem - não assisti Savers ainda. Sealsdramon chega todo feliz, aí surge o Buraimon e acaba com a festa. Poxa, o Sealsdramon só serve para apanhar? E o pior é que ele não é tão resistente quanto o Falcomon, pois o Falcomon não ficaria no chão mesmo que tivesse uma faca enfiada em cada parte do seu corpo, ao menos é o que ele tem demonstrado. xD

O Falcomon como sempre salvando o dia e foi um momento emocionante o da quase morte do Sealsdramon e seu amigo o salvando. Gostei bastante dessa cena. Eu realmente fiquei pasmo ao ler que a Sarah estava com um lança-foguetes, ela não é assim, por que ela fez isso, o Vion ou o Reverbel que mandou e ela viu que não tinha escolha? E o que acontecerá com os protagonistas, morrer eu sei que não vão, mas como eles escaparam e como irão fugir se estão no meio do nada? Ai ai, muitas perguntas, esse final foi chocante e misterioso, só não entendi qual a cena final que você disse que é foda, será essa última cena?

Eu adorei o Fate chamando eles de favelados e também falando que eles parecem chiclete, realmente isso é ótimo, é uma das coisas mais engraçadas da Fic, o Fate debochando dos outros, igualzinho a você não é Leo? Acho que é por isso que me agrada tanto a Fate, pois tem uma parte de um amigo querido, um personagem idêntico a ele e que conquista os leitores, esse amigo é você Leo, um amigo muito especial para mim. ^^

Bem, aqui encerro mais um comentário gigante. Estou ansioso pelo próximo capítulo, então se puder, poste amanhã, assim amanhã mesmo eu já leio. Dessa vez eu não vou ficar adiando, vou ser forte e deixar o resto de lado para ler e comentar logo o capítulo. Boa sorte com o Capítulo 16, pois você parece estar empacado nele. Pode contar com a minha presença sempre aqui - a menos que eu morra ou estiver no hospital =P - lendo e comentando a sua maravilhosa e querida Fate.

Ass: Seu amigão Rik! ;D
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Leonardo Polli Dom 01 Jan 2012, 10:28 am

@Rikaru: Obrigado pelos elogios, é sempre bom saber que eu estou no caminho certo e fazendo um trabalho que os leitores gostam \o O Grim é muito medroso mesmo e sempre está inseguro - parte da segurança dele que raramente obtém vem de Fate, que por si só consegue animar o amigo. Commandramon compartilha um pouco desse medo, mas quando se vê sem saída seu medo se torna em raiva/fúria/vontade. Sarah é uma mulher doce, mas que nunca foge de suas obrigações. O futuro dela - morte ou mudança de lado - ainda está incerto, só vendo mesmo. Reverbel nunca foi muito fã de carros, só sabe pilotar aviões, navios e etc.

E é o Waspmon, não a Waspmon -q em Digimon, os próprios não tem sexo, mas na Fate tem. E o digimon de Sarah é macho. Usar Full Charge ia ser MEGA complicado, imagina se o Commandramon evolui pra Tankdramon dentro da van? Ia mandar ela pro espaço, LOL. Quando um humano morre, e seu digimon fica solitário, acontece duas coisas - o digimon se suicida de tanta dor/falta que sente, ou ele vaga como um lobo solitário pelo mundo. Não existe essa de "adoção" de digimon. Um digimon nasce com seu parceiro e tende a ficar com ele até o fim de sua vida - seria mais ou menos como em Eragon, se não me engano.

Waspmon também possui propulsores, por isso conseguiu atacar antes que Sealsdramon desviasse. A Tríade havia enchido o tanque da caminhonete. Lembra a cena, no capítulo 08, em que eles estavam numa oficina e o Vion mexia numa caminhonete? Então, eles estavam se preparando para ir a Enterprise. No momento, não posso dizer nada sobre o castelo, só que ele vai reaparecer não muito tarde nessa mesma saga. Fate é uma mistura de Masaru, de vários outros protagonistas de animes/games e da minha personalidade. A missão de Sarah, antes, era trazer os caras vivos, mas, agora, era matá-los. E como era missão dela... ela tinha que o fazer. Você verá o que aconteceu com eles no capítulo 10 \o

Obrigado por tudo amigão, principalmente por ler e comentar sempre que pode. Você sabe que sua presença é sempre bem-vinda aqui \o Abraços.
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Rikaru Muzai Dom 01 Jan 2012, 3:14 pm

Não precisa agradecer Leo, eu nunca elogio em vão, se eu o faço, é porque ao menos para mim, o que quer que seja, está bem feito e agradável. Bem, eu só espero que haja uma evolução do Grim e do Commandramon, talvez tendo haver com momentos como "A Fúria Kasagrim" no esgoto. Claro, não precisa ser algo rápido, é até melhor fazer as mudanças com calma, assim ficarão mais realísticas e mais agradáveis para os leitores. Eu também espero um futuro melhor para a Sarah, enfim, um grande desenvolvimento para todos os personagens, pois isso é um ponto forte na Fate e tem que continuar. \o

Desculpe, mas eu não tinha como adivinhar que o Digimon era macho. rsrsrs Talvez pela voz poderosa, mas há mulheres com vozes poderosas também, então é relativo. =P Sim, pensando por esse lado, seria complicado. Mas seria bem mais útil e poderia salvá-los se eles parassem a van e o Grim usasse o Full Charge para o Commandramon evoluir para Tankdramon e acabar com todos rapidinho. mwahahahaha Claro, se a Tríade fizesse seus Digimon evoluir também, aí complicaria para o lado dos protagonistas.

Ah sim, seria como em Eragon, com a diferença que o Digimon não morre quando o Tamer morre. Imagino então que haja uma ligação triangular entre Tamer, Digimon e Digivice, assim os Digivices só podem ser usados pelos Tamers aos quais pertencem. Já a ligação Tamer - Digimon, seria como uma ligação de gêmeos, uma ligação mais forte que a fraternal, assim podendo causar o sofrimento a um dos lados se o outro estiver em perigo ou morto. Bem interessante isso, gostei mesmo. ^^

Pois é, agora pensando bem, mesmo carregando o laser, com os propulsores o Waspmon poderia se morrer tão rápido quanto o Sealsdramon e acertá-lo em cheio. Ah sim, isso mesmo. Fail meu, nem lembrei da cena na oficina. xD Só uma coisa me intriga, quem deu as ordens para a Tríade e como fez isso, me refiro à nova ordem de matar os fugitivos. Será que o V-Blade falou com a Tríade depois de cancelar a transmissão do Casablanca? Outra coisa, por que a Sarah é a mais inútil da Tríade? Ela é apenas a secretária do V-Blade segundo o Casablanca, não gostei disso, ela está sendo menosprezada. u.u

Não precisa agradecer Leo, eu já disse que estarei sempre aqui lendo a Fate e comentando com muito prazer esta Fanfic incrivelmente magnífica. \o/ Um grande abraço, meu amigão querido. ^^
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Mensagem por Leonardo Polli Qui 05 Jan 2012, 10:12 am

@Rikaru: Relaxa, haverão muitos momentos entre Grim e Commandramon, e claro, evoluções do Commandramon. Afinal, eles são um dos protagonistas, não? Se a Tríade fizesse os três digimons evoluirem, ia dar merda. Muita merda. aoeuaoue A ligação entre os três é basicamente o que você falou mesmo. Seria uma ligação forte e muito sentimental.

