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O Mundo dos Sonhos - Digital World

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O Mundo dos Sonhos - Digital World - Página 3 Empty Re: O Mundo dos Sonhos - Digital World

Mensagem por Mickey Qui 06 Fev 2014, 8:22 pm

Hauahauahaua!

Fazia tempos que não dava risadas com essa história!

limpado as sujeiras que não parecem nem um pouco com aqueles cocozinhos rosa e fofinhos do anime
Quando li essa linha... bem no começo... não resisti e fui até o final do capitulo! xD~~

Pocha! Finalmente eles toparam... ou melhor... o Caique topou com o Jonas... nervoso?! xD~~
Toda a história foi legal...
Principalmente o Ivan revoltado com a situação dos amigos que praticamente o abandonaram...

Mas até que a desculpa da "Maçã" não foi tão ruim assim... (Foi horrível!)

Hahahaha! Muito engraçado!
Outra coisa... eu reli a descrição do Digimon... e na boa... se não for um Patamon...
É melhor começar a chama-lo pelo nome correto, pois ta difícil identificar...

Enfim... Parabéns pelo episódio! E desculpe novamente pelo atraso na leitura! =)
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Mensagem por Júnior Brito Ter 21 Out 2014, 5:45 pm

Aí depois de uns 8 meses, a pessoa decide ressurgir das sombras, né? haha
Pois sim! Cá estou eu, depois de um bom tempo afastado da escrita, mas nunca afastado do afeto e do carinho que tenho pela franquia, trazendo mais um novo capítulo para o fórum!

E olha, Mickey! Vem coisa por aí viu? haha!




CAPÍTULO XI

MOMENTO DE TRÉGUA

– Vai aos poucos, diria. – Respondeu Jonas olhando para Kylin, ainda perplexo. –

– Mas como assim? Você parecia tão animado com tudo isso. – Perguntei enquanto afastava a orelha de Aures da minha nuca. Fazia cócegas. –

– É que ela tá morando em outra cidade, fazendo faculdade.

– Mas é época de férias de meio do ano! Sei que tá no final. Mas ainda são férias!

– Teve algum tipo de atraso no calendário de lá por conta de umas greves, acho que ela só tem recesso em setembro ou é outubro, não sei.

– Então estão namorando à distância?

Continuamos conversando sobre banalidades durante o caminho de volta. Era nosso inconsciente pedindo para esquecer os baques, o cansaço, as dores, os machucados, tudo. Kylin andava alheio ao que acontecia, seus olhos redondos, cor de mel, cerrados. “Desperdiçando beleza”, pensava. Aures pôs sua orelha em volta do meu pescoço e cochilou com a cabeça encostada na minha. O bebê, em minhas mãos.

Não éramos o time perfeito, saímos de lá nada ilesos, a luta toda foi uma grande confusão...

– Muito diferente do que tem na TV, não acha? – Perguntei já na porta de casa. –

– Oi?

– Isso que aconteceu. Compara com as cenas de luta que a gente vê na TV nesse tipo de situação. Teria sido uma vitória perfeita dos mocinhos.

– Nós somos os mocinhos? A gente não faz ideia do que acabou de fazer ali. – Jonas falou, assertivo. -

– Derrotamos uma ameaça em potencial, creio eu. – Falei chegando a uma verdade minha. –

– Talvez. Mas a gente ainda tem muito chão pra correr antes de ter qualquer certeza.

– Não mandariam a gente numa missão suicida nem pra algum malefício, Jonas. Isso não condiz com o...

– Não estamos dentro desse seu desenho, Caíque. Sugiro que você e todos se recomponham porque a qualquer hora podemos ser alertados novamente. Precisamos nos preparar. – Foram as primeiras palavras de Kylin desde que saímos do galpão. –

– Okay, senhor mal amado. Agora a nossa missão é entrar sem acordar mãe e Lucas.

Ele terminou de fechar seus olhos já cerrados e em seguida abriu-os, seguido de um impulso para escalar o braço esquerdo de Jonas e ficar ao redor de seu pescoço, empoleirado. Sua gigante bala de canhão suspensa no ar e envolta por sua cauda etérea parecia não ter peso algum e isso só o deixava mais estranho para mim. Comecei a pensar que seu problema era meramente estético.

