Digimon - Digital Rebellion
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MidoriKyun
Spirit
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Re: Digimon - Digital Rebellion
Algumas sugestões a mais de Digimon que poderiam aparecer na sua fanfic . Primeiro uma Jogress Shinka entre ShineGreymon e MirageGaogamon chamada Zetamon:
Depois um " Modo Change " de Zetamon chamado Zetamon Burst Mode :
Uma Jogress Shinka entre VictoryGreymon e Z'dGarurumon chamada NeoOmegamon :
E finalmente uma evolução de MedievalDukemon chamada " MedievalDukemon Crimson Mode " :
- Zetamon:
Depois um " Modo Change " de Zetamon chamado Zetamon Burst Mode :
- Zetamon Burst Mode:
Uma Jogress Shinka entre VictoryGreymon e Z'dGarurumon chamada NeoOmegamon :
- NeoOmegamon:
E finalmente uma evolução de MedievalDukemon chamada " MedievalDukemon Crimson Mode " :
- MedievalDukemon Crimson Mode:
Última edição por KaiserLeomon em Ter 01 Nov 2016, 9:13 am, editado 1 vez(es)
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Eita! Demorou, mas eu consegui um tempo pra responder. xD Como sempre, mais organizada em forma de tópicos...
- Mano, calma que as coisa tarada eu devo fazer mais pra frente e não com esses personagens, até porque o Guilmon é praticamente uma criança inocente ainda, então puxo mais pra coisas fofas e tals. Nossa, deu nostalgia de Dragon Ball depois dessa, adorava aquelas cenas proibidas.
- E por falar em proibidas, eu não consegui perder a chance de usar a cena de Pokémon GO, porque até mesmo em um rpg de digimon tivemos personagens jogando isso, mano, foi muito doido. xD Até porque é um treco viciante (eu sou maníaca), sepá vai dar até briga ali ainda, hein.
Só uma observação, quem notou o perigo e curtiu jogar Pokémon foi o Falcomon, mas ele ainda tá bem apagado, logo pretendo dar mais enfoque.
- Ok, sobre Arashmon primeiro: sim, cara, eu amava Thundercats quando criança e adorava esse lance de homem-fera naquela época, achei que ficaria ótimo. xD Só admito que foi chato achar referências a Arash e guerreiros persas antigos, quase desanimei depois de ver aquele “príncipe da Pérsia” com cara de europeu... Mas espero que tenha ficado bem parecido. >_>
- Chegando ao campo delicado: Nyxmon. Primeiro ponto, é que a personagem é criação de uma grande amiga e foi usada como final boss de um rpg digimon, e eu me encantei com ela a ponto de pedir permissão pra usar. Sobre sua forma, na verdade tanto a forma “humana” quanto a forma de “boneca”, são apenas receptáculos para sua verdadeira forma, isso será mostrado mais a frente, assim como o conceito de que a noite trás o perigo, mas também acalma (daí as formas distintas de mulher e boneca). Enfim, espero que consiga mostrar esses lados tão bem quanto a pessoa que criou, porque eu amava e tinha medo dessa digimon enquanto jogava.
- Pulando pra cena final, de fato Duftmon não teve enfoque e nem foi a intenção, mas pra mostrar que outros RK estão do lado legalista e... SIM! Drama de irmãos é algo que eu gosto de jogar, mas na surpresa. xD Na verdade, ainda vai ter bastante treta entre esses dois, e só pra esclarecer a força que o Thronemon mostrou, é porque ele chegou a um nível mesmo acima do Ultimate/Extremo. Finalizando, não vou explicar nada do que ele disse porque ainda quero entrar numa fic com isso, mas a “Praga” foi algo que assolou o Digital World décadas antes, quando o humano anterior chegou para resolver.
- Hmm, eu realmente curti as artes (BAAAAAAH, ESSE OMEGAMON TÁ FODA), mas não sei quanto a uso. Bem, a gente nunca sabe, e eu agradeço as ideias, tanto quanto a sua presença.
Pra fechar bem... Capítulo novo!
Capítulo 14:
Amor entre Ladrões?
“Soubemos que um portal foi aberto perto de Jintara, mas vocês devem se apressar” Magnamon havia dito logo após sua fala contra os Cinco, como um aviso a Alister e Gabumon. Como Cavaleiro Real, ele não podia ser visto com rebeldes, então após recuperar as energias do pequeno digimon branco, logo se afastou deles, retornando para perto do povo, sendo recebido com muita comemoração. Em pouco tempo, até mesmo seu brilho dourado havia sumido entre todos os digimon que o cercavam, tão empolgados com a chegada de seu patrono que chegaram a esquecer dos outros dois, o que não era de todo ruim.
- Como assim? – o garoto piscou surpreso, puxando a capa para esconder melhor seu corpo, esquecendo de que estava imunda. – Os cavaleiros não estavam com os legalistas?
- Sim... A líder não nos disse nada sobre isso, mas se tivermos o apoio de pelo menos um deles, vai fazer toda a diferença. – Gabumon sorriu, se afastando um pouco para esticar o corpo, agora revigorado. – Bem, ele falou que temos que ir até Jintara, e é um longo caminho até lá, vamos nos apressar!
- Você está bem para isso? – preocupado, Alister olhou para seu parceiro, mas ele não possuía mais ferimento nenhum, por menor que fosse, e chegava a se agitar um pouco, ansioso.
- Eu to é ótimo! – o digimon respondeu um tanto alto demais, parecendo até ter levado um choque. Talvez Magnamon tivesse lhe dado energia até demais.
Assim sendo, o garoto ativou a evolução, fazendo com que seu parceiro tomasse a forma lupina de Hatimon, para logo depois subir em suas costas. Mas, antes que pudesse avisar que estava pronto, o lobo branco “arrancou” com um salto que obrigou Alister a agarrar-se em seus pelos para não cair, ainda mais quando disparou correndo pelas ruas. Alguns digimon tinham que sair do caminho para não serem atropelados pelo lobo branco, mas ele nem parecia ouvir as reclamações dos pedestres, olhando animadamente para a saída da cidade, sua língua gelada escapando pelo canto dos lábios.
Alister não tinha ideia de como medir a distância até a cidade mencionada por Magnamon, mas como seu parceiro corria de forma incansável, estava otimista quanto a suas chances. Conforme venciam os metros, a paisagem alterava, mostrando estradas de grama alta e chão batido, como no interior, e pequenas cidades que Hatimon facilmente contornava, tornando difícil se apegar aos detalhes delas. Desta forma, o garoto aproveitou para pensar melhor em tudo que havia descoberto no pouco tempo que tivera naquele mundo novo, percebendo que havia diversas semelhanças entre o comportamento dos digimon e os humanos. Considerando o que havia visto a pouco, ficava claro que os mundos funcionavam de forma similar, e pelo visto o preconceito seria um adversário também.
- Eeei! – a voz de Hatimon fez o garoto voltar para a realidade, de forma que ele notasse que estavam parados em um local cheio de árvores finas enfileiradas e grama alta. – Você me ouviu?
- Eu estava distraído... – Alister se explicou, olhando em volta com mais atenção, sem encontrar ninguém por ali. – O que foi?
- To morrendo de fome, vamos pegar algumas dessas. – o digimon lobo se aproximou de uma árvore e apoiou as patas dianteiras no tronco comprido e de cor clara, de forma que pudessem ver que entre os galhos, estavam penduradas várias frutas com o tamanho de uma maçã, porém de cor azulada e formatos disformes.
Mesmo sem saber o que eram aqueles frutos, o estômago do humano reagiu com um ronco baixo, que o deixou desconsertado. Assim, ele escalou pelo dorso de Hatimon e se esticou para pegar as estranhas forminhas azuis, dobrando um dos braços para segurá-las. Quando terminou, desceu de cima do digimon, que não perdeu tempo em morder uma das frutas, devorando-a em poucas mordidas com o caroço e tudo. Curioso, Alister pegou uma delas e mordeu um pequeno pedaço, se deparando com uma casca fina e um gosto semelhante ao de cacau, que não era muito forte.
- Nada mal. – comentou, vendo o lobo já devorando a sua terceira fruta.
- As frutas saradi não tem lá muito gosto, mas dão energia e tem proteínas. – explicou o digimon, indo até outra árvore e batendo com as patas no tronco para fazer mais frutas caírem. – Vamos levar para viagem. – sugeriu.
- Boa ideia. – concordou o garoto enquanto amarrava um pedaço daquela capa para improvisar um bolso, colocando as frutas azuladas ali. – Foi uma sorte achar essas árvores por aqui.
- Pois é, tem várias plantações por esses lados e... – Hatimon começou, mas foi interrompido por várias vozes irritadas, que se aproximavam cada vez mais. Logo um grupo de digimon baixinhos apareceu, seus corpos flutuantes cobertos por lençóis brancos rasgados, com aberturas apenas paras os olhos totalmente negros e suas bocas repletas de dentes afiados.
- Seus pirralhos! – gritou um dos fantasminhas, agitando os braços também cobertos pelo lençol. – Ladrõezinhos!
- Essas frutas são propriedade das Plantações Bakemon! – disse um segundo, apontando para as frutas que Alister tinha em mãos. Eles não pareciam muito assustadores, mas seus dentes poderiam causar um bom estrago, e isso serviu se incentivo para que o jovem subisse nas costas do digimon lupino, que não perdeu tempo em correr para longe deles.
- Por que não me falou que estávamos roubando de fantasmas? – o garoto quase gritou, agarrado aos pelos claros do parceiro para não cair. Felizmente, os Bakemon eram lentos e logo sumiram de vista.
- E eu ia saber que eram fantasmas? – defendeu-se o digimon.
--
Depois daquele incidente, Hatimon seguiu correndo até o fim da tarde, com breves paradas para que pudessem comer mais daquelas frutas azuladas, embora ficasse claro que ainda estava cheio de energia. Foi só quando o sol enfim se pôs que o lobo parou novamente, virando a face por sobre o ombro para fitar seu parceiro. – Melhor pararmos por aqui, vagar durante a noite não é uma boa ideia.
Apesar de frustrado, Alister sabia que ele estava certo. – Vamos parar na cidade mais próxima e continuar a procurar amanhã.
- Não se preocupe, tem uma por aqui! – ainda animado, o digimon lupino mudou seu rumo e logo chegou a uma cidade do mesmo tamanho que Radast, embora completamente diferente. Esta parecia com uma capital europeia no século XIX, com seus postes iluminando as ruas largas e mostrando alguns digimon deitados pelos cantos. Quando o garoto estava prestes a perguntar se Hatimon sabia para onde ir, o mesmo parou diante de um hotel chamado Pernoites Merecidas, um nome muito convidativo. – Vamos ficar aqui, Alis?
- Parece um bom lugar. – ele concordou, saindo de cima do parceiro, andando ao seu lado até a portaria daquele hotel. – Olá?
- Oh, boa noite! – o digimon que estava abaixado atrás do balcão se ergueu ao ouvi-lo, mostrando ser uma espécie de dinossauro de pelúcia com olhos brilhantes por dentro da veste. – Sou ExTyranomon, e bem-vindos!
- Gostei desse cara. – comentou Hatimon enquanto se aproximava do balcão. Alister não conseguiu ver como, mas ele tirou algumas notas dobradas de dentro do colar de lua (já que não tinha mais o casaco com bolsos) e colocou sobre o balcão. – Pode nos conseguir um quarto?
- Claro, claro! Deixe-me ver. – após recolher o pagamento, o dinossauro de pelúcia escreveu em um livro de registros sobre o balcão, para logo depois pegar uma chave com o número 203 gravado, entregando ao digimon lobo. – Aqui está, segundo andar. Qualquer coisa, é só chamar!
- Valeu, cara! – agradeceu o outro, voltando para junto do humano, para então subirem as escadas rumo ao segundo piso. Logo chegaram ao quarto indicado, que era um dos primeiros, fazendo com que Hatimon soltasse um longo assobio. – Uau, isso sim é que é uma cama.
- É perfeito. – Alister não resistiu e sorriu ao ver o quarto em estilo antigo e muito arrumado, tirando aquela capa empoeirada, deixando-a de lado. – Mal posso esperar para tomar um banho e tirar essa poeira toda...
Sua felicidade, no entanto, foi interrompida por um tremor incessante em seu bolso, fazendo-o pegar o celular para averiguar o que era. Para sua surpresa, a tela havia se tornado uma espécie e radar negro onde um ponto azul piscava, reagindo a um ponto vermelho exatamente no mesmo local. Não demorou muito para entender o que aquilo queria dizer, chamando por seu parceiro, que agora pulavam sobre a cama, testando-a. – Hatimon!
- Não to fazendo nada! – se defendeu o lobo, parando de pular na cama, mas ao ver que o garoto estava concentrado no celular, ergueu uma das orelhas, deixando a outra abaixada. – Que foi?
- Esse sinal! Eu acho que... – ele começou, avançando pelo quarto até chegar à porta, empurrando-a com a mão livre para chegar ao corredor. Estava tão centrado na tela que só parou quando sentiu algo tocando em sua mão, percebendo que era outro celular. Ergueu o olhar ao mesmo tempo que Kara, os dois ficando bons segundos sem reagir, o único movimento sendo dos aparelhos que tremiam devido a proximidade em que estavam. – K-Kara, você...
O garoto não conseguiu terminar, pois ela o abraçou subitamente, apertando os braços em torno de seu corpo, deixando-o sem reação. Levou um bom tempo para que ele erguesse as mãos e colocasse em suas costas, percebendo que estava usando uma grande camisa branca que cobria até quase seus joelhos e que seus cabelos estavam um pouco molhados.
- Você está bem! – a menina se afastou um pouco, tão feliz que parecia ter esquecido de ficar sem graça também. – O que aconteceu?
- Nós caímos... Conhecemos Radast... Asuramon... – Alister tropeçava nas explicações, com medo de estar tremendo.
- Conhecemos um Cavaleiro Real! – Hatimon saiu do quarto também, se aproximando enquanto Kara se abaixava para passar as mãos por suas longas orelhas.
- Que bom que vocês estão bem. – ela sorriu, mas parou quando o lobo olhou para sua mão, notando que estava machucada.
- Você se machucou? – ele perguntou, o que atraiu a atenção de seu parceiro e fez com a garota segurasse a mão com a outra.
- O que aconteceu? – o alemão também olhou preocupado, imaginando todo tipo de coisa que podia ter acontecido desde que haviam chegado naquele mundo.
- Não foi nada... – um pouco nervosa, Kara recuou alguns passos, quase tropeçando em Guilmon quando ele apareceu na porta.
- Ela bateu no Duskmon! – o dragão interrompeu, usando a cauda para impedir que a garota caísse quando se bateram de leve.
- O QUE? – tanto Alister quanto Hatimon gritaram chocados, fazendo vários “shhh” soarem de dentro dos outros quartos.
- Eu posso explicar. – ela se apressou a dizer, mas então notou que seu parceiro segurava duas penas em uma das mãos, estranhando. – O que é isso?
- Achei perto da nossa cama. – disse o digimon rubro, estendendo as penas escuras para que eles pudessem ver melhor. – Não estavam lá antes do banho...
- Mas que cheiro estranho. – curioso, Hatimon foi até o outro, abaixando o focinho para farejar melhor. – Parece sangue com fuligem... Isso não é normal.
- Vamos voltar para o quarto e conversar melhor. – o garoto sugeriu, ajeitando os óculos que estavam quase caindo outra vez. – Temos que nos organizar e preparar para procurar Shinjurou amanhã.
- Temos tanta coisa pra contar! – Guilmon se empolgou, agitando tanto as mãos quanto a cauda. – Eu ganhei uma competição de queda-de-braço e daí apareceram uns irmãos que brigavam o tempo todo e...
Sua fala foi interrompida pelo inconfundível som de tiro, e alguns gritos de pelo menos três vozes diferentes, uma delas de ExTyranomon no andar debaixo. – O que foi isso? – Kara se virou para a escadaria, e ignorando o som das trancas sendo fechadas nos outros quartos, já avançou. – Guil, venha!
- Espere, pode ser perigoso! – Alister esticou a mão e tentou chama-los, mas a dupla nem pareceu ouvi-lo enquanto corria pelas escadas. – Droga, eles não pensaram que pode ser...
- Bora, Alis! – sem perder tempo, Hatimon passou correndo por seu parceiro, também descendo as escadas, não dando outra opção ao garoto a não ser segui-los, ainda que frustrado.
Encontrou todos os três na metade da escadaria, de onde já era possível ver o que acontecia no saguão de entrada do hotel. Atrás de seu balcão, ExTyranomon tinha as mãos erguidas e tremia de forma que toda a fantasia se agitasse, ameaçado por um casal de digimon que apontavam armas de fogo para ele. Os dois estranhos tinham porte e tamanho humano, mas eram poucas as semelhanças. Um deles era um gato de pelos brancos com orelhas longas e pontudas, trajando roupas da década de 30, com uma calça social negra com suspensórios, e uma camisa cinzenta dobrada na altura dos cotovelos, usando o blazer largado por cima dos ombros, de forma desalinhada. Suas patas e cauda fina estavam amarradas com algumas ataduras escuras, assim como o chapéu em tom claro que usava abaixado, mantendo seus olhos azuis e parte da face escondida sob as sombras.
Sua parceira, ao contrário, era uma canina de pelos amarelados, mas focinho e barriga brancos, e um porte elegante. Suas vestes consistiam em um vestido de saia rodada em tons alaranjados, com um casaco longo branco em seus ombros, além de uma boina vermelha entre suas orelhas caninas e dobradas, e um lenço da mesma cor amarrado no pescoço. Seus olhos vermelhos eram bem delineados em linhas de maquiagem negra, e diferente do felino, ela usava tiras de tecido dourado em torno das patas e da cauda, que era trançada. Seriam um lindo casal se cada um não carregasse uma arma de fogo, longa como um rifle, porém semelhante a uma pistola mais comum em formato.
- Parece que temos mais companhia, docinho. – disse o digimon gato, sua risada soando como um ronronar mais grave.
- Isso é ótimo. – concordou a outra, engatilhando sua arma, que ainda expelia uma fumaça fina do último tiro. – É mais lucro!
- São ladrões? – Kara se perguntou, achando-os com um estilo familiar, embora ela não conseguisse se lembrar de onde.
- Com certeza... Porque ela roubou meu coração. – Hatimon suspirou com um sorrisinho bobo, agitando a cauda.
- Acho que eles estão juntos. – Guilmon olhou para o digimon lupino, juntando a ponta de uma garra de cada mão. – Sabe... Aquele junto.
- E esse nem é o menor dos problemas. – Alister completou, pegando seu celular do bolso, abrindo a dex para ver os dados dos novos digimon, assim como Kara fez. Em sua tela, surgiram os dados da digimon canina, mostrando que seu nome era Bonniemon e seu nível era Perfeito, enquanto a tela da garota mostrava que o digimon felino se chamava Clydemon e estava no mesmo nível.
- Oh, por isso eram tão familiares... – Kara comentou, atraindo um olhar curioso dos outros. – Quer dizer, Bonnie e Clyde, os famosos bandidos de década de 30.
- Eles ainda estão no nível Perfeito, isso não é nada bom. – o alemão observou, lembrando de sua experiência com Asuramon, que estava no mesmo nível.
- Querido, o que são essas coisas quadradas que eles estão segurando? – perguntou Bonniemon enquanto se recostava contra seu parceiro, enlaçando seu braço com o próprio.
- Não sei, mas vou pegar para você, meu docinho! – Clydemon decidiu, engatilhando sua pistola em um rápido movimento. – Twisted Shot!
Após a ordem, o ladrão atirou com a arma, fazendo com que a bala saísse girando em alta velocidade. Durante o percurso, no entanto, fortes ventos foram gerados pelo giro do projétil, se dispersando assim que ele atingiu os degraus no meio da escada, lançando os rebeldes para os lados e os desorientando. Hatimon, o mais altivo, conseguiu cair de pé mais abaixo e apartou a queda de Alister com seu torso, enquanto Guilmon segurou-se em um dos corrimões com a cauda, segurando Kara com suas garras antes que ela caísse escada abaixo.
- Perfeito, amor! – comemorou a digimon canina, beijando a face do felino após o tiro.
- P-Parem com isso! – gritou ExTyranomon, com a maior parte do corpo trêmulo escondido atrás do balcão. – Eu já entreguei tudo o que tinha!
- Quieto! – Bonniemon revidou, atirando contra o balcão, fazendo um furo na madeira escura. – Estamos aqui para nos divertir!
- Bem que podiam ter dificultado um pouco, assim nem teve graça. – Clydemon parecia frustrado, levando a mão até seu blazer, tirando de lá um saquinho que tilintou ao ser movido. – E nem tivemos tanto lucro assim. Vamos ver se esses intrometidos tem algo de valor.
Dito isso, o felino colocou a arma sobre o ombro e se aproximou alguns passos do grupo, mas parou quando Hatimon lançou uma de suas esferas contra seus pés, espalhando ar frio e criando uma camada de gelo em seus pés. – Pode tirar o cavalinho da chuva, cara. – rosnou o lobo, já com as costas curvadas e os pelos eriçados.
- Seu vira-latas! Vou acabar até com as suas pulgas! – chiou o ladrão, usando sua pistola para quebrar o gelo em suas patas.
- Hatimon, não faça isso. – Alister avisou, levando uma das mãos ao dorso do parceiro, sentindo os pelos erguidos dele. – É um nível Perfeito, como Asuramon. Não podemos lidar com isso.
- Que nada! Magnamon me deu força de sobra! – revidou o digimon albino, voltando à posição ofensiva. – Vou acabar com esse cara!
- Eu quero ajudar! – Guilmon se manifestou também, descendo os degraus que faltavam com apenas com um salto, suas garras em riste.
- Que fofinho... – Bonniemon sorriu ao ver o digimon dragão olhando em sua direção. – Vou adorar te transformar numa peneira!
- Estou tão cansada de valentões... – foi a vez de Kara intervir, se colocando logo atrás de seu parceiro, apertando o celular entre as mãos. Depois de todos os problemas que havia tido com os irmãos ogro e Duskmon, a última coisa que queria era ter que lutar de novo, mas como não havia outra opção, acessou a tela com o aplicativo de evolução, sem precisar olhar para a tela, acostumada com a sequência de botões que selecionava. Não demorou muito para que as luzes vermelhas surgissem e envolvessem o corpo de Guilmon. – Tome cuidado, por favor...
- Guilmon! Evolução... – com a intensidade das luzes, Bonniemon recuou e cobriu os olhos com a mão, enquanto o corpo do pequeno dragão se tornava maior. – Thorndramon!