As ordens de matar os fugitivos vieram de Violentblade, sim. A Sarah não é a inútil da Tríade, nunca isso o.o Ela é secretária, isso quer dizer que ela atende as ordens diretas do Violentblade, enquanto Vion e Reverbel são generais, entende?
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Digimon Fate - Página 3 Empty Re: Digimon Fate

Mensagem por Leonardo Polli Qui 05 Jan 2012, 10:29 am



Destino.

No dicionário, a palavra destino significa final, objetivo, sorte. Vejamos que um destino pode ou não ser previamente estabelecido, porque nem sempre depende de nós. Quando se faz um plano, existe o destino prévio, porém seu êxito dependerá de muitos fatores que o envolvem. Assim sendo, destino é a conclusão de um fato ou coisa previamente ou não estabelecida. Algumas pessoas acreditam que tudo na vida já está estabelecido dizendo que, você queira ou não, vai acontecer na sua vida.

Se ao dirigirmos um carro, evitarmos manobras perigosas e alta velocidade poderemos evitar acidentes, mudando assim um destino trágico. Se ao perdermos um grande amor nos esforçarmos para esquecê-lo, e assim sendo não alimentando pensamentos ruins, estaremos nos livrando de muitos problemas. O destino é capaz de dar reinos a um escravo e triunfos a um cativo. O destino abre caminhos. Quando um fato se torna irremediável, temos o destino. O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.

Destino. Algo que Fate relutava em acreditar.

Saga 01 - Em Busca do Desconhecido
Capítulo 10 - Ponto de Equilíbrio


Estava sendo difícil. Muito difícil. Não... difícil não seria a palavra correta a se usar. Seria mais fácil dizer, inacreditável. Sim, era inacreditável aquela situação. Tentava encontrar uma maneira certa de pensar o certo, para talvez tentar não ficar louco. Não havia som que o incomodasse, deixando a noite bucólica e silenciosa o bastante para queimar seus neurônios atrás de respostas. Respostas, para saber o porquê de ainda queimar seus neurônios e processar oxigênio em seus pulmões.

Fate não estava acreditando que estava vivo.

- É... impossível. Impossível! - balançava a cabeça boquiaberto.

- Nada é impossível, meu caro amigo.

De certa forma, Falcomon repartia do mesmo pensamento. Estamos vivos... Era inacreditável. Eles entraram no helicóptero, que começou a rodar suas hélices, e logo decolou. Depois de poucos segundos, um disparo de alguma arma veio em sua direção, e BOOM!, explodiu o veículo em mil pedaços. Como era possível alguém ter sobrevivido após isso? Era um pensamento milimetricamente baseado na lógica e na razão. Sim, aquela explosão não deixaria nenhum sobrevivente num raio de dez metros.

Mas, a história é outra.

Commandramon teve um flashback, enquanto estava com a cabeça encostada em algo que permanecia ao seu lado. Os quatro fugitivos da Area 51 haviam adentrado no helicóptero dito cujo por Casablanca, que permanecia com a sua porta entreaberta. Ao entrarem no veículo, fecharam a porta, e as hélices começaram a rodar. Nisso, a General Watson buscou o seu lança-foguetes, enquanto os fugitivos saiam do helicóptero pela outra porta, inacessível aos olhos da Tríade. Fecharam a porta silenciosamente, e correram alguns metros, alcançando algo que não estavam vendo. O helicóptero que deixaram para trás subiu alguns metros, sendo atingido pelo disparo da arma de Watson e causando uma explosão, enquanto o algo que os fugitivos alcançaram já permanecia longe dali.

Um dos helicópteros mais tecnológicos e bem trabalhados do mundo: o Maverick.

Ele estava em seu modo invisível quando os fugitivos o adentraram, para sair daquele lugar. Estar a bordo de um veículo como aquele era um prazer para Grim, que passava seus dedos em toda a estrutura do interior do mesmo. O retoque do metal das paredes internas e do couro refinado do estofado do banco em que todos passageiros se encontravam o agradava de certa forma, o incentivando cada vez mais para que permanecesse no caminho de pesquisas sobre materiais de construção de veículos de última geração.

Fate ainda estava incomodado por estar vivo. Realmente não acreditava que tudo aquilo era um plano de Casablanca, que mais uma vez havia salvado-lhe a vida. De fato, estava devendo duas pelo velho amigo de seu companheiro de vida Joshua Kasagrim, e pensava em futuramente retribuir os favores que ele havia lhe feito.

- Eu... eu simplesmente agradeço vocês. Por terem nos salvado. - agradeceu Fate, um pouco envergonhado, com braços cruzados e se sentindo totalmente confortável em relação a seu corpo.

- Não há de que. Deram-nos ordens para salvá-los... e simplesmente as cumprimos. - respondeu o homem a quem Fate havia se direcionado.

Tal homem tinha um timbre de voz um tanto rouco e sério, com um charme de valentão. Tinha a pele clara, olhos castanhos e uma barba malfeita. Cabelos lisos, curtos e castanhos, penteados para trás. Estava vestido apropriadamente, com uma camisa pólo de cor branca e manga curta por baixo de um colete marrom, que continha a letra grega α (alpha) no peito. Usava luvas negras que destacavam suas veias grossas de seus braços musculosos. Também se vestia com calças de tecido forte e coloração escura, presa por um cinto marrom claro, e um par de botas marrom escuro. Devia ter por volta de um metro e setenta e cinco, aparentando ter trinta e poucos anos.

Era desconhecido para os quatro outros seres que ali se encontravam. Havia permanecido quieto por alguns vinte e poucos minutos, enquanto Fate e Falcomon duvidavam da segunda chance que havia lhes dado, Commandramon pensava longe e Grim se surpreendia com o helicóptero Maverick.

- Desculpe-me eu estar perguntando, mas qual o seu nome? - indagou Grim, para quebrar o silêncio e fazer outra coisa que não fosse reparar no helicóptero.

- Meu nome é James. - respondeu o homem, com um ar de seriedade.

- James Bond? - perguntou Fate, com um sorriso no canto da boca.

- Não, seu infantil. - retrucou rispidamente o homem, levantando a sobrancelha e coçando a cabeça. - John James.

De repente, pôde ser ouvido por todos um barulho de algo se abrindo. A pequena janelinha que dava visão a cabine de piloto do helicóptero ficou retraída.

- Mas podem me chamar de JJ, blábláblá. - uma voz irônica e engraçada foi ouvida da sala de onde o piloto dirigia o helicóptero, provavelmente continuando a frase de John.

- Você é um filho da puta, Aaron. Volte ao trabalho que você ganha mais. - irritou-se John, com a cabeça virada para o lado esquerdo, provavelmente para sua voz chegar mais audível nos ouvidos do piloto do Maverick.

- Haha, pessoal, não liguem pra esse chato aí não. - comentou o piloto, rindo, propositalmente direcionando uma precaução aos recém passageiros do Maverick. - Aaron Smith, piloto do primeiro e único Maverick, às suas ordens!

Fate sorriu. Sorriu, por estar se sentindo bem perto de duas pessoas novas, que pareciam ser de confiança e já haviam lhe ajudado bastante. Abriu a boca, mas foi interrompido.

- E não precisa se apresentar. - interrompeu John James, friamente. Levantando seu dedo indicador, ele aparentava estar confiante do que ia fazer em seguida. - Sabemos que você é Benjamin McFate, você Falcomon, você Commandramon e que você é Joshua Kasagrim. Afinal... quem não sabe?