– Aures, Aures, acorda que a gente já chegou.

– Hmm... UAHHHH! – Bocejou coçando os olhos com suas mãos peludas e gordinhas. – E como a gente vai entrar sem acordAAAAAAH. – O bocejo atrapalhou sua fala. –

– É só a gente entrar devagarzinho. Ninguém faz barulho! Você também, pequena. Nem um piu, tá? –Falei direcionado à criaturinha em minhas mãos. –

Entreguei-a nas mãos de Jonas e peguei a chave no bolso da bermuda suja. Aures desceu do meu ombro, sonolento e eu abri com cuidado o grande portão branco da garagem de casa. Preta nos recebeu com aqueles ganidos de cachorro quando vê o dono chegar e quis começar a latir quando sentiu o cheiro de Aures, que andava na frente.

– Shiu, Preta! Ele é amigo. Aures, deixa só ela te cheirar tá?

– Humrum, certo. Mas se ela me morder eu revido!

– Aures... –Repreendi. -

Andamos calados a varanda e abri a porta com muita cautela sem deixar Preta entrar. Já estava amanhecendo, pássaros querendo começar a cantar, qualquer som a mais poderia acordar o pessoal de casa.

– A gente se limpa no banheiro do fundo, okay?

– Certo. – Jonas respondeu. –

– Cara, você vai me emprestar sua escova de dentes. Minha boca tá com gosto de ave gigante e maluca. Não devia ter mordido aquele bicho.

– Não, Aures! Que nojento! Te compro uma mais tarde... Eca...

Chegamos ao fundo da casa, Jonas e eu tiramos as blusas, colocamos na pia onde Aures já havia aberto a torneira e se colocado embaixo. Fomos para o banheiro ao lado da pia e começamos a tirar o grosso de todas aquelas impurezas físicas e emocionais. Vi Aures espumando a cabeça da pequenina com a barra de sabão que havia no fundo e oferecendo-se para ajudar Kylin a se limpar também enquanto ele respondia abaixando o rosto, esperando Aures sair da pia.

– Jonas, tá tudo bem agora, cara? – Perguntei enquanto enxaguava meu rosto. -

– Não cem por cento. A gente ainda precisa conversar direito... Mas eu entendo seus motivos, e também não falei nada pra você... Sei lá. Isso é tudo muito complexo e impossível pra gente querer agir e pensar como se fosse qualquer coisa.

– Fora o fato de que nem eu sei onde tô me metendo então não arriscaria colocar nem você nem ninguém nesse mato sem cachorro. E outra! Eu não tinha como ter certeza do seu envolvimento nessa doidice.

– Faz sentido até aí. Eu também não te contei nada e... Sei lá, cara. Tá tudo tão confuso... Obscuro. E você sabe como eu fico perdido quando não sei o que fazer. – Disse Jonas, com dificuldade. -

– Você e qualquer ser humano na face da Terra. Desculpa por não ter te contado nada e te deixado na mão no outro dia. Eu realmente não sabia do que se tratava.

– Fica tranquilo. Sei que você não tinha como saber. Eu que te peço desculpas pelo estouro e pelo soco...

– Não sei. Talvez eu estivesse precisando disso pra acordar de verdade pra o que tá acontecendo. Essa madrugada foi crucial pro meu entendimento da dimensão desse problema.

– Foi importante pra todo mundo. Não tenho dúvidas disso.

Demos um longo aperto de mãos seguido de um forte abraço. Descarregaram-se ali as últimas tensões entre nós. Emocionalmente precisávamos de uma trégua. Aquele era o momento de descansar o corpo e a mente.

Aures estava enxugando sua pequena irmã enquanto se sacudia como um cachorro para tirar o excesso de água do corpo. Alegre, porém visivelmente exausto. Kylin terminava de limpar o sangue da fera que ainda residia na ponta de sua “bala”. Com sua feição inabalável e falando sempre menos que o necessário. Eu e Jonas já havíamos nos lavado na medida do possível ali, então peguei algumas roupas do varal e nos trocamos.

– Enfim livres de qualquer resquício da madrugada. – Disse Jonas, aliviado. –

– Não diria isso com tanta certeza. – Falei olhando para os monstros no fundo da minha casa. –

– Entendo. Eles evoluíram, certo?