- Só ficou maior? Esperava mais. – a inimiga inclinou a face para o lado, não muito impressionada com a mudança. Lépida, ela atirou contra o dragão. – Smokin’ Every Shot!
Naquele ataque, ao invés de uma bala ser disparada, uma pequena esfera voou na direção de Thorndramon, explodindo ao tocar em sua pele, liberando uma densa nuvem de fumaça que se espalhou em várias cores. Surpreso, o rebelde cobriu o focinho com uma das mãos e recuou alguns passos, sem conseguir ver nada nas cores ondulantes que se erguiam. Não bastasse isso, o lado onde Clydemon e Hatimon se enfrentavam também ficou coberto, ocultando todos os quatro de vista.
- Dispersem essa fumaça! – Alister ergueu a voz enquanto subia alguns degraus para tentar ter uma visão melhor da batalha. Temia que pudesse causar dano caso fosse inalada, também. Thorndramon foi o primeiro a reagir.
- Fire Spine! – atacou, agitando os braços para lançar os espinhos cobertos de fogo em todas as direções. Infelizmente, assim que tocaram a fumaça, a mesma inflamou, criando várias pequenas explosões que o fizeram recuar mais ainda, esmagando alguns degraus ao se apoiar neles para não cair.
- Thorndramon! – Hatimon percebeu o ocorrido e sem perder tempo, tomou impulso para um salto, saindo de dentro da nuvem colorida por alguns segundos. Foi tempo suficiente para disparar outra esfera negra para cima. – Freezing Eclipse!
- Como vocês são idiotas! – ao mesmo que o lobo, Clydemon também saltou, com sua pistola em mãos. – Twisted Shot! – atirou mirando no ataque anterior do rebelde, fazendo com que a esfera quebrasse antes do tempo e o frio dela se espalhasse com mais intensidade graças ao vento de seu tiro.
Apesar de ser resistente à baixa temperatura, o digimon branco acabou lançado para o alto da escada, fincando suas garras no chão enquanto escorregava pelo chão, conseguindo amortecer grande parte do impacto quando bateu em uma das paredes. – Ai, ai... – gemeu, ofegante. – Esses aí vão dar trabalho...
Enquanto a fumaça se dispersava graças ao choque dos dois golpes, Bonniemon se colocou à frente de seu parceiro enquanto ele caía de pé no chão. – Perfeito, amor! Agora é a minha vez! Intertwining Shot! – disparou novamente contra Thorndramon, que ainda não tinha o campo de visão totalmente limpo. Esse tiro, diferente dos outros, deixou um rastro dourado e fino enquanto avançava.
- Draco Punch! – nervoso pela situação, o dragão atacou com seu punho, mas antes que a bala o atingisse, mudou seu rumo, voando para suas costas e dando a volta para passar em volta de suas pernas. O fino rastro se esticava enquanto o projétil voejava em volta de seu alvo, até que por fim explodiu com um estalido. Só então o fio que despendia encolheu, prendendo o corpo do digimon rubro, apertando-o como se fossem cordas e fazendo com que perdesse o equilíbrio, caindo contra as escadas.
- Thorndramon! – esquecendo do perigo, Kara foi até seu parceiro, tentando soltar a fina que amarrava seu corpo, mas era tão rígida quanto ferro.
- Eu cuido disso! – Hatimon se apressou a ajuda-lo com suas garras, mas recuou quando um tiro simples atingiu o chão entre suas patas dianteiras.
- Ainda não, vira-latas. – Clydemon se apressou e saltou os degraus por cima do dragão caído, pousando no meio da escadaria para desatar a correr, disparando novamente contra o rebelde. Restou ao lobo a opção de avançar pelos corredores, com o felino em seu encalço, deixando balas pregadas nas paredes enquanto tentava acompanha-lo.
- Ei, Clyde! Idiota, não se deixa uma dama sozinha durante uma luta! – espantada com a ação de seu parceiro, Bonniemon passou a gritar para o segundo andar. – Você vai dormir no sofá hoje!
Aproveitando a distração dela, Alister correu até a garota, segurando em seu ombro. – Temos que sair daqui... – começou, tentando encontrar a melhor saída para aquela situação desesperadora.
- Não vou sair! – para seu espanto, Kara o cortou com um tom raivoso, com as mãos lanhadas pelo esforço em puxar as amarras de seu digimon. – Se ela quiser fazer mal ao Guil, vai ter que...
- Fazer o que, pirralha? – a ladra interrompeu, com sua pistola apontada para os dois humanos. Para ela, deviam ser apenas dois digimon de nível Novato. – Passar por cima de você? Com prazer.
Prevendo o ataque, o garoto procurou se colocar na frente da mira da pistola, mas antes que o tiro fosse disparado, uma série de corações atingiram Bonniemon pela lateral. – Mas que diabos? – ela rosnou, tropeçando para não cair.
- P-Pretty A-A-Attack! – disse ExTyranomon com a voz falha, enquanto seus braços estavam cobertos pelo que pareciam almofadinhas rosadas em forma de coração. Ele as atirava como se fossem travesseiros, mas eram mais pesadas do que pareciam, pois quase derrubavam a ladra enquanto ela tentava destruir todos com seus tiros.
- Muito bom! – apesar de saber que o dinossauro de pelúcia não tinha muitas chances, Alister tentou mantê-lo animado para que não parasse de atacar. Imaginava que seu tom não era um convincente, logo se voltando para a companheira ao lado. – Não temos como lutar assim, é melhor irmos e...
Para sua frustração, Kara negou com a face, com finas linhas de sangue pelas mãos quando ela soltou as amarras de Thorndramon. O dragão continuava a se debater contra as cordas, mas tanto as garras quanto as mandíbulas estavam contidas. – Eu não recebi isso para deixar ele sozinho! – a menina ergueu a voz sem perceber, enquanto pegava o celular e mostrava para o outro.
Por um momento, Alister não reagiu ao encarar a tela do aparelho, o espanto se tornando maior a cada segundo. – Kara! O seu celular! – ele apontou, deixando-a confusa. – Você viu a sua tela de evolução?
- O que? – ela não entendeu a mudança de assunto, mas virou o celular em sua direção para ver se havia diferença. Para sua surpresa, havia uma nova barra de porcentagem disponível, com a forma Perfeita. – Quando eu...? – se perguntou, antes de olhar para seu mais recente machucado na mão direita. Soube, ainda que não pudesse explicar como, que havia ativado a nova evolução quando Duskmon os havia atacado.
- Podemos ter uma chance. – o alemão estava visivelmente se esforçando para pensar positivo, e em troca, Kara concordou com a face antes de se voltar para seu parceiro.
- Vamos fazer isso, Guil. – ela pediu, apoiando uma das mãos na face do dragão, enquanto com a outra, selecionava a nova opção evolutiva na tela.
Não levou mais do que um segundo para que a tela passasse a emitir as ofuscantes luzes vermelhas, que arrebentaram as amarras de Thorndramon antes que cobrirem-no por completo. Ele se levantou durante a mudança, e no fim sua altura não teve alteração alguma, mas seu corpo sim. Os espinhos haviam sumido, dando lugar a grossas placas de metal negro e ligeiramente recurvadas que se ajustavam com perfeição no corpo alongado do dragão. As proteções cobriam a parte de cima de seus pés, as coxas, boa parte do tronco, dos braços e da cauda. O conjunto se completava com um elmo com bordas douradas e lâminas sobre seus chifres, e na parte inferior dos braços, o metal era mais denso, formando duas manoplas grandes e robustas, com aberturas para que as garras agora negras saíssem. Ao fim da evolução, o novo digimon olhou para as próprias garras, soltando uma pequena nuvem de fumaça quando virou a face para trás.
- Kara-chan, eu consegui! – gritou com um largo sorriso e os braços erguidos, desfazendo a imagem ameaçadora que passava.
- Eu sabia, Guil! – Kara não resistiu a sorrir de leve, mas ao olhar para seu celular, a dex indicou o seu novo nome. – Quer dizer... Kaiserdramon.
- Impressionante... – Alister deixou escapar, pois apesar das mudanças serem poucas, o dragão estava visivelmente mais poderoso.
- Mas que desaforo é esse? – a voz de Bonniemon chamou a atenção do trio. Pelo rastro de furos que cobria o balcão da recepção, ela havia conseguido deter ExTyranomon, mas felizmente era possível ouvir seus gemidos assustados do outro lado, então ele estava vivo. – Você troca de roupa e acha que já pode me enfrentar?
- Você não vai mais fazer mal a ninguém! – decidido, Kaiserdramon avançou alguns passos, se colocando à frente dos dois humanos. Apesar da personalidade ainda parecer infantil, estava decidido.
- Me poupe, seu pirralho. – a ladra estralou a língua, atirando novamente com sua pistola. –Smokin’ Every Shot!
Com o disparo, a fumaça colorida começou a se espalhar como da última vez, mas o dragão já estava preparado a essa altura. – Gaelic Fire! – revidou, abrindo as mandíbulas para lançar uma forte rajada de fogo azulado. Diferente das chamas de Thorndramon, estas não explodiram ao entrar em contato com a nuvem colorida, mas a consumiu por completo, sem interromper seu caminho em direção a Bonniemon, que não viu alternativa senão saltar para trás. Mas antes que um incêndio começasse, Kaiserdramon ergueu as mãos enquanto duas cavidades se abriam em suas manoplas, absorvendo as chamas em questão de segundos.
- Se acha que isso é suficiente, está enganado. – a digimon canina estava visivelmente irritada com a situação, utilizando outro golpe. – Bullet Party! – ordenou ao atirar, fazendo com que sua pistola disparasse múltiplas balas de uma única vez, seguindo caminhos espiralados para atingir vários pontos diferentes do inimigo.
O dragão, ao perceber sua intenção, rosnou baixo antes de esticar os braços, para logo em seguida as placas de metal se erguerem, permanecendo ligadas a seu corpo apenas pelas dobras. – Living Shield! – ele disse com um tom mais alto, e como uma criatura viva, a armadura passou a girar suas peças na direção em que as balas seguiam, fazendo com que batessem contra o metal e caíssem amassadas ao chão.
- O que? – de tão espantada, a ladra mal teve tempo de atacar novamente, querendo combinar suas duas técnicas. – Intertwining Shot!
Como ela esperava, seu tiro voltou a rodear o corpo do rebelde, deixando seu rastro dourado. Mas antes que a corda envolvesse o corpo de Kaiserdramon, as cavidades de suas manoplas se abriram novamente, liberando o fogo azulado que havia sugado antes. – HellFire Tail! – foi a sua vez de revidar, fazendo com que quatro linhas de chamas se formassem, como se fossem chicotes ou mesmo longas caudas. Com isso, Kaiserdramon precisava apenas de leves movimentos com as mãos para que as linhas de fogo azul o obedecessem, de forma que se esticaram em quatro direções diferentes, não apenas bloqueando o rastro dourado de Bonniemon, como também o reduzindo a cinzas.
- Como...? COMO?! – ao ter todos os seus ataques bloqueados, a ladra saiu de controle, rosnando enquanto falava, como um cão raivoso.
- Vamos parar com isso... – para surpresa dela, o dragão pediu, hesitante. Ele podia não conhecer totalmente seu novo corpo na forma Perfeita, mas estava muito maior e forte fisicamente do que sua inimiga, por isso até o momento só atacava de longe.
- Seu lagarto estúpido! – a digimon canina o interrompeu, erguendo seu olhar para as escadas e abrindo um pequeno sorriso mesmo ainda rosnando.
Com outro salto, ela subiu vários metros acima do chão e engatilhou sua pistola, fazendo mira agora atrás de Kaiserdramon, no exato lugar onde estavam os dois humanos. O dragão olhou para trás e, em um gesto protetor, Kara agarrou a mão de Alister e o puxou para mais perto, mas o que realmente impediu o ataque foi uma bola de energia negra que voou e atingiu Bonniemon na lateral de seu corpo, derrubando-a contra uma das paredes.
- Eu consegui... – um trêmulo ExTyranomon surgiu detrás do balcão, logo após ter lançado o golpe.
- O-Obrigado...! – Alister estava tremendo tanto quanto o dinossauro de pelúcia, mas era difícil saber se pelo medo, ou se pelo fato de que ainda estava segurando a mão de Kara.
- É sua chance, Guil! – a garota estava concentrada na ladra, que já tentava se erguer, com pequenos gemidos.
- HellFire Tail! – ainda com as cordas de fogo sob seu controle, Kaiserdramon as lançou na direção de Bonniemon, mas não de forma a queimá-la. Pelo contrário, fez com que as chamas a cercassem, flutuando alguns centímetros acima de seu corpo, de forma que poderia se queimar caso tentasse se mover. Ela logo percebeu aquilo e não tentou escapar, mas sua raiva era notável pelos rosnados. – Isso deve resolver...
- Temos que deter o outro também! – foi a vez do garoto grisalho lembrar, se voltando para as escadas, já não conseguindo mais ouvir os tiros de Clydemon.
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- Não acredito que fiz isso... – gemeu Hatimon enquanto corria pelos corredores, desviando e fazendo curvas para evitar ser atingido, ainda que seu pelo estivesse cheio de marcas de queimado onde as balas haviam raspado. Para sua sorte, o ladrão não parecia ser bom em atirar em movimento.
- Para onde você vai, cachorrinho? Volte, volte! – gritava ele, a cada tiro.
- EU NÃO SOU CACHORRO, CARA! – irritado, o lupino virou a face para responder, mas abaixou as orelhas quando uma bala passou raspando entre elas. – Tá louco, ele deve ser complexado com cães...
A essa altura, ambos já haviam chegado ao quarto andar, deixando os pisos anteriores com inúmeros buracos nas paredes e móveis derrubados, embora os obstáculos não tivessem ajudado em nada para deter a perseguição. Hatimon sabia que não tinha mais para onde fugir e isso o preocupava, pois novamente não tinha condições de enfrentar um nível Perfeito sozinho, e ainda havia a preocupação com Alister e Kara, que haviam sido deixados com Thorndramon. Não sabia que o dragão havia conseguido evoluir, então imaginava que seria derrota em breve caso não fosse ajuda-lo.
- Droga... O que eu faço? – se perguntou enquanto dobrava o último corredor, percebendo tardiamente que não havia saída, somente uma janela e vários quartos trancados.
Assim que o lobo parou, o felino veio logo atrás, bloqueando seu caminho de volta. – Acabou, cachorrinho. – riu o ladrão, ajeitando melhor a arma entre as mãos para fazer mira.
- Quer saber? Você já tá me irritando! – uma vez que não tinha outras opções, Hatimon se virou para encará-lo, rosnando baixo.
- Ai, que medo... – ironizou o outro, sem perder tempo em atacar. – Twisted Shot!
- Freezing Eclipse!
Quando os golpes se chocaram, a névoa gelada se espalhou pelo corredor, ocultando a vista dos dois, pois o espaço era pouco. O rebelde sabia o que aconteceria, e abaixou a face, se concentrando apenas no faro para descobrir onde estava o seu inimigo. Era uma tática arriscada, mas para sua sorte, não demorou para encontrar o rastro que queria, correndo por entre a névoa branca até chegar diante de Clydemon, que tentava liberar sua vista agitando sua pistola para os lados.
- Freezing Eclipse! – ele atacou novamente, agora de perto. Com isso, conseguiu que a esfera negra atingisse e se quebrasse no rosto do ladrão, jogando-o para trás.
Como um legítimo gato, Clydemon caiu de pé, com seus pelos cobertos de gelo e o corpo tremendo. – S-Seu maldito... Eu irei...
- Crescent Blade! – sem perder tempo, Hatimon saltou sobre o felino, derrubando-o no chão e fazendo com que sua pistola voasse para alguns metros ao lado, longe de seu alcance. Com as garras crescidas, passou a golpear o ladrão na altura do peito e do rosto, fazendo-lhe longos vergões e rasgos em suas roupas desalinhadas.
- Já chega! – o digimon gato revidou fechando um dos punhos, atingindo o rebelde no rosto com um soco lateral, com força o bastante para jogá-lo novamente para trás. Enquanto ele caía no meio do corredor, Clydemon aproveitou para se erguer novamente, olhando para as roupas em frangalhos. – Já vi que terei que apelar com você, mesmo sendo só um Campeão.
E dito isso, ele colocou a mão dentro do bolso da calça, tirando uma pistola tão pequena que mal era vista em sua mão. – Short Shot! – ordenou enquanto disparava, apenas um estalido agudo saindo junto ao tiro. A bala, no entanto, causou uma forte explosão quando atingiu o chão, fazendo com que Hatimon fosse atirado contra a parede, mal se mantendo de pé depois disso.
O lobo não esperava por algo assim, saindo com alguns pelos queimados na parte do peito, embora não fosse nada tão grave quanto as queimaduras que tivera com Asuramon. O ladrão também pareceu surpreso, mas avançou mais alguns passos, com a pistola apontada para sua face.
- Você teve sorte, vira-latas. Mas foi a última vez. – quando Clydemon se aproximou, Hatimon tentou recuar, mas já estava contra a parede, e sabia que nenhum ataque seu seria rápido o bastante para deter o tiro.
Mas, antes que o felino disparasse, o suave som de vidro trincando chamou sua atenção. Foi preciso apenas um segundo para que a janela toda quebrasse do lado de fora, e mesmo que se abaixasse para se proteger dos cacos de vidro, o lobo viu alguma coisa indistinta agarrar Clydemon e puxá-lo para fora, deixando o outro sozinho no corredor.
- Mas que...? – se perguntou, observando várias penas escuras caídas. – Qual é, eu podia ter vencido sozinho...
Sua fala foi interrompida pelo som de dois tiros e inconfundível grito de dor de Clydemon, antes que o som cessar de forma abrupta, como se ele tivesse sido calado. Preocupado que a mesma “coisa” fosse atrás de seus companheiros, Hatimon correu de volta para o saguão de entrada o mais rápido que podia. Em poucos minutos já estava no segundo piso, mas assim que chegou à escadaria, esbarrou com Kaiserdramon no momento em que ele subia os degraus a sua procura. O resultado foi que ambos caíram “embolados” pela escada, as luzes abandonando seus corpos até que chegassem ao chão nas formas de Gabumon e Gigimon.
- Você tava com uma armadura? – perguntou o digimon branco, surpreso, enquanto se sentava.
- Eu evoluí! – respondeu o pequeno digimon vermelho, se pondo de pé em um salto e agitando seu corpo que mais parecia uma bolinha com patas. – Eu era Kaiserdramon!
- Gabumon! – a conversa foi interrompida por Alister, que chegou correndo, se abaixando ao seu lado. – Está bem?
- O que aconteceu com Clydemon? – Kara apareceu logo depois, se abaixando para recolher Gigimon nos braços, segurando-o contra o peito.
- Ah, bem... – ao se erguer, Gabumon percebeu que Bonniemon estava presa pelo que pareciam ser cordas de fogo rodeando seu corpo, e ExTyranomon ainda escondido atrás de seu balcão. – Eu não sei, alguma coisa apareceu e...
Pela segunda vez, ele foi interrompido pelo horrível barulho de vidro quebrando quando Clydemon foi atirado para dentro do saguão por uma das janelas laterais. O felino estava inconsciente, respirando com dificuldade e com seu corpo repleto de cortes longos e feios, algumas penas entre suas roupas. Surpresos com aquilo, todos fiaram calados por um longo momento, menos Bonniemon, que se apavorou com o estado de seu companheiro.
- Clyde! O que eles fizeram?! CLYDE! – como ele não reagiu a seus gritos, a ladra agiu sem pensar e forçou-se a levantar, atravessando as chamas que a prendiam. Ela conseguiu dar alguns passos na direção do felino, mas seu corpo queimado caiu sobre o de seu parceiro, com ambos agora desacordados pelos danos.
- Você fez isso com ele? – ainda surpreso, Alister se virou para seu digimon, que negou com a face.
- Era isso que eu estava dizendo... Alguma coisa agarrou ele e levou para fora, mas não consegui ver o que era. – após se explicar, Gabumon foi até os dois ladrões caídos, pegando uma das penas negras sobre o felino. Sua expressão se fechou ao farejá-la. – É o mesmo cheiro das penas que acharam no seu quarto, Kara.
Ao ouvi-lo, a garota sentiu o corpo tremer e abraçou Gigimon mais forte contra o peito. Estava apavorada com a ideia de que alguém os estivesse seguindo, mas antes que pudesse dizer algo, ExTyranomon saiu de trás de seu balcão. – Não se preocupem... Logo a polícia vai chegar e eles vão resolver isso...
- Espere um momento. – pediu o garoto grisalho ao ouvir o dinossauro de pelúcia, erguendo uma das mãos. – Está dizendo... Que podíamos ter esperado a polícia esse tempo todo?
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Depois que deixou “delicadamente” Clydemon de volta no hotel, a forma negra estendeu suas asas e planou até voltar ao telhado, abandonando sua real forma para voltar a ser apenas Falcomon. Estava um pouco ofegante quando pousou sobre as telhas, não pelo cansaço, mas pelo esforço em se controlar depois de ter atacado de forma tão violenta. Com um suspiro, sentou-se e olhou para a asa direita que agora tinha dois furos, causados pelo ladrão quando ele tentou se soltar de suas garras. Após constatar que não era um dano sério, desviou seu olhar para a asa esquerda. Ainda que ela não tivesse nenhum ferimento, apenas uma grande a antiga cicatriz que se estendia pelo ombro e chegava até as costas, ela estava tremendo um pouco, o que dificultou quando colocou as penas da ponta dentro dos buracos de bala, cutucando ali até encontrar cada uma das balas e puxar para fora.
- É, fazia tempo que não levava um tiro. – comentou para si mesmo enquanto jogava os projéteis para longe, sem sinais de dor em sua expressão, como se fosse algo que fizesse com naturalidade. Depois, olhou para si mesmo, voltando a se irritar. – Argh, não aguento mais ficar nessa forma...
- Mano, calma que as coisa tarada eu devo fazer mais pra frente e não com esses personagens, até porque o Guilmon é praticamente uma criança inocente ainda, então puxo mais pra coisas fofas e tals. Nossa, deu nostalgia de Dragon Ball depois dessa, adorava aquelas cenas proibidas.
- E por falar em proibidas, eu não consegui perder a chance de usar a cena de Pokémon GO, porque até mesmo em um rpg de digimon tivemos personagens jogando isso, mano, foi muito doido. xD Até porque é um treco viciante (eu sou maníaca), sepá vai dar até briga ali ainda, hein.