- Somos garotos popstars, yeah. – brincou um sorridente Falcomon, socando o ar.

- Vamos criar uma banda? - perguntou Fate irônico, provavelmente sem pensar.

- Mas, como ela vai se chamar? - questionou Grim, curioso, com um braço cruzado e o outro com a mão no queixo. - Invente um nome muito bom, porque com certeza faremos muito sucesso.

- Vai se chamar FLECM!

- Meu Deus, que criancice. - JJ interrompeu a pequena brincadeira dos quatro amigos, como se não estivesse acreditando que seres vivos de mais de vinte anos de idade estivessem fazendo aquilo numa hora daquelas. - Dá pra parar?

- Por que FLECM? - indagou Commandramon, ignorando o comentário de James.

- Porque somos os Fugitivos mais Lindos, Elegantes e Cobiçados do Mundo!

-... HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

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Sobre águas calmas e límpidas de um rio ladeado a uma montanha, o Maverick sobrevoava. Não balançava tanto, pois Smith manejava bem o controle do veículo. Há pouco tempo, poucas gotas rasantes anunciaram uma forte chuva, que logo chegou, assustando um pouco os passageiros. De certa forma, não atrapalharia a visão nem o trabalho do piloto, pois o helicóptero tinha estrutura boa o suficiente para proporcionar uma boa viagem aos fugitivos. Por outro lado, ajudava Grim e Fate, que estavam sentados em bancos opostos, mas frente a frente, ambos olhando para além das janelas do veículo, viajando em pensamentos.

O americano de cabelos ondulados se via um tanto transtornado, pensando em seus atos passados. Inclinou a cabeça para a direita, e fitou o relógio, levantando o seu braço e chacoalhando a mão. Eram 20h17min. Os ponteiros do relógio se moviam vagarosamente, e cada barulho que se podia ouvir do objeto se misturava com o tocar das gotículas de água nas janelas do Maverick, ecoando por seu interior e deixando uma trilha sonora bucólica naquele silêncio mórbido.

Falcomon não estava gostando da idéia de ver o parceiro humano triste, coçando a cabeça ao lado do mesmo.

- O que aconteceu, Fate? - perguntou o digimon, olhando para o humano.

- Nada. - respondeu friamente o rapaz, sem ao menos movimentar a cabeça.

- Eu sei que está acontecendo alguma coisa, Fate. Vamos, me diga. - pressionou o falcão, seguro com a sua atitude.

- Aah... Você sabe o que é. Melodee, o pendrive... - Fate finalmente cedeu, voltando o olhar para o chão do helicóptero. -... o digivice.

- Cara, você sabe que você não tem culpa. - ressaltou o digimon, tentando animar o parceiro. - O pendrive e a Dee foram levados por Blade, e você não tinha chances de lutar contra ele... o digivice, também.

- Não... o digivice não. Eu me descuidei e deixei ele ser explodido. É minha culpa, minha!

- A culpa não é sua, Fate. A culpa não é sua. – repetiu Falcomon, para talvez mudar a forma de pensar do americano. - E outra; quem vai sofrer com isso será eu, que não vou poder evoluir mais... Mas, veja! Eu não estou nem um pouco preocupado com isso... E se qualquer coisa vier a acontecer, temos Commandramon, que conseguiu atingir o Kanzentai. Isso é perfeito!

-... - Benjamin estava sem palavras, e o sentimento de culpa pouco a pouco se esvaia. Segundos pareciam minutos naquele silêncio. -... Tudo bem, então. Eu agradeço por abrir meus olhos.

- Por nada, amigão. - respondeu o digimon ninja, com um sorriso estampado direcionado a Fate, que o fitava no momento. - Eu te entendo, e sei como você está. É muita coisa pra sua cabeça, muita mesmo. Nesses quase dois dias que embarcamos nisso, tudo está confuso...

- Eu te agradeço, de coração. Muito obrigado.

Benjamin retribuiu o mesmo sorriso estampado que há poucos segundo Falcomon havia feito. O americano se sentia perturbado, mas compreendia que o seu companheiro digimon apenas queria que ele ficasse bem e demonstrasse estar despreocupado com a situação que todos enfrentavam. Afinal, ficar mal só ia piorar as coisas. De fato, a preocupação devia ser amena. Melodee devia estar em algum lugar do planeta - não sabia qual -, mas estava bem. O pendrive estava nas mãos de Blade, e olhando pelo lado bom, pelo menos ele sabia com quem estava. E o digivice... bem, o digivice simplesmente não existia mais.

A pequena janelinha que ligava a parte traseira a sala de controle do Maverick retraiu-se novamente.

- Ei, chapas, que horas são? – a voz de Aaron soou curiosa pelo horário.

- São oito horas, Aaron. - respondeu Fate, de prontidão.

- Aah, valeu. - agradeceu o piloto, fazendo um sinal visível a todos com a mão. - É que não tem relógio aqui e, sabe... Hmm. Acho que vai demorar.

Demorar... A curiosidade de Joshua Kasagrim surgiu de repente.

- Falando nisso, pra onde estamos indo?

- Pra nossa base. - redargüiu John James, de olhos fechados e braços cruzados. Aaron devia não ter respondido devido a um pequeno desvio que fizera com o helicóptero, retomando um pouco da sua atenção.

- Sua base? - perguntou Commandramon, confuso e curioso ao mesmo tempo, sentimento visível em sua testa franzida.

- Sim, a nossa base. A base da Equipe Alpha. - dessa vez, o misterioso JJ abriu os olhos e demonstrou um pouco de calma com suas palavras.

- EQUIPE ALPHA!?!?

Todos não entenderam nada. Talvez fosse por isso que ficaram boquiabertos. Ficaram confusos. Fate e Falcomon, opostos a Grim e Commandramon, estavam com a testa franzida. O rapaz na porta do helicóptero, John James, ficou surpreso pelos fugitivos desconhecerem o que ele havia lhes dito. Casablanca havia dito a eles que alguns amigos estariam os esperando em um helicóptero no fim da estrada. Para eles, seria um helicóptero normal e pessoas normais, com idéias normais, mas...

... tudo estava confuso.

- Vai me dizer que vocês não sabem que eu e o Aaron somos da Equipe Alpha? - questionou James numa afirmativa, totalmente surpreso.

-... N-Não. - Falcomon gaguejou a resposta por todos.

- Hahaha... Deus do céu. - James estava achando aquilo engraçado, embora a expressão facial de confusão dos fugitivos continuava a mesma. - Você ouviu isso, Aaron?

- Hahaha, ouvi sim, JJ. Eles só podem estar de brincadeira. - respondeu o piloto, também rindo, mas de uma forma mais controlada. - De qualquer jeito, conte a eles. Eu gosto de ouvir o que realmente somos.

- Haha, tudo bem. - disse John James, virando o rosto para o centro dos outros quatro passageiros do Maverick. - Bom, como posso começar explicando... - levou a mão no queixo, pensativo. Resolveu falar após alguns segundos, voltando o olhar para os outros. - A Equipe Alpha é um grupo de espiões ultra-secretos, composta por mim, pelo Aaron, e pelo líder, George Bradbury, que não está aqui conosco, como vocês podem ver. Trabalhamos e agimos sozinhos, e o nosso principal foco são as missões que fazemos diariamente. Somos uma mistura de SWAT com James Bond, hehe.

- Vocês... vocês são espiões? - indagou Fate, totalmente surpreso. Seus olhos esbugalhados e sua reação boquiaberta indicavam o seu estado.