– Não tem outra explicação. Aures é um Terriermon, com certeza. Quer dizer, parece com um pelo menos. Só que com pelos mais destacados e o formato do corpo mais animal. Cara, isso é surreal! – Falei animado. –

– Vá com calma, beleza?

– Oi? – Perguntei, inocente. -

– Sei que você tá animado com isso tudo, dá pra ver seus olhinhos brilhando até. Mas pensa de uma forma mais racional. São bichos estranhos crescendo descontroladamente na nossa frente! E a gente acabou de MATAR um! – Jonas afirmou incisivo. –

– Eu sei, eu sei. Acho que já tive a minha parcela de alienação nisso tudo. Não foi agradável pra mim também. E entendo o que acabou de acontecer. O problema é que entender é bem diferente de compreender.

– Sim. Temos aparelhos inteligentes, seres estranhos e lutas imprevisíveis e improváveis com criaturas mais estranhas que as que andam com a gente. Será que isso vai se tornar algum tipo de padrão nas nossas vidas? – Perguntou em tom de devaneio. -

– Espero que sim! – Falei sem pensar. – Di-digo... Caham... A gente precisa descobrir o que tá acontecendo. Por mais que me anime em algum aspecto eu entendo o quanto isso tudo é complicado e inexplicável. Agora, eles estão protegendo a gente ou a gente que tá protegendo eles?

– Eu digo que os dois. A gente precisa se armar e ter o poder de se defender e ajudar no necessário. – Jonas disse com firmeza. –

– Nossa, e essas palavras inspiradoras vieram de você? – Caçoei. –

– Pior que não. Ícaro.

– Quem é Ícaro?

Antes de Jonas responder, escutamos um pequeno gemido vindo de onde as criaturas estavam e fomos até lá para entender o que acontecia.

– Aures, tá tudo bem?

– Não sei. Ela tava bem até agora! Daí ela começou a gemer do nada... – Falou visivelmente preocupado. –

– UGH! UÉEEEEEEEEN!

– Calma, calma... O que você tem? Foi o susto? Tá com fome? Caramba, eu sou uma negação cuidando dessas situações! Jonas, pega alguma coisa pra ela comer na cozinha. Algo fácil de mastigar!

– Certo.

– Não faz barulho!

– Beleza.

– Kylin, você viu se ela se machucou ou alguma coisa assim?

– Não. – Respondeu frio. –

– E não tentou ajudar quando ela começou a gemer?

– Não. – Falou enquanto se enrolava, encolhendo-se como uma cobra. – Ela não é problema meu. –Finalizou virando o rosto, distante. –

– Cara, qual seu problema?

– Calma, Caíque. Se concentra nela, tá? – Pediu Aures. -

– UÉEEEEEEEEEEN!

– Cadê Jonas com essa comida? –Perguntei preocupado. -

Peguei-a com cuidado. Ela se contorcia um pouco e podia jurar que notava sua cauda diminuindo.

– Caíque, eu tô preocupado... O que será que ela tem?

– Não sei, Aures. Chega mais pra lá pra ela respirar direito.

Senti minha mão umedecer. Algum líquido estava escorrendo pelas minhas mãos e a bolinha marrom era a fonte. Era meio gosmento, me lembrou um pouco a substância que havia dentro do ovo quando os gêmeos eclodiram. O choro dela ficava cada vez mais alto e frequente e agora eu já temia que as pessoas de casa acordassem. Jonas chegou com um pires cheio de banana amassada.

– Aqui, fiz o mais rápido que pude. –Disse ele ofegante. –

– Não precisa.

– Mas, como não? E se ela tiver mesmo com fome?

– Ela não tá. Essa dor que ela tá sentindo agora, acompanhou a gente a noite toda. Ela tá crescendo. – Lancei com certeza de minhas palavras. –

– Crescendo? Tipo eu e o Kylin? – Perguntou Aures, confuso. –

– Sim. Eu tenho certeza. Vi o que vocês dois passaram e não foi nada bonito. A gente só pode ficar aqui com ela e esperar terminar.

Jonas deixou o pires em cima da pia, no fundo, e se afastou dando espaço para que a situação se desenrolasse.