Só uma observação, quem notou o perigo e curtiu jogar Pokémon foi o Falcomon, mas ele ainda tá bem apagado, logo pretendo dar mais enfoque.
- Ok, sobre Arashmon primeiro: sim, cara, eu amava Thundercats quando criança e adorava esse lance de homem-fera naquela época, achei que ficaria ótimo. xD Só admito que foi chato achar referências a Arash e guerreiros persas antigos, quase desanimei depois de ver aquele “príncipe da Pérsia” com cara de europeu... Mas espero que tenha ficado bem parecido. >_>
- Chegando ao campo delicado: Nyxmon. Primeiro ponto, é que a personagem é criação de uma grande amiga e foi usada como final boss de um rpg digimon, e eu me encantei com ela a ponto de pedir permissão pra usar. Sobre sua forma, na verdade tanto a forma “humana” quanto a forma de “boneca”, são apenas receptáculos para sua verdadeira forma, isso será mostrado mais a frente, assim como o conceito de que a noite trás o perigo, mas também acalma (daí as formas distintas de mulher e boneca). Enfim, espero que consiga mostrar esses lados tão bem quanto a pessoa que criou, porque eu amava e tinha medo dessa digimon enquanto jogava.
- Pulando pra cena final, de fato Duftmon não teve enfoque e nem foi a intenção, mas pra mostrar que outros RK estão do lado legalista e... SIM! Drama de irmãos é algo que eu gosto de jogar, mas na surpresa. xD Na verdade, ainda vai ter bastante treta entre esses dois, e só pra esclarecer a força que o Thronemon mostrou, é porque ele chegou a um nível mesmo acima do Ultimate/Extremo. Finalizando, não vou explicar nada do que ele disse porque ainda quero entrar numa fic com isso, mas a “Praga” foi algo que assolou o Digital World décadas antes, quando o humano anterior chegou para resolver.
- Hmm, eu realmente curti as artes (BAAAAAAH, ESSE OMEGAMON TÁ FODA), mas não sei quanto a uso. Bem, a gente nunca sabe, e eu agradeço as ideias, tanto quanto a sua presença.
Pra fechar bem... Capítulo novo!
Capítulo 14:
Amor entre Ladrões?
“Soubemos que um portal foi aberto perto de Jintara, mas vocês devem se apressar” Magnamon havia dito logo após sua fala contra os Cinco, como um aviso a Alister e Gabumon. Como Cavaleiro Real, ele não podia ser visto com rebeldes, então após recuperar as energias do pequeno digimon branco, logo se afastou deles, retornando para perto do povo, sendo recebido com muita comemoração. Em pouco tempo, até mesmo seu brilho dourado havia sumido entre todos os digimon que o cercavam, tão empolgados com a chegada de seu patrono que chegaram a esquecer dos outros dois, o que não era de todo ruim.
- Como assim? – o garoto piscou surpreso, puxando a capa para esconder melhor seu corpo, esquecendo de que estava imunda. – Os cavaleiros não estavam com os legalistas?
- Sim... A líder não nos disse nada sobre isso, mas se tivermos o apoio de pelo menos um deles, vai fazer toda a diferença. – Gabumon sorriu, se afastando um pouco para esticar o corpo, agora revigorado. – Bem, ele falou que temos que ir até Jintara, e é um longo caminho até lá, vamos nos apressar!
- Você está bem para isso? – preocupado, Alister olhou para seu parceiro, mas ele não possuía mais ferimento nenhum, por menor que fosse, e chegava a se agitar um pouco, ansioso.
- Eu to é ótimo! – o digimon respondeu um tanto alto demais, parecendo até ter levado um choque. Talvez Magnamon tivesse lhe dado energia até demais.
Assim sendo, o garoto ativou a evolução, fazendo com que seu parceiro tomasse a forma lupina de Hatimon, para logo depois subir em suas costas. Mas, antes que pudesse avisar que estava pronto, o lobo branco “arrancou” com um salto que obrigou Alister a agarrar-se em seus pelos para não cair, ainda mais quando disparou correndo pelas ruas. Alguns digimon tinham que sair do caminho para não serem atropelados pelo lobo branco, mas ele nem parecia ouvir as reclamações dos pedestres, olhando animadamente para a saída da cidade, sua língua gelada escapando pelo canto dos lábios.
Alister não tinha ideia de como medir a distância até a cidade mencionada por Magnamon, mas como seu parceiro corria de forma incansável, estava otimista quanto a suas chances. Conforme venciam os metros, a paisagem alterava, mostrando estradas de grama alta e chão batido, como no interior, e pequenas cidades que Hatimon facilmente contornava, tornando difícil se apegar aos detalhes delas. Desta forma, o garoto aproveitou para pensar melhor em tudo que havia descoberto no pouco tempo que tivera naquele mundo novo, percebendo que havia diversas semelhanças entre o comportamento dos digimon e os humanos. Considerando o que havia visto a pouco, ficava claro que os mundos funcionavam de forma similar, e pelo visto o preconceito seria um adversário também.
- Eeei! – a voz de Hatimon fez o garoto voltar para a realidade, de forma que ele notasse que estavam parados em um local cheio de árvores finas enfileiradas e grama alta. – Você me ouviu?
- Eu estava distraído... – Alister se explicou, olhando em volta com mais atenção, sem encontrar ninguém por ali. – O que foi?
- To morrendo de fome, vamos pegar algumas dessas. – o digimon lobo se aproximou de uma árvore e apoiou as patas dianteiras no tronco comprido e de cor clara, de forma que pudessem ver que entre os galhos, estavam penduradas várias frutas com o tamanho de uma maçã, porém de cor azulada e formatos disformes.
Mesmo sem saber o que eram aqueles frutos, o estômago do humano reagiu com um ronco baixo, que o deixou desconsertado. Assim, ele escalou pelo dorso de Hatimon e se esticou para pegar as estranhas forminhas azuis, dobrando um dos braços para segurá-las. Quando terminou, desceu de cima do digimon, que não perdeu tempo em morder uma das frutas, devorando-a em poucas mordidas com o caroço e tudo. Curioso, Alister pegou uma delas e mordeu um pequeno pedaço, se deparando com uma casca fina e um gosto semelhante ao de cacau, que não era muito forte.
- Nada mal. – comentou, vendo o lobo já devorando a sua terceira fruta.
- As frutas saradi não tem lá muito gosto, mas dão energia e tem proteínas. – explicou o digimon, indo até outra árvore e batendo com as patas no tronco para fazer mais frutas caírem. – Vamos levar para viagem. – sugeriu.
- Boa ideia. – concordou o garoto enquanto amarrava um pedaço daquela capa para improvisar um bolso, colocando as frutas azuladas ali. – Foi uma sorte achar essas árvores por aqui.
- Pois é, tem várias plantações por esses lados e... – Hatimon começou, mas foi interrompido por várias vozes irritadas, que se aproximavam cada vez mais. Logo um grupo de digimon baixinhos apareceu, seus corpos flutuantes cobertos por lençóis brancos rasgados, com aberturas apenas paras os olhos totalmente negros e suas bocas repletas de dentes afiados.
- Seus pirralhos! – gritou um dos fantasminhas, agitando os braços também cobertos pelo lençol. – Ladrõezinhos!
- Essas frutas são propriedade das Plantações Bakemon! – disse um segundo, apontando para as frutas que Alister tinha em mãos. Eles não pareciam muito assustadores, mas seus dentes poderiam causar um bom estrago, e isso serviu se incentivo para que o jovem subisse nas costas do digimon lupino, que não perdeu tempo em correr para longe deles.
- Por que não me falou que estávamos roubando de fantasmas? – o garoto quase gritou, agarrado aos pelos claros do parceiro para não cair. Felizmente, os Bakemon eram lentos e logo sumiram de vista.
- E eu ia saber que eram fantasmas? – defendeu-se o digimon.
--
Depois daquele incidente, Hatimon seguiu correndo até o fim da tarde, com breves paradas para que pudessem comer mais daquelas frutas azuladas, embora ficasse claro que ainda estava cheio de energia. Foi só quando o sol enfim se pôs que o lobo parou novamente, virando a face por sobre o ombro para fitar seu parceiro. – Melhor pararmos por aqui, vagar durante a noite não é uma boa ideia.
Apesar de frustrado, Alister sabia que ele estava certo. – Vamos parar na cidade mais próxima e continuar a procurar amanhã.
- Não se preocupe, tem uma por aqui! – ainda animado, o digimon lupino mudou seu rumo e logo chegou a uma cidade do mesmo tamanho que Radast, embora completamente diferente. Esta parecia com uma capital europeia no século XIX, com seus postes iluminando as ruas largas e mostrando alguns digimon deitados pelos cantos. Quando o garoto estava prestes a perguntar se Hatimon sabia para onde ir, o mesmo parou diante de um hotel chamado Pernoites Merecidas, um nome muito convidativo. – Vamos ficar aqui, Alis?
- Parece um bom lugar. – ele concordou, saindo de cima do parceiro, andando ao seu lado até a portaria daquele hotel. – Olá?
- Oh, boa noite! – o digimon que estava abaixado atrás do balcão se ergueu ao ouvi-lo, mostrando ser uma espécie de dinossauro de pelúcia com olhos brilhantes por dentro da veste. – Sou ExTyranomon, e bem-vindos!
- Gostei desse cara. – comentou Hatimon enquanto se aproximava do balcão. Alister não conseguiu ver como, mas ele tirou algumas notas dobradas de dentro do colar de lua (já que não tinha mais o casaco com bolsos) e colocou sobre o balcão. – Pode nos conseguir um quarto?
- Claro, claro! Deixe-me ver. – após recolher o pagamento, o dinossauro de pelúcia escreveu em um livro de registros sobre o balcão, para logo depois pegar uma chave com o número 203 gravado, entregando ao digimon lobo. – Aqui está, segundo andar. Qualquer coisa, é só chamar!
- Valeu, cara! – agradeceu o outro, voltando para junto do humano, para então subirem as escadas rumo ao segundo piso. Logo chegaram ao quarto indicado, que era um dos primeiros, fazendo com que Hatimon soltasse um longo assobio. – Uau, isso sim é que é uma cama.
- É perfeito. – Alister não resistiu e sorriu ao ver o quarto em estilo antigo e muito arrumado, tirando aquela capa empoeirada, deixando-a de lado. – Mal posso esperar para tomar um banho e tirar essa poeira toda...
Sua felicidade, no entanto, foi interrompida por um tremor incessante em seu bolso, fazendo-o pegar o celular para averiguar o que era. Para sua surpresa, a tela havia se tornado uma espécie e radar negro onde um ponto azul piscava, reagindo a um ponto vermelho exatamente no mesmo local. Não demorou muito para entender o que aquilo queria dizer, chamando por seu parceiro, que agora pulavam sobre a cama, testando-a. – Hatimon!
- Não to fazendo nada! – se defendeu o lobo, parando de pular na cama, mas ao ver que o garoto estava concentrado no celular, ergueu uma das orelhas, deixando a outra abaixada. – Que foi?
- Esse sinal! Eu acho que... – ele começou, avançando pelo quarto até chegar à porta, empurrando-a com a mão livre para chegar ao corredor. Estava tão centrado na tela que só parou quando sentiu algo tocando em sua mão, percebendo que era outro celular. Ergueu o olhar ao mesmo tempo que Kara, os dois ficando bons segundos sem reagir, o único movimento sendo dos aparelhos que tremiam devido a proximidade em que estavam. – K-Kara, você...
O garoto não conseguiu terminar, pois ela o abraçou subitamente, apertando os braços em torno de seu corpo, deixando-o sem reação. Levou um bom tempo para que ele erguesse as mãos e colocasse em suas costas, percebendo que estava usando uma grande camisa branca que cobria até quase seus joelhos e que seus cabelos estavam um pouco molhados.
- Você está bem! – a menina se afastou um pouco, tão feliz que parecia ter esquecido de ficar sem graça também. – O que aconteceu?
- Nós caímos... Conhecemos Radast... Asuramon... – Alister tropeçava nas explicações, com medo de estar tremendo.
- Conhecemos um Cavaleiro Real! – Hatimon saiu do quarto também, se aproximando enquanto Kara se abaixava para passar as mãos por suas longas orelhas.
- Que bom que vocês estão bem. – ela sorriu, mas parou quando o lobo olhou para sua mão, notando que estava machucada.
- Você se machucou? – ele perguntou, o que atraiu a atenção de seu parceiro e fez com a garota segurasse a mão com a outra.
- O que aconteceu? – o alemão também olhou preocupado, imaginando todo tipo de coisa que podia ter acontecido desde que haviam chegado naquele mundo.
- Não foi nada... – um pouco nervosa, Kara recuou alguns passos, quase tropeçando em Guilmon quando ele apareceu na porta.
- Ela bateu no Duskmon! – o dragão interrompeu, usando a cauda para impedir que a garota caísse quando se bateram de leve.
- O QUE? – tanto Alister quanto Hatimon gritaram chocados, fazendo vários “shhh” soarem de dentro dos outros quartos.
- Eu posso explicar. – ela se apressou a dizer, mas então notou que seu parceiro segurava duas penas em uma das mãos, estranhando. – O que é isso?
- Achei perto da nossa cama. – disse o digimon rubro, estendendo as penas escuras para que eles pudessem ver melhor. – Não estavam lá antes do banho...
- Mas que cheiro estranho. – curioso, Hatimon foi até o outro, abaixando o focinho para farejar melhor. – Parece sangue com fuligem... Isso não é normal.
- Vamos voltar para o quarto e conversar melhor. – o garoto sugeriu, ajeitando os óculos que estavam quase caindo outra vez. – Temos que nos organizar e preparar para procurar Shinjurou amanhã.
- Temos tanta coisa pra contar! – Guilmon se empolgou, agitando tanto as mãos quanto a cauda. – Eu ganhei uma competição de queda-de-braço e daí apareceram uns irmãos que brigavam o tempo todo e...
Sua fala foi interrompida pelo inconfundível som de tiro, e alguns gritos de pelo menos três vozes diferentes, uma delas de ExTyranomon no andar debaixo. – O que foi isso? – Kara se virou para a escadaria, e ignorando o som das trancas sendo fechadas nos outros quartos, já avançou. – Guil, venha!
- Espere, pode ser perigoso! – Alister esticou a mão e tentou chama-los, mas a dupla nem pareceu ouvi-lo enquanto corria pelas escadas. – Droga, eles não pensaram que pode ser...
- Bora, Alis! – sem perder tempo, Hatimon passou correndo por seu parceiro, também descendo as escadas, não dando outra opção ao garoto a não ser segui-los, ainda que frustrado.
Encontrou todos os três na metade da escadaria, de onde já era possível ver o que acontecia no saguão de entrada do hotel. Atrás de seu balcão, ExTyranomon tinha as mãos erguidas e tremia de forma que toda a fantasia se agitasse, ameaçado por um casal de digimon que apontavam armas de fogo para ele. Os dois estranhos tinham porte e tamanho humano, mas eram poucas as semelhanças. Um deles era um gato de pelos brancos com orelhas longas e pontudas, trajando roupas da década de 30, com uma calça social negra com suspensórios, e uma camisa cinzenta dobrada na altura dos cotovelos, usando o blazer largado por cima dos ombros, de forma desalinhada. Suas patas e cauda fina estavam amarradas com algumas ataduras escuras, assim como o chapéu em tom claro que usava abaixado, mantendo seus olhos azuis e parte da face escondida sob as sombras.
Sua parceira, ao contrário, era uma canina de pelos amarelados, mas focinho e barriga brancos, e um porte elegante. Suas vestes consistiam em um vestido de saia rodada em tons alaranjados, com um casaco longo branco em seus ombros, além de uma boina vermelha entre suas orelhas caninas e dobradas, e um lenço da mesma cor amarrado no pescoço. Seus olhos vermelhos eram bem delineados em linhas de maquiagem negra, e diferente do felino, ela usava tiras de tecido dourado em torno das patas e da cauda, que era trançada. Seriam um lindo casal se cada um não carregasse uma arma de fogo, longa como um rifle, porém semelhante a uma pistola mais comum em formato.
- Parece que temos mais companhia, docinho. – disse o digimon gato, sua risada soando como um ronronar mais grave.
- Isso é ótimo. – concordou a outra, engatilhando sua arma, que ainda expelia uma fumaça fina do último tiro. – É mais lucro!
- São ladrões? – Kara se perguntou, achando-os com um estilo familiar, embora ela não conseguisse se lembrar de onde.
- Com certeza... Porque ela roubou meu coração. – Hatimon suspirou com um sorrisinho bobo, agitando a cauda.
- Acho que eles estão juntos. – Guilmon olhou para o digimon lupino, juntando a ponta de uma garra de cada mão. – Sabe... Aquele junto.
- E esse nem é o menor dos problemas. – Alister completou, pegando seu celular do bolso, abrindo a dex para ver os dados dos novos digimon, assim como Kara fez. Em sua tela, surgiram os dados da digimon canina, mostrando que seu nome era Bonniemon e seu nível era Perfeito, enquanto a tela da garota mostrava que o digimon felino se chamava Clydemon e estava no mesmo nível.
- Oh, por isso eram tão familiares... – Kara comentou, atraindo um olhar curioso dos outros. – Quer dizer, Bonnie e Clyde, os famosos bandidos de década de 30.
- Eles ainda estão no nível Perfeito, isso não é nada bom. – o alemão observou, lembrando de sua experiência com Asuramon, que estava no mesmo nível.
- Querido, o que são essas coisas quadradas que eles estão segurando? – perguntou Bonniemon enquanto se recostava contra seu parceiro, enlaçando seu braço com o próprio.
- Não sei, mas vou pegar para você, meu docinho! – Clydemon decidiu, engatilhando sua pistola em um rápido movimento. – Twisted Shot!
Após a ordem, o ladrão atirou com a arma, fazendo com que a bala saísse girando em alta velocidade. Durante o percurso, no entanto, fortes ventos foram gerados pelo giro do projétil, se dispersando assim que ele atingiu os degraus no meio da escada, lançando os rebeldes para os lados e os desorientando. Hatimon, o mais altivo, conseguiu cair de pé mais abaixo e apartou a queda de Alister com seu torso, enquanto Guilmon segurou-se em um dos corrimões com a cauda, segurando Kara com suas garras antes que ela caísse escada abaixo.
- Perfeito, amor! – comemorou a digimon canina, beijando a face do felino após o tiro.
- P-Parem com isso! – gritou ExTyranomon, com a maior parte do corpo trêmulo escondido atrás do balcão. – Eu já entreguei tudo o que tinha!
- Quieto! – Bonniemon revidou, atirando contra o balcão, fazendo um furo na madeira escura. – Estamos aqui para nos divertir!
- Bem que podiam ter dificultado um pouco, assim nem teve graça. – Clydemon parecia frustrado, levando a mão até seu blazer, tirando de lá um saquinho que tilintou ao ser movido. – E nem tivemos tanto lucro assim. Vamos ver se esses intrometidos tem algo de valor.
Dito isso, o felino colocou a arma sobre o ombro e se aproximou alguns passos do grupo, mas parou quando Hatimon lançou uma de suas esferas contra seus pés, espalhando ar frio e criando uma camada de gelo em seus pés. – Pode tirar o cavalinho da chuva, cara. – rosnou o lobo, já com as costas curvadas e os pelos eriçados.
- Seu vira-latas! Vou acabar até com as suas pulgas! – chiou o ladrão, usando sua pistola para quebrar o gelo em suas patas.
- Hatimon, não faça isso. – Alister avisou, levando uma das mãos ao dorso do parceiro, sentindo os pelos erguidos dele. – É um nível Perfeito, como Asuramon. Não podemos lidar com isso.
- Que nada! Magnamon me deu força de sobra! – revidou o digimon albino, voltando à posição ofensiva. – Vou acabar com esse cara!
- Eu quero ajudar! – Guilmon se manifestou também, descendo os degraus que faltavam com apenas com um salto, suas garras em riste.
- Que fofinho... – Bonniemon sorriu ao ver o digimon dragão olhando em sua direção. – Vou adorar te transformar numa peneira!
- Estou tão cansada de valentões... – foi a vez de Kara intervir, se colocando logo atrás de seu parceiro, apertando o celular entre as mãos. Depois de todos os problemas que havia tido com os irmãos ogro e Duskmon, a última coisa que queria era ter que lutar de novo, mas como não havia outra opção, acessou a tela com o aplicativo de evolução, sem precisar olhar para a tela, acostumada com a sequência de botões que selecionava. Não demorou muito para que as luzes vermelhas surgissem e envolvessem o corpo de Guilmon. – Tome cuidado, por favor...
- Guilmon! Evolução... – com a intensidade das luzes, Bonniemon recuou e cobriu os olhos com a mão, enquanto o corpo do pequeno dragão se tornava maior. – Thorndramon!
- Só ficou maior? Esperava mais. – a inimiga inclinou a face para o lado, não muito impressionada com a mudança. Lépida, ela atirou contra o dragão. – Smokin’ Every Shot!
Naquele ataque, ao invés de uma bala ser disparada, uma pequena esfera voou na direção de Thorndramon, explodindo ao tocar em sua pele, liberando uma densa nuvem de fumaça que se espalhou em várias cores. Surpreso, o rebelde cobriu o focinho com uma das mãos e recuou alguns passos, sem conseguir ver nada nas cores ondulantes que se erguiam. Não bastasse isso, o lado onde Clydemon e Hatimon se enfrentavam também ficou coberto, ocultando todos os quatro de vista.
- Dispersem essa fumaça! – Alister ergueu a voz enquanto subia alguns degraus para tentar ter uma visão melhor da batalha. Temia que pudesse causar dano caso fosse inalada, também. Thorndramon foi o primeiro a reagir.
- Fire Spine! – atacou, agitando os braços para lançar os espinhos cobertos de fogo em todas as direções. Infelizmente, assim que tocaram a fumaça, a mesma inflamou, criando várias pequenas explosões que o fizeram recuar mais ainda, esmagando alguns degraus ao se apoiar neles para não cair.
- Thorndramon! – Hatimon percebeu o ocorrido e sem perder tempo, tomou impulso para um salto, saindo de dentro da nuvem colorida por alguns segundos. Foi tempo suficiente para disparar outra esfera negra para cima. – Freezing Eclipse!
- Como vocês são idiotas! – ao mesmo que o lobo, Clydemon também saltou, com sua pistola em mãos. – Twisted Shot! – atirou mirando no ataque anterior do rebelde, fazendo com que a esfera quebrasse antes do tempo e o frio dela se espalhasse com mais intensidade graças ao vento de seu tiro.