- Sim. - respondeu John asperamente.

- Meu Deus do céu! E eu pensando que estávamos sozinhos nessa... - comentou Joshua Kasagrim, como se quisesse impor respeito e soberania, mas continuando curioso. - Mas, se vocês se auto-intitulam Equipe Alpha... Deve ser porque existe outro grupo igual a vocês, certo?

- Exato. - confirmou o espião da Equipe Alpha, dando um sinal com a cabeça. - A nossa rival, Equipe Bravo, composta por Louise Bluebell, Sophia Jackson e Daisy McGarvey.

- Por que rival? - Falcomon continuou a sessão de perguntas, misturando as idéias de letras gregas em sua cabeça.

- Fazem a mesma coisa que nós fazemos, mas são mulheres e possuem equipamentos melhores. - redargüiu um James sério, levantando a sobrancelha esquerda. - Simples.

- Que machismo. – ponderou Grim, decepcionado.

- Não é machismo. - Aaron Smith escutou e interveio, lá da cabine de controle do Maverick. - O pior é que elas são melhores mesmo.

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As paredes eram altas e acinzentadas, com vários canos de mesma cor passando por toda aquela enorme sala. O chão era coberto por uma gigantesca placa metálica, que ao ser tocado pelos pés dos que andavam sobre ela provocava barulhos desagradáveis. A iluminação vinha de cima do teto composto por vidro transparente, devido à única lâmpada que ali existia, aparentando ser uma placa de luzes brancas. Havia colunas de concreto pintadas de azul-claro que sustentavam o local, tendo as extremidades cobertas por gesso branco.

No centro do recinto, uma mesa retangular de metal estava com cadeiras enfileiradas totalmente desocupadas. A organização da grande quantidade de papéis que estava sobre a mesa era algo inacreditável; um do lado do outro, em grandes pilhas. Ao fundo, colada a parede, havia uma imensa tela, que mostrava imagens em vários ângulos de algo que parecia ser uma torre gigantesca, com um lago em sua volta e várias árvores. Havia quatro humanos parados a frente da tela, mas um deles estava virado de costas para os outros três, que estavam um do lado do outro.

Jefferson Violentblade virou-se, ficando cara a cara com seus três generais.

- Muito tempo se passou, e finalmente vocês conseguiram. - começou o comandante cheio de si e, como de costume, estava com as mãos atrás de seu corpo. - Há anos que estamos atrás desses vermes malditos que só trazem caos para o país e acabam com os nossos planos, e finalmente vocês conseguiram. Vocês conseguiram, mataram os fugitivos. Meus parabéns, generais.

Os três outros humanos que ali se encontravam ficaram lisonjeados, sem reação. Mas, de certa forma, cada um ali tinha o que falar.

- É o nosso dever servi-lo, comandante. E vai ser sempre um prazer servi-lo. - respondeu a General Watson, com gestos finalizados por um sentido.

- Ordens são ordens. - comentou o General Reverbel, franzindo a testa e inclinando a cabeça rapidamente, também finalizando com um sentido.

- Não precisa nos parabenizar, comandante. Apenas fazemos o que nos é importante.

Vion fora o único a não exercer o ritual de lealdade. Sarah e Pierre perceberam, e o último cutucou com o cotovelo o seu corpo, tentando fazer com que ele caísse na realidade. A expressão facial do americano de cabelos louros e arrepiados não era das boas, e os seus sentimentos de felicidade por ter acabado com a vida de um velho amigo estavam presentes em seu sorriso falso e malicioso, mas no fundo, bem lá no fundo, não era isso que ele queria. Ele apenas queria paz, não o caos que Fate proporcionava.

Violentblade resolveu deixar de lado a sua preocupação por Vion, pois sabia que o general estava bastante focado na continuação dos planos. Sarah Watson e Pierre Reverbel foram ordenados pelo comandante para abaixarem seus braços, e eles o fizeram, deixando os membros atrás de si, tal como o comandante fazia. Estranhamente, seus digimons não estavam na reunião, mas, disso nada importava.

O comandante estendeu suas mãos, mas logo as retraiu, com um olhar torto para cima.

- Prossigamos. - começou o comandante, com uma cara de sério e um bocejo. - Agora que tudo está tranqüilo, finalmente podemos dar um passo adiante na Operação Ressurection.

- E qual seria esse próximo passo, comandante? - interveio Watson, curiosa sobre o que viria a fazer.

- O último passo antes da finalização da operação. - respondeu Jefferson, deixando um ar de mistério e suspense diante dos três generais. - Conseguir os três Orbes do Sacrifício para abrir as portas da Torre de Babel.

- MEU DEUS! - Vion se assustou repentinamente, e ficou boquiaberto e com olhos esbugalhados, sem reação. - Isso... isso é impossível!

- Os orbes... a torre... - Watson levara a mão direita ao queixo, pensativa.

- Eu não consigo acreditar, comandante. - Reverbel de certa forma também ficara pasmo mas, ao contrário dos outros, mostrava estar calmo e se comportava como se estivesse entendendo a situação. - Já?

- Sim. - redargüiu rispidamente o Comandante Blade, fechando os olhos e confirmando com a cabeça. Aparentava estar calmo. - Eu apenas estava esperando a morte de Fate e dos outros para poder prosseguir com os planos. E os planos são esses, queiram ou não.

Os generais estavam, literalmente, sem reação. Para eles, os planos do Comandante Blade era apenas a morte dos fugitivos. Mas, deram de cara com a parede, e descobriram que o que estava em suas cabeças era apenas o começo. Vez ou outra o comandante havia comentado com os três sobre a Torre de Babel e os tais orbes que eram necessários para que suas portas se abrissem. No pensamento, era só um mito, um conto de fadas... mas, não. Era realidade, a Torre de Babel existia sim, e eles precisariam pegar os orbes para abri-la. De fato eles não sabiam o porquê dos planos do comandante. A curiosidade se misturava com o suspense e tudo se abalava.

Reverbel e Sarah deram de ombros. Vion permanecia confuso.

- Mas, comandante... Por que o senhor quer ir a Torre de Babel?

- Não faça perguntas, Kid Vioner. – o comandante passou a ficar sério. Ou não estava a fim de contar seus planos, ou realmente não podia contá-los. - Apenas façam o que eu mando, e tudo terminará em perfeita ordem.

Sarah Watson e Pierre Reverbel sentiram uma dor profunda pelo amigo Kid Vioner, que ficara paralisado. Eles não estavam entendendo nada, apenas tinham a idéia de cumprir as ordens que o seu comandante lhes dava. Era preciso crer no superior para que tudo corresse e desse certo.

- Melodee já foi atrás do Orbe de Poseidon, em Nova York. - explicou Violentblade.

-... Hahaha. Você mandou uma pirralha de quinze anos atrás de um artefato desses? - perguntou Reverbel, não acreditando. - E espera que ela volte com o quê, uma borboleta nas mãos?

- Não a subestime. Você não faz em cinqüenta anos o que ela faz com quinze. - Blade foi frio em sua resposta. - Sem mais intervenções, continuemos. Ela deve voltar daqui algumas semanas, pois ainda não se sabe a localização correta do Orbe de Poseidon. Enquanto isso, eu quero que vocês vão atrás dos outros orbes. – ordenou o comandante, enquanto em suas costas a gigantesca tela mostrava imagens de várias paisagens arborizadas. - O Orbe de Hades está em alguma ilha próxima do Hawaii, e o de Zeus está em algum lugar da Europa. Vocês têm algumas semanas para encontrar esses orbes, e devem voltar até o fim de Dezembro. - depois de toda a explicação, Jefferson Violentblade suspirou uma vez, apesar de querer continuar sem exercer esse ato. - Fui claro?