– UÉEEEEEEEEN! UÉEEEEEEN!

– E quanto tempo isso vai levar, Caíque? Ela tá sofrendo... Certeza que ela tá bem?

– Calma, Aures! Eu vi vocês passando por isso tem pouquíssimo tempo. Dá pra reconhecer. Não deve demorar muito. A gente tá aqui com você, viu? – Disse calmo, colocando-a no chão em cima da toalha que usaram para se enxugar. –

Em menos de dois minutos ela estava quase idêntica à forma anterior de Aures. As diferenças eram sua cor que continuava amarronzada, mas agora um tom mais caramelo, mais forte e a quantidade de chifrinhos que brotavam de sua testa, que somavam três. Um no meio e dois mais acima, próximos de suas orelhinhas caídas e molinhas, como se feitas apenas de pele e preenchidas com gelatina.

Seu corpo como o do irmão estava, formado pela cabeça mais bem definida e um pseudo-corpo maleável, porém firme que a permitia ficar “de pé”. Seu processo de transformação havia terminado e ela estava deitada, encolhidinha e dormindo.

Estávamos eu, Jonas e Aures olhando para ela durante todo o processo. Kylin levantou a cabeça um par de vezes por algum tempo, mas voltava a baixar logo em seguida. Jonas carregava um olhar argumentativo, como se fizesse milhares de questões para si ao mesmo tempo, Aures boquiaberto e aliviado e eu com um olhar complacente, leve e aliviado.

Havia também esperança e expectativa em minha mente. Por mais que a noite tenha sido um total desastre, ela terminou bem para o nosso lado e por mais que os acontecimentos tivessem sido assustadores, houve bons frutos. Eu desempaquei. Estava aflito por não conseguir sair da mesma por dias, sem qualquer noção de futuro e agora tinha visto eles evoluírem, presenciado uma batalha que terminou em vitória para nós e descoberto que não estava sozinho.

Tudo isso levava a muitas conclusões que produziam novas dúvidas. Parecia um ciclo vicioso. Quanto mais respostas se tem, mais respostas se quer.

O dia já havia clareado àquele instante, mas ainda era cedo. A manhã do domingo estava começando a mostrar sua força. Sentamos na parte de cimento perto dos cacos de plantas e tentamos começar a absorver os acontecidos.

– Ei, Caíque. Não tivemos a chance de conversar direito ainda. Prazer, Aures.

– Hey, inusitado, não? Prazer, Aures. Caíque. Você não poderia ter sido um pouco mais claro ao invés de ficar repetindo o seu nome aleatoriamente? Parecia um Pokémon!

– Okay... Não entendi direito essa situação, a transformação, mas... Também não sei explicar direito. – Falou com um tom visivelmente confuso. – É como se eu sentisse que não deveria ser assim, sabe?

– Na verdade não. Mas tá no começo de tudo, acho que não é hora de tentar voltar para as origens e sim de caminhar pra frente.

– Gosto desse pensamento. Sem esquentar, ir com calma. –Disse Aures levantando as orelhas pela metade, deixando a outra parte pendendo e com um sorriso de aspecto animal. –

– Moumantai. –Divaguei. –

– Oi?

– Ah, nada. É que o que você disse me lembra muito a interpretação livre sua da televisão.

– Tele... Olha, você precisa entender que eu não estou a par de tudo o que você fala, okay? Dá um tempo. –Falou piscando o olho para mim. –

– Certo. Teremos a hora de sabatina do mundo humano pra vocês, hein Jonas? Jonas?

Quando olhei para o lado Jonas havia levantado e estava de costas para nós, conversando com Kylin algo que não dava para escutar de longe. Ouvi apenas o final.

–...e tentar ser um pouco mais social. Não vejo motivo pra você ficar assim. –Foi o que Jonas disse com um tom preocupado. –

– Essas obrigações sociais que você fala apenas não me enchem os olhos. Concentrar em meus próprios pensamentos e experiências parece mais racional e produtivo. Não acha? –Indagou retoricamente. –

– Te entendo perfeitamente, juro. Você nem sabe o quanto. Mas a questão é que ninguém vive sozinho e há uma dependê-

– Não dependo de ninguém. –Cortou Kylin, seco. – E se já terminou o seu discurso, tem toda a liberdade de voltar lá para compartilhar seus pensamentos. –Falou recostando a cabeça em seu corpo. –

– Esse cara é meio pancada, não acha? – Perguntou Aures, sincero. -

– Aures, não seja indiscreto. Você não sabe os motivos que ele tem pra ser desse jeito.