Apesar de ser resistente à baixa temperatura, o digimon branco acabou lançado para o alto da escada, fincando suas garras no chão enquanto escorregava pelo chão, conseguindo amortecer grande parte do impacto quando bateu em uma das paredes. – Ai, ai... – gemeu, ofegante. – Esses aí vão dar trabalho...
Enquanto a fumaça se dispersava graças ao choque dos dois golpes, Bonniemon se colocou à frente de seu parceiro enquanto ele caía de pé no chão. – Perfeito, amor! Agora é a minha vez! Intertwining Shot! – disparou novamente contra Thorndramon, que ainda não tinha o campo de visão totalmente limpo. Esse tiro, diferente dos outros, deixou um rastro dourado e fino enquanto avançava.
- Draco Punch! – nervoso pela situação, o dragão atacou com seu punho, mas antes que a bala o atingisse, mudou seu rumo, voando para suas costas e dando a volta para passar em volta de suas pernas. O fino rastro se esticava enquanto o projétil voejava em volta de seu alvo, até que por fim explodiu com um estalido. Só então o fio que despendia encolheu, prendendo o corpo do digimon rubro, apertando-o como se fossem cordas e fazendo com que perdesse o equilíbrio, caindo contra as escadas.
- Thorndramon! – esquecendo do perigo, Kara foi até seu parceiro, tentando soltar a fina que amarrava seu corpo, mas era tão rígida quanto ferro.
- Eu cuido disso! – Hatimon se apressou a ajuda-lo com suas garras, mas recuou quando um tiro simples atingiu o chão entre suas patas dianteiras.
- Ainda não, vira-latas. – Clydemon se apressou e saltou os degraus por cima do dragão caído, pousando no meio da escadaria para desatar a correr, disparando novamente contra o rebelde. Restou ao lobo a opção de avançar pelos corredores, com o felino em seu encalço, deixando balas pregadas nas paredes enquanto tentava acompanha-lo.
- Ei, Clyde! Idiota, não se deixa uma dama sozinha durante uma luta! – espantada com a ação de seu parceiro, Bonniemon passou a gritar para o segundo andar. – Você vai dormir no sofá hoje!
Aproveitando a distração dela, Alister correu até a garota, segurando em seu ombro. – Temos que sair daqui... – começou, tentando encontrar a melhor saída para aquela situação desesperadora.
- Não vou sair! – para seu espanto, Kara o cortou com um tom raivoso, com as mãos lanhadas pelo esforço em puxar as amarras de seu digimon. – Se ela quiser fazer mal ao Guil, vai ter que...
- Fazer o que, pirralha? – a ladra interrompeu, com sua pistola apontada para os dois humanos. Para ela, deviam ser apenas dois digimon de nível Novato. – Passar por cima de você? Com prazer.
Prevendo o ataque, o garoto procurou se colocar na frente da mira da pistola, mas antes que o tiro fosse disparado, uma série de corações atingiram Bonniemon pela lateral. – Mas que diabos? – ela rosnou, tropeçando para não cair.
- P-Pretty A-A-Attack! – disse ExTyranomon com a voz falha, enquanto seus braços estavam cobertos pelo que pareciam almofadinhas rosadas em forma de coração. Ele as atirava como se fossem travesseiros, mas eram mais pesadas do que pareciam, pois quase derrubavam a ladra enquanto ela tentava destruir todos com seus tiros.
- Muito bom! – apesar de saber que o dinossauro de pelúcia não tinha muitas chances, Alister tentou mantê-lo animado para que não parasse de atacar. Imaginava que seu tom não era um convincente, logo se voltando para a companheira ao lado. – Não temos como lutar assim, é melhor irmos e...
Para sua frustração, Kara negou com a face, com finas linhas de sangue pelas mãos quando ela soltou as amarras de Thorndramon. O dragão continuava a se debater contra as cordas, mas tanto as garras quanto as mandíbulas estavam contidas. – Eu não recebi isso para deixar ele sozinho! – a menina ergueu a voz sem perceber, enquanto pegava o celular e mostrava para o outro.
Por um momento, Alister não reagiu ao encarar a tela do aparelho, o espanto se tornando maior a cada segundo. – Kara! O seu celular! – ele apontou, deixando-a confusa. – Você viu a sua tela de evolução?
- O que? – ela não entendeu a mudança de assunto, mas virou o celular em sua direção para ver se havia diferença. Para sua surpresa, havia uma nova barra de porcentagem disponível, com a forma Perfeita. – Quando eu...? – se perguntou, antes de olhar para seu mais recente machucado na mão direita. Soube, ainda que não pudesse explicar como, que havia ativado a nova evolução quando Duskmon os havia atacado.
- Podemos ter uma chance. – o alemão estava visivelmente se esforçando para pensar positivo, e em troca, Kara concordou com a face antes de se voltar para seu parceiro.
- Vamos fazer isso, Guil. – ela pediu, apoiando uma das mãos na face do dragão, enquanto com a outra, selecionava a nova opção evolutiva na tela.
Não levou mais do que um segundo para que a tela passasse a emitir as ofuscantes luzes vermelhas, que arrebentaram as amarras de Thorndramon antes que cobrirem-no por completo. Ele se levantou durante a mudança, e no fim sua altura não teve alteração alguma, mas seu corpo sim. Os espinhos haviam sumido, dando lugar a grossas placas de metal negro e ligeiramente recurvadas que se ajustavam com perfeição no corpo alongado do dragão. As proteções cobriam a parte de cima de seus pés, as coxas, boa parte do tronco, dos braços e da cauda. O conjunto se completava com um elmo com bordas douradas e lâminas sobre seus chifres, e na parte inferior dos braços, o metal era mais denso, formando duas manoplas grandes e robustas, com aberturas para que as garras agora negras saíssem. Ao fim da evolução, o novo digimon olhou para as próprias garras, soltando uma pequena nuvem de fumaça quando virou a face para trás.
- Kara-chan, eu consegui! – gritou com um largo sorriso e os braços erguidos, desfazendo a imagem ameaçadora que passava.
- Eu sabia, Guil! – Kara não resistiu a sorrir de leve, mas ao olhar para seu celular, a dex indicou o seu novo nome. – Quer dizer... Kaiserdramon.
- Impressionante... – Alister deixou escapar, pois apesar das mudanças serem poucas, o dragão estava visivelmente mais poderoso.
- Mas que desaforo é esse? – a voz de Bonniemon chamou a atenção do trio. Pelo rastro de furos que cobria o balcão da recepção, ela havia conseguido deter ExTyranomon, mas felizmente era possível ouvir seus gemidos assustados do outro lado, então ele estava vivo. – Você troca de roupa e acha que já pode me enfrentar?
- Você não vai mais fazer mal a ninguém! – decidido, Kaiserdramon avançou alguns passos, se colocando à frente dos dois humanos. Apesar da personalidade ainda parecer infantil, estava decidido.
- Me poupe, seu pirralho. – a ladra estralou a língua, atirando novamente com sua pistola. –Smokin’ Every Shot!
Com o disparo, a fumaça colorida começou a se espalhar como da última vez, mas o dragão já estava preparado a essa altura. – Gaelic Fire! – revidou, abrindo as mandíbulas para lançar uma forte rajada de fogo azulado. Diferente das chamas de Thorndramon, estas não explodiram ao entrar em contato com a nuvem colorida, mas a consumiu por completo, sem interromper seu caminho em direção a Bonniemon, que não viu alternativa senão saltar para trás. Mas antes que um incêndio começasse, Kaiserdramon ergueu as mãos enquanto duas cavidades se abriam em suas manoplas, absorvendo as chamas em questão de segundos.
- Se acha que isso é suficiente, está enganado. – a digimon canina estava visivelmente irritada com a situação, utilizando outro golpe. – Bullet Party! – ordenou ao atirar, fazendo com que sua pistola disparasse múltiplas balas de uma única vez, seguindo caminhos espiralados para atingir vários pontos diferentes do inimigo.
O dragão, ao perceber sua intenção, rosnou baixo antes de esticar os braços, para logo em seguida as placas de metal se erguerem, permanecendo ligadas a seu corpo apenas pelas dobras. – Living Shield! – ele disse com um tom mais alto, e como uma criatura viva, a armadura passou a girar suas peças na direção em que as balas seguiam, fazendo com que batessem contra o metal e caíssem amassadas ao chão.
- O que? – de tão espantada, a ladra mal teve tempo de atacar novamente, querendo combinar suas duas técnicas. – Intertwining Shot!
Como ela esperava, seu tiro voltou a rodear o corpo do rebelde, deixando seu rastro dourado. Mas antes que a corda envolvesse o corpo de Kaiserdramon, as cavidades de suas manoplas se abriram novamente, liberando o fogo azulado que havia sugado antes. – HellFire Tail! – foi a sua vez de revidar, fazendo com que quatro linhas de chamas se formassem, como se fossem chicotes ou mesmo longas caudas. Com isso, Kaiserdramon precisava apenas de leves movimentos com as mãos para que as linhas de fogo azul o obedecessem, de forma que se esticaram em quatro direções diferentes, não apenas bloqueando o rastro dourado de Bonniemon, como também o reduzindo a cinzas.
- Como...? COMO?! – ao ter todos os seus ataques bloqueados, a ladra saiu de controle, rosnando enquanto falava, como um cão raivoso.
- Vamos parar com isso... – para surpresa dela, o dragão pediu, hesitante. Ele podia não conhecer totalmente seu novo corpo na forma Perfeita, mas estava muito maior e forte fisicamente do que sua inimiga, por isso até o momento só atacava de longe.
- Seu lagarto estúpido! – a digimon canina o interrompeu, erguendo seu olhar para as escadas e abrindo um pequeno sorriso mesmo ainda rosnando.
Com outro salto, ela subiu vários metros acima do chão e engatilhou sua pistola, fazendo mira agora atrás de Kaiserdramon, no exato lugar onde estavam os dois humanos. O dragão olhou para trás e, em um gesto protetor, Kara agarrou a mão de Alister e o puxou para mais perto, mas o que realmente impediu o ataque foi uma bola de energia negra que voou e atingiu Bonniemon na lateral de seu corpo, derrubando-a contra uma das paredes.
- Eu consegui... – um trêmulo ExTyranomon surgiu detrás do balcão, logo após ter lançado o golpe.
- O-Obrigado...! – Alister estava tremendo tanto quanto o dinossauro de pelúcia, mas era difícil saber se pelo medo, ou se pelo fato de que ainda estava segurando a mão de Kara.
- É sua chance, Guil! – a garota estava concentrada na ladra, que já tentava se erguer, com pequenos gemidos.
- HellFire Tail! – ainda com as cordas de fogo sob seu controle, Kaiserdramon as lançou na direção de Bonniemon, mas não de forma a queimá-la. Pelo contrário, fez com que as chamas a cercassem, flutuando alguns centímetros acima de seu corpo, de forma que poderia se queimar caso tentasse se mover. Ela logo percebeu aquilo e não tentou escapar, mas sua raiva era notável pelos rosnados. – Isso deve resolver...
- Temos que deter o outro também! – foi a vez do garoto grisalho lembrar, se voltando para as escadas, já não conseguindo mais ouvir os tiros de Clydemon.
--
- Não acredito que fiz isso... – gemeu Hatimon enquanto corria pelos corredores, desviando e fazendo curvas para evitar ser atingido, ainda que seu pelo estivesse cheio de marcas de queimado onde as balas haviam raspado. Para sua sorte, o ladrão não parecia ser bom em atirar em movimento.
- Para onde você vai, cachorrinho? Volte, volte! – gritava ele, a cada tiro.
- EU NÃO SOU CACHORRO, CARA! – irritado, o lupino virou a face para responder, mas abaixou as orelhas quando uma bala passou raspando entre elas. – Tá louco, ele deve ser complexado com cães...
A essa altura, ambos já haviam chegado ao quarto andar, deixando os pisos anteriores com inúmeros buracos nas paredes e móveis derrubados, embora os obstáculos não tivessem ajudado em nada para deter a perseguição. Hatimon sabia que não tinha mais para onde fugir e isso o preocupava, pois novamente não tinha condições de enfrentar um nível Perfeito sozinho, e ainda havia a preocupação com Alister e Kara, que haviam sido deixados com Thorndramon. Não sabia que o dragão havia conseguido evoluir, então imaginava que seria derrota em breve caso não fosse ajuda-lo.
- Droga... O que eu faço? – se perguntou enquanto dobrava o último corredor, percebendo tardiamente que não havia saída, somente uma janela e vários quartos trancados.
Assim que o lobo parou, o felino veio logo atrás, bloqueando seu caminho de volta. – Acabou, cachorrinho. – riu o ladrão, ajeitando melhor a arma entre as mãos para fazer mira.
- Quer saber? Você já tá me irritando! – uma vez que não tinha outras opções, Hatimon se virou para encará-lo, rosnando baixo.
- Ai, que medo... – ironizou o outro, sem perder tempo em atacar. – Twisted Shot!
- Freezing Eclipse!
Quando os golpes se chocaram, a névoa gelada se espalhou pelo corredor, ocultando a vista dos dois, pois o espaço era pouco. O rebelde sabia o que aconteceria, e abaixou a face, se concentrando apenas no faro para descobrir onde estava o seu inimigo. Era uma tática arriscada, mas para sua sorte, não demorou para encontrar o rastro que queria, correndo por entre a névoa branca até chegar diante de Clydemon, que tentava liberar sua vista agitando sua pistola para os lados.
- Freezing Eclipse! – ele atacou novamente, agora de perto. Com isso, conseguiu que a esfera negra atingisse e se quebrasse no rosto do ladrão, jogando-o para trás.
Como um legítimo gato, Clydemon caiu de pé, com seus pelos cobertos de gelo e o corpo tremendo. – S-Seu maldito... Eu irei...
- Crescent Blade! – sem perder tempo, Hatimon saltou sobre o felino, derrubando-o no chão e fazendo com que sua pistola voasse para alguns metros ao lado, longe de seu alcance. Com as garras crescidas, passou a golpear o ladrão na altura do peito e do rosto, fazendo-lhe longos vergões e rasgos em suas roupas desalinhadas.
- Já chega! – o digimon gato revidou fechando um dos punhos, atingindo o rebelde no rosto com um soco lateral, com força o bastante para jogá-lo novamente para trás. Enquanto ele caía no meio do corredor, Clydemon aproveitou para se erguer novamente, olhando para as roupas em frangalhos. – Já vi que terei que apelar com você, mesmo sendo só um Campeão.
E dito isso, ele colocou a mão dentro do bolso da calça, tirando uma pistola tão pequena que mal era vista em sua mão. – Short Shot! – ordenou enquanto disparava, apenas um estalido agudo saindo junto ao tiro. A bala, no entanto, causou uma forte explosão quando atingiu o chão, fazendo com que Hatimon fosse atirado contra a parede, mal se mantendo de pé depois disso.
O lobo não esperava por algo assim, saindo com alguns pelos queimados na parte do peito, embora não fosse nada tão grave quanto as queimaduras que tivera com Asuramon. O ladrão também pareceu surpreso, mas avançou mais alguns passos, com a pistola apontada para sua face.
- Você teve sorte, vira-latas. Mas foi a última vez. – quando Clydemon se aproximou, Hatimon tentou recuar, mas já estava contra a parede, e sabia que nenhum ataque seu seria rápido o bastante para deter o tiro.
Mas, antes que o felino disparasse, o suave som de vidro trincando chamou sua atenção. Foi preciso apenas um segundo para que a janela toda quebrasse do lado de fora, e mesmo que se abaixasse para se proteger dos cacos de vidro, o lobo viu alguma coisa indistinta agarrar Clydemon e puxá-lo para fora, deixando o outro sozinho no corredor.
- Mas que...? – se perguntou, observando várias penas escuras caídas. – Qual é, eu podia ter vencido sozinho...
Sua fala foi interrompida pelo som de dois tiros e inconfundível grito de dor de Clydemon, antes que o som cessar de forma abrupta, como se ele tivesse sido calado. Preocupado que a mesma “coisa” fosse atrás de seus companheiros, Hatimon correu de volta para o saguão de entrada o mais rápido que podia. Em poucos minutos já estava no segundo piso, mas assim que chegou à escadaria, esbarrou com Kaiserdramon no momento em que ele subia os degraus a sua procura. O resultado foi que ambos caíram “embolados” pela escada, as luzes abandonando seus corpos até que chegassem ao chão nas formas de Gabumon e Gigimon.
- Você tava com uma armadura? – perguntou o digimon branco, surpreso, enquanto se sentava.
- Eu evoluí! – respondeu o pequeno digimon vermelho, se pondo de pé em um salto e agitando seu corpo que mais parecia uma bolinha com patas. – Eu era Kaiserdramon!
- Gabumon! – a conversa foi interrompida por Alister, que chegou correndo, se abaixando ao seu lado. – Está bem?
- O que aconteceu com Clydemon? – Kara apareceu logo depois, se abaixando para recolher Gigimon nos braços, segurando-o contra o peito.
- Ah, bem... – ao se erguer, Gabumon percebeu que Bonniemon estava presa pelo que pareciam ser cordas de fogo rodeando seu corpo, e ExTyranomon ainda escondido atrás de seu balcão. – Eu não sei, alguma coisa apareceu e...
Pela segunda vez, ele foi interrompido pelo horrível barulho de vidro quebrando quando Clydemon foi atirado para dentro do saguão por uma das janelas laterais. O felino estava inconsciente, respirando com dificuldade e com seu corpo repleto de cortes longos e feios, algumas penas entre suas roupas. Surpresos com aquilo, todos fiaram calados por um longo momento, menos Bonniemon, que se apavorou com o estado de seu companheiro.
- Clyde! O que eles fizeram?! CLYDE! – como ele não reagiu a seus gritos, a ladra agiu sem pensar e forçou-se a levantar, atravessando as chamas que a prendiam. Ela conseguiu dar alguns passos na direção do felino, mas seu corpo queimado caiu sobre o de seu parceiro, com ambos agora desacordados pelos danos.
- Você fez isso com ele? – ainda surpreso, Alister se virou para seu digimon, que negou com a face.
- Era isso que eu estava dizendo... Alguma coisa agarrou ele e levou para fora, mas não consegui ver o que era. – após se explicar, Gabumon foi até os dois ladrões caídos, pegando uma das penas negras sobre o felino. Sua expressão se fechou ao farejá-la. – É o mesmo cheiro das penas que acharam no seu quarto, Kara.
Ao ouvi-lo, a garota sentiu o corpo tremer e abraçou Gigimon mais forte contra o peito. Estava apavorada com a ideia de que alguém os estivesse seguindo, mas antes que pudesse dizer algo, ExTyranomon saiu de trás de seu balcão. – Não se preocupem... Logo a polícia vai chegar e eles vão resolver isso...
- Espere um momento. – pediu o garoto grisalho ao ouvir o dinossauro de pelúcia, erguendo uma das mãos. – Está dizendo... Que podíamos ter esperado a polícia esse tempo todo?
--
Depois que deixou “delicadamente” Clydemon de volta no hotel, a forma negra estendeu suas asas e planou até voltar ao telhado, abandonando sua real forma para voltar a ser apenas Falcomon. Estava um pouco ofegante quando pousou sobre as telhas, não pelo cansaço, mas pelo esforço em se controlar depois de ter atacado de forma tão violenta. Com um suspiro, sentou-se e olhou para a asa direita que agora tinha dois furos, causados pelo ladrão quando ele tentou se soltar de suas garras. Após constatar que não era um dano sério, desviou seu olhar para a asa esquerda. Ainda que ela não tivesse nenhum ferimento, apenas uma grande a antiga cicatriz que se estendia pelo ombro e chegava até as costas, ela estava tremendo um pouco, o que dificultou quando colocou as penas da ponta dentro dos buracos de bala, cutucando ali até encontrar cada uma das balas e puxar para fora.
- É, fazia tempo que não levava um tiro. – comentou para si mesmo enquanto jogava os projéteis para longe, sem sinais de dor em sua expressão, como se fosse algo que fizesse com naturalidade. Depois, olhou para si mesmo, voltando a se irritar. – Argh, não aguento mais ficar nessa forma...
Spirit
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Re: Digimon - Digital Rebellion
Antes de tudo muito obrigado pelos esclarecimentos que me deu Spirit sobre minhas perguntas do capitulo anterior . Sobre os Digimon fã made que eu lhe sugeri sinta-se livre para usar qualquer um deles se desejar na sua fanfic . E eis que Kara e Guilmon se encontram com Alister e o eletrico Hatimon . Poxa o Lobo Branco Digimon estava parecendo um personagem de desenho animado de tão cheio de animação . Já começou com os mini-Bakemon e continuou por todo o caminho até a cidade onde se reencontraram com Kara e Guilmon . Mas eis que surgem os equivalentes Digimon de Jesse e James da Equipe Rocket Bonniemon e Clydemon . Só faltou eles terem um " Poema de Entrada " que nem a Equipe Rocket ( Você Sabe : " Para Proteger o Mundo da Devastação . Para unir todos os povos de nossa nação etc , etc e etc " ) . Adorei a descrição dos dois Spirit você foi muito criativa e eu imaginei dois Digimon com visuais daqueles personagens de desenhos animados da decada de 30 igual os que apareciam nos desenhos do Gato Felix , Mickey Mouse , Patolino , Pernalonga e nos desenhos da Warner . E os dois eram Digimon do Nível Perfeito adorei isso . E o Hatimon safadinho ficou caidinho por Bonniemon XD . Realmente eles foram adversarios muito dificeis para os dois Digimon Rebeldes que tiveram que penar para enfrenta-los . Mas ou era isso ou eles " limpavam " todo dinheiro de Kara e Alister e se bobeasse ainda lhes tomavam os Digivices . A luta foi muito dificil principalmente por que Bonniemon e Clydemon mostraram que tamanho não é documento e mostraram-se adversarios mais do que a altura de Thorndramon e Hatimon que continuava " eletrico " . Quando Hatimon foi obrigado a fugir após Clydemon ir em sua perseguição e Bonniemon imobilizar Thorndramon e ameaçar Kara e Alister provocando a inesperada ajuda de ExTyranomon porque Kara se recusava a abandonar Thorndramon eis que ocorreu o momento maximo da fanfic Thorndramon evoluiu para sua forma Nível Ultimate / Perfect de "Kaiserdramon" . Adorei esse Digimon imaginei uma versão evoluida de Guilmon que mesclava os visuais de Cyberdramon e BurningGreymon só que com o visual de um Dragão Vermelho Humanoide . Legal a maneira como ele conservava a personalidade de Guilmon chegando num ponto que ele não queria mais lutar e provocar mais destruição e tentou ir embora levando consigo Kara e Alister . Mas a Digimon Gangster não estava disposta a desistir então Kaiserdramon a imobilizou de forma pacifica . Voltando ao " eletrico " Hatimon ele correndo pelos quartos do Hoteu com Clydemon foi de tirar o folego . Quando não tinha mais para onde correr e teve que enfrentar o Digimon Gangster a luta foi emocionante . Até que Clydemon perdeu a paciência e decidiu usar seu revolver microscopico que dava tiros devastadores . Me lembrou o " Noisy Cricket " de J em " Homens de Preto " . Mas ai ... " Algo ou ' Alguem ' " interfere . Pobre do Clydemon tomou uma surra quase foi rasgado em pedaços . E quando Hatimon e Kaiserdramon se encontram e os dois voltam as suas formas nível novato com aquela expressão de " O Que ? " no rosto eis que descobrimos que foi Falcomon que os ajudou . Mas perai ? Ele disse " – Argh, não aguento mais ficar nessa forma... " . Spirit ... ? Que que você esta escondendo a respeito de Falcomon ? Por acaso na verdade ele é um" Ravemon disfarçado de Falcomon " ? Enfim otimo capitulo aguardo mais .