Mesmo sem entender o motivo de terem que correr contra o tempo para encontrar os dois orbes, os generais deram de ombros e aceitaram sem repugnância as ordens de Violentblade.

- Sim, senhor.

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O tempo começara a ficar relativamente calmo, com gaivotas e pelicanos planando sobre os céus. Podia-se ouvir o vai-e-vem das ondas de um suposto mar abaixo do Maverick. Aaron Smith, o piloto do helicóptero, havia deixado o mesmo no modo de piloto automático, para aproveitar um pouco o silêncio. A noite e o seu profundo breu ia dando lugar aos primeiros raios de sol, enquanto os fugitivos estavam todos desleixados por cima dos bancos, tirando uma soneca junto a John James. E que soneca, ein?

A rotação das hélices não atrapalhava o clima relativamente ermo, como se também quisessem descansar. Já se passavam das seis horas da manhã, mas ninguém estava ligando pra isso. Queriam mais era esquecer um pouco dos problemas e, enquanto não chegavam à base da Equipe Alpha, descansar.

Falcomon fora o primeiro a acordar, dentre os outros. Como estava deitado de lado, teve que levantar-se inclinadamente, a fim de poder sentar-se corretamente no banco. Ficou olhando para frente, mais precisamente na cara de JJ, que estava dormindo com a cabeça de lado, e logo se espreguiçou, levantando suas duas asas para cima e as esticando o máximo que pôde. Bocejou por alguns segundos, como de costume falando algumas baboseiras, voltando ao normal de antes.

Commandramon abriu seus olhos de repente, e rapidamente sentou-se, olhando espantado para o digimon falcão.

- Que horas são, Falcomon? - perguntou, esfregando seus olhos e se espreguiçando ao mesmo tempo.

- São... - o falcão não sabia ao certo, muito menos queria olhar no relógio de Fate, portanto resolveu usar seu alto nível de dedução, olhando para além das janelas. - Acho que são umas seis horas, por ai.

- Nossa... - assustou-se o pequeno dinossauro, de olhos um pouco esbugalhados e testa franzida. - Dormimos pra caramba, ein?

- Aham, você tem razão. - afirmou Falcomon, cruzando suas asas e voltando a atenção para seu amigo digimon. - Eu peguei no sono eram umas dez horas da noite, mais ou menos.

- Eu esperei o Grim e o Fate, que foram dormir umas 22h30min, e peguei no sono umas onze horas, por ai. - acrescentou Commandramon, usando uma voz fraca e baixa. - Não sei quando o John começou a dormir, porém...

-... Eu não estou dormindo.

- AAAI FILHO DA MÃE!

John James aparentemente estava dormindo, mas não; estava fingindo. Havia respondido ambos os digimons com uma voz baixa também, mas de olhos fechados e sem movimentar uma parte de seu corpo, muito menos sua cabeça, que mal se inclinou para ficar em uma posição agradável. Até que, após alguns segundos, ele resolveu abrir seus olhos e se espreguiçar, de um jeito nunca visto antes - levou os braços e mãos para cima, estralou os dedos, depois fez a mesma coisa na direção norte, em seguida dobrando o cotovelo e estralando o mesmo, fazendo a mesma coisa com o outro cotovelo.

Falcomon e Commandramon estavam surpresos com a cena.

- Da próxima vez avisa que vai acordar! - resmungou o dinossauro, com a cara fechada.

- C-Como você faz isso? - indagou o digimon ninja, fugindo totalmente do assunto.

- Fingir de morto, ou dormir e fingir que está dormindo? - rebateu o espião, deixando os dois digimons confusos. Resolveu responder logo a pergunta de ambos. - Treinando, né.

- Isso é... mágico!

Falcomon ficou com olhos brilhosos e uma face de surpreso perante a explicação do espião John James. Nunca, em toda sua vida, havia visto alguém que conseguisse realmente fingir que estava dormindo, como se estivesse dormindo. Nem Fate, que vez ou outra se jogava no chão e se fingia de morto pra nenhum adversário atacá-lo conseguia algo em muito tempo tal como o homem vestido com o colete da Equipe Alpha. Também havia tentado fazer a peripécia algumas vezes na vida, mas nunca obtera êxito.

Os passageiros do Maverick ainda continuavam adormecidos, salvo os dois digimons e John James. O veículo que os transportava sobrevoava o mar calmamente, ainda em piloto automático, mas de repente inventou de dar uma tremedeira, acordando todos os passageiros adormecidos. Aparentemente, o combustível havia acabado, ou o helicóptero estava prestes a desabar em plenas águas Nova Yorknas - o que era que os passageiros do Maverick mais temiam, embora acreditassem que estivessem totalmente seguros.

Aaron Smith foi o primeiro a causar baderna.

- DEUS DO CÉU, o que tá acontecendo? – gritou da cabine de controle, levando as mãos aos botões como impulso.

- Acho que foi apenas o helicóptero descendo, mas... – John James estava curioso, e decidiu abrir uma das janelas do veículo. Olhou para fora, e visualizou algo que matou a sua dúvida num único tiro. - É... finalmente chegamos à base.

- Deve ser um lugar muito bonito. – comentou Falcomon, chamando a atenção de JJ.

- Por quê?! – indagou o espião, demonstrando estar confuso.

- Porque até o helicóptero ficou feliz, haha.

Pela primeira vez na vida, o espião John James havia deixado escapar um sorriso. Não era muito de aceitar brincadeiras ou sorrir sempre, o que o diferenciava dos outros dois integrantes da Equipe Alpha, que eram bastante alegres, em especial o piloto Smith, que a cada dez palavras que proferia oito ou nove eram piadas. Mas, de certa forma, ninguém reclamava. Era o seu jeito, e por nada nem ninguém ele deveria mudá-lo. A felicidade que não só se estampara a poucos segundos em sua face jovial estava presente também em Benjamin McFate e Joshua Kasagrim que, apesar de terem acordado totalmente assustados, estavam tinindo de curiosidade para saber como seria a base da Equipe Alpha.

O Maverick, pouco a pouco, foi abaixando. O solo estava se aproximando e, quando menos esperavam, o helicóptero finalmente pousou. As hélices ainda exerciam o seu papel, mas o piloto Smith já ia tirando os fones de ouvido e desligando todo o sistema do veículo em que estava. Fate e Falcomon estavam dando uma última espreguiçada, enquanto se esticavam para todos os lados. Commandramon estava pacientemente esperando John James, que tinha ido abrir a porta do Maverick. Grim já permanecia de pé para que, quando a porta se abrisse, saltasse com todas suas forças para fora do veículo para começar a visualizar o local.

- Antes de entrarem na nossa base, vocês devem seguir as nossas três regras de visitas. – avisou o espião James, olhando seriamente para os outros passageiros.

- TÁ BOM, TÁ BOM! – Commandramon estava ansioso.

- A primeira: façam o que quiser, mas não pisem na grama. Bradbury ODEIA isso. – enquanto comentava sobre as regras, o homem de cabelos lisos franzia a testa e mexia as sobrancelhas. - A segunda: evitem correr feito loucos pela base, aqui é um local muito perigoso.

-... e a terceira!? – interveio Falcomon, tanto curioso como ansioso.