– Nem ele provavelmente. A gente não tem nenhuma memória específica sobre nada!

– Isso que me intriga. Como vocês sabem seus nomes ou sabiam o que fazer na hora da batalha com aquele peruzão lá?

– Acho que é mais pro lado do instinto. Não sei. Não sei de onde vim, porque estou aqui e nem porque sei meu nome e não sei de mais nada. Nem sei como falo a sua língua!

– Pois é... Tem isso. Eu jurava ter ouvido um chiado ontem quando você ainda tentava falar. Tipo como se fosse no meio da sua fala.

– Aí eu já não sei. Também não lembro com detalhes de tudo desde que cheguei aqui. Alguns detalhes se perderam enquanto eu crescia.

– Evolução. A imagem que eu tenho disso que vocês passaram é de tipo...

– Um processo evolutivo acelerado forçadamente? –Perguntou Jonas voltando a se sentar. –

– Sim. Bem isso...

– Me veio à mente assim que vi o processo do Kylin. Escutei barulhos de ossos trincando e o corpo dele se remodelava descontroladamente e de forma dolorosa...

– Aiiii... Nem fala! Que dor maldita foi aquela! –Aures disse acompanhando a fala com uma careta bem feia e a língua para fora, do lado da boca. –

Quase imperativo, Kylin lançou-se no ar e pôs-se novamente em volta do pescoço de Jonas que estava de frente para mim. Olhou para cima e falou como se pensasse alto.

– Mas são todas especulações, afinal. Acho que ao invés de ficarmos jogando conversa fora, deveríamos comer alguma coisa, descansar e buscar informações para nos nortear em meio a tudo isso.

– Faz sentido. -Jonas defendeu a posição de Kylin. –

– Então, tá. Entrem e vão com cuidado. Procurem alguma coisa no armário e na geladeira. Eu entro agora. Só preciso falar um pouco a sós com Jonas.

– Certo! Agora, só uma perguntinha.

– Diga, Aures.

– O que é um armário e o que é uma geladeira? –Perguntou inocentemente, levantando de leve as enormes orelhas. –

– São as peças brancas que tem portas. Estão logo aí nesse cômodo. Na...

– Cozinha. Isso eu já sei!

– Aprende rápido quando é do seu interesse, né? Só rindo. –Descontraí. –

Recebi um pequeno e, poderia jurar que canino, sorriso maroto de Aures. Os dois entraram bem devagar em casa, Chocomon ainda dormindo na toalha. Provavelmente por conta de todo o cansaço e baques da madrugada, além das dores que sentiu enquanto mudava.

– Então, Caíque. Fale.

– Nada de mais, é só que fiquei curioso quanto ao tal de Ícaro que você mencionou. Ele é...

– Como nós? Sim.

– Mas então, onde ele tava? Porque não apareceu?

– Segundo ele, tem mais pessoas até. Mas as missões não são designadas pra todo mundo. Cada um tem seu momento e seu motivo. Nem sempre é a mesma coisa.

– Mas, será que a gente tem que reunir uma quantia de gente? Seja pra tentar imitar o molde que temos ou até mesmo por uma questão de tática de batalha, não sei.

– Olha, ele sabe bem mais do que a gente. Mas nada pontual. Só questões técnicas de experiência própria. Depois te passo o Face dele e vocês conversam melhor. Mas enfim, olhe a nossa situação: Recebemos mensagens criptografadas por um aparelho que veio de um remetente desconhecido, bem como as mensagens. Andamos com criaturas que são versões reais de um anime que costumávamos a assistir quando éramos crianças e acabamos de matar um pavão deformado. Você acha que a gente deve sair da linha que estamos seguindo?

– É, olhando por esse ângulo, acho melhor não.