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Heeey, Kaiser, é sempre bom ver você por aqui! Como sempre, vamos pra minha básica resposta em tópicos para não me perder. xD
- Bom, a personalidade do Gabumon/Hatimon é pra ser mais animada mesmo, porque vejo muito ele como um digimon canino, e cães sempre me remetem a esses comportamentos meio doidos. (E eu também sempre achei ao Bakemon mais engraçados do que assustadores, mesmo com aquele episódio de Adventure).
- Nossa, eu nem tinha visto a semelhança com a Equipe Rocket, cara, e pior que tem jeito mesmo. Se bem que não é a mesma coisa sem o Meowth junto. xD Bem, como todo digimon Perfeito, não tinha como ser fácil de vencer por um digimon normal, e eu tava a um tempo querendo trabalhar com essa dificuldade, ainda mais depois de usar o Asuramon. Sei lá, gosto de trabalhar com essa coisa de níveis.
- Ainda to querendo desenhar o Kaiserdramon (meu deus, eu to devendo tanto desenho), mas a ideia era que tivesse um visual bem imperador e guerreiro, mais puxado pra um Cyberdamon medieval... (Isso faz sentido?) Até porque esse tipo de aparência ficaria um contraste com a personalidade do Guilmon, que é o forte dele, claro. Pra mim chega a ser estranho imaginar uma personalidade séria pra ele.
- Mano, a referência do J e sua arma eu acabei vendo só depois, mas geralmente tem o toque legal de “arma secreta mais forte”, e ainda mais como ladrão, ele tem que ter esses truques...
- Uau, finalmente conseguindo trabalhar melhor com o Falcomon, embora eu não possa contar ainda! Pare de usar meu digimon favorito pra descobrir. ç_ç Enfim, ainda tem muito eu ver dele, hein!
E pra terminar bem... Capítulo novo!
Capítulo 15:
Como Peças de um Quebra-Cabeça
Quando Hime acordou, uma música instrumental e suave ecoava, deixando-a mais calma. Ao se sentar, percebeu que estava deitada sobre um divã forrado em veludo vermelho, e que a sala onde se encontrava estava repleta de estantes com livros, tantos que ela nem conseguia contar. E, logo diante dela havia uma mesa de madeira escura com algumas cadeiras confortáveis a sua volta e um gramofone rodando um disco, que era a fonte da música que enchia o ambiente. Em uma das cadeiras, Duskmon segurava um dos livros entre suas cabeças ósseas, tão concentrado na leitura que seus demais olhos nem percebiam o que acontecia a sua volta.
- É uma boa história? – perguntou a menina, fazendo-o se espantar, voltando a face e todos os olhos pelo corpo em sua direção.
- Hime, você está bem? – o digimon se apressou a perguntar, indo até sua parceira e se abaixando na frente do divã. – Não achei que acordaria tão cedo.
- Não se preocupe, foi apenas um sonho ruim. – ela procurou acalma-lo, levando a mão até seu rosto. Seu elmo havia se refeito na parte que havia sido quebrada por Nyxmon, mas uma suave marca vermelha era visível sob a pele exposta sob seu olho, onde Kara havia atingido.
- Fiz você ver coisas horríveis. – em sinal de nervosismo, as cabeças ósseas de Duskmon rangeram as presas. – Não sei como fiz aquilo, mas não vai mais acontecer.
- Ouji-chan. – interrompeu a garota, colocando as mãos sobre as dele, fazendo com que parassem de se mover. – Você não fez nada comigo e...
- Hime, eu vi tudo o que você viu. – ele a interrompeu, abaixando um pouco a face. Seu tom havia se tornado assustadoramente furioso, a ponto de fazê-la sentir um calafrio. – O que aquele homem, aquele animal fez.
- Está tudo bem. – para chamar sua atenção, Hime colocou a mão em seu queixo, fazendo com que erguesse a face. Estava novamente com seu sorriso encantador e gentil. – Os Cinco me tiraram dele e trouxeram para cá. Por isso temos que ajuda-los, não é?
Duskmon não a respondeu por um longo momento, observando a expressão que a menina sempre exibia quando seguia as ordens de seus superiores, não importava quão terríveis elas fossem. Sabia que era uma máscara usada para esconder o quanto se sentia mal pelo que fazia, pois agora ele entendia quão grande era dívida que ela tinha para com os Cinco. Prometeu a si mesmo que voltaria ao mundo humano e mataria aquele homem quando tivesse chance, para logo depois concordar com a face. – Sim, é claro. Devemos muito a eles.
Percebendo que o digimon ainda estava incomodado, a jovem decidiu mudar de assunto, apontando com a face para o livro que ele havia largado na mesa. – O que estava lendo?
- Ah, isso... É apenas um conto antigo. – com o interesse, ele se ergueu e buscou o volume, entregando para que Hime pudesse ver de perto. O objeto estava encadernado em couro antigo e a figura na capa estava avariada, mas parecia ser uma espécie de anjo ou ser alado. Como ela ainda estava curiosa, resolveu explicar. – A história diz que em um passado muito antigo, a maldade corrompeu quase todos os seres vivos, forçando a Divindade a criar um novo digimon, chamado de Housoushimon. Ele era capaz de expulsar todo o mal e purificar qualquer um e o fez por muitos anos, mas quanto mais ele purificava, mais seres malignos apareciam, até o housoushi caiu em desespero e desafiou a própria Divindade.
- E depois? – a menina perguntou, sem desviar o olhar da figura embaçada na capa de couro.
- Não há um final definido, mas o doutor Jekyllmon escreveu várias teorias sobre. – a resposta de Duskmon fez com que sua parceira o olhasse, confusa.
- Esse livro é do doutor? – questionou só por garantia, pois aquele tipo de conto não parecia combinar com o médico tão austero.
- Ele tem interesses... Diversos. – o digimon negro se esforçou para não desviar o olhar com a última palavra, pois ainda não podia contar a Hime sobre os “gostos” de Jekyllmon. – Mas há livros do interesse de todos os Cinco, afinal é a biblioteca particular deles.
- Como conseguiu entrar aqui? – até onde a menina sabia, havia locais cujo acesso só era permitido ao grupo de elite e à própria governante, inclusive o que estavam agora.
- Um anjo nos trouxe. – ele respondeu sem maiores detalhes. HolyAngemon havia se arriscado muito ao trazê-los até ali e até mesmo usar suas habilidades curativas no digimon negro, então o mínimo que podia fazer para retribuir era não contar a ninguém sobre isso.
- Entendo... – como Duskmon não fez questão de explicar, Hime também não insistiu. Deixou então o livro de lado sobre o divã, dobrando os joelhos a fim de abraça-los. – Os rebeldes estão aqui...
- Sim, eles nos seguiram.
- E não podemos mais voltar ao meu mundo porque o digivice do antigo Visitante foi roubado. – ela continuou, vendo a expressão de seu parceiro, algo difícil de decifrar. Ninguém sabia como, mas a poderosa relíquia do humano anterior a ela havia desaparecido da sala protegida onde era guardada por dois SlashAngemon. O caso havia sido abafado, naturalmente, para não causar pânico no povo. – Não temos como trazer aliados para cá até lá.
- Talvez seja melhor assim. – os diversos olhos do digimon se retraíram ao se lembrar de quando estivera na sala secreta de Jekyllmon e havia visto o que ele guardava lá. – Além disso, eles são fracos, escapam por pura sorte. Se algo pior acontecer, eu também posso evoluir.
A última frase havia sido dita com certa hesitação, fazendo Hime se perguntar por que ele nunca havia mostrado sua forma Perfeita, embora estivesse a sua disposição. Na única vez em que perguntou, ele se limitou a dizer que podia resolver tudo com sua forma atual.
- Vamos. – a voz de Duskmon a fez voltar a realidade, percebendo que ele já estava de pé. – Agora que acordou, precisa voltar a seus afazeres, muitos líderes querem conhece-la.
- Não gosto desses encontros... – incomodada, a menina encheu as bochechas de ar, soltando logo em seguida. Sentia-se como um cão adestrado, que apenas servia para ser mostrado ao público. – Prefiro estar com você.
- Mas eu estou sempre com você. – disse o digimon enquanto se aproximava, estendendo o braço para ajuda-la a se erguer. Logo em seguida, rumou para a parede mais próxima, encostando-se nela para que seu corpo se fundisse às sombras e desaparecesse. – Afinal, você é a razão da minha existência.
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- Como pôde permitir que isso acontecesse? – acusou Thronemon, voltando a face para Arashmon, que estava logo a sua frente. – Você é o responsável pelo exército, e isso inclui os guardas.
Em uma de suas salas particulares, quatro dos Cinco estavam reunidos. O local era elegante e contava com altas janelas, que estavam ocultas por grossas cortinas, mergulhando o local em sombras e impedindo que os quadros pendurados pudessem ser vistos. Um das paredes estava escondida atrás de uma grande estante com documentos confiscados, mas não havia nenhum outro móvel decorativo. No centro do aposento, uma mesa de formato hexagonal era cercada por cadeiras de madeira escura e forro confortável, tendo o assento de Jekyllmon e do próprio rei desocupado. Em tempos antigos, o rei ou a rainha costumava se reunir com os Cinco, mas as últimas gerações de monarcas havia se tornado ociosas, deixando o trabalho exclusivamente para o conselho.
- Eles foram punidos pelo erro. – rebateu o guerreiro felino, retraindo o canto dos lábios para mostrar as presas. – O que está feito, está feito. Estamos vasculhando as rotas do mercado negro e interrogando os suspeitos, mas a menos que a Divindade escute as suas preces e faça o digivice aparecer magicamente no seu colo, isso é o melhor que posso fazer.
- Não blasfeme desse jeito. – disse o anjo, apoiando as mãos sobre a mesa, com suas asas eriçadas.
- Ah, tudo é blasfêmia para você. Me poupe. – interrompeu Morgainemon, com a face apoiadas em uma das mãos, movendo levemente o leque na frente da face usando a outra. – Francamente, vocês dois. Ele estava um passo a nossa frente, sabia o momento em que nenhum de nós estaria e quando os rebeldes humanos viriam para nosso mundo, de forma que não podemos mais ter acesso ao Outro Mundo para trazer aliados. E vocês não acham que um simples ladrãozinho derrotaria dois digimon Extremo sozinho, não é?
- Então, estamos lidando com um atentado rebelde. – Arashmon concluiu, dobrando os braços sobre a mesa em uma postura casual, ao contrário dos demais. Vivia entre soldados e não nobres, logo tinha seus hábitos.
- E segundo os relatos, os rebeldes trouxeram seus próprios humanos para cá. – concordou o digimon sagrado. – Eles estão em vantagem, precisamos encontra-los e eliminá-los o quanto antes.
- Até quando vocês vão repetir o óbvio? – novamente, Morgainemon alfinetou. Ela lançou um breve olhar para seu lado, onde Nyxmon se encontrava. Como em todas as reuniões anteriores, a digimon apenas os observava com um leve sorriso indecifrável, sem se mover, sem nada dizer. Ainda assim, ninguém contestava sua presença ou importância ali. – Precisamos usar todos os recursos para encontra-los, rapazes.
- Usaremos os Cavaleiros Reais. – o guerreiro felino, coçando uma das longas orelhas. – São a nossa maior força de combate, uns poucos digimon Novato não terão chance.
- Nem todos eles são confiáveis. – apontou Thronemon, com sua feição se fechando novamente. – Olhe para eles, com uma fusão, um tipo Armadura, comportamentos viciosos... Eles se desviaram do caminho da Divindade há muito tempo.
- Impressão minha, ou você não consegue ficar cinco minutos sem falar “a Divindade”? – zombou Arashmon com um meio sorriso, que se tornou mais evidente com o olhar irritado do Senhor dos Anjos. – Aliás, Jekyllmon não virá dessa vez?
- Não, ele disse que está ocupado com nosso novo projeto. – respondeu a digimon fada, com o leque escondendo a parte inferior de sua face, pois ela também havia achado graça na fala do guerreiro.
- “Nosso”... Eu não concordei com isso. – o anjo estava longe de se acalmar, apesar de não perder sua postura. – Permitir que ele crie uma abominação não-natural é inadmissível.
- Você não achou inadmissível quando criamos Duskmon com as trevas do Abismo. – a fala de Morgainemon arrancou um som baixo e raivoso do outro. – De qualquer forma, ele já começou com a criação, não temos nada a ganhar interrompendo seu trabalho agora.
- Só espero que não deixe esse fugir também. – o gracejo de Arashmon arrancou um riso baixo da fada e chegou a atenuar a expressão carrancuda de Thronemon. – Enfim, vou comunicar os Cavaleiros e dar início às buscas.
Com isso, o digimon felino se ergueu, dando a reunião por encerrada e deixando a sala. Mas, quando fechou a porta e se virou, chiou como um gato surpreso ao perceber que Nyxmon se encontrava logo a sua frente. Ela continuava sem se mover, como se sempre tivesse estado ali, e sua própria presença já incomodava o Guerreiro, que abaixou suas orelhas. – O que você quer?
- Que jogo interessante este... – sua voz pareceu ecoar dentro da mente de Arashmon, fazendo-o fechar os olhos por um longo momento. Quando tornou a abri-los, percebeu que estava novamente sozinho no corredor, suspirando em seguida.
- Mulheres sabem como ser assustadoras...
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Longe da Cidadela Real, nas grandes planícies gramadas do oeste, uma solitária construção era a única coisa vista por centenas de quilômetros. A quem olhasse de longe, pareceria apenas uma muralha de grossos blocos de granito claro, mas as paredes se voltavam para dentro, fazendo o muro se transformar em paredes de corredores intrincados. Tudo parecia interligado, tanto os cômodos como pátios e longos setores abertos, usados como campo de treinamento, e todos os caminhos levavam para um castelo de formas quadradas e rudimentares. Essa era a única construção que se sobressaía acima das paredes externas, possuindo diversos andares e torres. O portão duplo de madeira clara não tinha nenhum guarda, então ninguém impediu que Hackmon entrasse no local.
O digimon, que era do nível Novato ainda, se parecia com um pequeno dragão com o corpo coberto por placas de metal branco, deixando apenas seus olhos visíveis. Suas garras, no entanto, eram negras e longas, assim como o chifre em seu nariz, além de usar uma capa rubra surrada amarrada na altura do pescoço, com o capuz abaixado. Seus olhos amarelados e as orelhas pontudas viravam para os lados enquanto corria pelos corredores em busca de algum morador. Sua busca, no entanto, só teve fim quando adentrou no prédio principal e chegou a uma das salas. O espaço era largo, possuindo poucos móveis simples e uma janela aberta, mas não havia muito conforto ali, justamente para que seus moradores nunca ficassem ociosos ali. Havia mais três digimon ali, um sentado em uma cadeira diante de uma mesa pequena, outro apoiado na parede e o terceiro de costas, olhando para fora pela janela.
Aquele que estava na cadeira era Magnamon, e o que estava na parede também era da família V-mon, porém era mais alto. Seu corpo forte estava completamente coberto por placas de metal azul e prateado, sendo na verdade parte de seu corpo, como uma segunda pele, possuindo um grande V dourado no peito e um par de chifres brancos de metal. Graças ao formato afiado e futurista de sua armadura, o digimon parecia uma mistura de um dragão com um robô. Como arma, trazia dois braceletes de metal nos pulsos, do qual projetava suas espadas de energia, e suas grandes asas draconianas estavam espalhadas para os lados. Seu nome era UlforceV-dramon. Por fim, aquele que estava de costas realmente lembrava um “mecha”, com nenhuma parte orgânica visível, apenas partes metálicas brancas e ligamentos negros mantendo-as unidas. Sua armadura era alongada, com alguns pontos amarelados, como as garras dos pés, embora a maior parte ficasse oculta pela capa em suas costas. Em seu peito, um estranho símbolo havia sido pintado, mas o detalhe que mais chamava atenção eram seus braços: seu braço direito continua um escudo espinhento e azulado, ligado a uma cabeça canina mecânica e azulada, enquanto o braço esquerdo tinha o mesmo modelo, mas o escudo era reto e a parte final era uma cabeça de dinossauro alaranjada com chifres cinzentos.
- Senhor Omega! – Hackmon se referia ao digimon que estava de costas, chamado Omegamon. Logo seu olhar foi para os demais. – Senhor Ulforce! Senhor Magna!
- O que eles decidiram? – perguntou o digimon armadura.
- Os Cavaleiros Reais agora tem a missão de caçar os rebeldes e entrega-los aos Cinco. – respondeu o pequeno dragão, com suas orelhas baixas. – Shifu precisa saber disso!
- Relaxa, garoto, Gankoomon já deve saber. – UlforceV-dramon fez um gesto de descaso com a mão, mas suspirou frustrado em seguida. – Mas que sacanagem, viu? Como vamos impedir os outros de pegarem os rebeldes?
- Teremos que vigiar nossos próprios companheiros. – respondeu Omegamon, ainda sem se virar, com um tom controlado e sério. – Será difícil e precisaremos de discrição, pois nossos superiores não podem desconfiar do que acontece. Os rebeldes ainda não tem todo o apoio que precisam, e os Visitantes ainda não estão com eles.
- Sabemos que dois deles já estão a caminho, espero que se saiam bem sozinhos. – comentou Magnamon, sabendo que não poderiam dar apoio aos humanos sem serem descobertos.
- Aaah, isso vai dar um trabalhão... – gemeu o dragão futurista, se curvando com uma expressão frustrada. Sua reação fez com que o cavaleiro branco se virasse com um olhar repreensivo em seus olhos verdes.
- Isto é para o bem de nosso mundo. – respondeu, como um pai que dá um sermão ao filho.
- Também não estamos em uma situação tão ruim. – completou o cavaleiro dourado, mais calmo. – Afinal, o primeiro digivice foi tirado dos Cinco, então eles não podem chamar novos Visitantes para apoio.
- Sim, Magnamon. Se os planos correrem como o previsto, logo teremos o digivice também. Assim como trouxeram os novos Visitantes, acredito que os rebeldes poderão trazer de volta o anterior. – durante toda a fala, o tom de Omegamon permaneceu controlado e pensativo, mas em seguida, um olhar quase infantil e animado surgiu, enquanto ele se curvava com os braços perto do peito. – Nossa, vai ser muito legal se ele voltar!
- Hã... Sim, vai sim. – disse UlforceV-dramon, com um olhar de estranheza. Todos sabiam que o cavaleiro branco era uma fusão de dois digimon completamente diferentes, mas a mudança drástica de personalidade sempre os pegava de surpresa. Logo em seguida, o cavaleiro azulado se voltou para Hackmon. – Melhor você ficar com Gankoomon, se acabar rolando uma treta, ele vai cuidar de você.
- Eu posso lutar sozinho! Já sou um Cavaleiro Real! – revidou o pequeno dragão branco, se colocando sore as patas traseiras, fechando os punhos. Mas, logo em seguida acabou perdendo o equilíbrio, caindo para trás, com a capa rubra se enroscando pelo corpo. – Ai, ai!
- Você ainda está em treinamento. – Magnamon suspirou ao vê-lo caído, se erguendo e indo até o pequeno, ajudando-o a se erguer. – Além disso, você tem que dar o recado ao seu mestre. É uma tarefa muito importante.
- Então pode deixar! – agora animado, Hackmon concordou com a face, antes de correr e saltar pela janela diante de Omegamon, deixando o local. Tal como uma criança, ele não gostava de reuniões séria, e deixava isso para os mais velhos resolverem.
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Quando a missa do meio-dia teve início, o som nas ruas ficou insuportável mesmo para quem estava dentro do Palácio Estrela, se bem que poucos permaneciam ali em tal momento. Ainda que estivesse fechado em sua sala subterrânea, Jekyllmon se incomodava com as orações de centenas de vozes, desconcentrando-o de seu mais recente trabalho.
- Francamente, eu deveria ter feito um isolamento de som melhor... Tantas coisas, tantas coisas para fazer. – disse para si mesmo, frustrado. Sabendo que não teria paz enquanto não abafasse aquelas vozes, dirigiu-se para uma de suas estantes, que em vez de utensílios médicos, tinha alguns livros, um porta-retratos e um gramofone igual ao de sua biblioteca.
O médico esticou a mão para ligar o aparelho, mas se deteve um momento, para então segurar o porta-retratos, trazendo para perto. Viu a si mesmo na imagem, alguns anos mais novo e acompanhado. Ao seu lado, outro digimon semelhante a um humano tinha uma das mãos apoiadas em seu ombro, mas diferente de Jekyllmon, ele não possuía partes mecânicas. Pelo contrário, ele parecia o completo oposto do médico, com seus cabelos negros e curtos – do qual despontavam algumas penas – e os olhos amarelados, as pupilas finas como dos répteis, a pele sem cor alguma. Ele também era ligeiramente mais alto, e por conta disso, o sobretudo negro não chegava a esconder suas pernas que tinham um ar reptiliano, com as juntas viradas e cobertas por escamas negras, assim como sua cauda. Seu sorriso era contido, de forma que as presas não ficassem aparentes.