James mudou a cara, como se estivesse sentindo nojo de algo e ao mesmo tempo implorando por algo.

-... Finjam que são normais.

----------------------------------------

Para o lado direito a porta deslizou. Fortes raios solares invadiram o interior do Maverick, deixando alguns de seus passageiros temporariamente cegos. Mas, de fato, isso não impediu que Grim desse um salto fenomenal, saindo às pressas do helicóptero. John James se assustou com a atitude, quase caindo da porta, onde estava encostado. Commandramon saltou com tudo do banco para fora do helicóptero, e devido à gravidade quase caiu de cara no chão. Benjamin McFate e seu parceiro digimon Falcomon desceram sem pressa do veículo, enquanto JJ fechava a porta após descer e o piloto Smith deixava o Maverick completamente sem passageiros.

E por incrível que pareça, finalmente conseguiram ver o aspecto de Aaron Smith. Era um rapaz magro, de estatura média, com não muitos músculos presentes em seu corpo. Tinha cabelos profundamente negros e desgrenhados, que realçavam seus olhos claros. Estava vestido com uma camiseta normal de cor verde e manga curta por baixo de um colete negro, que continha a letra grega α (alpha) no peito. Também se vestia com calças de tecido forte e coloração clara, com traços verdes, presa por um cinto feito a tecido, e um par de tênis claros meio esverdeados. Devia ter por volta de um metro e setenta, aparentando ter vinte e cinco anos.

O chão que todos pisavam agora era um tanto maciço, feito de ladrilhos acinzentados. O helicóptero Maverick estava pousado sobre um grande H escrito no solo, que comumente significava heliporto. Numa certa distância, ladeando o caminho de ladrilhos, havia extensões planas de grama baixa e bem cuidada, com várias flores perfumantes e rochas inquebráveis espalhadas. Os quatro que desconheciam o local se deslumbravam com tanta beleza que a natureza possuía.

O vento batia forte naquela manhã, e uma leve brisa que chacoalhou a grama do lado direito do caminho chamou a atenção de John James.

- JAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMES!!!!!!!!

Uma criatura de um metro e quarenta, semelhante a um pingüim de corpo arroxeado e uma barriga destacada por um branco com marcas roxas, vinha correndo com suas patas amarelas na direção de JJ. Seu bico amarelo com uma ponta roxa característica batia uma extremidade a outra a cada passo longo que dava no gramado, demonstrando a agilidade com que corria presente também em suas orelhas, semelhantes a fios de cabelos grossos que voavam para trás e suas asas com garras pontiagudas e avermelhadas, que faziam um constante movimento de vai-e-vem, acompanhando seu corpo.

Seus olhos alaranjados se fecharam fortemente quando ele se preencheu num salto e agarrou o corpo do homem, num forte abraço.

- James... que saudade, cara. Não me deixe mais sozinho! - o digimon pingüim estava bastante ofegante, embora continuava apertando o corpo do humano.

- Haha, como você é tolo, Penmon. - comentou John, apertando ainda mais o parceiro. - Nunca vou te deixar sozinho... É que tivemos que pegar alguns amigos nossos depois da última missão e, você sabe, Smith e esse helicóptero...

Com um sorriso estampado na face e olhos sinceros, JJ apontou a cabeça para onde Aaron Smith e os quatro fugitivos estavam caminhando. O piloto do helicóptero Maverick estava um pouco cabisbaixo, o motivo era desconhecido pelo resto do grupo. Falcomon estava atencioso a direção norte, pois era o único caminho a seguir, para ver se encontravam com alguém. Commandramon e Joshua Kasagrim deslumbravam a paisagem, com olhos admirados de tanta beleza. Raramente se via algo tão limpo, organizado e bem cuidado naqueles tempos.

A cabeça do piloto Smith ergueu-se ao chegar a seus ouvidos um grito de uma ave, que vinha rasante dos céus. Fate, como estava mais desatento, olhou para cima, e visualizou uma espécie de falcão avermelhado vindo em sua direção. Possuía garras negras e pontiagudas nas asas, e nas patas amarelas garras brancas. Seus olhos azul-claros quase se misturavam com sua face esbranquiçada, com marcas vermelhas. Adornando a sua cabeça, se encontrava uma espécie de cinta negra que levava consigo uma pena macia.

Ao pousar, ficou de pé e bateu mais duas vezes suas asas. Finalmente, após um encaro de olhos com o novo pessoal, abriu seu bico amarelo.

- Olá, Smith. Há quanto tempo, não? - disse o falcão cruzando suas asas, demonstrando estar sério. - Vejo que trouxe os amigos de Casablanca.

- Sim, Hawkmon... Essa missão foi difícil, nos tomou dois dias. - afirmou calmamente o piloto do Maverick. - Tivemos que trazê-los, devido a ordens superiores.

- Sim, eu entendo. - retrucou Hawkmon, friamente. Levantou a asa direita, apontando-a para o centro do grupo. -... Venham comigo. O líder da Equipe Alpha vos espera.

Os quatro fugitivos trocaram olhares calmos e duvidosos, e como se estivessem conversando, apenas utilizando esses olhares, se perguntavam do porquê de Hawkmon ter tratado Aaron Smith daquele jeito, tão frio. Podia ser pelo motivo de estarem brigados, ou porque de fato era a personalidade do falcão. Mas, eles já haviam feito uma conclusão, que deviam respeitar os limites de brincadeiras na frente de Hawkmon, porque do contrário do piloto do helicóptero Maverick, o parceiro digimon do mesmo parecia ser frio e de cara virada com a vida.

Seguindo os passos do digimon falcão, o grupo chegou a um local diferente, mas que ainda pertencia ao caminho de ladrilhos. Era uma espécie de círculo, que permanecia rodeado por grama, mas havendo algo de diferente: uma espécie de estátua de pedra, representando um enorme leão bípede e humanóide, com várias características incomuns, tal como longos cabelos que torneavam seu corpo. Sob a estátua, uma espécie de elevação de granito, centrada por várias flores de diversas cores.

Grim aparentemente reconheceu a figura, mas fingiu.

O grupo atravessou para o outro lado da estátua, seguindo pelo caminho da direita. Hawkmon estava sempre à frente, com as asas para trás, demonstrando estar bravo por algum motivo. Deram mais algumas dezenas de passos e não demorou pra que avistassem uma escadaria imensa, com mais de cinqüenta degraus, que levava a um enorme casarão, que mais parecia ser uma mansão requintada e esplendida. Era possível de se ver duas criaturas humanas e dois monstros digitais, um de cada lado de cada humano descendo as escadas, rumando na direção do grupo recém-chegado.

Faltavam pouco mais de trinta metros para atingir a escada, e Hawkmon parou, a fim de esperar que os quatro que desciam chegassem.

- Eles podem parecer reis, mas, pelo amor de Deus, não se ajoelhem. - lembrou o piloto Smith com um sorriso.

- Se ele estivesse com uma coroa na cabeça, quem sabe? - respondeu Fate, devolvendo o sorriso.

A atenção dos dois humanos que estavam conversando entre si voltara-se para frente, quando os pés dos que desciam a escada tocaram o solo de ladrilhos. Ficaram um tanto deslumbrados, e talvez chocados. Aqueles dois humanos transmitiam um clima pesado de emoção e tensão ao mesmo tempo. Um deles era um homem, que devia ter por volta de vinte e cinco anos. Tinha incríveis cabelos loiros, que se alisavam até a região das costas. Seus olhos azuis transmitiam uma marca de paz, embora o seu vestuário dissesse o contrário.