Jonas me falou das dicas que lembrava que Ícaro havia dado a ele, falou sobre o fone e discutimos sobre a utilidade dele. Parecia servir para traduzir o chiado que eu havia escutado antes e não sabia o que era. Lembrei-me do chiado que ouvi do Skullsatamon há mais tempo. Eram eles tentando falar, mas às vezes ocorria algum tipo de interferência, algum bloqueio. Mas agora os escutávamos bem e sem precisar do fone. Então aí surgiu a dúvida do como escutávamos bem e da serventia daquele fone para nós.

Entramos em casa e olhei para o relógio redondo na parede da cozinha. Eram 6:17. Mãe poderia acordar a qualquer momento, ela sempre teve um sono muito leve. A dorminhoca estava em minhas mãos e a coloquei na mesa onde Aures estava sentado e tentando comer um bolinho de chocolate ainda com a embalagem. Kylin já terminava o seu e partia para o segundo. Aquela cena me tirou um par de risadas.

– Caíque, como que tira isso? –Perguntou Aures irritado com sua tentativa falha de desjejum. –

Ele estava tentando rasgar a embalagem com seus dentes laterais, segurando o bolinho com as mão e as patas traseiras, formando uma bolinha de pelos branca e verde. Parecia um cachorrinho brincando com uma bola de borracha.

– Calma, Aures. –Falei rindo. – Você precisa ir com calma. Como é que você derrota uma ave peluda e perde pra um bolinho? – Perguntei, seguindo com uma risada. -

– Não enche, Caíque. –Disse ele com metade da embalagem já rasgada na boca. – Rá!

– Já percebeu como eles são bem opostos? – Indagou Jonas, com ar de brincadeira. –

– É né? Um bem espontâneo e outro mais fechado e introspectivo. –Completei. –

– Não te lembra ninguém? –Jonas jogou verde. –

– Estava comparando com nós dois há pouco, lá fora. Engraçado pensar assim porque pode ser uma extrema coincidência ou algo de certa forma planejado.

– O que me leva a pensar...

– Planejado por quem? –Finalizei a sentença dele, pensativo. –

– A gente precisa correr atrás dessas respostas o mais rápido possível antes que as coisas fiquem piores.

Todos ouvimos um barulho de porta abrindo bem devagar e entramos em estado de alerta.

– O que foi isso? –Perguntou Kylin voltando sua atenção para a sala do computador. –

– Shiiiu! Foi minha mãe acordando. –Sussurrei. – Vem pra cá vocês dois. Se encolham nas cadeiras. Vem logo! Cuidado pra ela não acordar, Aures. –Disse deixando a pequena em seus cuidados. –

– Silêncio vocês aí embaixo, tá? Bom dia, Jane.

– UAAAAAAAHHH. Bom dia Jonas. Bom dia, filho.

– Bom dia, mãe!

Ela estava de baby doll rosa-bebê, touca na cabeça e o rosto todo amassado.

– O que vocês tão fazendo acordados essa hora?

– A gente nem dormiu. –Falei sem pensar. Jonas me cutucou com o cotovelo. –

– Como?

– Não, é que... A gente ficou conversando na sala. Aí deu fome e a gente veio comer. Tá vendo os bolinhos?

– Tô. E um monte de pedaços de embalagem pelo chão. Você abriu esse bolinho parecendo um animal.

– HEY! –Aures deixou escapar. –

– De onde veio isso?

– HEY! Olha Jane, a vozinha que eu tô treinando. –Disse Jonas desconsertado. –

– Acho que vocês deviam ter dormido, isso sim.

– Mas e você, mãe? Acordada assim cedo porque?

– Nada, só vim beber água e vou voltar a dormir.

– Ooookay.

Mãe voltou a dormir e Chocomon acordou, meio confusa. Olhou para si mesma e a notei meio perdida por um instante, mas se recuperou rápido e Aures lhe deu de comer. Kylin permaneceu na cadeira onde estava. Escondido embaixo da mesa.

– Então, o que a gente faz agora?

– Estou tão perdido quanto você, Jonas. Sério. O que acho mais lógico agora é a gente juntar nossas experiências, nossas informações e compartilhar elas.

– Você diz escrito?

– Não necessariamente. Mas se você quiser escrever pra não esquecer... O que eu tô tentando dizer é que a gente precisa reunir informações e ficar preparados pra qualquer situação que possa acontecer.