- Não é a mesma coisa sem você, Moreaumon. – comentou em voz baixa, com um sorriso amargurado surgindo em sua face. Por um momento, o médico se lembrou da noite em que seu maior experimento saiu de controle. Lembrou-se de correr afoito pelos corredores e chegar a tempo de ver o corpo despedaçado de Moreaumon no chão, sua cobaia debruçada sobre ele, atacando furiosamente. Ah, se lembrava de ver o número 824 se levantando com seus ossos quebrados estalando, as costuras de seu corpo tão esticadas. Se lembrava daqueles intensos olhos brilhantes, repletos de ódio e pavor enquanto ele fugia. – Mas não se preocupe, meu parceiro. Eu trarei nossa criação de volta e a finalizarei. Será perfeito, como projetamos...
- Doutor. – uma voz feminina chamou, fazendo com que o médico virasse a face por sobre o ombro. – Está tudo pronto para a operação.
Quem o chamava era Angewomon, a digimon que era responsável pela educação da jovem rainha, até o momento em que tentou colocar ideias de cunho duvidoso na mente da jovem governante. Thronemon então havia a havia colocado como nova assistente de Jekyllmon (na esperança de cobrar o favor quando precisasse), embora algumas mudanças tivessem sido necessárias para que ela ocupasse seu novo cargo. A digimon ainda mantinha a aparência de uma bela mulher de cabelos loiros e longos, mas suas seis asas haviam sido cortadas, restando apenas curtos apêndices em suas costas. Suas vestes brancas haviam sido trocadas por um uniforme tipicamente branco de uma enfermeira, mas ela ainda matinha o meio elmo de ferro sobre a parte superior do rosto, ocultando os olhos, embora a lateral dele estivesse quebrada, revelando a cicatriz na pele, onde uma cirurgia havia sido feita.
- Perfeito. – de volta a sua expressão serena, Jekyllmon deixou o porta-retratos de volta na estante, seguindo sua assistente até a mesma sala onde havia feito as melhorias em Duskmon. Mas, desta vez, quem estava preso na mesa metálica era um tipo diferente de demônio, um extremamente magro, com braços e pernas muito compridos. Praticamente seu corpo todo era coberto por couro negro, exceto a parte inferior do rosto, onde a pele não tinha cor. Ele tinha algumas cintas e tatuagens pelo corpo, além de olhos vermelhos e chifres afiados, com uma aparência perfeita para assustar os demais, embora fosse o próprio demônio quem tivesse medo.
- Recém-evoluído, como o senhor pediu. – disse Angewomon, trazendo para perto uma mesa de rodinhas, com uma sorte de instrumentos cirúrgicos sobre ela, enquanto o Devimon tentava gritar por trás de sua mordaça.
- Parece que já estamos prontos para começar. – após examinar longamente um dos braços do demônio, o médico ergueu as mãos, fazendo as dobras dos dedos se abrirem, revelando novas lâminas. – Bem, esta operação será lenta... Irei lhe contar uma história interessante enquanto isso, o que acha?
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- Professor? – Dominaemon chamou, quando percebeu que havia algo de errado com seu mentor. – Professor!
Espantado, HolyAngemon ergueu a face, quase derrubando o livro que tinha sobre o colo. Estava, junto da rainha, em uma sala confortável de grandes janelas abertas que deixavam a luz do sol entrar. Ali, havia duas estantes de livros, algumas tapeçarias de aspecto antigo, além das poltronas onde os dois se encontravam e uma pequena mesa de centro, com duas xícaras de chá e um prato com doces.
- Me desculpe, minha rainha. – pediu o anjo com um suspiro. – Estou um pouco distraído. Já terminamos o capítulo sobre a Era de Prata, gostaria de começar outro amanhã?
- Sim! – feliz por poder aproveitar o restante do dia sem estudar, a jovem digimon sorriu, mas logo depois se voltou ao outro. – O que foi?
- Não é nada, apenas estou preocupado com meu irmão. – o mais velho admitiu, deixando de lado seu livro.
- Thronemon está com problemas? – um pouco confusa, Dominaemon piscou duas vezes e se ergueu, parando ao lado do anjo mais velho. Para ela, era difícil imaginar uma figure imponente e poderosa como o Senhor dos Anjos sendo ameaçado por alguém. – São os rebeldes?
- Por favor, minha rainha, não se preocupe com isso. É apenas coisa de irmão mais novo. – HolyAngemon se apressou a responder, levando uma das mãos até os cabelos de sua soberana. – Aproveite seu dia livre, o capítulo de amanhã será extenso.
- Ah... Tudo bem. – era visível que ela ainda tinha muitas dúvidas, mas preferiu se afastar correndo. – Até mais, professor!
- Até mais... – despediu-se o anjo, sem ter certeza de que tinha sido ouvido. Depois, com outro suspiro, recolheu os livros que havia deixado de lado antes de também deixar a sala.
Por mais que repetisse a si mesmo que seu irmão mais velho não era imprudente, assim como nenhum dos Cinco, não conseguia se livrar do terrível mau pressentimento que carregava desde que havia visto Duskmon. Na verdade, também repreendia a si mesmo, pois embora seus instintos mandassem destruí-lo, o anjo havia feito justamente o contrário, ajudando e até mesmo escondendo a criatura de seus superiores.
- Talvez seja eu quem está com problemas. – disse para si mesmo, apertando a ponte do nariz entre os dedos. Não era do tipo de escondia coisas dos outros, e ensinava sua rainha a fazer o mesmo.
Com aquela nova culpa, pensou em procurar Thronemon e contar o que havia feito, mas quando parou, se deu conta de que havia tomado um rumo totalmente diferente do que pretendia. Bem, era muito comum os próprios residentes se perderem entre os inúmeros corredores, mas antes que pudesse se orientar novamente, ouviu uma voz feminina e irritada próxima de onde estava. O correto a fazer seria ir até a digimon e pedir orientação, mas outro pressentimento o convenceu a fazer algo diferente: recuar até a dobra de corredor mais próxima e colar as costas contra a parede, escondendo-se.
- Homens são sempre iguais... Nem sei porque me dou ao trabalho. – logo a voz foi reconhecida: era Morgainemon. Confuso, o anjo esticou a face para observar a fada, sem saber de onde ela havia surgido, embora logo tivesse sua resposta.
A digimon havia saído da própria parede do corredor, o qual agora tinha uma abertura retangular que não seguia nenhum padrão das demais portas. Na verdade, ficou claro que a passagem não era algo natural quando a digimon fada esticou a mão e moveu um dos dedos como de desenhasse no ar, o fez com que a própria parede se esticasse e fechasse a abertura, como se ela nunca tivesse existido. Após o feito, Morgainemon se virou e avançou alguns passos, antes de parar subitamente, olhando por cima do ombro com um uma expressão desconfiada, sua mão descendo até tocar o cabo de sua varinha.
- Apareça, intruso. – ordenou a digimon, pronta para sacar sua arma. Ela não havia visto quem era, pois HolyAngemon recuara com o rosto a tempo, e agora abafava sua respiração ofegante mantendo uma das mãos sobre os lábios. Durante agoniantes momentos, Morgainemon ficou apenas esperando, mas quando não obteve resposta, aprumou os ombros e retomou seu caminho, embora ainda tivesse uma expressão de poucos amigos.
O anjo ainda levou alguns minutos para sair do lugar, avançando até onde a fada antes estava. Confuso e muito curioso, esticou a mão e tocou a parede de onde ela havia saído, sem notar mudança alguma. Estava quase desistindo quando se lembrou do suave movimento que Morgainemon havia feito para fechar a passagem, e ainda que não tivesse esperança nenhuma, esticou a mão, repetindo o gesto, passando o indicador contra a pintura que cobris os tijolos. Para sua completa surpresa, finas linhas surgiram, demarcando a forma retangular na parede, pouco antes que um belo pedaço desaparecesse, revelando a mesma passagem de antes.
- Mas o que? – se perguntou, enquanto esticava a face para dentro da abertura, embora só pudesse ver alguns degraus que desciam rumo à escuridão. Após um longo momento pensativo, ele resolveu avançar pela escadaria, embora o corredor fosse um tanto estreito, fazendo com que tivesse de fechar suas asas.
Chegou mesmo a perder a noção do tempo enquanto descia cada vez mais, já tendo deixado a luz da abertura para trás. Como iluminação, usava a espada arroxeada que projetava de seu bracelete, ainda que não houvesse nada a sua volta para ser visto. Mas, quando chegou ao fim, se viu em um aposento tão pequeno quanto o corredor do qual havia saído, e tão mal iluminado quanto. Tanto que o anjo esticou a mão com a espada para observar melhor o local, até que seus dedos alcançaram formas longas e finas de ferro, que ele logo identificou como sendo grades. Uma cela?
- Quem está aí? – perguntou uma voz masculina, rouca e baixa, fazendo com que HolyAngemon se espantasse, colocando sua lâmina entre as grades, lançando a fraca luz sobre a figura que estava contra a parede.
- Senhor Dukemon... O que faz aqui?!
- Bom, a personalidade do Gabumon/Hatimon é pra ser mais animada mesmo, porque vejo muito ele como um digimon canino, e cães sempre me remetem a esses comportamentos meio doidos. (E eu também sempre achei ao Bakemon mais engraçados do que assustadores, mesmo com aquele episódio de Adventure).
- Nossa, eu nem tinha visto a semelhança com a Equipe Rocket, cara, e pior que tem jeito mesmo. Se bem que não é a mesma coisa sem o Meowth junto. xD Bem, como todo digimon Perfeito, não tinha como ser fácil de vencer por um digimon normal, e eu tava a um tempo querendo trabalhar com essa dificuldade, ainda mais depois de usar o Asuramon. Sei lá, gosto de trabalhar com essa coisa de níveis.
- Ainda to querendo desenhar o Kaiserdramon (meu deus, eu to devendo tanto desenho), mas a ideia era que tivesse um visual bem imperador e guerreiro, mais puxado pra um Cyberdamon medieval... (Isso faz sentido?) Até porque esse tipo de aparência ficaria um contraste com a personalidade do Guilmon, que é o forte dele, claro. Pra mim chega a ser estranho imaginar uma personalidade séria pra ele.
- Mano, a referência do J e sua arma eu acabei vendo só depois, mas geralmente tem o toque legal de “arma secreta mais forte”, e ainda mais como ladrão, ele tem que ter esses truques...
- Uau, finalmente conseguindo trabalhar melhor com o Falcomon, embora eu não possa contar ainda! Pare de usar meu digimon favorito pra descobrir. ç_ç Enfim, ainda tem muito eu ver dele, hein!
E pra terminar bem... Capítulo novo!
Capítulo 15:
Como Peças de um Quebra-Cabeça
Quando Hime acordou, uma música instrumental e suave ecoava, deixando-a mais calma. Ao se sentar, percebeu que estava deitada sobre um divã forrado em veludo vermelho, e que a sala onde se encontrava estava repleta de estantes com livros, tantos que ela nem conseguia contar. E, logo diante dela havia uma mesa de madeira escura com algumas cadeiras confortáveis a sua volta e um gramofone rodando um disco, que era a fonte da música que enchia o ambiente. Em uma das cadeiras, Duskmon segurava um dos livros entre suas cabeças ósseas, tão concentrado na leitura que seus demais olhos nem percebiam o que acontecia a sua volta.
- É uma boa história? – perguntou a menina, fazendo-o se espantar, voltando a face e todos os olhos pelo corpo em sua direção.
- Hime, você está bem? – o digimon se apressou a perguntar, indo até sua parceira e se abaixando na frente do divã. – Não achei que acordaria tão cedo.
- Não se preocupe, foi apenas um sonho ruim. – ela procurou acalma-lo, levando a mão até seu rosto. Seu elmo havia se refeito na parte que havia sido quebrada por Nyxmon, mas uma suave marca vermelha era visível sob a pele exposta sob seu olho, onde Kara havia atingido.
- Fiz você ver coisas horríveis. – em sinal de nervosismo, as cabeças ósseas de Duskmon rangeram as presas. – Não sei como fiz aquilo, mas não vai mais acontecer.
- Ouji-chan. – interrompeu a garota, colocando as mãos sobre as dele, fazendo com que parassem de se mover. – Você não fez nada comigo e...
- Hime, eu vi tudo o que você viu. – ele a interrompeu, abaixando um pouco a face. Seu tom havia se tornado assustadoramente furioso, a ponto de fazê-la sentir um calafrio. – O que aquele homem, aquele animal fez.
- Está tudo bem. – para chamar sua atenção, Hime colocou a mão em seu queixo, fazendo com que erguesse a face. Estava novamente com seu sorriso encantador e gentil. – Os Cinco me tiraram dele e trouxeram para cá. Por isso temos que ajuda-los, não é?
Duskmon não a respondeu por um longo momento, observando a expressão que a menina sempre exibia quando seguia as ordens de seus superiores, não importava quão terríveis elas fossem. Sabia que era uma máscara usada para esconder o quanto se sentia mal pelo que fazia, pois agora ele entendia quão grande era dívida que ela tinha para com os Cinco. Prometeu a si mesmo que voltaria ao mundo humano e mataria aquele homem quando tivesse chance, para logo depois concordar com a face. – Sim, é claro. Devemos muito a eles.
Percebendo que o digimon ainda estava incomodado, a jovem decidiu mudar de assunto, apontando com a face para o livro que ele havia largado na mesa. – O que estava lendo?
- Ah, isso... É apenas um conto antigo. – com o interesse, ele se ergueu e buscou o volume, entregando para que Hime pudesse ver de perto. O objeto estava encadernado em couro antigo e a figura na capa estava avariada, mas parecia ser uma espécie de anjo ou ser alado. Como ela ainda estava curiosa, resolveu explicar. – A história diz que em um passado muito antigo, a maldade corrompeu quase todos os seres vivos, forçando a Divindade a criar um novo digimon, chamado de Housoushimon. Ele era capaz de expulsar todo o mal e purificar qualquer um e o fez por muitos anos, mas quanto mais ele purificava, mais seres malignos apareciam, até o housoushi caiu em desespero e desafiou a própria Divindade.
- E depois? – a menina perguntou, sem desviar o olhar da figura embaçada na capa de couro.
- Não há um final definido, mas o doutor Jekyllmon escreveu várias teorias sobre. – a resposta de Duskmon fez com que sua parceira o olhasse, confusa.
- Esse livro é do doutor? – questionou só por garantia, pois aquele tipo de conto não parecia combinar com o médico tão austero.
- Ele tem interesses... Diversos. – o digimon negro se esforçou para não desviar o olhar com a última palavra, pois ainda não podia contar a Hime sobre os “gostos” de Jekyllmon. – Mas há livros do interesse de todos os Cinco, afinal é a biblioteca particular deles.
- Como conseguiu entrar aqui? – até onde a menina sabia, havia locais cujo acesso só era permitido ao grupo de elite e à própria governante, inclusive o que estavam agora.
- Um anjo nos trouxe. – ele respondeu sem maiores detalhes. HolyAngemon havia se arriscado muito ao trazê-los até ali e até mesmo usar suas habilidades curativas no digimon negro, então o mínimo que podia fazer para retribuir era não contar a ninguém sobre isso.
- Entendo... – como Duskmon não fez questão de explicar, Hime também não insistiu. Deixou então o livro de lado sobre o divã, dobrando os joelhos a fim de abraça-los. – Os rebeldes estão aqui...
- Sim, eles nos seguiram.
- E não podemos mais voltar ao meu mundo porque o digivice do antigo Visitante foi roubado. – ela continuou, vendo a expressão de seu parceiro, algo difícil de decifrar. Ninguém sabia como, mas a poderosa relíquia do humano anterior a ela havia desaparecido da sala protegida onde era guardada por dois SlashAngemon. O caso havia sido abafado, naturalmente, para não causar pânico no povo. – Não temos como trazer aliados para cá até lá.
- Talvez seja melhor assim. – os diversos olhos do digimon se retraíram ao se lembrar de quando estivera na sala secreta de Jekyllmon e havia visto o que ele guardava lá. – Além disso, eles são fracos, escapam por pura sorte. Se algo pior acontecer, eu também posso evoluir.
A última frase havia sido dita com certa hesitação, fazendo Hime se perguntar por que ele nunca havia mostrado sua forma Perfeita, embora estivesse a sua disposição. Na única vez em que perguntou, ele se limitou a dizer que podia resolver tudo com sua forma atual.
- Vamos. – a voz de Duskmon a fez voltar a realidade, percebendo que ele já estava de pé. – Agora que acordou, precisa voltar a seus afazeres, muitos líderes querem conhece-la.
- Não gosto desses encontros... – incomodada, a menina encheu as bochechas de ar, soltando logo em seguida. Sentia-se como um cão adestrado, que apenas servia para ser mostrado ao público. – Prefiro estar com você.
- Mas eu estou sempre com você. – disse o digimon enquanto se aproximava, estendendo o braço para ajuda-la a se erguer. Logo em seguida, rumou para a parede mais próxima, encostando-se nela para que seu corpo se fundisse às sombras e desaparecesse. – Afinal, você é a razão da minha existência.
--
- Como pôde permitir que isso acontecesse? – acusou Thronemon, voltando a face para Arashmon, que estava logo a sua frente. – Você é o responsável pelo exército, e isso inclui os guardas.
Em uma de suas salas particulares, quatro dos Cinco estavam reunidos. O local era elegante e contava com altas janelas, que estavam ocultas por grossas cortinas, mergulhando o local em sombras e impedindo que os quadros pendurados pudessem ser vistos. Um das paredes estava escondida atrás de uma grande estante com documentos confiscados, mas não havia nenhum outro móvel decorativo. No centro do aposento, uma mesa de formato hexagonal era cercada por cadeiras de madeira escura e forro confortável, tendo o assento de Jekyllmon e do próprio rei desocupado. Em tempos antigos, o rei ou a rainha costumava se reunir com os Cinco, mas as últimas gerações de monarcas havia se tornado ociosas, deixando o trabalho exclusivamente para o conselho.
- Eles foram punidos pelo erro. – rebateu o guerreiro felino, retraindo o canto dos lábios para mostrar as presas. – O que está feito, está feito. Estamos vasculhando as rotas do mercado negro e interrogando os suspeitos, mas a menos que a Divindade escute as suas preces e faça o digivice aparecer magicamente no seu colo, isso é o melhor que posso fazer.
- Não blasfeme desse jeito. – disse o anjo, apoiando as mãos sobre a mesa, com suas asas eriçadas.
- Ah, tudo é blasfêmia para você. Me poupe. – interrompeu Morgainemon, com a face apoiadas em uma das mãos, movendo levemente o leque na frente da face usando a outra. – Francamente, vocês dois. Ele estava um passo a nossa frente, sabia o momento em que nenhum de nós estaria e quando os rebeldes humanos viriam para nosso mundo, de forma que não podemos mais ter acesso ao Outro Mundo para trazer aliados. E vocês não acham que um simples ladrãozinho derrotaria dois digimon Extremo sozinho, não é?
- Então, estamos lidando com um atentado rebelde. – Arashmon concluiu, dobrando os braços sobre a mesa em uma postura casual, ao contrário dos demais. Vivia entre soldados e não nobres, logo tinha seus hábitos.
- E segundo os relatos, os rebeldes trouxeram seus próprios humanos para cá. – concordou o digimon sagrado. – Eles estão em vantagem, precisamos encontra-los e eliminá-los o quanto antes.
- Até quando vocês vão repetir o óbvio? – novamente, Morgainemon alfinetou. Ela lançou um breve olhar para seu lado, onde Nyxmon se encontrava. Como em todas as reuniões anteriores, a digimon apenas os observava com um leve sorriso indecifrável, sem se mover, sem nada dizer. Ainda assim, ninguém contestava sua presença ou importância ali. – Precisamos usar todos os recursos para encontra-los, rapazes.
- Usaremos os Cavaleiros Reais. – o guerreiro felino, coçando uma das longas orelhas. – São a nossa maior força de combate, uns poucos digimon Novato não terão chance.
- Nem todos eles são confiáveis. – apontou Thronemon, com sua feição se fechando novamente. – Olhe para eles, com uma fusão, um tipo Armadura, comportamentos viciosos... Eles se desviaram do caminho da Divindade há muito tempo.
- Impressão minha, ou você não consegue ficar cinco minutos sem falar “a Divindade”? – zombou Arashmon com um meio sorriso, que se tornou mais evidente com o olhar irritado do Senhor dos Anjos. – Aliás, Jekyllmon não virá dessa vez?
- Não, ele disse que está ocupado com nosso novo projeto. – respondeu a digimon fada, com o leque escondendo a parte inferior de sua face, pois ela também havia achado graça na fala do guerreiro.
- “Nosso”... Eu não concordei com isso. – o anjo estava longe de se acalmar, apesar de não perder sua postura. – Permitir que ele crie uma abominação não-natural é inadmissível.
- Você não achou inadmissível quando criamos Duskmon com as trevas do Abismo. – a fala de Morgainemon arrancou um som baixo e raivoso do outro. – De qualquer forma, ele já começou com a criação, não temos nada a ganhar interrompendo seu trabalho agora.
- Só espero que não deixe esse fugir também. – o gracejo de Arashmon arrancou um riso baixo da fada e chegou a atenuar a expressão carrancuda de Thronemon. – Enfim, vou comunicar os Cavaleiros e dar início às buscas.
Com isso, o digimon felino se ergueu, dando a reunião por encerrada e deixando a sala. Mas, quando fechou a porta e se virou, chiou como um gato surpreso ao perceber que Nyxmon se encontrava logo a sua frente. Ela continuava sem se mover, como se sempre tivesse estado ali, e sua própria presença já incomodava o Guerreiro, que abaixou suas orelhas. – O que você quer?
- Que jogo interessante este... – sua voz pareceu ecoar dentro da mente de Arashmon, fazendo-o fechar os olhos por um longo momento. Quando tornou a abri-los, percebeu que estava novamente sozinho no corredor, suspirando em seguida.
- Mulheres sabem como ser assustadoras...
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Longe da Cidadela Real, nas grandes planícies gramadas do oeste, uma solitária construção era a única coisa vista por centenas de quilômetros. A quem olhasse de longe, pareceria apenas uma muralha de grossos blocos de granito claro, mas as paredes se voltavam para dentro, fazendo o muro se transformar em paredes de corredores intrincados. Tudo parecia interligado, tanto os cômodos como pátios e longos setores abertos, usados como campo de treinamento, e todos os caminhos levavam para um castelo de formas quadradas e rudimentares. Essa era a única construção que se sobressaía acima das paredes externas, possuindo diversos andares e torres. O portão duplo de madeira clara não tinha nenhum guarda, então ninguém impediu que Hackmon entrasse no local.