Usava uma camisa negra de couro, presa em seu corpo por fivelas, uma calça negra agarradíssima, que deixava de ser vista a partir da região abaixo de seus joelhos, devido às botas de couro marrom que a escondia. Por cima de suas roupas, usava um sobretudo vermelho, que estava com mangas arregaçadas, deixando a mostra seus antebraços musculosos, destacados pelas luvas de couro negras nas mãos, denotando ainda mais a sua estatura de um metro e oitenta.

Ao lado dele, cutucando o nariz e olhando para o horizonte, estava uma criatura que se assemelhava a um dragão bípede, de pele arroxeada e olhos dourados. O que mais se destacava em seu corpo eram as marcas vermelhas em seu peitoral definido e as suas garras prateadas e pontiagudas, presentes nas extremidades das asas - onde seriam suas mãos - e nas patas. Possuía ombreiras e marcas, na ponta do chifre em sua cabeça, e nas asas, da mesma cor dos seus olhos.

O humano olhou para todos que ali estavam com um sorriso estampado em sua face.

- Sejam bem-vindos a base da Equipe Alpha, meus caros amigos. - estendeu ambos os braços para leste e oeste, afim de apresentar o local. Fate e os outros olharam com bondade para a estrutura da mansão e seus arredores. - Suponho que sejam os seres mais caçados do Planeta Terra, Benjamin McFate, Joshua Kasagrim, e seus parceiros, Falcomon e Commandramon.

-... Fugitivos, você diz. - interveio o digimon draconiano, olhando para seu lado esquerdo, através do horizonte.

- Fique quieto, Monodramon! Não comece com suas brincadeiras. - ordenou o homem de cabelos longos, com uma face apontada para o digimon roxo, que demonstrava nervosismo. Após alguns segundos, voltou a olhar para os fugitivos. - Hun-hun, desculpem-me pelo pequeno imprevisto. - pigarreou o homem, logo cruzando seus braços. - Eu sou George Bradbury, líder da Equipe Alpha, e filho de Julian Casablanca.

- O Q-QU-QUÊ?!? - assustou-se Joshua Kasagrim, boquiaberto e sem reação. - Vo-você é filho de Casablanca!? Ma-mas, como?! Ele nunca me disse que tinha um filho...

- Exato. - afirmou o parceiro de Monodramon, para o espanto do restante do grupo. - E essa pessoa maravilhosa ao meu lado é Louise Bluebell, líder da Equipe Bravo, e... a minha namorada.

- O-Olá.

Seu rosto jovial ficou corado de tanta vergonha que ela estava passando. Como Bradbury havia dito, realmente era uma mulher maravilhosa. Cabelos longos e cacheados, banhados numa chama alaranjada estendiam-se até as suas costas. Seus olhos verdes deixavam-na com um toque de anja, mas a sua roupa demonstrava certa rebeldia em si. Usava uma camiseta de manga longa bege, com alguns desenhos em preto, sob uma jaqueta de couro negra, de mesma cor que sua calça jeans. Nos pés, botas de couro que se estendiam até a região dos joelhos, praticamente. Possuía um corpo magro, mas era dotada de seios um pouco volumosos e curvas únicas. Tinha por volta de vinte e três anos, e devia ter um metro e setenta de altura.

Um pequeno alguém ao seu lado ronronou, chamando a atenção de Falcomon e Commandramon. Era um pequeno monstro, aparentemente um cachorro, de pele bege, olhos grandes e azuis e bochechas rosadas. Devia ter por volta de um metro, e andava sobre quatro patas, além de ter envolvido em seu pescoço uma chamativa coleira de metal dourado, carregando alguns inscritos em si.

- Não seja vergonhosa, Louise. Eles são amigos. - comentou a pequena digimon cachorro, acariciando as pernas de sua parceira humana.

- Tudo bem, Plotmon... Com o tempo, me acostumo. - salientou a jovem ruiva, se agachando e pegando a digimon em seus braços.

Todos olhavam a cena com bastante entusiasmo, de olhos admirados e sorriso esbanjando felicidade. George Bradbury percebeu que John James vinha na direção dos que ali estavam reunidos, juntamente com seu digimon pingüim. Então, tomou a voz.

-... Já que estamos todos reunidos aqui, vamos por as cartas na mesa. - começou o jovem loiro, tomando uma posição séria. - Não trouxemos vocês aqui somente para salvá-los. Trouxemos vocês aqui porque vocês podem nos ajudar.

Os rapazes se entreolharam, confusos.

- Ajudar... com o quê? - perguntou Fate, um tanto ainda confuso, pois após a fuga ainda não conseguia ligar os pontos da história.

- Ajudar-nos a parar Jefferson Violentblade. - respondeu Bradbury, movendo as sobrancelhas. Os humanos e digimons ali presentes ficaram um tanto assustados. Olhou diretamente para Benjamin McFate. - Estou nessa tanto quanto você está, Fate.

- E-Eu não entendi...

- Deixe-me explicar... - disse o homem de sobretudo vermelho, visualizando em sua memória um flashback. - Essa Equipe Alpha não é a primeira... Há muito tempo atrás, há mais ou menos noventa anos, foi fechada oficialmente a DATS, Digital Accident Tactics Squad, uma organização do governo que lutava contra os digimons que invadiam a Terra a fim de mandá-los de volta ao Digital World... Nisso, ocorreu aquele evento que hoje conhecemos como Lei de Éden, aonde milhões de digimons chegaram a Terra através de um portal digital, e num voto de paz, pediram morada no nosso planeta.

- Foi ai que se estabeleceu a ordem de que, pra cada humano que nascesse, era lhe dado um Digitama, para que dele nascesse um digimon e assim ambos humano e digimon crescessem e vivessem juntos, aprendendo e defendendo um ao outro. - acrescentou Aaron Smith, gesticulando com as mãos.

-... e isso não quis dizer que não haveriam digimons selvagens provocando o caos pelo mundo. - continuou Bradbury, sem se importar com a intervenção do piloto do Maverick, pois tal ato serviu de grande valia. - Foi ai que, no decorrer dos anos e décadas, criaram várias organizações em vários países mundiais, mas a única que realmente deu certo, foi a Equipe Alpha, constituída pelo meu pai, Julian Casablanca...

-… Jefferson Violentblade, e Jeanderson McFate.

- D-D-D-D-D-DE-DEUS!

Pela primeira vez em sua vida, Benjamin McFate ficara tão surpreso, assustado e amedrontado ao mesmo tempo em que caiu de joelhos. Não sabia o que pensar, falar, fazer. Não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo. Parecia que alguém havia dado-lhe veneno e ele bebera, e somente agora estava começando a sentir os sintomas. Tudo estava tão escuro naquele momento... Era difícil analisar a situação, pensar em alguma resposta correta que não embaralhasse ainda mais a sua mente.

De fato, estava sendo difícil acreditar que o seu pai trabalhava com o seu arquiinimigo.

- Blade trabalhava com o seu pai... Fate? - perguntou Grim, tão confuso como o amigo de cabelos ondulados.

- E-E-Eu... - ajoelhado, o humano não tinha respostas.

- Misericórdia... - Falcomon também estava assustado.

-.. Meu Deus...