– Tendi. Eu já tava meio que fazendo isso em casa. Tenho na mochila uma faca, um rolo de macarrão e-

– Um rolo de macarrão? Você ia fazer o que com isso? Cozinhar pra o bicho até a morte? -Caçoei. -

– Ah, Caíque, não enche! A gente se vira com o que a gente tem.

– É... A gente se vira com o que a gente tem. Mas no nosso caso... A gente tem que ter mais!

– O que você está sugerindo?

– De volta para o pc! –Falei animado, chamando a atenção de todos. –

– PC!!! – Gritou Chocomon, saltitante. –

– Haha, que fofinha! Eu tava fofinho assim? –Perguntou Aures, se contagiando com a alegria da irmã. -

– É, bem assim. Agora eu entendo quando mãe olha pra mim e diz que eu cresci rápido.

– Defina crescer, tampinha. –Retrucou Jonas. –

– Engraçado você... Mas então. Vamos voltar a pesquisar!

– Mas o que a gente pesquisaria? “Como matar criaturas desconhecidas?” – Jonas indagou desmerecendo a minha ideia. –

– Não, seu imbecil. É só filtrar as informações, cruzar com textos de sobrevivência e como lidar com animais selvagens e tal. Dá pra comparar.

– É, perfeitamente. Porque o bicho que a gente enfrentou essa madrugada dá pra comparar facinho com um pombo! Não tenho certeza, Caíque! A gente mal soube o que fazer com ele durante a luta, ficou perdido depois e ainda deixou o bicho lá pra apodrecer!

– Caralho! Deve ter sido a adrenalina!

– Oi? –Jonas lançou perdido no meu comentário. –

– Só a adrenalina pra fazer a gente sair de lá e deixar tudo bagunçado, sujo, sangrado e UM BICHO ESTRANHO E GIGANTE MORTO! –Joguei ao ar, ofegante. –

– Mas não tem como ligarem a gente com tudo aquilo.

– M-mas, e se tiver? –Perguntei já preocupado. –

– Caíque, calma! Como é mesmo, Mumantai! –Disse Aures numa tentativa falha de me tirar da paranoia. –

– É Moumantai, Aures. E não é hora pra isso.

– MANTAIIIII!!! –Brincou Chocomon. –

– Jonas, e aquilo que a gente estava vendo na sua casa no outro dia? Não nos deixaria a par da situação? –Kylin surpreendentemente ajudando na situação. –

– Oi? Do que cê tá falando, Kylin?

– Aquele aparelho quadrado com imagens passando.

– O jornal! Boa, Kylin! Será que dá pra ligar a tv, Ike?

– Bem baixinho. A gente fica perto. Torce pra já ter alguma coisa passando sobre isso.

– Deve ter. É notícia de dar o que falar. E o pessoal na feira livre acorda cedo. – Afirmou Jonas. – Liga aí.

Liguei a TV e estava no meio de um plantão do jornal local. O galpão de fundo e a repórter falando sobre um “acontecimento incomum”, usando suas palavras.

– Ai meu Deus... Descobriram tudo! Falhamos e estamos arruinados! –Falei quase arrancando meus cabelos. –

– Silêncio, Caíque. E calma. Escuta a mulher.

“-...e o local completamente destruído. O incomum é que não há sinais de arrombamento, mas sim um furo com uma média de um metro de diâmetro no teto do galpão. A perícia local não encontrou, até o presente momento, indícios de que qualquer pessoa esteve lá dentro nas últimas horas.”

E o silêncio se fez na sala.
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Mensagem por Convidado Qua 22 Out 2014, 6:49 am

Tinha pensado que você tinha abandonado a historia e que não iria postar mais ... pois é ainda bem que eu estava errado ... o fórum de fanfics da Digimon Forever ultimamente esta completamente morto ninguém posta mais nenhuma historia , as historias que tinham começado não foram concluídas e seus autores não postam mais capítulos em resumo não se tem criado mais fanfics na Digimon Forever o que realmente é uma pena . Mas interessante o capitulo como sempre muito bom humor mas também as doses certas de ação aventura e drama espero sinceramente que venham novos capítulos .

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