O digimon, que era do nível Novato ainda, se parecia com um pequeno dragão com o corpo coberto por placas de metal branco, deixando apenas seus olhos visíveis. Suas garras, no entanto, eram negras e longas, assim como o chifre em seu nariz, além de usar uma capa rubra surrada amarrada na altura do pescoço, com o capuz abaixado. Seus olhos amarelados e as orelhas pontudas viravam para os lados enquanto corria pelos corredores em busca de algum morador. Sua busca, no entanto, só teve fim quando adentrou no prédio principal e chegou a uma das salas. O espaço era largo, possuindo poucos móveis simples e uma janela aberta, mas não havia muito conforto ali, justamente para que seus moradores nunca ficassem ociosos ali. Havia mais três digimon ali, um sentado em uma cadeira diante de uma mesa pequena, outro apoiado na parede e o terceiro de costas, olhando para fora pela janela.
Aquele que estava na cadeira era Magnamon, e o que estava na parede também era da família V-mon, porém era mais alto. Seu corpo forte estava completamente coberto por placas de metal azul e prateado, sendo na verdade parte de seu corpo, como uma segunda pele, possuindo um grande V dourado no peito e um par de chifres brancos de metal. Graças ao formato afiado e futurista de sua armadura, o digimon parecia uma mistura de um dragão com um robô. Como arma, trazia dois braceletes de metal nos pulsos, do qual projetava suas espadas de energia, e suas grandes asas draconianas estavam espalhadas para os lados. Seu nome era UlforceV-dramon. Por fim, aquele que estava de costas realmente lembrava um “mecha”, com nenhuma parte orgânica visível, apenas partes metálicas brancas e ligamentos negros mantendo-as unidas. Sua armadura era alongada, com alguns pontos amarelados, como as garras dos pés, embora a maior parte ficasse oculta pela capa em suas costas. Em seu peito, um estranho símbolo havia sido pintado, mas o detalhe que mais chamava atenção eram seus braços: seu braço direito continua um escudo espinhento e azulado, ligado a uma cabeça canina mecânica e azulada, enquanto o braço esquerdo tinha o mesmo modelo, mas o escudo era reto e a parte final era uma cabeça de dinossauro alaranjada com chifres cinzentos.
- Senhor Omega! – Hackmon se referia ao digimon que estava de costas, chamado Omegamon. Logo seu olhar foi para os demais. – Senhor Ulforce! Senhor Magna!
- O que eles decidiram? – perguntou o digimon armadura.
- Os Cavaleiros Reais agora tem a missão de caçar os rebeldes e entrega-los aos Cinco. – respondeu o pequeno dragão, com suas orelhas baixas. – Shifu precisa saber disso!
- Relaxa, garoto, Gankoomon já deve saber. – UlforceV-dramon fez um gesto de descaso com a mão, mas suspirou frustrado em seguida. – Mas que sacanagem, viu? Como vamos impedir os outros de pegarem os rebeldes?
- Teremos que vigiar nossos próprios companheiros. – respondeu Omegamon, ainda sem se virar, com um tom controlado e sério. – Será difícil e precisaremos de discrição, pois nossos superiores não podem desconfiar do que acontece. Os rebeldes ainda não tem todo o apoio que precisam, e os Visitantes ainda não estão com eles.
- Sabemos que dois deles já estão a caminho, espero que se saiam bem sozinhos. – comentou Magnamon, sabendo que não poderiam dar apoio aos humanos sem serem descobertos.
- Aaah, isso vai dar um trabalhão... – gemeu o dragão futurista, se curvando com uma expressão frustrada. Sua reação fez com que o cavaleiro branco se virasse com um olhar repreensivo em seus olhos verdes.
- Isto é para o bem de nosso mundo. – respondeu, como um pai que dá um sermão ao filho.
- Também não estamos em uma situação tão ruim. – completou o cavaleiro dourado, mais calmo. – Afinal, o primeiro digivice foi tirado dos Cinco, então eles não podem chamar novos Visitantes para apoio.
- Sim, Magnamon. Se os planos correrem como o previsto, logo teremos o digivice também. Assim como trouxeram os novos Visitantes, acredito que os rebeldes poderão trazer de volta o anterior. – durante toda a fala, o tom de Omegamon permaneceu controlado e pensativo, mas em seguida, um olhar quase infantil e animado surgiu, enquanto ele se curvava com os braços perto do peito. – Nossa, vai ser muito legal se ele voltar!
- Hã... Sim, vai sim. – disse UlforceV-dramon, com um olhar de estranheza. Todos sabiam que o cavaleiro branco era uma fusão de dois digimon completamente diferentes, mas a mudança drástica de personalidade sempre os pegava de surpresa. Logo em seguida, o cavaleiro azulado se voltou para Hackmon. – Melhor você ficar com Gankoomon, se acabar rolando uma treta, ele vai cuidar de você.
- Eu posso lutar sozinho! Já sou um Cavaleiro Real! – revidou o pequeno dragão branco, se colocando sore as patas traseiras, fechando os punhos. Mas, logo em seguida acabou perdendo o equilíbrio, caindo para trás, com a capa rubra se enroscando pelo corpo. – Ai, ai!
- Você ainda está em treinamento. – Magnamon suspirou ao vê-lo caído, se erguendo e indo até o pequeno, ajudando-o a se erguer. – Além disso, você tem que dar o recado ao seu mestre. É uma tarefa muito importante.
- Então pode deixar! – agora animado, Hackmon concordou com a face, antes de correr e saltar pela janela diante de Omegamon, deixando o local. Tal como uma criança, ele não gostava de reuniões séria, e deixava isso para os mais velhos resolverem.
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Quando a missa do meio-dia teve início, o som nas ruas ficou insuportável mesmo para quem estava dentro do Palácio Estrela, se bem que poucos permaneciam ali em tal momento. Ainda que estivesse fechado em sua sala subterrânea, Jekyllmon se incomodava com as orações de centenas de vozes, desconcentrando-o de seu mais recente trabalho.
- Francamente, eu deveria ter feito um isolamento de som melhor... Tantas coisas, tantas coisas para fazer. – disse para si mesmo, frustrado. Sabendo que não teria paz enquanto não abafasse aquelas vozes, dirigiu-se para uma de suas estantes, que em vez de utensílios médicos, tinha alguns livros, um porta-retratos e um gramofone igual ao de sua biblioteca.
O médico esticou a mão para ligar o aparelho, mas se deteve um momento, para então segurar o porta-retratos, trazendo para perto. Viu a si mesmo na imagem, alguns anos mais novo e acompanhado. Ao seu lado, outro digimon semelhante a um humano tinha uma das mãos apoiadas em seu ombro, mas diferente de Jekyllmon, ele não possuía partes mecânicas. Pelo contrário, ele parecia o completo oposto do médico, com seus cabelos negros e curtos – do qual despontavam algumas penas – e os olhos amarelados, as pupilas finas como dos répteis, a pele sem cor alguma. Ele também era ligeiramente mais alto, e por conta disso, o sobretudo negro não chegava a esconder suas pernas que tinham um ar reptiliano, com as juntas viradas e cobertas por escamas negras, assim como sua cauda. Seu sorriso era contido, de forma que as presas não ficassem aparentes.
- Não é a mesma coisa sem você, Moreaumon. – comentou em voz baixa, com um sorriso amargurado surgindo em sua face. Por um momento, o médico se lembrou da noite em que seu maior experimento saiu de controle. Lembrou-se de correr afoito pelos corredores e chegar a tempo de ver o corpo despedaçado de Moreaumon no chão, sua cobaia debruçada sobre ele, atacando furiosamente. Ah, se lembrava de ver o número 824 se levantando com seus ossos quebrados estalando, as costuras de seu corpo tão esticadas. Se lembrava daqueles intensos olhos brilhantes, repletos de ódio e pavor enquanto ele fugia. – Mas não se preocupe, meu parceiro. Eu trarei nossa criação de volta e a finalizarei. Será perfeito, como projetamos...
- Doutor. – uma voz feminina chamou, fazendo com que o médico virasse a face por sobre o ombro. – Está tudo pronto para a operação.
Quem o chamava era Angewomon, a digimon que era responsável pela educação da jovem rainha, até o momento em que tentou colocar ideias de cunho duvidoso na mente da jovem governante. Thronemon então havia a havia colocado como nova assistente de Jekyllmon (na esperança de cobrar o favor quando precisasse), embora algumas mudanças tivessem sido necessárias para que ela ocupasse seu novo cargo. A digimon ainda mantinha a aparência de uma bela mulher de cabelos loiros e longos, mas suas seis asas haviam sido cortadas, restando apenas curtos apêndices em suas costas. Suas vestes brancas haviam sido trocadas por um uniforme tipicamente branco de uma enfermeira, mas ela ainda matinha o meio elmo de ferro sobre a parte superior do rosto, ocultando os olhos, embora a lateral dele estivesse quebrada, revelando a cicatriz na pele, onde uma cirurgia havia sido feita.
- Perfeito. – de volta a sua expressão serena, Jekyllmon deixou o porta-retratos de volta na estante, seguindo sua assistente até a mesma sala onde havia feito as melhorias em Duskmon. Mas, desta vez, quem estava preso na mesa metálica era um tipo diferente de demônio, um extremamente magro, com braços e pernas muito compridos. Praticamente seu corpo todo era coberto por couro negro, exceto a parte inferior do rosto, onde a pele não tinha cor. Ele tinha algumas cintas e tatuagens pelo corpo, além de olhos vermelhos e chifres afiados, com uma aparência perfeita para assustar os demais, embora fosse o próprio demônio quem tivesse medo.
- Recém-evoluído, como o senhor pediu. – disse Angewomon, trazendo para perto uma mesa de rodinhas, com uma sorte de instrumentos cirúrgicos sobre ela, enquanto o Devimon tentava gritar por trás de sua mordaça.
- Parece que já estamos prontos para começar. – após examinar longamente um dos braços do demônio, o médico ergueu as mãos, fazendo as dobras dos dedos se abrirem, revelando novas lâminas. – Bem, esta operação será lenta... Irei lhe contar uma história interessante enquanto isso, o que acha?
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- Professor? – Dominaemon chamou, quando percebeu que havia algo de errado com seu mentor. – Professor!
Espantado, HolyAngemon ergueu a face, quase derrubando o livro que tinha sobre o colo. Estava, junto da rainha, em uma sala confortável de grandes janelas abertas que deixavam a luz do sol entrar. Ali, havia duas estantes de livros, algumas tapeçarias de aspecto antigo, além das poltronas onde os dois se encontravam e uma pequena mesa de centro, com duas xícaras de chá e um prato com doces.
- Me desculpe, minha rainha. – pediu o anjo com um suspiro. – Estou um pouco distraído. Já terminamos o capítulo sobre a Era de Prata, gostaria de começar outro amanhã?
- Sim! – feliz por poder aproveitar o restante do dia sem estudar, a jovem digimon sorriu, mas logo depois se voltou ao outro. – O que foi?
- Não é nada, apenas estou preocupado com meu irmão. – o mais velho admitiu, deixando de lado seu livro.
- Thronemon está com problemas? – um pouco confusa, Dominaemon piscou duas vezes e se ergueu, parando ao lado do anjo mais velho. Para ela, era difícil imaginar uma figure imponente e poderosa como o Senhor dos Anjos sendo ameaçado por alguém. – São os rebeldes?
- Por favor, minha rainha, não se preocupe com isso. É apenas coisa de irmão mais novo. – HolyAngemon se apressou a responder, levando uma das mãos até os cabelos de sua soberana. – Aproveite seu dia livre, o capítulo de amanhã será extenso.
- Ah... Tudo bem. – era visível que ela ainda tinha muitas dúvidas, mas preferiu se afastar correndo. – Até mais, professor!
- Até mais... – despediu-se o anjo, sem ter certeza de que tinha sido ouvido. Depois, com outro suspiro, recolheu os livros que havia deixado de lado antes de também deixar a sala.
Por mais que repetisse a si mesmo que seu irmão mais velho não era imprudente, assim como nenhum dos Cinco, não conseguia se livrar do terrível mau pressentimento que carregava desde que havia visto Duskmon. Na verdade, também repreendia a si mesmo, pois embora seus instintos mandassem destruí-lo, o anjo havia feito justamente o contrário, ajudando e até mesmo escondendo a criatura de seus superiores.
- Talvez seja eu quem está com problemas. – disse para si mesmo, apertando a ponte do nariz entre os dedos. Não era do tipo de escondia coisas dos outros, e ensinava sua rainha a fazer o mesmo.
Com aquela nova culpa, pensou em procurar Thronemon e contar o que havia feito, mas quando parou, se deu conta de que havia tomado um rumo totalmente diferente do que pretendia. Bem, era muito comum os próprios residentes se perderem entre os inúmeros corredores, mas antes que pudesse se orientar novamente, ouviu uma voz feminina e irritada próxima de onde estava. O correto a fazer seria ir até a digimon e pedir orientação, mas outro pressentimento o convenceu a fazer algo diferente: recuar até a dobra de corredor mais próxima e colar as costas contra a parede, escondendo-se.
- Homens são sempre iguais... Nem sei porque me dou ao trabalho. – logo a voz foi reconhecida: era Morgainemon. Confuso, o anjo esticou a face para observar a fada, sem saber de onde ela havia surgido, embora logo tivesse sua resposta.
A digimon havia saído da própria parede do corredor, o qual agora tinha uma abertura retangular que não seguia nenhum padrão das demais portas. Na verdade, ficou claro que a passagem não era algo natural quando a digimon fada esticou a mão e moveu um dos dedos como de desenhasse no ar, o fez com que a própria parede se esticasse e fechasse a abertura, como se ela nunca tivesse existido. Após o feito, Morgainemon se virou e avançou alguns passos, antes de parar subitamente, olhando por cima do ombro com um uma expressão desconfiada, sua mão descendo até tocar o cabo de sua varinha.
- Apareça, intruso. – ordenou a digimon, pronta para sacar sua arma. Ela não havia visto quem era, pois HolyAngemon recuara com o rosto a tempo, e agora abafava sua respiração ofegante mantendo uma das mãos sobre os lábios. Durante agoniantes momentos, Morgainemon ficou apenas esperando, mas quando não obteve resposta, aprumou os ombros e retomou seu caminho, embora ainda tivesse uma expressão de poucos amigos.
O anjo ainda levou alguns minutos para sair do lugar, avançando até onde a fada antes estava. Confuso e muito curioso, esticou a mão e tocou a parede de onde ela havia saído, sem notar mudança alguma. Estava quase desistindo quando se lembrou do suave movimento que Morgainemon havia feito para fechar a passagem, e ainda que não tivesse esperança nenhuma, esticou a mão, repetindo o gesto, passando o indicador contra a pintura que cobris os tijolos. Para sua completa surpresa, finas linhas surgiram, demarcando a forma retangular na parede, pouco antes que um belo pedaço desaparecesse, revelando a mesma passagem de antes.
- Mas o que? – se perguntou, enquanto esticava a face para dentro da abertura, embora só pudesse ver alguns degraus que desciam rumo à escuridão. Após um longo momento pensativo, ele resolveu avançar pela escadaria, embora o corredor fosse um tanto estreito, fazendo com que tivesse de fechar suas asas.
Chegou mesmo a perder a noção do tempo enquanto descia cada vez mais, já tendo deixado a luz da abertura para trás. Como iluminação, usava a espada arroxeada que projetava de seu bracelete, ainda que não houvesse nada a sua volta para ser visto. Mas, quando chegou ao fim, se viu em um aposento tão pequeno quanto o corredor do qual havia saído, e tão mal iluminado quanto. Tanto que o anjo esticou a mão com a espada para observar melhor o local, até que seus dedos alcançaram formas longas e finas de ferro, que ele logo identificou como sendo grades. Uma cela?
- Quem está aí? – perguntou uma voz masculina, rouca e baixa, fazendo com que HolyAngemon se espantasse, colocando sua lâmina entre as grades, lançando a fraca luz sobre a figura que estava contra a parede.
- Senhor Dukemon... O que faz aqui?!
Spirit
Younenki II- Mensagens : 57
Data de inscrição : 17/03/2016
Idade : 30
Re: Digimon - Digital Rebellion
Olá de novo Spirit . Bom ver de novo mais um capitulo da sua fanfic . Achei legal porque este não se foca tanto nos Digiescolhidos e seus Parceiros Digimon Rebeldes mas sim nos outros personagens da fanfic .
Interessante você começar o episódio com Hime e Duskmon . Achei muito legal a maneira terna com que Duskmon se preocupava com Hime e ficamos sabendo de que ela guarda sombras terríveis no seu passado quando ela falou sobre o misterioso humano que teria feito mal a ela de um modo tão hediondo que ela teria o desejo de matar esse humano .
Pelo visto aquela garotinha bonita , meiga e simpática também sabe ser bem má quando quer embora eu suspeite de que nesse caso ela deve ter toda a razão do mundo para isso . Gostei de Duskmon contando a lenda de Housoushimon quem será esse Digimon e qual será sua importância no futuro da trama de sua fanfic Spirit ?
E pelo visto até mesmo Duskmon tem receio do que ele possa fazer ao assumir sua forma feral de Velgremon . Ou você decidiu mudar um pouco as coisas e dar-lhe uma segunda evolução ainda mais sinistra e diabolicamente maligna ?
Enfim ficamos conhecendo os Cinco . Thronemon , Arashmon , Morgainemon , Jekyllmon e Nyxmon e honestamente não fui com a cara de nenhum . Porem temos um mistério o Digivice do Primeiro Digiescolhido foi roubado por um misterioso ladrão que conseguiu burlar completamente as defesas da fortaleza dos cinco . Quem poderia ser ?
E agora Thronemon mandou os Royal Knights irem atrás dos Rebeldes . Adorei ver o Hackmon ainda em seu nível Rookie antes de evoluir para Jesmon levando a noticia para Magnamon , UlforceVeedramon e Omegamon e achei muito legal que os três estejam todos do lado dos Rebeldes incluindo Hackmon e provavelmente Gankoomon que ele ainda ira avisar . Adorei a personalidade descontraída de UlforceVeedramon . Poxa ele também me pareceu um tipão tal qual ExVeemon só que como ele evoluiu de um Veedramon penso que deva ter lá suas diferenças de Paildramon que acompanha Shinjurou e Floramon ( e que penso que evoluira para Imperialdramon Paladin Mode ainda na fanfic correto ) ? E esse UlforceVeedramon chegara a evoluir para UlforceVeedramon Future Mode ? E Omegamon me surpreendeu com sua personalidade dupla ( uma seria e distinta enquanto a outra era divertida e juvenil ) . Por algum motivo eu penso que o lado mais jovial e descontraído dele vem de sua porção " MetalGarurumon " correto ? Então penso que ele deva se dar muito bem com White Gabumon . E adorei Hackmon e seu jeitão de pequenino corajoso .
Só que agora temos um problema . Se metade dos Royal Knights apoiarem os Rebeldes a outra metade pode muito bem apoiar os Cinco e os Legalistas e ai eles teriam que lutar entre si . Penso que se Omegamon , UlforceVeedramon , Magnamon , Jesmon e Gankoomon estiverem do lado dos Rebeldes então provavelmente Alphamon , Dynasmon , Lorde Crusadermon , (estes dois últimos porque são um casal Gay ... DIGO ... "dupla de companheiros" que sempre apoiam um ao outro em tudo , pisam feio no tomate e sempre viram a casaca para servir aos vilões nas series de Digimon ) Duftmon e Craniummon estejam do lado dos Cinco e dos Legalistas .
Agora Sleipmon , Examon e Dukemon são uma incógnita pois não imagino de qual lado eles ficarão . Acredito que na hora em que tiverem que escolher um ficara do lado dos Rebeldes o outro do lado dos cinco e dos Legalistas e acabara sobrando para Dukemon fazer a balança pender para um dos lados ou o outro .
E Jekyllmon como todo " cientista louco e totalmente ateu" simplesmente odeia demonstrações de fé não suportando ouvir o som da missa em culto a Divindade . Quando será que ele assumira sua identidade de " monstro completo " e se tornara num "Hydemon" ?
Mas ele também tem seus segredos . Sua ruim . Eu tinha sugerido a participação de um Moreaumon na fanfic mas ai você vem o faz ele ser feito em pedaços pelo misterioso " número 824 " ? Quem será esse Digimon e o que de tão terrível existira sobre ele ? Uma coisa que me veio a cabeça é que poderia ser um "Megidramon geneticamente alterado" e que poderia ou ser "o pai" ou "a mãe" de Guilmon de Olhos Azuis o que explicaria o fato dele ser anormalmente poderoso ?
E poxa Spirit que crueldade de Jekyllmon . Cortar todas as asas de Angewomon e transforma-la numa " Nursemon " submissa . Para um Anjo não existe coisa pior e mais terrível que ter suas asas arrancadas imagino como ela deve se sentir . Quem será o Demônio que serve de nova cobaia para Jekyllmon ? E em qual monstro diabolicamente distorcido ele deverá transforma-lo ?
E HolyAngemon cada vez mais demonstra duvidas quanto aos atos do irmão mas a maior surpresa ficou para o final . Dukemon apareceu . De que lado ele estara ? Enfim ótimo capitulo Spirit aguardo mais .
E já que falamos eu tenho uma sugestão para dois Digimon provenientes da Ilha de Avalon
E já que falamos na pobre coitada da Angewomon uma ideia para uma evolução de uma Digimon ligada a Angewomon que você poderia usar
Interessante você começar o episódio com Hime e Duskmon . Achei muito legal a maneira terna com que Duskmon se preocupava com Hime e ficamos sabendo de que ela guarda sombras terríveis no seu passado quando ela falou sobre o misterioso humano que teria feito mal a ela de um modo tão hediondo que ela teria o desejo de matar esse humano .
Pelo visto aquela garotinha bonita , meiga e simpática também sabe ser bem má quando quer embora eu suspeite de que nesse caso ela deve ter toda a razão do mundo para isso . Gostei de Duskmon contando a lenda de Housoushimon quem será esse Digimon e qual será sua importância no futuro da trama de sua fanfic Spirit ?
E pelo visto até mesmo Duskmon tem receio do que ele possa fazer ao assumir sua forma feral de Velgremon . Ou você decidiu mudar um pouco as coisas e dar-lhe uma segunda evolução ainda mais sinistra e diabolicamente maligna ?
Enfim ficamos conhecendo os Cinco . Thronemon , Arashmon , Morgainemon , Jekyllmon e Nyxmon e honestamente não fui com a cara de nenhum . Porem temos um mistério o Digivice do Primeiro Digiescolhido foi roubado por um misterioso ladrão que conseguiu burlar completamente as defesas da fortaleza dos cinco . Quem poderia ser ?