Louise Bluebell e Plotmon estavam um pouco distanciadas do grupo, conversando entre si. Acenaram para eles, e disseram que iriam entrar. E assim fizeram, começando a subir a enorme escadaria, deixando o grupo por si só. John James estava compartilhando o sofrimento que Fate estava enfrentando, e para demonstrar o seu companheirismo seguiu até o lado direito do homem de cabelos ondulados, encostando sua mão em seu ombro. Falcomon fez o mesmo, mas do lado contrário. Fate se sentiu confortável o bastante para começar a derrubar as primeiras lágrimas de seus olhos, lágrimas essas que atingiram o solo e se chocaram, ao mesmo tempo deixando o coração dos restantes aflitos.

JJ e Falcomon fizeram força com seus braços, levantando Fate, que estava acabado.

- Sabe... é difícil. - contou Benjamin, respirando fortemente. - É difícil acreditar que, depois de tanto tempo, descobrir que você estava certo desde o começo... S-Sim, Violentblade matou o meu pai..

-... Ainda não sabemos o porquê, mas, sim, ele matou o seu pai. - afirmou George Bradbury, caminhando mais e se aproximando de Fate. - E ele capturou o meu pai... Provavelmente planeja fazer o mesmo com ele.

- Não fique assim, Fate... Por favor. - pediu Falcomon, passando suas asas nas costas do humano. - O mundo precisa de você, e você vai ficar ae, se remoendo?! Sim, eu sei que é difícil! Jefferson Violentblade matou o seu pai! E você vai ficar assim? É ai que ele se aproveita, e acaba matando todo mundo... Por nós, por mim... por Dee, pela mamãe.. pelo seu pai.. TENHA FORÇAS!

Todos ficaram em silêncio. Talvez fosse a melhor forma de fazer com que os berros de Falcomon penetrassem nos ouvidos de Fate e chegassem calmamente ao seu cérebro.

-.. Você sabe que não é assim, amigão. - ressaltou John James, acariciando a cabeça de Fate com sua mão. - Tenha fé, que você consegue. Estamos aqui por você, te ajudaremos no que for preciso... Vamos!

-.. Pode ficar bem por Commandramon, Fate? - pediu o digimon dinossauro, ao lado de Bradbury. - Lembre-se, se você não estiver bem, não tem como nos lambuzar de sorvete, daquele jeito que só Commandramon e você sabe!

-... Haha. - finalmente, o parceiro de Falcomon cedeu. Aquilo pegou muito em seu psicológico e, realmente, ele começava a se sentir bem. -... É... vejo que sem vocês não existo.

- Relaxa! Amigos são pra isso. - comentou Monodramon, que hora ou outra fazia cafunés em Fate. - Falando nisso... Onde está Hawkmon?

- Nossa, é mesmo. - reparou o piloto Smith, preocupado com seu digimon. - Ele estava até agora aqui, com a gente...

- Deixem ele pra lá, deve ter ido atrás de Plotmon, como sempre. - respondeu George Bradbury, com olhos virados para cima, como num sinal de desdém. - Está tudo bem, Fate?

- Acho que sim...

- Então, vamos continuar. - lembrou o homem de cabelos longos e loiros, pigarreando. - Como Aaron ou John já devem ter comentado com vocês, nós somos espiões ultra-secretos...

- Ladrões ultra-inteligentes, você diz. - interveio Monodramon, que foi fitado por dois olhos assassinos.

- CA-CALA A BOCA, MONODRAMON! - Bradbury mostrou-se irritado, aparentemente escondendo algo do pessoal.

- Ladrões, hn!? - Falcomon estava confuso.

- Aah, tudo bem vai... - o líder da Equipe Alpha realmente estava escondendo algo. - Não somos como a primeira Equipe Alpha, que lutava pela justiça... somos meio, "diferentes" sabe.. nós roubamos pra sobreviver.

- Bom, nada contra. - proferiu Fate, levantando as mãos e fazendo biquinho.

- É, nada contra. - repetiu Commandramon, fazendo o mesmo gesto do humano.

- Haha, esqueci que vocês também são né...- lembrou o filho de Casablanca, recebendo olhares duvidosos. - Eer... Então, continuando... A Equipe Bravo também reside aqui, na verdade é nossa rival por apelido, é uma grande ajudante nossa... mas, ela não está completa. Duas de suas integrantes, Sophia Jackson e Daisy McGarvey foram mandadas ao provável esconderijo de Blade, para saber de seus verdadeiros planos... e até agora elas não voltaram.

- E o que vocês pretendem fazer? - indagou Falcomon, com a sobrancelha erguida.

- Bem... agora, a Tríade pensa que os fugitivos da Area 51 - vocês - estão mortos, e assim fica mais fácil pra vocês nos ajudarem.. - comentou George duvidoso, meio por cima. Resolveu ir direto ao ponto. -... e aí, topam?

Benjamin McFate, Joshua Kasagrim, o digimon falcão e o pequeno dinossauro escamoso trocaram rápidos sinceros olhares. De fato, não queriam se envolver em mais uma, mas pensamentos na mente de Fate levaram-no na conclusão de que isso seria útil para que pudesse recuperar o pendrive, resgatar sua irmã Melodee e acabar com a vida de Blade. Ele respondeu positivamente com a cabeça, sendo copiado por Falcomon. Grim também aceitou a proposta, mas Commandramon relutou. Levando um beliscão, finalmente o dinossauro cedeu.

Todos, em um movimento uniforme, balançaram a cabeça.

- Então, pra começar, até que elas voltem, teremos que treiná-los. - avisou George Bradbury, estralando seus dedos cobertos por luvas.

John James e seu digimon Penmon tomaram a frente do grupo, ficando mais ou menos ao lado do líder da Equipe Alpha e seu digimon.

- Sugiro um treinamento de duas semanas, George. - JJ deu a idéia inicial.

- Acho uma boa idéia, visto que eles não podem saber muito sobre a área de espionagem. - continuou o digimon pingüim, com uma face demonstrando inteligência.

O piloto Smith ficou ao lado de Monodramon.

- Sim, duas semanas. Perfeito. - também aderiu a idéia e finalizou a opinião dos integrantes da Equipe Alpha.

- O quê?! Duas semanas... treinando? - assustou-se Commandramon, levando as mãos à boca. - É muito tempo!

- Aah, para de graça. Pra mim, que fiquei mais de quatro anos na SWAT... isso é moleza. - redargüiu Fate, todo presunçoso.

- Melzinho na chupeta. - afirmou Monodramon, com um sorriso.

- E então, vou dizer como vocês vão trein..

- BRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAD! -

Uma voz feminina e sedutora chamou o nome do líder da Equipe Alpha. A atenção de todos voltara-se para frente, na direção da escada, de onde vinham correndo Louise Bluebell e sua digimon Plotmon. Hawkmon sobrevoava a cabeça das duas, com um olhar assassino, mas a sua expressão facial demonstrava medo. Aparentemente, tinham visto ou recebido algo que não queriam ver nunca na vida. Parecia que tinham visto um elefante cor-de-rosa vestido com um macacão verde de mecânico, rolando em uma bola vermelha gigante.
Ofegantes, eles chegaram bem próximo do grupo. A mulher ruiva e jovial fitou com olhos chorosos o filho de Casablanca.

- Sophia... e Daisy... foram... SEQUESTRADAS!!!

Bradbury virou sua cabeça para trás e, conseqüentemente, seu corpo, a fim de dar uma má notícia aos fugitivos.

- É. - uma simples vogal chocou o rosto do pessoal, que ficou boquiaberto. - Parece que teremos que adiar o treinamento.
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