E agora Thronemon mandou os Royal Knights irem atrás dos Rebeldes . Adorei ver o Hackmon ainda em seu nível Rookie antes de evoluir para Jesmon levando a noticia para Magnamon , UlforceVeedramon e Omegamon e achei muito legal que os três estejam todos do lado dos Rebeldes incluindo Hackmon e provavelmente Gankoomon que ele ainda ira avisar . Adorei a personalidade descontraída de UlforceVeedramon . Poxa ele também me pareceu um tipão tal qual ExVeemon só que como ele evoluiu de um Veedramon penso que deva ter lá suas diferenças de Paildramon que acompanha Shinjurou e Floramon ( e que penso que evoluira para Imperialdramon Paladin Mode ainda na fanfic correto ) ? E esse UlforceVeedramon chegara a evoluir para UlforceVeedramon Future Mode ? E Omegamon me surpreendeu com sua personalidade dupla ( uma seria e distinta enquanto a outra era divertida e juvenil ) . Por algum motivo eu penso que o lado mais jovial e descontraído dele vem de sua porção " MetalGarurumon " correto ? Então penso que ele deva se dar muito bem com White Gabumon . E adorei Hackmon e seu jeitão de pequenino corajoso .
Só que agora temos um problema . Se metade dos Royal Knights apoiarem os Rebeldes a outra metade pode muito bem apoiar os Cinco e os Legalistas e ai eles teriam que lutar entre si . Penso que se Omegamon , UlforceVeedramon , Magnamon , Jesmon e Gankoomon estiverem do lado dos Rebeldes então provavelmente Alphamon , Dynasmon , Lorde Crusadermon , (estes dois últimos porque são um casal Gay ... DIGO ... "dupla de companheiros" que sempre apoiam um ao outro em tudo , pisam feio no tomate e sempre viram a casaca para servir aos vilões nas series de Digimon ) Duftmon e Craniummon estejam do lado dos Cinco e dos Legalistas .
Agora Sleipmon , Examon e Dukemon são uma incógnita pois não imagino de qual lado eles ficarão . Acredito que na hora em que tiverem que escolher um ficara do lado dos Rebeldes o outro do lado dos cinco e dos Legalistas e acabara sobrando para Dukemon fazer a balança pender para um dos lados ou o outro .
E Jekyllmon como todo " cientista louco e totalmente ateu" simplesmente odeia demonstrações de fé não suportando ouvir o som da missa em culto a Divindade . Quando será que ele assumira sua identidade de " monstro completo " e se tornara num "Hydemon" ?
Mas ele também tem seus segredos . Sua ruim . Eu tinha sugerido a participação de um Moreaumon na fanfic mas ai você vem o faz ele ser feito em pedaços pelo misterioso " número 824 " ? Quem será esse Digimon e o que de tão terrível existira sobre ele ? Uma coisa que me veio a cabeça é que poderia ser um "Megidramon geneticamente alterado" e que poderia ou ser "o pai" ou "a mãe" de Guilmon de Olhos Azuis o que explicaria o fato dele ser anormalmente poderoso ?
E poxa Spirit que crueldade de Jekyllmon . Cortar todas as asas de Angewomon e transforma-la numa " Nursemon " submissa . Para um Anjo não existe coisa pior e mais terrível que ter suas asas arrancadas imagino como ela deve se sentir . Quem será o Demônio que serve de nova cobaia para Jekyllmon ? E em qual monstro diabolicamente distorcido ele deverá transforma-lo ?
E HolyAngemon cada vez mais demonstra duvidas quanto aos atos do irmão mas a maior surpresa ficou para o final . Dukemon apareceu . De que lado ele estara ? Enfim ótimo capitulo Spirit aguardo mais .
E já que falamos eu tenho uma sugestão para dois Digimon provenientes da Ilha de Avalon
- Digimon de Avalon:
- Os dois soberanos da mistica Ilha das Brumas de Avalon e senhores dos Digimon do Tipo Fada .
Oberonmon o Rei dos Elfos Digimon
E Titaniamon a Rainha das Fadas Digimon
E já que falamos na pobre coitada da Angewomon uma ideia para uma evolução de uma Digimon ligada a Angewomon que você poderia usar
- Sugestão para uma evolução de alguma outra Angewomon da fanfic:
Queen Magnadramon a rainha das Magnadramon
Atributo:Vacina
Nível:Mega
Tipo:Rainha Dragão Sagrada
Gênero:Feminino
Digivolve de Magnadramon + Fusão com sua outra faceta de Ophanimon
Ataques:Armageddon de Luz,Flecha do Elísio,Cajado do Éden ,Raio Místico
Descrição:Queen Magnadramon é a forma mais poderosa de Magnadramon que combina o poder do Dragão do Paraíso com o da Arcanjo de Luz Ophanimon após ambas se fundirem uma com a outra .Tem a forma de uma versão humanóide gigantesca de Magnadramon trajando uma armadura prateada e portando um cetro em forma de cruz sendo rodeada por diversos Diginucleos Prateados do poder igual as dos 5 Bestas Sagradas que pode usar tanto para se defender quanto para atacar.Seu principal ataque é o Raio Místico com o qual projeta uma rajada indefensável de poder divino que combina o poder da luz do paraíso com a magia do Digital World.
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Bem, eu não teria como comentar todos estes capítulos de uma vez. Irei deixar passar, com exceção de alguns determinados pontos que me chamaram muito a atenção. Para início, a segunda aparição de Hime, antes de sua aparência ser revelada. Na verdade já ali eu comecei a gostar da personagem, quando essa cuidou do Falcomon ferido.
Quando Duskmon se revelou foi um grande terror. Confesso que fiquei com pena dos Dokugumon, embora eu também não seja o maior fã deste Digimon (o que não significa que dá para não gostar do Peter e da Gwen, um pouco menos do Miles, estes tiram toda a má reputação das aranhas). Deu para sentir na pele o terror dos escolhidos ao verem aquele massacre e ao perceberem o quão forte era aquele inimigo. Algo que se continuou mais tarde com a fuga de Kara e Guilmon já no Digital World e o embate dos quatro personagens no Trailmon (coitado do pobre Trailmon). Aqui minha empatia por Hime teve um up extremo, embora eu ainda não imaginasse direito o que a menina via na aproximação de Duskmon.
Um dos trechos que mais me impressionaram na fanfic, foi claro, a primeira aparição de Magnamon. Nunca gostei muito deste Digimon, mas você deu algo novo a ele. Quando ele se abaixou e disse uma mensagem contra os legalistas e Os Cinco para Gabumon e Alister, estremeci todo. Foi digno de uma página inteira de mangá num momento decisivo. Juro que fiquei imaginando como seria, e se me permite, desenho logo uma página de mangá para te mostrar o que aquilo me passou.
Mais uma vez adorei a interação entre Hime e Duskmon, ver o digimon se sacrificar para levá-la até a capital foi de cortar o coração. HolyAngemon também se tornou um de meus personagens favoritos ao tentar ajudar a dupla. Ele e Thronemon me lembram vagamente a interação entre Hendrickson e Dreyfus em Nanatsu no Taizai (primeiro arco), embora estes personagens não sejam irmãos e o HolyAngemon não esteja, aparentemente, afetado por um demônio igual ao que aconteceu com Dreyfus - só quero dizer que Thronemon reagiu exatamente como eu veria Hendrickson reagir ao ver o outro dizendo sobre uma das experiências horríveis feitas debaixo de seu nariz e com consentimento a uma pessoa qual não deveria ter conhecimento disto.
Falcomon entra disparado na lista de melhores personagens. Todas as suas aparições me fazem querer entrar na história apenas para ajudá-lo, ampará-lo. Inclusive tenho uma teoria, o que envolve ele e a tal cobaia 824. Você deve imaginar o que se passa pela minha cabeça. Tenho em mente uma outra possível cobaia, já que percebi que nos comentários você mencionou a dita ter feito sua aparição, mas pra mim Falcomon é a teoria mais forte. Não quebre meu coração dizendo que estou errado.
Finalmente os Royal Knights rebeldes fazem sua aparição. Gostei muito da mudança de personalidade de Omegamon e da presença de Hackmon.
E eu estremeço de novo ( só que desta vez é porque enquanto eu escrevia escutei um estrondo enorme vindo da lavanderia e meus pássaros se agitando dentro da gaiola, uma porta caiu em cima da gaiola, com direito a arrancar uma lasca da parede. Faz um tempo que a solda da porta se soltou e, não sei como, o jeito que meus pais deixaram a porta encostada hoje deve ter favorecido a queda. Já cuidei de tudo, limpei, arrumei a gaiola, verifiquei se nenhuma das calopsitas se machucou e aqui estou).
Voltando a sua história... OH GANKOOMON ESPERO UM CARA PODEROSO E VAGABUNDO NO BOM SENTIDO DEMAIS, PORQUE É ASSIM QUE PLANEJO MOSTRÁ-LO NA MINHA FANFIC. Já percebi que ele deve fazer o tipo quieto e solitário, imagino que o jeito preguiçoso também faça parte. Isso me deixa bastante animado.
E olhe o HolyAngemon xeretando de novo. Isso aqui me foi quase uma confirmação de que Dukemon não está do lado dos legalistas, embora eu possa me enganar. Acho que projetei, porque não consigo ver o Dukemon senão como um digimon íntegro, mesmo em Savers, já que ele se recusou a lutar com Sleipmon. Aliás, imagino que Sleipmon siga junto de Dukemon desta vez, toda essa coisa de utilizar a mitologia nórdica me leva a isso. Mas por qual razão, Kyu? Ah, o Crimson Mode tem a Gungnir, a lança que nunca erra, a lança de Odin... Sleipmon simboliza Sleipnir, o garanhão de oito patas de Odin.
Agora eu me esqueço da maior parte de seus erros, mas eles me parecem ser causados por digitação, embora existam alguns que não me parecem ser do tipo - desta vez não entrarei em detalhes. Se eu encontrar algum erro ou alguma coisa confusa nos próximos capítulos, aviso-lhe logo.
No mais, a história realmente me faz lembrar de Nanatsu no Taizai. A presença de Hime e o modo como os nobres a tratam me lembra Eragon e... Thorndramon? Um dragão vermelho? Isso também me lembra Eragon. Claro que existem mais obras de fantasia que sua história me remete, o que inclui Harry Potter, Magico de OZ, Alice no País da Maravilha (adoro o non-sense, espero que comece a abusar dele no futuro).
Quase me esqueci de minhas mirabolantes teorias para o Guilmon.
Não quebre meu coração dizendo que minhas teorias estão erradas. Ou quebre, talvez eu seja um pouco masoquista neste sentido.
Quando Duskmon se revelou foi um grande terror. Confesso que fiquei com pena dos Dokugumon, embora eu também não seja o maior fã deste Digimon (o que não significa que dá para não gostar do Peter e da Gwen, um pouco menos do Miles, estes tiram toda a má reputação das aranhas). Deu para sentir na pele o terror dos escolhidos ao verem aquele massacre e ao perceberem o quão forte era aquele inimigo. Algo que se continuou mais tarde com a fuga de Kara e Guilmon já no Digital World e o embate dos quatro personagens no Trailmon (coitado do pobre Trailmon). Aqui minha empatia por Hime teve um up extremo, embora eu ainda não imaginasse direito o que a menina via na aproximação de Duskmon.
Um dos trechos que mais me impressionaram na fanfic, foi claro, a primeira aparição de Magnamon. Nunca gostei muito deste Digimon, mas você deu algo novo a ele. Quando ele se abaixou e disse uma mensagem contra os legalistas e Os Cinco para Gabumon e Alister, estremeci todo. Foi digno de uma página inteira de mangá num momento decisivo. Juro que fiquei imaginando como seria, e se me permite, desenho logo uma página de mangá para te mostrar o que aquilo me passou.
Mais uma vez adorei a interação entre Hime e Duskmon, ver o digimon se sacrificar para levá-la até a capital foi de cortar o coração. HolyAngemon também se tornou um de meus personagens favoritos ao tentar ajudar a dupla. Ele e Thronemon me lembram vagamente a interação entre Hendrickson e Dreyfus em Nanatsu no Taizai (primeiro arco), embora estes personagens não sejam irmãos e o HolyAngemon não esteja, aparentemente, afetado por um demônio igual ao que aconteceu com Dreyfus - só quero dizer que Thronemon reagiu exatamente como eu veria Hendrickson reagir ao ver o outro dizendo sobre uma das experiências horríveis feitas debaixo de seu nariz e com consentimento a uma pessoa qual não deveria ter conhecimento disto.
Falcomon entra disparado na lista de melhores personagens. Todas as suas aparições me fazem querer entrar na história apenas para ajudá-lo, ampará-lo. Inclusive tenho uma teoria, o que envolve ele e a tal cobaia 824. Você deve imaginar o que se passa pela minha cabeça. Tenho em mente uma outra possível cobaia, já que percebi que nos comentários você mencionou a dita ter feito sua aparição, mas pra mim Falcomon é a teoria mais forte. Não quebre meu coração dizendo que estou errado.
Finalmente os Royal Knights rebeldes fazem sua aparição. Gostei muito da mudança de personalidade de Omegamon e da presença de Hackmon.
E eu estremeço de novo ( só que desta vez é porque enquanto eu escrevia escutei um estrondo enorme vindo da lavanderia e meus pássaros se agitando dentro da gaiola, uma porta caiu em cima da gaiola, com direito a arrancar uma lasca da parede. Faz um tempo que a solda da porta se soltou e, não sei como, o jeito que meus pais deixaram a porta encostada hoje deve ter favorecido a queda. Já cuidei de tudo, limpei, arrumei a gaiola, verifiquei se nenhuma das calopsitas se machucou e aqui estou).
Voltando a sua história... OH GANKOOMON ESPERO UM CARA PODEROSO E VAGABUNDO NO BOM SENTIDO DEMAIS, PORQUE É ASSIM QUE PLANEJO MOSTRÁ-LO NA MINHA FANFIC. Já percebi que ele deve fazer o tipo quieto e solitário, imagino que o jeito preguiçoso também faça parte. Isso me deixa bastante animado.
E olhe o HolyAngemon xeretando de novo. Isso aqui me foi quase uma confirmação de que Dukemon não está do lado dos legalistas, embora eu possa me enganar. Acho que projetei, porque não consigo ver o Dukemon senão como um digimon íntegro, mesmo em Savers, já que ele se recusou a lutar com Sleipmon. Aliás, imagino que Sleipmon siga junto de Dukemon desta vez, toda essa coisa de utilizar a mitologia nórdica me leva a isso. Mas por qual razão, Kyu? Ah, o Crimson Mode tem a Gungnir, a lança que nunca erra, a lança de Odin... Sleipmon simboliza Sleipnir, o garanhão de oito patas de Odin.
Agora eu me esqueço da maior parte de seus erros, mas eles me parecem ser causados por digitação, embora existam alguns que não me parecem ser do tipo - desta vez não entrarei em detalhes. Se eu encontrar algum erro ou alguma coisa confusa nos próximos capítulos, aviso-lhe logo.
No mais, a história realmente me faz lembrar de Nanatsu no Taizai. A presença de Hime e o modo como os nobres a tratam me lembra Eragon e... Thorndramon? Um dragão vermelho? Isso também me lembra Eragon. Claro que existem mais obras de fantasia que sua história me remete, o que inclui Harry Potter, Magico de OZ, Alice no País da Maravilha (adoro o non-sense, espero que comece a abusar dele no futuro).
Quase me esqueci de minhas mirabolantes teorias para o Guilmon.
- Guilmon é...:
- o Pendramon irmão de Morgainemon ou... O REI!
Não quebre meu coração dizendo que minhas teorias estão erradas. Ou quebre, talvez eu seja um pouco masoquista neste sentido.
Kyuketsuki
Kazentai- Mensagens : 1104
Data de inscrição : 16/09/2013
Idade : 24
Localização : micélio
Re: Digimon - Digital Rebellion
Pois é Spirit sua fanfic esta abafando e fazendo um enorme sucesso entre os demais usuarios tanto que já estamos criando nossas teorias conspiratorias sobre a trama o que é muito bom pois significa que os leitores do fórum estão super-interessados na historia e mau podem esperar para verem novos capitulos . Enfim continue com o trabalho maravilhoso .
No caso eu tenho mais algumas sugestões para lhe dar :
Ymirmon
Irbimon que evolui para Ymirmon
Uma sugestão que eu poderia lhe dar no caso outro Deus Sol do Olimpo " Heliomon "
Skollmon que evolui para Heliomon
E aqui vai o endereço de Digimon Reboot o site onde você pode encontrar esta e outras fanfics .
http://reboot.digimondelta.net/
Oberonmon e Titaniamon são dois dos três soberanos reinantes da corte das fadas do Digital World Rei e Rainha da Arcádia o Reino das Fadas fundado por Panmon .
Que é dividida em duas porções a Nova Arcádia cuja capital se situa na Ilha de Avalon governada por eles e o Reino do Norte governado pela Rainha Mabmon e são os mais poderosos magos feericos Digimon que existem no Digital World sendo Digimon do tipo Fada Nível Mega . Pense em Oberon e Titania da serie Gárgulas da Disney cuja magia é virtualmente ilimitada e capaz de realizar todos os prodigios que eles desejarem e você fara uma ideia do tamanho do poder mistico que possuem . " Elfos ? Pobres coitados ! "
No caso eu tenho mais algumas sugestões para lhe dar :
Ymirmon
Irbimon que evolui para Ymirmon
Uma sugestão que eu poderia lhe dar no caso outro Deus Sol do Olimpo " Heliomon "
Skollmon que evolui para Heliomon
E aqui vai o endereço de Digimon Reboot o site onde você pode encontrar esta e outras fanfics .
http://reboot.digimondelta.net/
Oberonmon e Titaniamon são dois dos três soberanos reinantes da corte das fadas do Digital World Rei e Rainha da Arcádia o Reino das Fadas fundado por Panmon .
- O Deus criador de Arcádia o Reino das Fadas Digimon:
Panmon
Nível: Mega
Atributo: Vacina
Tipo: Besta Sagrada / Homem Besta
Digivolve de: Faunusmon / Aegiochusmon: Green
Digivolve para : Nenhum
Ataques:
Capra Kick : Chuta o adversário por todos os lados com super-velocidade e com uma força super humana.
Pan Symphony: Produz em sua Flauta de Pan uma bela sinfonia que atordoa o inimigo e faz o adversário parar a luta.
Fauna Force: Conjura sobre a cabeça de Panmon uma esfera de energia esverdeada cujo poder provem de toda fauna ao redor de Panmon que a um comando deste projeta-se sobre os oponentes explodindo sobre eles e causando tanto dano quanto a Gaia Force de WarGreymon
http://www.deviantart.com/art/Panimon-Vaccine-416973749
http://gazao.deviantart.com/.
Que é dividida em duas porções a Nova Arcádia cuja capital se situa na Ilha de Avalon governada por eles e o Reino do Norte governado pela Rainha Mabmon e são os mais poderosos magos feericos Digimon que existem no Digital World sendo Digimon do tipo Fada Nível Mega . Pense em Oberon e Titania da serie Gárgulas da Disney cuja magia é virtualmente ilimitada e capaz de realizar todos os prodigios que eles desejarem e você fara uma ideia do tamanho do poder mistico que possuem . " Elfos ? Pobres coitados ! "
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Mais uma pequenina ideia Spirit . Sabe Duskmon e Velgremon ? Pois é eu encontrei uma Digivolução Hibrida entre os dois que soma o poder do Guerreiro das Trevas com sua evolução Animal numa terceira forma que combina os melhores pontos entre ambas . Penso que não seria problema para Jekylmon criar esta evolução que corresponderia a evolução nível Mega de Duskmon em seu laboratorio . Eis a imagem dela :
Que acha da ideia Spirit ?
- Evolução Nivel Mega de Duskmon:
- Eclipmon
Que acha da ideia Spirit ?
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Um ultimo comentario Spirit sobre o nível máximo de evolução que os Digimon podem atingir na sua fanfic . Se me permite dar uma opinião bem sincera eu acho que você não deveria tentar inventar um " nível de evolução onipotente " para os Digimon da sua fanfiction igual o " Nível Divino " do Collector em " Digimon Priests " . Para mim eu penso que seria mais do que suficiente simplesmente o " Nível Super Mega / Chou Kyuukyokutai " que é um nível de evolução dos Digimon que realmente existe porem que pouquissimos contados Digimon conseguem chegar a atingir e que só possui muito poucos Digimon registrados . Tipo Thronemon seria um Digimon Super Mega / Chou Kyuukyokutai e se esse for mesmo seu plano a evolução máxima de Guilmon de olhos azuis também seria . Não existe necessidade de inventar coisas absurdamente acima disso o nível de evolução Super Mega / Chou Kyuukyokutai já seria mais do que o bastante para algumas evoluções burlescamente poderosas . Então na minha opinião você poderia ao invés de inventar níveis de evolução " absurdamente maiores " simplesmente seguir o canone original de Digimon e utilizar o nível Super Mega / Chou Kyuukyokutai que é um nível de evolução dos Digimon que muito poucos , contados mesmo , escritores de fanfics utilizam em suas fanfictions preferindo ao invés disso inventar níveis imaginarios de poder absurdamente maior para a evolução final de seus Digimon . Nada contra você querer narrar na sua historia como o poder absoluto pode ser perigoso quando possuido por seres que não estão consciêntes das responsabilidades que vem com o poder mas se é assim você poderia perfeitamente seguir o canone oficial de Digimon e ao invés de " Níveis Divinos " usar o bom e velho porém eternamente subestimado nas fanfictions de Digimon pela grande maioria dos autores nível Super Mega / Chou Kyuukyokutai . Que acha da sugestão ?
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Spirit ... você desistiu de escrever sua fanfic ? Já vai fazer varios meses que você não posta um novo capitulo dando continuidade a historia . Que houve ? Aconteceu algo com você que a tenha feito desistir de escrever ?
Convidado- Convidado
Re: Digimon - Digital Rebellion
Ao que me parece, ela nem tem entrado no forum. Se ao menos tivéssemos outro lugar em que pudéssemos perguntar.
Kyuketsuki
Kazentai- Mensagens : 1104
Data de inscrição : 16/09/2013
Idade : 24
Localização : micélio
Re: Digimon - Digital Rebellion
É triste isso . Cada vez mais a Digimon Forever vai ficando abandonada e esquecida .
Convidado- Convidado
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